Hoje
na nossa Barcaça vamos continuar com as conversas dos nossos colaboradores e
viajarmos sobre temas tão diferentes.
Cada
colaborar com a sua própria pena descreve o que sente no momento com total
liberdade.
Os
momentos são de espectativa o que vai acontecer na Ucrânia e saber também
compreender o silêncio do Bolsonaro que perdeu as eleições para Lula. O Brasil
vive momentos de grande agitação pelo facto de neste momento estar
completamente dividido, há bloqueios de estrada de violência nas ruas, até
quando? Ouvimos falar que as suas prioridades é acabar com pobreza, melhor
educação e sistema de saúde, já no que toca ao Ambiente é defender a Amazónia.
Por
cá o governo está na mira dos mídia com os casos que tem surgido de má gestão
de alguns dos seus membros e que estão em investigação.
Já
o nosso presidente deseja que a mudança no Brasil seja efetuada “com sentido
democrático”.
Podemos
ler também, as dificuldades que atravessam as associações e clubes dos nossos concelhos.
Ficamos
a saber mais um pouco da história da Associação Filarmónica 25 de Setembro com Mário Silva.
Para
lados da Figueira Fernando Curado dá-nos uma panorâmica como era o
funcionamento “Direitos de Portagem nas Barcas da Figueira, Sanfins e Lares”
Carla
M. Henriques fala-nos da sua fé na rúbrica de sua autoria “O meu Olhar”
José
Craveiro sempre bem acutilante traz-nos “Quando o carvão vale ouro”
E
vamos até ao verde do Repórter Mabor que nos atualiza como vai o seu clube do
coração A.C.M e uma panorâmica geral das restantes equipas da 1ª Divisão da A.F.C.
Depois
temos alguns poemas com as suas diferentes sensibilidades, Garça Real, Isabel Capinha e Isabel Tavares.
Já
na rúbrica politica Francisco traz-nos a sua preocupação que é de todos a “Inflação”
já João Rui faz a sua analise sobre as eleições na América Latina, o Vitor Camarneiro descreve a sua tristeza de ver a sua terra despejada de
vida.
Momentos difíceis, atravessa
o Associativismo?
Todos estamos
apreensivos e na espectativa de saber o que os ventos de Leste nos vão trazer!
Ao ficarmos com
menos dinheiro no bolso e porque a família está em primeiro lugar, as
colectividades ressentem-se da falta de público e elas próprias com imensas
dificuldades na sua programação mensal.
Mas aqui o Povo é
Solidário, fazem das tripas corações para que as portas não se fechem e os
jovens e menos jovens possa continuar a sua actividade normal.
Mas os elementos
diretivos devem ter a capacidade e criatividade de efetuar os devidos
ajustamentos para que os consumos seja da água como da electricidade não venham
a ser um preocupação para Associação.
Sabemos todos
nós que os praticantes sejam eles estudantes ou trabalhadores desenvolvem a sua
actividade cultural ou desportiva depois desses períodos, logo no Inverno, a
necessidade de luz e para os clubes desportivos água e gás surgem como os
problemas principais não olvidando o combustível nas deslocações.
As direções mais
do que nunca necessitam que os seus Tesoureiros estejam atentos à contabilidade
diária para que no final do mês o problema não venha afetar as actividades
praticadas.
Mas prevejo
principalmente para os clubes de Futebol que necessitam de muita luz/água/gás/combustível
venham a sentir grandes dificuldades com as constantes subidas destes produtos.
Devem ser responsáveis,
mas criativos e ao mesmo tempo não hipotecar hoje os dias vindouros.
Há membros de
alguns clubes já estão a pensar em fechar portas devido aos problemas que
apresentei, não havendo subsídios, as empresas cortam nos seus apoios pela
mesma razão o que coloca as Associações a repensar o seu dia a dia devido às
responsabilidades que recaem nos seus dirigentes caso entrem em Default.
Mas existem
mecanismos dinâmicos que pela sua força associativa seja pela criatividade ou
pelo seu fervor associativo fazem que estas pequenas colectividades distritais
vão sobrevivendo pela suas gentes que se reveem nas cores na devoção ou
simplesmente pela memória dos seus entes queridos.
Onde entra a
Junta de Freguesia, a Câmara Municipal ou mesmo o Governo?
