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quarta-feira, janeiro 31

BARCAÇA_40

          


Chegamos ao número quarenta, quem diria..., mas conseguimos e assim vai continuar com novas entradas e saídas, a Barcaça deslizando neste rio que é nosso aborda todos os que passam e acena para além das margens para viagens nas nossas terras destes concelhos que se animam para forasteiros e desanimam para os que ficam.

Na simplicidade de um olhar, na lágrima que disfarçadamente escorrega pela face, escrevemos sobre este chão que pisamos e na alegria que transparece para o nosso povo para nossas gentes.

Caminhamos sem lápis azul de outros tempos, mas sabemos que existe de muitas cores, escrevemos para que outros com medos por detrás de uma porta semiaberta possam um dia conseguir chegar ao alpendre e dar esse passo e no ano que se completa os cinquenta anos da democracia sentimos que há perseguição.

A Barcaça sem rumo ora desce aproveitando a corrente, para que na subida da maré volte ao seu porto de abrigo em Montemor-o-Velho.

Os nossos conteúdos diversificados alinham-se por histórias de outros tempos, falando da monumentalidade dos nossos concelhos, nos olhares da porta do sol à beira do tejo, nas gentes da Vila da Carapinheira, no tempo que corre ao sabor de um mar revolto de vez em quando, não esquecendo as pagaiadas de um passado recente mas que muitos desconhecem, numa verdade ou mentira de sentimentos sobre os nossos autarcas modernos, imiscuindo-se em contos de José Craveiro cheios de alegorias que nos enchem o coração. Passamos para outro Concelho Figueira da Foz onde Fernando sempre nos traz recordações que o tempo levou, mas que ficaram gravadas em pedras que o tempo não apaga. E por momentos deliciamo-nos com a poesia da Garça Real que nos transporta para o que fomos e construímos, Isabel Capinha um poema de reflexão sobre o que aprendemos, Isabel Tavares recorda-nos a chegada da primavera com as suas cores e odores, Mara Kopke lembranças de um imaginário muito próprio com saudade mesclada com dor.

Já no passeio pela política Victor (PS) perde-se para onde deseja ir ou para onde não deseja ir neste turbilhão porque passam os Portugueses que não se reveem nestes políticos. (PCP-BE em atualização).

Na livraria me perdoem, mas fui buscar à prateleira um acabado de chegar com dedicatória do meu amigo João Rolo, companheiro dos tempos militares e que aqui descreve uma vida sobre rodas, apaixonante pela riqueza das suas memórias... Já na secção dos quadros celebres, Almada Negreiros (A Sexta). Na discografia fui buscar uma coletânea de música de intervenção devido ao aproximar dos 50 anos do 25Abril.

Desejo a todos boas leituras.

Onde chegamos?

Que políticos governam o nosso País que não sai das crises, ou intercalam-se com pandemias, que classe de gente elegemos porque somos nós que os colocamos pelo menos os 40% votantes. Os demais deixam-se ir com o ondular das conversas online, mas no dia que podiam fazer a diferença ficam em casa.

Ao falarmos do último ano que mais podia acontecer? Se uma maioria caí por corrupção e como podemos verificar abriu-se um vespeiro que em breve as Câmaras Municipais deste País ficam como um queijo suíço com tanta podridão, tanto compadrio para não usar outros adjetivos.

Não podemos dizer mal do vizinho porque a saga anda por todo o lado.

Em vésperas de eleições as “lapas” que não conseguiram lugares elegíveis mudam de casaca com tanta facilidade que nos deixam em choque. Outros mudam-se de malas e bagagens para círculos que o seu partido domina porque não sabem fazer mais nada do que cortar fitas e articular palavras bonitas que nunca cumprem.

São os “paraquedistas” passam de lisboetas a algarvios de portuenses a alentejanos convictos e assim sucessivamente como nos locais não houvesse pessoas capazes, sabedoras das suas carências e que conhecem o seu povo melhor que ninguém.

Depois admiram-se que apareçam notícias, que deputados que vivem em Lisboa, declarem que vivem em Bragança, Aveiro, Faro e até fora do País como em França ou Angola e assim arrecadarem milhares de euros dos contribuintes.

A mudança se vier acontecer, mais do mesmo, substituição de 400 administradores gerais – não sabem fazer nada porque são gerais - e o enchimento dos gabinetes ministeriais de condutores, secretários, assessores tudo boa gente porque é tudo família.

Quem paga tudo isto? O mesmo de sempre.

Quando ouço as televisões e todas as promessas que as há para todos os gostos, julgo que o melhor que poderia acontecer ao nosso País era mesmo todos os anos haver eleições. Como seriamos felizes com tanta promessa. E claro apareciam como por obra do santo Engrácio tirados da gaveta os celebres processos que só andam nestas alturas.

Portugal chora de incapacidade onde não se pode mexer em quase nada que logo salta podridão, compadrio, corrupção... que mal fizemos para merecer tão fraca gente?

Saúde num caos, justiça só para ricos (alegre estão os gabinetes de advogados) muitos clientes, segurança em pé de guerra, militares sem homens, educação com dias piores a chegar com mais saídas e poucas entradas...

Alguns anos um primeiro-ministro disse – Imigrem –

Mas Portugal neste momento como país seguro, com grandes necessidades de mão de obra (barata) e com o facilitismo para arranjar passaporte europeu, está a ficar com graves problemas nas mãos das redes humanas que tratam muitos dos estrangeiros como escravos e com a extinção do SEF o governo ainda não recuperou o que aquela polícia fazia.

A venda de passaportes como aconteceu na embaixada no Brasil, as redes de tráfego é o flagelo bem atual. Portugal a segurança anda pelas horas da amargura...visitem a capital (Martim Moniz) para não falar noutros locais que são autênticos guetos onde pessoas vivem sem as mínimas condições de higiene para viver com dignidade.

Portugal no seu melhor. Façam a diferença e votem no próximo dia 10 de Março e gritem.

