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terça-feira, novembro 30

BARCAÇA_08


Caro (a) Leitor (a)

Encontro-o (a) , no cais onde irá embarcar neste novo número da Barcaça e dou-lhe as boas-vindas.

Este oitavo número sai numa época em que a política portuguesa anda a reboque de mais uma vaga de eleições e de uma outra, de Covid 19, com novas mutações e velhos problemas no sistema nacional de saúde. Com o número de infetados no país a aumentar, assim como o número de internados, resta-nos esperar que a terceira dose chegue rapidamente a quem precisa dela.

Já por esse mundo fora vivemos duas realidades distintas, por um lado, a pandemia dos negacionistas, a aumentar os casos nos países que podem e querem pagar as vacinas e, por outro, o grave problema daqueles que não têm acesso nem à vacina, nem a cuidados de saúde e que, para além de viverem a doença sem qualquer escudo protetor, são também os responsáveis involuntários das várias mutações deste vírus resiliente.

É neste mundo louco que a nossa Barcaça sai, serena e atenta, e leva o leitor por estórias e histórias, do associativismo ao desporto, património à poesia e política local e regional.

Não esquecendo a nossa rúbrica de gastronomia, livraria e música. De tudo um pouco do que faz a vida ser mais do que meramente sobreviver.

Bem-haja e boas leituras!

No dia que entrei…

    Era uma tarde como tantas outras, tinha feito a caminhada desde o apeadeiro de Montemor-o-Velho, pela reta interminável, contemplava as couves ao meu lado direito, à minha esquerda os salgueiros não deixavam passar o sol mas conseguia ver o milho reluzente que se perdia no horizonte. Mal sabia que nos próximos nove anos iria contemplar esta paisagem com folhagens diferentes.

    Acabava de chegar, passagem obrigatória pela praça e claro no barbeiro Silva onde ficava a saber todas as novidades da semana. Depois ali mesmo ao lado iria saborear a tão apetecida imperial e com dois dedos de conversa fiquei a saber que iria acontecer no Restaurante Mosteiro uma reunião para o Atlético Clube Montemorense (A.C.M.).

    Foram longas as horas porque não estava fácil chegar a uma lista para nos candidatarmos aos órgãos sociais da colectividade. Depois de algumas horas de avanços e recuos lá tivemos fumo branco e conseguimos ter todos os elementos que seriam necessários para avançarmos com a candidatura.

    Depois disso, fomos para casa e no outro dia, eleições na Conselheiro Mendes Pinheiro, num casarão onde a chuva entrava o soalho rangia e as teias de aranha abundavam, mas seria esse lugar onde tive tantas alegrias.

    No dia das eleições foram tão rápidas quanto a vontade que tínhamos de dar início aos trabalhos e à distribuição dos pelouros. Cabendo-me a mim coadjuvado pelo outro vogal hoje desaparecido (Luís Soares) em arranjar jogadores para militar nos campeonatos da 1ª Divisão da Associação Futebol de Coimbra.


    A sala da Direcção pela primeira vez era pequena para todo o elenco diretivo, desde essa altura a sala principal seria a nossa sala de Direcção.

    Foram meses de trabalho, procurando juntar um elenco não muito dispendioso mas com talento, que fosse capaz de nos dar alegria de subir à Divisão de Honra. O que foi conseguido com muito suor e lágrimas por parte de toda a Direcção que fez das tripas coração para levar a água a bom porto, claro com inexcedível empenho do treinador e dos seus discípulos.

    Foram 10 meses intensos, desde ter o campo (pode-se jogar com uma laranja) como dizia o (pianinho) depois á roupa devidamente aconchegada pelo (betinho) e o timoneiro deste barco Eng.º Miranda, conseguimos subir e foi a consagração de um trabalho coletivo, porque só quem por esta associação, como outras, passou consegue ter a noção da dedicação, das horas fora de casa, são necessárias para atingir tais objectivos.

    Este trabalho do associativismo puro, nunca parava além dos treinos terças, quintas, sextas e com os jogos ao Domingo nos restantes dias a associação neste caso o ACM estava sempre a trabalhar.

    Em início de época eram necessários fazer os exames médicos, tivemos várias situações caricatas que contarei em próximos números…mas era sempre uma correria.

    Na segunda-feira fazer o diagnostico dos lesados, marcar fisioterapia, exames  e preparar os quadros para o treinador dos amarelos e dos castigos. Quartas-Feiras reunião em Coimbra no sorteio da arbitragem, no resto da semana acompanhar os treinos, transportes e caso de necessidade marcação dos almoços de Domingo quando fosse jogo fora e longe. Mas em tempo de aflitos foram muitas vezes que o (betinho)(pianinho) preparavam sandes e sumos para que no final do jogo os jogadores pudessem aconchegar um pouco os estômagos depois de 90 minutos de esforço.