Muitas delas
lutam por se adaptar e descobrir como funciona esta era das novas tecnologias,
que tarda em chegar e o emaranhado de documentos que são obrigados a preencher
retiram muitas as vezes a vontade de se candidatar.
As Juntas de
Freguesia tem feito o seu trabalho junto destas colectividades muito
importantes, mas sós não vão conseguir dar conta do recado, porque os dias são
deveras difíceis.
É de salutar a
obra feita por estes homens e mulheres que fazem das colectividades a sua
segunda casa e com isso ocupam milhares de jovens em atividades culturais,
recreativas e desportivas.
A pergunta que
se coloca como enfrentar tanta adversidade?
É a pergunta de
um milhão de dólares.
A Associação Filarmónica 25 de Setembro [Parte II]
No dia 4 de agosto de 1904, deslocou-se à estação de Alfarelos, acompanhando, entre outros, a vereação da Câmara Municipal e o Administrador do Concelho, a fim de cumprimentar e prestar homenagem ao rei D. Carlos que aí passava num comboio especial em direção a Lisboa. Deste ato resultou a atribuição, por parte do monarca, da “mercê de Real à Philarmonica d’esta villa”.
Com
o dealbar da década de 1910 começam a surgir diversos problemas no seio da
instituição, designadamente de ordem política, o que leva à sua paragem por
volta de 1917. Nos dez anos que se seguiram esteve como que adormecida,
despertando apenas em ocasiões pontuais e especiais como aquando da
comemoração, em 1922, da travessia aérea do Atlântico pelos aviadores Sacadura
Cabral e Gago Coutinho.
Em
junho de 1927, com o regresso a esta vila de um dos seus sócios fundadores, o
funcionário das Finanças e antigo músico António Cardoso Mota Júnior, a
“Sociedade Musical 25 de Setembro” é de novo restaurada, tendo aquele como seu
presidente e Henrique Ferreira de Carvalho como seu regente.
A
19 de dezembro de 1932, vê aprovados, pelo Governo Civil de Coimbra, os seus
segundos estatutos passando a instituição a designar-se de “Sociedade
Filarmónica 25 de Setembro”. Estes estatutos iriam perdurar até 18 de julho de
1989, data em que foram pela última vez remodelados, passando a Filarmónica a
ostentar a denominação de “Associação Filarmónica 25 de Setembro”.
Na
década de 1930, sob a regência de António Dias Gomes, a Filarmónica começa a
consolidar-se e a projetar-se um pouco por todo o distrito de Coimbra, fruto da
qualidade do repertório que apresenta. Assim, não é de estranhar que ao longo
das décadas de 40 e 50 ela tenha sido, por várias vezes, convidada para as
prestigiantes Festas da Rainha Santa, em Coimbra.
Ao
longo das décadas seguintes, e até sensivelmente meados dos anos 90, irá passar
por várias fases bastante difíceis, à semelhança do que aconteceu com a maioria
das Filarmónicas do país, tendo, no entanto, resistido a todas as vicissitudes,
desde crises diretivas à escassez de músicos, passando pelo desaparecimento de
regentes marcantes na história da instituição como foi o caso de António
Maranha das Neves.
Em 1992, comemora, com brilhantismo, o seu primeiro século de
vida, tendo como presidente Carlos Sousa Mendes e como regente o maestro
Gonçalo Rocha.
DIREITOS DE PORTAGEM NAS BARCAS DA FIGUEIRA, SANFINS E
LARES
Nos finais do século XIX, a Câmara Municipal da
Figueira concessionava a travessia do Mondego, por barca, em 3 locais:
Figueira, Lares e Sanfins.
Na reunião de Câmara de 17 de dezembro de 1882, foram arrematadas, para o ano de 1883, as 3 passagens de barco atrás indicadas.
Francisco Lopes Guimarães era então o Presidente, José
Henrique da Fonseca o Vice-Presidente e Manuel Rodrigues Rainho o oficial que
pôs em pregão as arrematações.
Relativamente à concessão da barca da Figueira, a
arrematação foi ganha por António Fernandes, da “Cova de Lavos”, que apresentou
o maior lanço, no valor de 1.450 mil reis (um conto, quatrocentos e cinquenta
mil reis), hipotecando os seus bens em geral para garantia do contrato e
apresentando como seu “fiador e principal pagador” António dos Santos Paçonsa,
do lugar da Gala, conforme auto de arrematação datado de 31 de dezembro de
1882.