Convento de Almiara [Parte II]

A composição da casa e do seu alçado principal é, então, caracteristicamente setecentista, atribuindo-se-lhe, todavia, a designação “pombalina” em algumas referências ao edifício, que pode, talvez, justificar-se na medida em que a fachada atual resulta de intervenções que tiveram lugar durante o período pombalino. Ou seja, pode explicar-se no sentido em que os aspetos construtivos e compositivos do edifício, e, portanto, do seu alçado, vão ao encontro dos correntemente praticados nas casas nobres, solares ou palácios daquela época: “São muito características, nesta época, as longas fachadas, e as casas adoptam geralmente dois andares. Todo o desenvolvimento se faz, portanto, em comprimento. […] Na casa solarenga desta época um piso é nitidamente dominante – o chamado ‘andar nobre’ – e da sua importância se pode avaliar pela concepção das janelas, que no nível superior se apresentam quase sempre mais ricas do que no andar térreo, ou então de maior altura […].” (Azevedo, 1988, p.71).

Por outro lado, após a profunda reformulação do edifício no século XVIII, foram introduzidos na sua composição aspetos caracteristicamente neoclássicos, coincidindo, precisamente, com um período em que o neoclássico começava a inserir-se em Portugal, “sucedendo” ao barroco. Assim, poderá compreender-se a designação da arquitetura do edifício enquanto “pombalina” no contexto em que “A evolução do barroco em neoclássico, já observado na arquitectura portuguesa setecentista do Sul do País, confirma-se especificamente no ‘estilo pombalino’, que, ligado por demais a um passado híbrido, não se desenvolveu autonomamente numa suficiente consciência estética epocal” (França, 1989, p.70). Não obstante, o edifício constitui um exemplar de uma linguagem mais adequadamente designada de “setecentista”, que se verifica em inúmeras casas nobres portuguesas daquela época.

Sem embargo, a história da Quinta de Almiara remonta a uma época bastante anterior, da qual a primeira referência conhecida consta do século XII. Por esta altura, a propriedade pertencia a Afonso Geraldes e Belide Soares, casal que, em 1194, fez a doação das terras de Almiara aos cónegos regrantes de Santa Cruz de Coimbra, ordem que possuiu, ao longo dos séculos e até à sua extinção, um largo número de propriedades na região do Baixo Mondego, entre as quais, também, a Quinta de Fôja. Entretanto, a quinta terá deixado de pertencer aos Crúzios, porque em 1285 a mesma era propriedade do Convento de Santana, ano em que volta a ser vendida a Santa Cruz “para os seus religiosos se irem recrear e aliviar dos trabalhos do mosteiro, uma vez no ano, nos meses de verão” (Conceição, 1944, pp.360-361). Regista-se que, posteriormente, os terrenos de Almiara deixaram novamente de pertencer aos Crúzios, dado que em janeiro de 1572, o então prior-geral da ordem, D. Lourenço Leite, comprou a quinta a João Gonçalves Azambuja, oferecendo como pagamento outras propriedades pertencentes a Santa Cruz situadas na antiga freguesia de Samuel, sob o pretexto de que a Quinta de Almiara se afigurava mais cómoda para os fins de descanso e lazer desejados pelos cónegos. Para além do uso recreativo, os terrenos eram ainda utilizados para a produção agrícola: “Diz a tradição que a cultura do arroz se introduziu em Portugal por iniciativa dos frades de Santa Cruz – que a ensaiaram com bons resultados nas suas vastas propriedades de Montemor e Maiorca (Almiara, Ferrestelo e Fôja) […]” (Conceição, 1944, p.362).

Mário Silva

 

Fonte: João Miguel Negrão, Plano Diretor para a Quinta de Almiara, 2017.

[dizem que é um caso de amor …]

Que um dia a vida me leve até aos teus braços para neles me perder para sempre. Que um dia eu possa sentir o teu abraço apertado, o teu coração a bater junto ao meu, a tua respiração quente no meu pescoço.

Que um dia eu possa olhar nos teus olhos e ver o amor que sinto por ti refletido neles. Que um dia eu possa beijar os teus lábios e sentir o sabor do amor, da paixão, da felicidade.

Que um dia eu possa caminhar ao teu lado, de mãos dadas, sem medo do futuro, sem receio do desconhecido. Que um dia eu possa partilhar contigo todos os meus sonhos, todas as minhas alegrias e todas as minhas tristezas.

Que um dia eu possa acordar ao teu lado, sentir o teu perfume, ouvir a tua voz, e saber que estou no lugar certo, com a pessoa certa, no momento certo. Finalmente.


Que um dia a vida me leve até aos teus braços para neles me perder para sempre. Porque sei que contigo, eu sou feliz, eu sou completa, eu sou realizada. Porque sei que contigo, eu tenho tudo o que preciso para ser feliz.

E mesmo que a vida nos separe, mesmo que os caminhos nos afastem, eu sei que um dia nos encontraremos novamente. Porque o que nos une é mais forte do que qualquer distância, qualquer obstáculo, qualquer desafio.

E quando esse dia chegar, eu sei que será para sempre. Porque o amor verdadeiro não tem fim, não tem limites, não tem fronteiras. E eu quero perder-me nos teus braços para sempre, sentir o teu amor, a tua paixão, a tua felicidade.

Que um dia a vida me leve até aos teus braços para neles me perder para sempre. E que esse dia seja o começo de uma vida juntos, de uma história de amor eterna, de uma felicidade sem fim!

Um dia …

🤍

CARAPINHEIRA CELEBRA NOSSA SENHORA DAS DORES DESDE 1789

A comunidade paroquial da Carapinheira celebrou a primeira festa em honra de Nossa Senhora das Dores, numa cerimónia que ocorreu a 4 de janeiro de 1789. Neste ano de 2024, ao celebrar-se o 235.º aniversário daquela efeméride, está em plena atividade uma comissão para realizar “a Festa das Festas do Baixo Mondego”. Com a quadra festiva a ter lugar de 15 de agosto a 01 de setembro, cuja programação está a ser elaborada, irão decorrer diversos eventos Março a julho.

O culto Mariano e devoção à Virgem Mãe está disseminado por todo o mundo cristão. Em terras mondeguinas, a devoção à Virgem Maria, emerge de tempos imemoriais. Na comunidade paroquial da Carapinheira, o culto a Nossa Senhora celebra-se com as invocações de Nossa Senhora da Graça (que teve irmandade), Nossa Senhora do Rosário (com irmandade), Nossa Senhora das Missões, intensificando-se, nos finais no último quartel do séc. XVIII, o culto e devoção mariana com a realização da solenidade festiva em honra de Nossa Senhora das Dores.

Embora seja Santa Susana a padroeira da paróquia, também evocada com fervor, a festividade religiosa em honra de Nossa Senhora das Dores é, sem dúvida, a mais marcante para esta comunidade. A primeira festa realizou-se há 235 anos, no dia 4 de janeiro de 1789, domingo, aquando da entronização da Imagem da Virgem Maria no seu altar, na Igreja Paroquial de Santa Susana de Carapinheira.

Este duplo acontecimento festivo é relatado por Francisco Correia Lopes, na sua “Memoria Historica e Descriptiva da Freguezia da Carapinheira”, editada em 1889: “No anno de 1788 desejando este povo ter na sua egreja uma imagem que lhe representasse a Mãe de Deus nas angustiosas dôres da morte de seu muito amado Filho, deliberaram ir um dos devotos com o parocho, então cura, o padre José da Costa e Silva, e foram a Coimbra ao convento da Santo Antonio da Estrella, por que ahi havia um frade que além da missa e ser pregador, se dedicava ás bellas artes, de pintura e esculptura, sendo especialista em quadros e imagens religiosas e lhe encommendaram a imagem, que é de tamanho natural duma mulher regular e é de vestir; as suas feições são com tanta naturalidade e belleza, que nem a afflição de chorar e com as lagrimas a resvalar pelo rosto abaixo, lhe fazem perder o bello das suas feições, tão naturaes e com tanta sabedoria ellas foram traçadas; tem a cara um pouco levantada e os olhos inclinados ao céo como supplicando; é de uma devoção a quem a vê, inexplicavel, e parece inspirar no coração dos fieis a crença de que ella está viva para os ouvir e attender. Todas as despezas do seu feitio, sete setas (ou espadas) diadema, roupas compradas e mandadas fazer, foram pagas a titulo de esmolas por aqueles serviços, e também veio benta pelo superior do mesmo convento; (…) Teve collocação no seu altar n’esta egreja, com a sua primeira festa no dia 4 de Janeiro de 1789, fez portanto, a 4 de Janeiro de 1889, 110 anos n’esta egreja (231 anos dia 4 de Janeiro de 2020); a sua primeira festa foi com alegria como era muito natural, mas foi modesta attentas as muitas outras despesas que haviam feito, havendo só missa cantada e sermão que se pagou por 1$600 reis apezar do orador vir de Coimbra, e com uma dúzia de foguetes que custaram 1$200 reis. (…) a devoção com a Senhora das Dôres n’esta freguezia tem augmentado e feito elevar a sua festa a tal ponto de luxo que difficil será imital-a em terra alguma d’este districto de Coimbra; e, mesmo em Coimbra, só a excede a festa da Rainha Santa, o que não admira, por que lá dispõem de todos os elementos de que precisam para o luxo e grandeza, tendo a coadjuval-a todas as corporações civis e religiosas de todas as freguezias da cidade na sua procissão; e nós aqui servimo-nos só com o nosso pessoal e objectos; por isso é mais para admirar aqui a grandeza d’esta festa do que em Coimbra a da Rainha Santa. (…).”

Naquela data, Francisco Correia Lopes refere que a festa nunca teve interrupção, realizando-se no último domingo de agosto ou por motivo inesperado no princípio de setembro. No entanto, e apesar do dia litúrgico dedicado a Nossa Senhora das Dores ser o dia 15 de setembro, desde meados do séc. XX, a festa realiza-se bienalmente, no penúltimo domingo de agosto, com o propósito de receber o maior número de Carapinheirenses ausentes da sua terra que, nesta época, demandam a sua terra natal para conviver com familiares e amigos e, numa demonstração de fé e devoção à Virgem Maria, pedir-Lhe a proteção Maternal ou agradecer-Lhe as graças alcançadas.

Recuando a finais do séc. XIX e primórdios do séc. XX, sabe-se que esta festividade era muito honrada pelos emigrantes, nomeadamente por aqueles que escolheram o Brasil “como terra de sobrevivência” que ofereciam valiosas “prendas” à Virgem, como pagamento de promessas.

Assim, em 1899, “pela commissão que fez a festa de 1898 à mesma Virgem Nossa Senhora das Dores, composta por José Correa Pessoa Valente, José Gomes Maleita, José Lopes de Souza, Francisco Gonçalves Valente, Francisco Simões Caldeira, Francisco Jorge Valente, Ricardo Simões Pessoa, António Gomes Branco, Augusto Cavaleiro e António Gomes Maleita, depois de pagar as despesas do referido ano, obtiveram o saldo de 19.255 reis que junto com o saldo de 1897 (23.450 reis) perfez a quantia de 42.705 reis, foi deliberado entre todos unanimemente que se mandasse fazer uma alampada de prata e se colocasse defronte do altar de Nossa Senhora das Dores, como prenda inalienável, para que todos os devotos (de Nossa Senhora das Dores) vejam o bom uso que se fez dos saldos das suas esmolas nestes dois últimos anos, ficando eu José Correa Pessoa Valente encarregado por toda a commissão de tratar de a mandar fazer no Porto e que tenho a honra de dizer a V. Ex.a e a todos os interessados que ella já está em meu poder custando, com despesa de caminho de ferro, 43.275 reis. Pede o suplicante à Ex.ma Junta de Parochia se digne mandar lavrar uma acta no seu competente livro em que se declara que se lhe entrega a alampada, pedindo licença para mandar collocar à sua custa e à sua vontade no logar onde está actualmente alampada de metal …” e “A junta de Parochia, presidida pelo padre José Joaquim Jorge Marçal, concede licença pedida, não aceitando porém a clausula da alampada offerecida ser inalienável…”

No ano de 1912, a “Junta de Parochia resolveu que a importância das duas libras de ouro, acrescidas do seu ágio, (770 reis) doadas, como promessa à virgem, por José Francisco Simões, residindo nos Estados Unidos do Brasil, mais 4.500 reis oferecidos por Francisco Branco, do Alhastro, mais 2.000 reis e 1.000 reis entregues respectivamente por D. Ana Fortunata, do Casal do Meio, e D. Nazaré Mendes, do Alhastro, se empregasse na compra de umas setas de prata e coração também de prata para ficarem na Imagem de Nossa Senhora das Dores, segundo o desejo expresso dos doadores, e em substituição das setas de latão que a dita Imagem tem ao peito e que produzem muito mau efeito à vista por não condizerem com o diadema de prata que a dita Imagem ostenta”.