“Obrigava-se o arrematante ao exato cumprimento das disposições respetivas, conforme o Código de Posturas de 17 de Maio de 1876, e bem assim a espaçar a passagem na barca uma hora antes do sol nascer e uma hora depois do sol posto.”
No pagamento do preço da renda o arrematante era
obrigado a fazer o primeiro pagamento dentro de 8 dias a contar do dia 1 de
janeiro e os restantes pagamentos “no princípio” dos restantes meses.
Relativamente à concessão da barca de Lares, o maior
lanço foi de 64 mil reis, oferecido por Joaquim Paschoinhas, da Gândara de
Lares, e o seu fiador foi José Maria da Silva, da Figueira. O pagamento da
renda era feito em “quatro quarteis”, o 1º no princípio de janeiro, o 2º no
princípio de abril, o 3º no princípio de julho e o 4º no princípio de outubro
de 1883, “metade em prata e a outra metade cobre, metade no cofre da Câmara
desta cidade e metade no cofre da Câmara de Montemor-o-Velho”.
Relativamente à concessão da barca de Sanfins, o maior
lanço foi oferecido por António Saltão, do Casal do Mato, que ofereceu 24 mil reis,
sendo seu fiador Manuel Ramos d’Oliveira, da Figueira. Os pagamentos foram
efetuados como na concessão da barca de Lares.
Todos os anos, em meados de dezembro, se procedia à
arrematação destas 3 passagens de barco, mas o negócio não era pacífico para os
arrematantes, porque estavam sujeitos às reclamações dos utentes, mas também os
donos das barcas se queixavam dos seus clientes.
Em 1886 reclamou António José dos Santos que tendo chegado ao Cabedelo pelas 4 horas e meia da tarde do dia 24 de janeiro, acompanhado de outro homem e de dois cavalos, a fim de passarem para a Figueira, chegaram ao Cais da Chumba um quarto de hora antes do pôr do sol, exigindo-lhe o arrematante 1.500 reis, o que considerou exagerado, pelo que requereu à Câmara que lhe restituíssem o dinheiro pago em excesso e que se aplicasse ao dono da barca “a pena do artigo do Código de Posturas em que incorre”.
No mesmo ano de 1886 o Dr. Francisco Maia de Lima e
Nunes, facultativo do partido municipal, apresentou, verbalmente, na reunião de
Câmara do dia 11 de março, a seguinte reclamação:
“Que chegando no dia 10 do corrente às 6 horas da
tarde ao Cabedelo, para passar para esta cidade, já não encontrou a barca,
quando uma das condições da arrematação é a de antecipar a passagem da barca uma
hora antes do nascer do sol e espaçar uma hora após o sol-posto.”
O Dr. Francisco Maia de Lima e Nunes apresentou
testemunhas e a Câmara deliberou aplicar uma multa ao dono da barca.
Ainda em 1886, António Fernandes Fateixeira,
arrematante da barca da Figueira, apresentou uma reclamação contra Marcelino
Gonçalves, do Cabedelo, por transportar passageiros nos seus barcos, tripulados
por “creados seus, gente de cargas de bacalháo, sem que sejam pessoas de sua
família ou domésticos assalariados”.
Parecia haver um notório negócio não autorizado, que
prejudicava o arrematante, mas desta vez delibera a Câmara, em 19 de junho, que
“nas condições da arrematação é o próprio arrematante interessado em dar as
competentes denúncias perante o Juiz ordinário desta Cidade.”
Foi a casa de Cadaval, fundada em 1648 e donatária de Buarcos, que deteve os direitos sobre a barca de passagem da Figueira para o Cabedelo até ser extinta em 1837.
Em 1839 a Câmara Municipal da Figueira requereu à
Câmara dos Senhores Deputados da Nação Portuguesa que se autorizasse a
concessão da travessia do Mondego, com duas barcas, por ser “um negócio muito
importante e que não pode ter muita demora”, como consta do documento presente
na ata da reunião da Câmara dos Deputados de 16 de março daquele ano:
“Representação da Câmara Municipal da Figueira da Foz,
em que mostra os inconvenientes, que sofrem os seus habitantes, por falta de
uma ponte no Rio, dizem que há ocasiões, que os viajantes para passarem ao
outro lado, sujeitam-se ao perigo de passarem em pequenas muletas, ou irem a
duas léguas de distância para poderem passar. Pede então a Câmara que se
conceda mandar ali pôr duas barcas para passagem; eu mando a Representação para
a mesa, e peço que seja remetida à Comissão de Administração Pública com
urgência, porque é um negócio muito importante, e que não pode ter muita
demora”.