Em 1913, “verificando o oiro existente em poder da Junta e que pertence à Imagem de Nossa Senhora das Dores, viu-se que acusava o peso total de quatrocentas e vinte e cinco gramas, além do que está sobre a dita imagem que pesa setenta e um gramas e dois decigramas…”

Este culto à Virgem Maria também se verifica pela “especial devoção, súplica e gratidão” durante os tempos das guerras mundiais e guerra ultramarina.

Desde sempre, a festa em honra de Nossa Senhora das Dores capricha pelos actos religiosos – a essência da festividade - com novenas, missas, prédicas, reconciliação e procissões de preparação para o grande dia festivo - e, na semana seguinte, as tradicionais manifestações populares com touradas à vara larga (vacadas), jogos recreativos, folclore, bailes, variedades e actuação de artistas, sem faltar a quermesse e as típicas “tasquinhas”. Nesta altura as ruas estão decoradas e iluminadas; as varandas e janelas decoradas com belíssimas colchas; e ouve-se o troar dos foguetes, motivos que realçam a grandiosidade das tradicionais festas da Carapinheira.

No bicentenário desta festividade (1987/88), o programa evocativo e festivo, além da vertente religiosa – essência da festa – e dos momentos de animação popular, incluiu as “I Jornadas Culturais”, iniciativa que foi um exemplar repositório da cultura, história, tradições, património e outros valores culturais da freguesia e região, iniciativa que originou a criação da Lacam-Liga dos Amigos dos Campos do Mondego, com escritura outorgada a 26 de novembro de 1988. (…)

Aldo Aveiro, agosto de 1976, originalmente publicado na imprensa local e regional; revisto e adaptado em Agosto de 1988 (bicentenário da Festa de Nossa Senhora das Dores – Agosto de 1988 a Janeiro de 1989); idem em Abril de 2006 (Revista Monte Mayor – a terra e a gente, Câmara Municipal de Montemor-o-Velho); idem em Agosto de 2022; idem, revisto, corrigido e acrescentado em Janeiro de 2024 (Jornal Digital Barcaça e Web).

Bibliografia: Memória Histórica e Descritiva da Freguesia da Carapinheira (1899); Terras de Montemor-o-Velho (1944); Inventário Artístico de Portugal (1953); Comissão Jurisdicional dos Bens Cultuais; Informações da Diocese de Coimbra; Programas festivos.

REPORTER MABOR

O tempo corre por nós como se fosse o ar que respiramos, ou então somos nós a correr vida fora e o tempo é fixo na nossa dependência de todos os dias, os meses e os anos.


Por muito que leia a ciência do tempo, prefiro descer a terra no sentido de me sentir humano e de algum modo ordenar o que me é permitido no tempo programado pela natureza

É verdade que somos capazes de controlar o tempo no espaço que nos é proporcionado, mas não tenhamos ilusões, quando olhamos para trás já não conseguimos remediar os erros que cometemos. 

O tempo é uma espécie de comboios que passam nas estações e nos apeadeiros, percebendo então que já o perdemos ou tivemos a noção de o usufruir e fazer-lhe negas à sua voragem, aproveitando-o no realismo do seu efeito da sua rápida passagem.

Talvez por estas noções de existirmos no nosso tempo, quando apresentei a direção da antiga rádio da Figueira da Foz, o título para os meus desabafos, o Mar revolto de Vez em Quando, entenderam que sim, faça os conteúdos e navegue nele.

Nem sempre o mar está revolto e de vez em quando como se fosse a nossa vida também o mar se torna palha para podermos refletir na sua quietude de vez em quando.


Desde que nascemos o tempo comanda as nossas vidas tão puras e ingênuas. Depois crescemos no tempo e na sua ansiedade, ambições, alegrias e tristezas, o amor, as amizades, mas tudo isto é devorado pelo tempo que corre sobre nós numa jornada existencial e limitada no tempo, afinal, o estudo do tempo é nos cientistas o estudo da sua intemporalidade.

A meu ver o relógio bate constantemente para nos avisar do tempo que temos para trabalhar e viver nele no finito da sua ordenação para correremos nas ilusões e nos sonhos realizados e outros naufragados no mar revolto de todas as vidas. 

As minhas PAGAIADAS no PASSADO.

Hoje resolvi fazer uma pausa no seguimento do que vinha publicando nas edições anteriores e publicar uma série de histórias que aconteceram no passado. Certamente que quem passou por elas e ler este texto as irá lembrar com saudade.

Recuando ainda um bocadinho para lá da construção do CAR e ali muito perto do início da Canoagem no ainda Infantário Jardim de Infância, eram necessárias algumas infraestruturas para que as coisas funcionassem, era necessário um reboque para transportar as embarcações para os treinos e provas.

Hoje resolvi tornar este meu capítulo do passado um pouco mais alegre com histórias, verdadeiras histórias que certamente todos que por lá passaram irão recordar com nostalgia, mas também com algumas gargalhadas. Confesso que a maioria delas o nosso Presidente (Vítor Camarneiro) nunca soube, pronto agora vai saber.

A primeira história começou logo com a construção do reboque. O reboque foi feito por uma oficina em Soure e quem o desenhou fui eu. Não foi difícil até porque já tinha visto um ou outro nas minhas formações de canoagem. Acontece é que as medidas que dei foram tiradas a olho nu, sem fita métrica. Fiz o desenho, dei as medidas, largura e altura ao dono da oficina e lá começou a construção com a urgência possível.

Depois de concluído lá fui com uma carrinha já adaptada para o transportar, mas o insólito aconteceu, quando íamos a passar o portão da oficina, qualquer coisa não estava bem... ...o reboque era mais alto do que o portão. Ninguém tinha reparado nisso.

A coisa não foi muito difícil de resolver, cortou-se um pouco á última prateleira e ficou resolvido. Acontece que, semanas mais tarde tivemos uma prova em Coimbra, descida do Rio Mondego desde Penacova e ao passar no Túnel para entrar em Coimbra o reboque ficou completamente encalhado e preso dentro do túnel, era mais alto do que este.

Para resolver tivemos de tirar o ar às rodas e meter toda a gente que ia nas carrinhas bem como de outros veículos que já formavam uma longa fila, em cima do reboque para que as molas com o peso fossem abaixo. Assim lá tiramos o reboque e regressamos a Montemor e fomos obrigados a cortar mais um pouco ao "desgraçado" reboque.

Penso que o nosso Presidente nunca soube disto, agora já sabe desculpa Vitor.