Depois começou a Câmara Municipal da Figueira a
concessionar as travessias do Mondego por barco, em 3 locais, Figueira, Lares e
Sanfins e só na reunião de Câmara do dia 7 de janeiro de 1886, o presidente Dr.
João Antunes Pereira das Neves expôs a “grave e urgente necessidade que havia
de se estabelecer uma comunicação segura e cómoda entre esta cidade e as
freguesias do Sul do concelho”, iniciando-se o processo que levou à construção
da ponte para a margem sul do Mondego e à sua inauguração em 1907.
Na travessia do Mondego, no início do século XIX,
usavam-se as muletas, pequenos barcos do tipo bateira, com a proa curva e o
mastro com um longo pano latino triangular. Depois as barcas e, muito mais
tarde, com a ponte já construída, a travessia do Mondego era efetuada pelos
barcos Luís Elvira, Gala e Recreio.
Luís Elvira, o mais popular barco ainda nas nossas
memórias, era manobrado pelo mestre Joaquim Pocinha. Terminou as viagens no
final da década de 70 e durante mais de 30 anos não houve travessias de
passageiros entre margens.
Em agosto de 2014 a travessia foi retomada pelo
Saramugo, entre a Marina e o Cabedelo.
Desapareceram os vestígios das antigas travessias do
Mondego, utilizadas por ricos e pobres, em trabalho ou não, excetuando-se deste
“apagão” da nossa história local o nome que foi dado a uma rua da povoação de
Sanfins, na freguesia de Maiorca, a Rua da Barca de Sanfins.
Aqui termina mais um pequeno relato da história
figueirense, quando o Mondego não tinha pontes e quando só os barcos ligavam as
suas margens.
O meu olhar sobre …
Hoje escrevo sobre a ꜰᴇ́!
Todos procuramos em determinada altura
da vida algo que nos ajude, nos ampare, nos salve da dor. Podemos procurar essa
ajuda em muitos lados, podemos sentir de várias formas, podemos dar-lhe muitos
nomes, eu dou o nome de fé.
Fé significa “Adesão absoluta do espírito àquilo que se considera
verdadeiro” ou “Sentimento de quem acredita em determinados princípios ou ideais religiosos
“, pode ter muitos significados, por ser diferente para cada um de nós. Para
quem a sente. Para quem acredita.
Desde miúda que tenho uma crença,
absolutamente inabalável, por alguém que acredito ser muito superior a mim. Não
sei que nome tem. Se é Deus, Jeová, Buda. Nem interessa. Interessa apenas
aquilo que sinto e em que acredito. Acredito em alguém que olha por mim, sem que
eu peça. Alguém em quem, sem eu pedir, está lá. Sempre.
Acredito, sem medos. Sem vergonhas.
Acredito que alguém que me ampara todas
as quedas, como se em todos os momentos existisse uma mão invisível a
amparar-me.
Alguém que, invisivelmente, me enxuga todas
as lágrimas.
Alguém que, naqueles momentos mais
difíceis e dolorosos, me ajuda a seguir. A parar, acalmar, e escolher o melhor
caminho a seguir.
Alguém que esteve, e está, sempre,
presente.
Não importa o nome que tem.
A cor.
A raça.
A idade.
O sexo.
Sei, no meu íntimo, que existe. Só isso
me importa.
Tive a sorte de nascer num dia 13. O que
para muitos é azar, para mim é uma imensa sorte. Fui bafejada pela sorte, ao
nascer no dia de Nossa Senhora, e por isso, toda a minha vida, acreditei e me senti
protegida pelas suas mãos. Tenho, desde sempre, esta crença.
A Fé, tal como o amor, não se
explica.
A Fé, tal como o amor, sente-se.
Não interessa tentar perceber de onde
vem.
Como nasce.
Apenas existe.
Apenas se sente.
É a Fé que, muitas vezes, mantém a minha
esperança viva quando nada mais existe.
Esta é a minha fé, tão minha.
Esta é a minha fé e sem dúvida que é a
ela que me agarro tantas e tantas vezes.
É ela que me agarro quando procuro
soluções. Quando quero entender tanta coisa.
Quando procuro o melhor caminho.
Ter fé é ter, acima de tudo,
um sentimento de total crença em algo ou alguém, ainda que não haja
qualquer evidência que comprove a sua existência.
Fé.
A minha. Inabalável.
É certo que cada um de nós vê e sente a
fé de maneira diferente.
E não o podemos criticar.
Que, eu, nunca a perca.
Que, ela, nunca me falte ou
abandone.
No fim, o que importa é que cada um de
nós encontre a sua fé. Em algo. Em alguém. E acredite que o impossível apenas
tarda um pouco mais a chegar. Mas, sempre, chega!
Quando o carvão vale ouro
Era uma vez um pobre carvoeiro que vivia
uma vida pobre, mas digna.
O inverno chegou e veio para
ficar. Chovia, chovia, chovia e ninguém conseguia ganhar um real, pois a
invernia não deixava.
Na aldeia do pobre carvoeiro
morava um velho fidalgo que tinha sido rico em tempos idos, agora tinha uma boa
casa, mas ouro ou dinheiro…, Sabe Deus onde andava.
Uma noite de inverno o pobre
carvoeiro foi a casa do fidalgo e pediu alguma coisa para um filho doente poder
saciar a fome.
Arrogante, o fidalgo lhe disse que
o que tinha no seu solar valia ouro e não umas miseráveis pedras de carvão. Só
a troco de algumas moedas de ouro lhe daria com que alimentar a família.
Triste, o pobre carvoeiro foi
pedindo, pedindo, até que encontrou uma boa alma que o ajudou a alimentar a
família, mas o mau tempo continuava e o carvão tornou- se num bem preciso.
O fidalgo a tremer de frio foi
bater á porta do carvoeiro pedindo que lhe vendesse carvão porque morria de frio,
tinha já queimado toda a lenha que tinha guardado e já não tinha nada com que
se valesse.
Pois faça o que quiser do seu
ouro, que agora quem tem carvão, tem um tesouro.
O conto acabou e eu cá vou....
Ao iniciarmos a nossa análise
classificativa na Série A, A.F.C., pelos últimos, ainda com zero pontos,
poderia acentuar que os últimos são os primeiros num contexto bíblico. Não
é essa a minha intenção, porque se trata apenas, desportivamente de lhes
proporcionar o mesmo espaço competitivo, já que os vencedores de hoje, são os
derrotados de amanhã.
Sendo por aqui a minha ideia valorizada
no seu esforço e dedicação ao desporto, os rapazes do Ribeirense, ocupam o
último lugar com zero pontos, ao fim de seis jornadas. Marcaram dois golos e
sofreram 25, o que nos mostra alguma fragilidade nos jogos já disputados...
Porém, no desporto há que sentir a alma até Almeida, porque de valentia e
lendas também vivemos...
Em penúltimo o credenciado Ala -Arriba,
zero vitórias, marcou apenas um golo e sofreu 20 golos, o que nos dizem por
Mira, a esperança subsiste em jogos vitoriosos no futuro da competição.
Na Cova Gala, algum desalento no
treinador João Camarão e nos adeptos, agora a jogarem no desejado sintético,
nos longos anos no pelado, somam 4 pontos, marcaram dez golos e sofreram
treze!
Logo a seguir a equipe de Pereira,
lutando com os seus 5 pontos, tantos como a Sanjoanense, marcou sete golos e
sofreu igual conta, enquanto São Silvestre seis pontos, Febres oito
pontos, Touring nove pontos, vão subindo domingo a domingo nas suas pontuações.
Finalmente, surge-nos o Montemorense com
dez pontos a fazer uma boa campanha desportiva, a três pontos do primeiro lugar,
o Sepins com treze pontos no comando da Serie A da A.F.C.
No ar há ainda a
limpidez
dos dias de sol, do
azul
de um céu inimitável
no brilho deslumbrante
da paisagem de sonho.
Daqui avisto o verde
infinito
dos campos já cuidados,
onde há vida à espera.