Mais tarde fomos para Vila Nova de Milfontes, para uma prova do campeonato Nacional e devido á distância tivemos que sair na véspera, na altura o percurso era feito por estradas nacionais. Já no Alentejo decidimos pernoitar em tendas, como sempre fizemos. Encontramos um sítio com espaço, mas com muito sobreiro e achámos que era o ideal para montar as tendas. Assim passámos ali a noite. De manhã bem cedo e com o sol a nascer, acordamos em sobressalto com muito barulho de chocalhos mesmo ali a nosso lado, quando abri o fecho da tenda verifiquei que estava uma manada de vacas bravas e possivelmente também bois, mesmo ali, quase a comerem as tendas. A ordem foi que ninguém falasse até que o gado saísse dali.

Tive muitas histórias, lembro que na altura eu devia ter cerca de 22 ou 23 anos e nunca tinha saído de Montemor nem havia GPS. Mas sempre fui aventureiro e vivia e de que maneira a Canoagem.

Para terminar, porque tenho histórias que davam para escrever um livro, vou apenas contar mais uma aventura.

O Infantário Jardim de Infância, através da Canoagem consegui um protocolo com os responsáveis pelo desporto de Lagoa (Algarve) e que iríamos para lá uma semana, primeira de Setembro que terminava com a FATACIL e em regime de acampamento passávamos uma semana de férias e treinos no rio Arade, com tudo pago. Como não conhecíamos nada estaria sempre lá alguém para nos orientar. Um sujeito da câmara indicou o sítio para deixar o reboque. Era uma subida com alguma inclinação, diria antes bastante inclinação e de maneira alguma seria o local ideal para o deixar.

Mas pronto lá estacionamos e restava apenas desengatá-lo da carrinha. Acontece que quando ficou solto como não estava travado nas rodas e com o peso dos barcos o reboque entrou com o braço do engate que devia ter cerca de 3 metros pela porta traseira que estava aberta e só parou do outro lado depois de partir o vidro da frente. Mais um problema para resolver..., mas resolvemos lá em Lagoa. Nessa mesma semana tivemos outro episódio bastante engraçado, estávamos acampados em Ferragudo e uma manhã qualquer da semana e para espanto de todos numa das tendas havia um morador a mais, alguém resolveu ir dormir connosco, o certo é que entrou na tenda e deitou-se sem que ninguém desse por nada, depois soubemos que estava acampado num parque ali perto e tinha bebido uns copos... Histórias que lembro com nostalgia. Muitas outras histórias, histórias verdadeiras que guardo comigo e que neste espaço se me for permitido, irei contar em próximas edições.

A VERDADE e a MENTIRA de MUITOS AUTARCAS

Um dia, conseguiremos entender a verdade sobre o comportamento de uma elevada percentagem de pessoas com cargos de poder: desde as juntas de freguesia às presidências de república. Instaurou-se, em Portugal uma estranha (ou não) mania de dois sentidos: o povo que venera estranhamente um autarca e um autarca que olha arrogantemente para o povo.

Quando esta situação for anulada, seremos um país civilizado e sério! Nos países civilizados, é o estado que presta contas: na Suécia, por exemplo, o estado é que envia um documento anual aos cidadãos, a explicar como usa o seu dinheiro.

Em Portugal, temos de preencher um documento sobre o dinheiro que ganhámos nesse ano, sobre os descontos e…ficamos sem saber o que lhe fizeram. Em Portugal, parece haver uma “lei esotérica” que confere a um mero cidadão a divina capacidade de saber tudo, mal entra pela porta de uma junta de freguesia ou de uma câmara municipal, como autarca. Passa a dominar tudo e mais alguma coisa, todos passam a ter a obrigação de o bajular, de lhe lamber as botas, como se tivesse adquirido dons divinos quando, muitas vezes, todos sabemos, nem a sua casa conseguiu governar até aí.

Esses/essas cidadãos/cidadãs é que terão de nos respeitar e tratar de acordo com o grau de exigência que lhes “colocámos às costas” quando os elegemos.

Quem pensam eles/elas que são?!...

“Cá fora” há pedreiros, há médicos e professores, carpinteiros e enfermeiros, canalizadores e engenheiros, economistas e empregados fabris que desempenham a sua profissão com honra e mérito há dezenas de anos.

Eles/elas, quem pensam que são?!...

Quem pensam que são, não me importa! Trato-os com educação, como tenho de fazer com toda a gente. Medo deles…isso é o que mais faltava! Tenho mais do que idade para não ter medo! São eles que têm de me cumprimentar com todo o respeito e estar atento ao que eu possa pensar deles, pois foram eleitos para desempenhar uma função que não se aprende especificamente nas escolas, aprende-se em todo o lado, sobretudo na e com a vida.

Essa prepotência advém do princípio camuflado da incompetência, da arrogância e da mentira. Ou então, vejamos:

- “Estou aqui na vossa aldeia, têm que fazer de mim um deus, estou inchado que nem um sapo. Se se portarem bem, faço-vos a vontade de mandar pintar o muro do cemitério! Caso contrário…na aldeia ao lado, lambem-me o cu!” Honestidade e competência, pois claro! E, cidadania da melhor! Vamos lá meter as coisas no seu lugar! Respeito, educação e nada de subserviência!

Ah…e competência, sobretudo!

Obviamente, com todo o respeito pelos bons autarcas, que também os haverá!

MOMENTOS!!!

A sala do Convento da Nossa Senhora do Carmo, em Tentúgal, foi pequena para homenagear José Craveiro, uma das personalidades da freguesia e do concelho de Montemor-o-Velho. No domingo, dia 15 de outubro, amigos, admiradores e entidades marcaram presença no lançamento do Livro “Tentúgal – A história local nas histórias de José Craveiro”, da autoria de Maria Helena de Matos Rocha Marques, numa tarde dedicada à cultura que celebrou também a amizade, a memória e a tradição.

Ao expressar uma profunda gratidão e admiração pessoal e institucional “por tudo o que José Craveiro tem feito pela preservação da cultura oral passada de geração em geração e pela divulgação do nosso território”, o presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, reforçou: “É sempre um prazer ouvir as estórias de José Craveiro que são contadas de forma tão genuína e com apontamentos das suas raízes. É um contador de estórias exímio dotado de um talento diferenciador. A cada encontro somos transportados para outros tempos e, ao escutá-lo, passamos também a ser responsáveis por preservar a história de cada estória”.
No momento, o edil montemorense deixou ainda palavras de reconhecimento a Maria Helena de Matos Rocha Marques por “ter aceitado o desafio de empreender esta tarefa de passar para o papel a imensa sabedoria de José Craveiro”.

Com apresentação de António Fontinha, a obra foi editada pela Associação Corvo e Pinho, tendo merecido um prémio da Direção Regional da Cultura do Centro, através do Programa de Apoio à Ação Cultural (PAAC 2023).

Conto 

Era uma vez um padre que como toda a gente tinha os seus gostos muito pessoais e tinha ao seu serviço um criado que às vezes não gostava nada de ter de cumprir certas ordens do patrão. 

 Um dos serviços que mais lhe custava era ter de dar comida a mais de vinte gatos que muitas vezes comiam melhor que o pobre do criado.

 Um dia deu de comer a tantos gatos que para ele não sobrou quase nada.

 Lembrou - se então de usar um estratagema para o seu patrão passar a odiar os malfadados gatos.

 Sempre que o padre saía e era certo que demorava, o criado juntava os gatos como se fosse para os alimentar, mas o que lhe dava era um escaldão com água a ferver e gritava:

 Viva Nosso Senhor Jesus Cristo!

 Os gatos de tanto se queimarem e ouvirem aquela "ladainha" bastava o criado gritar:

 Viva Nosso Senhor…, os gatos procuravam trepar pelas paredes para fugir pelas janelas.

 Estava tudo como ele queria, mas agora era só levar a " gastaria " à presença do seu dono.

 Ó Senhor prior, anda o senhor a mandar alimentar os gatos e eu descobri que eles são uma corja de gerentes que até me dão nojo.

 O quê? Tu dizes que são hereges? Como pode ser isso se não falam?

 Não acredita? Pois espere um pouco e já lhe mostro. Venha comigo por favor.

 Quando chegaram os pobres animais vendo o dono e pensando que iam comer chegaram -se ao dono e o criado logo grita: 

 Viva Nosso Senhor Jesus Cristo!

 Logo a gastaria vai de miar e tentar fugir pelas janelas.

 Grita o padre:

 - Malditos bichos. Leve-os o diabo para as profundas do inferno.

 Eu aqui a alimentar estes bichos infernais, hein?

 Deixa-os ir e que não voltem mais, senão...

 Esteja descansado, patrão, que estes da minha mão nunca mais comem nada.

 O prior foi para o seu quarto e o criado ria e dizia para si mesmo que vale mais a esperteza que a força.




FIGUEIRA DA FOZ - CASTRO E CASTELO DE SANTA OLAIA

O Castro de Santa Olaia (ou Santa Eulália) localiza-se na freguesia de Ferreira-a-Nova, concelho de Figueira da Foz, na margem direita do antigo estuário do Mondego, do qual dista atualmente 1 Km, junto à estrada de Geria a Buarcos, a 3Km para Este de Maiorca, num extremo da Quinta de Fôja, perto das pontes de Maiorca.

Santa Olaia implanta-se numa colina de baixa altitude, rodeada a Norte e a Sul por terrenos de aluvião, atualmente ocupados por arrozais. A Este fica uma depressão de 80 metros de largura, designada por “Poço”, que separa o povoado de “Santa Olaia” do “Monte de Ferrestelo”.

No século VII a.C. os Fenícios fundaram uma feitoria no regolfo do Mondego, entre Santa Olaia e Maiorca, aqui no Castro de Santa Olaia, onde a fundição do ferro foi uma atividade importante.

Na Alta Idade Média, este povoado foi conhecido como Angliata, palavra derivada de Anguluata, que designa um sítio com muitos ancoradouros.

O povoado de Santa Eulália situava-se num local estratégico, nas proximidades dos rios Mondego e Fôja, ficando totalmente cercado de água, em épocas antigas, como um “verdadeiro ilhéu”.


Em 1894, o distinto arqueólogo figueirense António Santos Rocha (1853-1910) descobriu o sítio de Santa Olaia, com restos de casas da Idade do Ferro, construídas com pequenas pedras cimentadas com argila, de planta retangular, algumas das quais divididas em compartimentos com de 3,25 a 3,75 m de comprimento e com largura máxima de 2,25 m.

Santos Rocha aqui trabalhou durante 14 anos, tendo identificado uma sobreposição de 6 povoamentos: 1 do Neolítico, 3 da Idade do Ferro, 1 do período de ocupação romana e 1 do período medieval.

Do período Neolítico encontraram-se objetos dispersos, tais como machados, punhais, furadores e alfinetes.

Da Idade do Ferro descobriram-se potes, tigelas, cossoiros, fíbulas e outras peças de bronze, cobre, chumbo e ferro, pesos de rede de pesca, contas de colar, objetos de vidro e osso, pequenos moinhos circulares e vários objetos de pedra.

Da época romana, o espólio inclui telhas, peças em vidro, moedas e vasos cerâmicos de diversas dimensões.

Do período medieval encontraram-se moedas de prata de Afonso VI de Leão e Castela e duas mós.

Durante as décadas de 80 e 90, a Dr.ª Isabel Pereira prosseguiu os trabalhos de Santos Rocha e, em 1992, encontraram uma bateria de fornos que serviram para a fundição de metais.

Estes fornos, com formas circulares, semicirculares e piriformes, abrangendo uma área de 960 m2, terão estado em funcionamento entre o século VII e o século V a.C.

O nome de Santa Eulália provém de uma capela que se encontra no local, consagrada a Santa Eulália, localizada onde esteve antigamente um Castelo do qual restam hoje ténues vestígios da muralha e de duas torres de planta quadrangular.

O Castelo de Santa Eulália terá tido um papel importante na época da reconquista cristã, como posto de vigia no vale do Mondego, pertencendo à linha de fortificações avançada que defendia Coimbra.

Foi citado no ano de 1087, num testamento de D. Sesnando, onde se refere que os limites da propriedade do castelo iam de Arazede à Murtinheira.

Em 1116, a 4 de julho, o Castelo foi destruído pelos Almorávidas e os seus habitantes foram mortos ou feitos prisioneiros e levados para África.