No céu perpassam
gaivotas…
Muitas, imensas, a recolher
aos ninhos
num voo deslumbrante,
grandioso,
acolhendo-se para
passar a noite
na quentura
aconchegante
desse canto escolhido e
construído
com amor,
num recolher de palhas,
de paus, de ervas, de
doçura,
aguardando a chegada
dos filhotes.
Depois, passarão os
patos
num bando imenso e
organizado,
em busca de certezas,
de conforto partilhado.
SER BRUXA É:
saber tudo e nada ao
mesmo tempo;
saber movimentar-se
entre as estrelas enquanto permanece na Terra;
ajudar o mundo e a si
mesma;
compartilhar amor e
alegria;
dançar cantar e dar as
mãos para o Universo;
ser honesta com todos e
consigo mesma;
saber aceitar os outros
como eles são;
saber que o que você
sente é correto e bom;
não prejudicar nada e
ninguém;
estudar e aprender
sempre;
viver com a Terra e não
apenas nela;
ter o conhecimento da
verdade;
e ser verdadeira e
livre;
SER BRUXA É:
o que tu quiseres que
seja…
DAQUI A POUCO É NATAL!
Daqui a pouco é Natal!
E o calor teima em
ficar
Já tenho tantas
saudades
Da lareira a crepitar.
Dos agasalhos
quentinhos
Das rabanadas macias
E dos filhós a fritar
Com café a fumegar.
Daqui a pouco é Natal!
Já devia estar mais
frio
Raios de sol mais
apagados
Casacos de lã macios
Quando o inverno é
esperado.
Daqui a pouco é Natal!
Mas está tudo
enlouquecido
E virado do avesso
Não cai pouca chuva,
nem está frio
Nada disto eu
reconheço.
Daqui a pouco é Natal!
Tudo se quer no seu
tempo
Tudo tem sua beleza
Mas está tudo tão
esquisito
Que me provoca
estranheza…
Eu não quero um
vendaval
Só quero que as
estações
Que sempre reconhecemos
Voltem todas ao normal!
É que…. Daqui a pouco é Natal! e
AUTORIA: ISABEL TAVARES
(© Todos os Direitos de Autor Reservados)
Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos
- Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de março - Diário da República n.º 61, Série I, de 14.03.1985
Desespero
Inflação
Ao longo deste ano temos assistido a um enorme aumento do nosso custo de vida.
Diariamente somos bombardeados com notícias e com informações que nos alertam de que tudo está mais caro. Desde a pequena prestação ou da renda de casa até aos nossos alimentos do dia-a-dia. A vida de todos nós irá piorar e muitas famílias irão ter mais dificuldades.
Mas para nos dar a perspetiva de um país em que o povo está cada vez mais pobre e sujeito a uma carga fiscal incomparável, temos todos os comentadores e especialistas televisivos que semanalmente entram nas casas de cada um de nós.
Eu venho-vos falar da perspetiva do nosso concelho.
Um concelho cada vez mais envelhecido e com poucas ofertas educativas e de emprego o que dificulta a fixação de jovens.
Nesse sentido chamo especial atenção para todos aqueles que têm responsabilidades pelos destinos do concelho de Montemor-o-Velho e das suas gentes.
Os próximos meses e anos serão de grandes dificuldades para todos.
Não só para as famílias de uma forma geral, mas também para os comerciantes e todos os empresários concelhios.
É por isso importante que haja um acompanhamento muito rigoroso e efetivo de todos os responsáveis concelhios para que o concelho de Montemor não fique a perder.
Todas as famílias, mas em especial aquelas que são mais carenciadas, irão precisar de ajuda e apoio para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia. Desde a renda ou a prestação da casa para pagar, à luz, à água, ao gás até à compra de bens alimentares. Será preciso uma atenção redobrada para que ninguém passe fome.
Os poucos comerciantes e empresários do concelho também irão precisar de ajuda para conseguirem segurar e aguentar os seus negócios. Não só para que o concelho Montemor mantenha algum tecido económico e empresarial, mas também para todas aquelas famílias que deles dependem.
E quando falo de apoios substanciais e concretos não me refiro apenas a apoio alimentar que será preciso dar. Falo sim de um apoio a nível de impostos para que as famílias, os comerciantes e empresários tenham uma diminuição da sua carga fiscal mensal. E muitos desses apoios não precisam de diretrizes nacionais. Basta que exista vontade municipal para que as coisas aconteçam.