Posteriormente, o Castelo foi reedificado por D. Teresa de Leão, mãe de D. Afonso Henriques, que a 3 de dezembro de 1122 o entregou, conjuntamente com o de Soure, ao Conde D. Fernando Peres de Trava, em troca do Castelo de Coja (Alexandre Herculano, História de Portugal, tomo 1º, págs. 252 e 279):

“…a rainha D. Thereza em 1122, aos 3 de dezembro, fez doaçam delle ao Conde D. Fernando de Trava que o fortificou, e prezidio de soldados valerosos; era Conde de Trastamara e o maior homem que houve em Hespanha que não fosse rey; foi filho do Conde D. Pedro Fernandes de Trava, e da Condeça D. Elvira, filha do Conde D. Urgel de Valhadolid, o que arrancou as armelas de Cordova…”.

Em 1135 foi construído o Castelo de Leiria e o Castelo de Santa Olaia perdeu importância porque a ameaça vinha mais de Sul.

Em 1166, em dezembro, os terrenos do Castelo de Santa Olaia foram cedidos por D. Afonso Henriques ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, ao qual pertencia a foz do Mondego, cujo estuário, barra e baía da atual Figueira da Foz eram couto daquele mosteiro.

Aquele Rei instituiu no castelo de Santa Olaia a sede do Couto de Maiorca, da qual o Mosteiro usufruía através da cobrança de rendas e de portagens para a travessia no rio.

Como refere o cronista D. Nicolau de Santa Maria (Crónica da Ordem dos Cónegos Regrantes do Patriarca Santo Agostinho - 2ª parte, pág. 203):

“E no anno de 1166 fez também doação em o mez de dezembro do Castello de S. Olaya, o qual ficava junto de Montemór-o-Velho hum quarto de legoa para a parte do norte, onde se levanta huma serra não mui alta, a qual correndo pera o Occidente por algum espaço, fica cercada de campos fertilíssimos, e terras abundantes na ponta d’esta serra, e no alto d’ella fica huma planície, na qual esteve antigamente o Castello de S. Olaya e está hoje huma igreja de invocação da mesma Santa.”

“O Castello ficava senhoreando a Villa de Maiorca, e os lugares vesinhos, e pela fertilidade da terra, e commercio do mar (que se lhe cõmunicava por hum estreito notavel, que hia ter ao Rio Mondego pouco distante) era de grande estima; e assi achou El-Rey D. Affonso que fazia notavel esmola a Sãta Cruz, concedendo-lhe aquellas rendas; sobre as quaes, e sobre as portagens, e mais direitos de navios que entravão pela foz do Mondego, tiverão certas discordias os criados da Rainha D. Tareja, filha do mesmo Rey Dom Affonso e Senhora de Montemór com os officiaes do Mosteiro de S. Cruz, mas recorrendo o Prior D. João a El-Rey sobre o caso, conservou ao Mosteiro no domínio, e rendas do Castello que lhe pertenciam, quando era governado por senhores seculares, que nelle forão Alcaides móres; até o último que foi o Conde D. Gomes Paez.”

Gomes Paes (da Silva), senhor de Santa Olaia e o último alcaide-mor do seu castelo, nasceu cerca de 1120, filho de Paio Guterres da Silva e de Sanchez Ibañez de Montor, tendo casado com D. Urraca Nunes.

Cavaleiro de D. Afonso Henriques, Gomes Paes (da Silva) participou na batalha de Ourique em 1139 e na tomada de Lisboa em 1147, tendo sido conde e alcaide mor de Santa Eulália em 1139 e senhor do porto da Figueira em 1170 (ano em que terá falecido).

Era irmão de Pedro Paes da Silva (o Escacha), alcaide mor de Coimbra.

Santos Rocha defendeu que o Castelo de Santa Olaia se situaria no Monte do Ferrestelo porque no Monte de Santa Olaia apenas encontraram as muralhas avançadas e o cemitério.

O Sítio de Santa Olaia sofreu muitas destruições ao longo dos tempos, principalmente porque se localiza no eixo viário Figueira – Coimbra, como, por exemplo, os estragos resultantes da construção da Estrada Real Nº 49, de Geria a Buarcos, em época anterior aos primeiros trabalhos de Santos Rocha, o alargamento e o desvio da Estrada Nacional 111, em 1937, e o IP3 (atual A14), cuja obra foi finalizada nos anos 90, destruindo parcialmente as estruturas a Norte (fosso, muralha e fornos).

No local protegido resta ainda a Capela de Santa Eulália, sempre encerrada, exceto na romaria de 24 de julho, em honra de Santa Eulália.

A Capela de Santa Eulália foi reedificada pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra em 1595, sendo a imagem de Santa Eulália de 1671. Este sítio encontra-se classificado de interesse público desde 1954.

O Castro de Santa Eulália (Olaia) está classificado, desde 1953, como IIP - Imóvel de Interesse Público (Decreto n.º 39 175, DG, I Série, n.º 77, de 17-04-1953).

Em 1991 foi criado o Sítio Classificado de Montes de Santa Olaia e Ferrestelo (Decreto-Lei nº 394/91, DR nº 234 de 11 de outubro), com o intuito de proteger e conservar os seus valores naturais, científicos e culturais.





As casas que fomos,

paredes que construímos

tijolo a tijolo…

As telhas assentes, uma a uma,

por nossas mãos…

O que delas resta

da solidez de outrora

pedaços de nós

(serão estilhaços?) …

E há as casas

abandonadas

onde chora o passado

aninhado num canto …

Estilhaços de sonhos,

parcas sobras de afetos,

ternuras esquecidas em

molduras antigas,

folhas que o tempo secou

e esqueceu…

Rostos desbotados

sorrindo timidamente a preto e branco

Sem expressão…



ESCOLA, QUE FUTURO!

A Escola

É o nosso espelho!

Nela se reflete

A nossa imagem,

Por vezes

Não muito nítida...

Porquê?

Será o espelho sujo

Ou

As pessoas que estão

Frente a ele?

Normalmente

Tudo começa por

Ser um sonho de alguém.

Sonho

que se transforma em realidade.

Realidade que se vai esvanecendo,

Passando a diluir-se

No tempo

E voltando a ser

Sonho de alguém!

É certo

Que não se deve

Perder a fé na

HUMANIDADE,

Sendo esta um oceano limpo!

Em que nela caem alguns pingos sujos...

Redentores de toda a verdade?

                    Mas já PICASSO dizia

             “Se só houvesse uma verdade,

              não se poderiam pintar cem telas

              sobre o mesmo tema!”

QUANDO A PRIMAVERA CHEGAR 


Vejo nos meus sonhos tanto calvário

A desfazer-se nas notas da primavera

Com o retorno alegre das andorinhas

E o colorido que tem qualquer gerbera.

 

Vejo brotar da terra tantas sementes

Que foram, por mãos calejadas, semeadas

Os ventos alísios, o frio e as geadas

Dão lugar, aos raios de sol, na minha alma!

 

Todo este pesadelo se amaina…

Na doçura que nos traz o refazimento

Havemos de cumprir um novo tempo

Quando essa primavera despontar!

 

Quando toda esta desgraça se apagar,

E procurarmos primaveras num olhar…

 

Saberemos que um tempo novo vai chegar

Quando a guerra, neste mundo, se apagar!

 Cenário

Perpassas pelas brumas da memória,
E eu tão-pouco ouso imaginar
Como seria se te fosse encontrar
Segurando os fios da nossa história.

Frases avulsas, um porto vazio,
E esta ânsia que foste sem nome…
Este banquete de sabor a fome…
Este choro que não formou um rio…

Das minhas mãos o tempo que escorre
É fonte de mel de lugar nenhum
Donde não há saudade, dor ou cor…

De trás da cortina a cena não corre,
Os dias que trazem um sabor comum,
Não escutarão sussurro nem clamor!

A Necessidade de uma campanha esclarecedora.

 

A ameaça é real, é possível o maior crescimento da extrema-direita em Portugal nos pós 25 de abril. As televisões comandam e a data de 10 de Março está marcada para formalizar e normalizar o fenômeno.

Agilizam as agendas de campanha da extrema-direita e procuram que os outros partidos as acompanhem. Não se discutem ideias, mas sim o lamaçal para onde nos empurram.

É esta a realidade de uma campanha que já começou, nas ruas, feiras e empresas a discussão de ideias tem-se tornado impossível. Coimbra elege 9 deputados que a maioria dos cidadãos não faz ideia de quem são e de onde voltaram ao longo dos anos.

Seria então de esperar que contra este extremismo que joga lama numa ventoinha e a mesma se espalha por todo o lado, em Coimbra, círculo que corre o risco de eleger um deputado desse partido apresenta-se uma postura de combate à mentira e à discussão de propostas.

A candidata da Aliança Democrática, usa o seu nome do meio deixando cair o seu apelido para assim cair também a memória da sua vida ligada ao sector da habitação. Não uma “especialista em habitação” como a maquilhou Luís Marques Mendes, mas sim uma lobista, uma criadora de lucros através da especulação de imóveis, muitos deles ligados ao Turismo. Esperava da candidata do Partido Socialista, que parte, ou deveria partir da condição de profunda conhecedora do território, seja pela pasta que dirigiu seja pela sua origem. No entanto, quando questionada sobre como iria ser a sua campanha, apenas respondeu “que iria dar muitos beijinhos”. O candidato da extrema-direita, confessa que nem o distrito conhece.

Nestes tempos estranhos, seria de aproveitar para dar dignidade à política, ao serviço, e a esta campanha em particular. Deviam estar os democratas empenhados em colocar a democracia no lugar que deveria ter nos 50 anos da revolução de abril, em conhecer os seus candidatos e cobrarem-lhes as promessas pelo distrito melhor.

“Aí Portugal, Portugal… uns vão bem e outros mal!”

Por mais que se queira evitar ou fugir ao tema, nos tempos que correm é praticamente impossível evitar a tentação de analisar a situação política nacional, nomeadamente as próximas eleições legislativas que serão decisivas para o futuro que se segue, não só porque uma nova era e geração de protagonistas se estão a impor nas máquinas partidárias (Bloco de Esquerda, Livre, Iniciativa Liberal, PS, PSD e CDS), mas também porque um dos partidos cujo nome me recuso a nomear, que foi o que mais cresceu na legislatura, populista, de extrema-direita e fascista, se tem vindo a agigantar e a ameaçar os equilíbrios que há décadas permaneciam quase incólumes, por um lado sustentado na demagogia, na mentira e na manipulação dos factos e, por outro, no aproveitamento das incríveis falhas dos ditos partidos tradicionais, entretanto envoltos em casos judiciais, suspeitas de toda a ordem, desbaratamento de maiorias absolutas, práticas errantes de governação, entre outros casos e casinhos incompreensíveis imperdoáveis e, vá-se lá saber porquê, demasiado bem aproveitados pelo Ministério Público cujas motivações ainda desconhecidas o  tornaram “o terror da parada”, fazendo cair secretários de estado, ministros, o próprio primeiro-ministro e os governos da República e da Madeira, entre outras ações judicialistas mediatizadas e irrepreensivelmente preparadas para amesquinhar e vergar os partidos do arco do poder e dar a ideia de estarem a cumprir um plano ou uma agenda própria.  

Tudo isto enquanto o país dava mostras de recuperação económica e retoma financeira inédita, contas públicas equilibradas, inclusive positivas, investimentos como nunca em infraestruturas públicas e privadas, mudanças de paradigma, modernização e prestígio, ao ponto de António Costa ser recorrentemente apontado para altos cargos na União Europeia, pese embora, em minha opinião, não ter estado à altura dos dossiês de recuperação do tempo perdido dos professores, do SNS, das polícias e também das políticas para o Interior, quase como se fosse teimosia absurda, acerto de contas ou birra pessoal.

Males que vêm por bem, dirão aqueles que beneficiaram ou viram as portas escancararem-se antes de tempo; nova oportunidade, pensarão os que ainda continuam em regime de prova; mais do mesmo, os que se vão arrastando na Assembleia da República como simples empregados a sonhar com a reforma dourada e as prebendas que o seu silêncio, a obediência mansa e o tempo lhes renderão.

Sou militante do PS, mas não desgostava de ser do Livre se esse partido não se reduzisse a Lisboa.

"Um desafio para os que partem, um sonho para os que ficam"
Thierry Sabine

"O percurso de vida é enriquecido pelas experiências que vivemos, pelas amizades que cultivamos e pelas paixões que nos movem. O João Rôlo é tudo isto, mas consegue ser muito mais pela intensidade que imprime a cada momento vivido, que, por mais pequeno que seja, encara-o como uma enorme vivência".

É um livro de testemunhos de vivências que nos cativa a cada parágrafo que lemos, aconselho pelo facto de ser meu amigo, pelo facto de ser um grande atleta e um grande Homem.

Obrigado, João. 




BARCAÇA_MAIO

  Para garantir a redução do expediente extenuante, os trabalhadores da cidade de Chicago organizaram uma greve para o  1º de maio  de 1886....