É em tempos de dificuldades e preocupações que iremos ver se os nossos responsáveis políticos concelhios têm a coragem e a preocupação de fazer algo em prol das suas gentes e do seu concelho.
Se querem fazer algo para que o concelho continue a ter um futuro ou se simplesmente se estão a borrifar e deixam as suas gentes, os seus comerciantes e os seus empresários entregues a si próprios.
Do
nevoeiro e das obnubilações!
Enquanto
escrevo, encerra-se a contagem dos votos para as eleições no Brasil. Com mais
2,14 milhões de votos, Lula da Silva vence as eleições, colocando fim à presidência
de Jair Bolsonaro. Olhando desde este canto da Europa é inevitável não sentir
um alívio genuíno. Sim. Hoje, amazónia acordou com um fio de luz mais brilhante
e um renascido despertar de esperança na sua preservação. Celebra-se, em ambos
os lados do mesmo oceano, a promessa do fim dessa longa e negra noite de corte
de árvores, queimas incessantes e genocídio de tribos indígenas. É bom.
Copiando
títulos de jornais, de um pouco por todo mundo, também escrevo:
Podemos
voltar a encher o peito de ar. Sim, regozijo com o adeus de Bolsonaro, a derrota
presidencial do populismo de economia neoliberal, endeusado no líder, manipulador,
alimentado no ódio e na jactância, comendo no desprezo pela diferença, eufórico
na raiva pelos mais pobres e impotentes, cheio de achaques misóginos, pleno de
retórica retorcida e facilmente alheia à verdade.
Adeus,
“Bolso”. Vai e leva saudades, que é coisa que cá não deixas!
Sem
estender uma reflexão, menciono a título de nota, três aspetos que me parecem
de contumaz relevância.
Em
primeiro lugar, o valor da democracia como sistema eficaz para a escolha de caminho
e para a operação de mudanças políticas em acordo com a vontade popular.
Um
segundo aspecto, a reabertura de uma janela para a reafirmação no mundo do gigante
Brasil, que tinha visto todas as suas relações externas prejudicadas nos últimos
4 anos, em particular, no que toca a parceiros históricos, como os casos de Portugal,
Angola, França, Alemanha e Japão.
Por
fim, com este resultado no Brasil, acentua-se a viragem da América do Sul à esquerda.
Principiando uma análise sumária - contando a partir das presidenciais brasileiras
de 2019 que deram a vitória a Jair Bolsonaro – verifica-se que a esquerda elegeu
o presidente em 6 (seis) vezes e a direita em 2 (duas) vezes. Vitórias da esquerda
na Argentina, Bolívia, Perú, Chile, Colômbia e Brasil. Vitórias da direita no Uruguai
e no Equador. Como dado curioso, um denominador comum a todas as oito eleições,
em todos os países os vencedores disputavam como oposição as presidenciais.
Deixando
votos de felicidades aos nossos irmãos do lado poente do Atlântico, dou um
passeio demorado pelo nosso querido burgo e perco-me na minha paisagem natal.
Vou pensando em nós. Um quase nada de geada matinal. A neblina que é nossa.
Desafios tamanhos os que temos pela frente!?
Como
as tampas foscas defronte aos olhos fazem tal obnubilação?
O
OE2023 e os apêndices políticos e instrutivos levantam um adamastor sobre o nosso
município.
São
evidentes os perigos emergentes a tratar:
1)
Municipalização da saúde,
2)
Aumento de população em risco de pobreza ou exclusão social,
3)
PAC – Política agrícola comum,
4)
PRR - Mecanismo de recuperação e resiliência.
A
municipalização da saúde é um perigo para a saúde. Num momento em que o Serviço
Nacional de Saúde está fragilizado e sob imensa pressão de grandes grupos financeiros,
muitos internacionais, a municipalização dos serviços primários apenas levará à
constituição de mais um ou outro cacique in situ, desvirtuando a universalidade
do sistema e criando “donos disto tudo” a nível mais local, com evidente
prejuízo para o acesso das populações ao sistema. O acesso é na verdade, hoje,
no concelho o maior problema. Felizmente mais do que médicos, em Montemor-o-Velho,
falta robustez e abrangência no sistema. Faltam claro, técnicos superiores,
quadros médios, administrativos, auxiliares e vários profissionais de enfermagem.
Falta ser rápido e disponível. Falta conhecer e cuidar. Esse trabalho já pertence
ao ofício do edil camarário e até agora com medíocre resultado. Sem suporte aos
cuidadores, sem plano para a saúde mental, sem projeto para os cuidados
primários a Câmara Municipal de Montemor-o-Velho vai vivendo da sua proximidade
aos hospitais de Coimbra e Figueira da Foz para se demitir dessa responsabilidade.
Municipalizar? Não.
Este
orçamento de estado não é resposta. Se em 2021 a soberba do PS, em relação aos
seus parceiros para constituir maioria parlamentar, já era insuportável, agora
é uma maioria absoluta sem ideias. Muito cauteloso, e expectante em relação a medidas
europeias, o orçamento de estado é pouco mais que uma conta corrente sem
qualquer compromisso. Refugiado no centro político, António Costa tenta manter
uma prudência de orçamento. A saber: para contrariar a inflação, deve reduzir a
procura, logo, deixar cair salários e pensões. Para o nosso município a consequência
é desastrosa. Com um PIB per capita, “teimosamente”, 30% abaixo da média
nacional, e com edilidades sucessivas de PS e coligação PSD-CDS incapazes de promover
alterações que produzissem real efeito na economia da população do concelho,
pouco mais restará que a resposta de sempre: emigração, concentração de
trabalho precário e pobreza somada à pobreza. O tempo exige aos detentores do poder
público uma resposta eficaz e o antecipar do tempo que inevitavelmente está aí.
A redução de taxas municipais, o apoio à população pobre ou em risco de pobreza,
o fomento das trocas locais, a promoção do comércio de proximidade, a redução
da fatura de água e saneamento e a melhoria de transportes públicos é, neste
momento, absolutamente fundamental.
Neste
contexto de economia de guerra, não podemos esquecer os erros das décadas e
anos passados. O eterno “continuar a passar ao lado” de PAC e PRR para fomentar
o desenvolvimento real do mundo rural no município, deixando apenas vantagens
para os grandes produtores, terá um custo para todos. Mais emigração, mais
concentração de trabalho precário, mais desesperança somada à falta dela... de
esperança na nossa terra.
Ou
como se diz no Bloco de Esquerda: Demais é demais!
Hoje, porque tenho um
braço ao peito, fraturado faz exatamente três semanas, o meu contributo é o que
segue:
“Uma Vila que, como em
20 de setembro de 1942 escrevia Miguel Torga:
“– É uma coisa triste,
uma povoação defunta! O cadáver dum homem, mesmo a desfazer-se, parece pulsar
ainda. Mas o cadáver de qualquer Pompeia, dá-nos a impressão de ter uma
existência embalsamada... As árvores que plantamos morrem; os animais que
criamos, morrem; as ilusões que sonhamos, morrem; a nossa própria pessoa,
morre. Serenas, firmes, a desafiar o tempo e os vendavais – as quatro paredes
onde nascemos, e onde há-de nascer (pensamos nós) netos dos nossos bisnetos.
Seja como for, não
consigo apagar dentro de mim a sensação desagradável de ver esta carcaça de
pedra e cal. O João de Ruão esculpiu aqui; o Abade João viveu aqui; o Jorge de
Montemor nasceu aqui; o Fernão Mendes Pinto embarcou daqui – e nada disto,
hoje, tem qualquer significação aqui!
O castelo,
reconstruído, ergue-se em vão no descampado; a casa da roda, habitada por uma
mulher que me queria vender as pias das janelas e a inscrição da padieira por
quinhentos mil réis, recolhe desilusões iguais à minha; e o todo que resulta
desta negação faz doer.
Há gente ainda pelas
ruas, é certo; mas é uma gente que vive num cemitério, que indubitavelmente
mereceu, e onde não quis honrosamente ser enterrada. “E hoje…?
Dulce Pontes -"La Bohème"
Artigo 25.º
1.
Toda a pessoa tem direito a um nível de
vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar,
principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência
médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à
segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou
noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias
independentes da sua vontade.
2.
A maternidade e a infância têm direito a
ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do
matrimónio, gozam da mesma proteção social.