    Paralelamente havia uma comissão encarregue de arranjar os escudos necessários para pagar todas as faturas desta máquina em movimento.

    Policiamento GNR

    AFC percentagem das bilheteiras e taxas da Organização

    Padeiro

    Gasolina da nossa viatura como ajuda aos jogadores.

    Cal, detergente para roupa etc…etc.

    Recordo uma vez um dos patrocinadores nos ter dito, com esta equipa já tiveram algum que tivesse dito que NÂO? Um das actividades económicas, um das finanças, um do notário e um militar, foi uma equipa de luxo.

    Crescer em Montemor-o-Velho não se tem vida fácil, tudo vem de fora e os trabalhadores na sua maioria trabalham nos Concelhos vizinhos. O que não ajuda à sua participação no associativismo e nesse tempo havia 14 colectividades ativas. Onde muitos dos elementos ocupavam cargos em simultâneo.

    Mas no historial do ACM na sua presidência constam vários presidentes de câmara.

    Foram bons tempos. 

DESPERTAR PARA O DESPORTO

A opinião desportiva que mexe consigo!

Passa-culpas! É a palavra do momento em Portugal, na sequência do jogo entre B Sad (herdeiro desportivo do histórico “Os Belenenses”) e o SL Benfica. A incidência da mais recente variante da Covid19 condicionou fortemente a equipa da casa, que se apresentou, no início do jogo, com 9 (!) atletas.

O presidente da B Sad avisou publicamente, na véspera do jogo, que estariam fragilizados, mas tinham condições de jogar. Os delegados da Liga de Clubes, que desde a véspera seriam conhecedores da situação, confirmaram duas horas antes do jogo que uma equipa apenas apresentaria 9 atletas. O SL Benfica soube, pelo menos uma hora antes do jogo, que a B Sad se apresentaria em campo naquelas condições. As culpas são de todos. A B Sad poderia ter “passado-culpas” para a Liga de Clubes se, antecipadamente, tivesse solicitado o adiamento do jogo (formalmente, independentemente da resposta que viesse a receber). O SLB não pode, em nome da sua história, da sua grandeza e da relevância social que ocupa no contexto português, estar disponível para defrontar uma equipa de 9 jogadores. Não pode. Tanto mais que, na época anterior, o impacto da Covid19 na sua equipa principal foi escudo protetor para as críticas dos seus associados, perante tanta irrelevância competitiva. Portanto, até para acentuarem a sua tese, impunha-se que não agissem com a passividade institucional que assistimos. Mas a Liga de Clubes, enquanto entidade organizadora dos campeonatos profissionais portugueses, esses não têm qualquer argumento válido para, apenas, invocarem os escritos regulamentares. Compete-lhes, antes de defender os regulamentos, defender, promover e potenciar a indústria do futebol português, tornando-o interessante, atrativo e “vendável”. Foi tudo o que não fizeram, “convidando” a imprensa internacional a, mais uma vez, arrasar o futebol português.

Os feitos, quase brilhantes (falta o “quase”), das três equipas portuguesas na Liga do Campeões Europeus acabaram por passar despercebidos. Dias antes, o fracasso da seleção portuguesa na qualificação para o Mundial do Catar havia espantado a o mundo do futebol, justificando as maiores “paragonas” na imprensa internacional.

Concorre-se para a irrelevância do futebol português oferecendo-se, sucessivamente, motivos, quer desportivos, quer organizativos, para desvalorizar o nosso produto, deixando cair em segundo plano momentos de afirmação competitiva internacional.

Precisamos de mudar de lideranças e de estratégias para deixar de, com tanto, fazer tão pouco.

Repórter Mabor

O repórter do papel pardo e da esferográfica, no velho campo das Lages, não perdeu a mania neste tempo das novas tecnologias, de se envolver por aí na sua "peladinha" partilhando na Liga Inatel alguns pormenores do seu proposto amadorismo aos clubes da Região, que não aguentaram com a carga de custos  da A.F.C., sendo às dezenas os jovens que praticam o gosto da sua modalidade, por exemplo, no futebol de 11.

A realidade aí está, com o Montemorense a perder em casa com a Vila Nova de Anços, 1-2, sendo por esta derrota, conduzido para o 4º lugar com os seus nove pontos, enquanto o vencedor assumiu o comando da Serie A com 12 pontos e sem derrotas, por enquanto. Em segundo lugar surge-nos os rapazes de Maiorca, com 10 pontos , ainda não perdeu  nas jornadas já disputadas.

O Alqueidão em 3ºlugar com 9 pontos , tantos como Montemorense.


Melhores dias se esperam nos próximos jogos, para sonhar com o almejado "poleiro". Os mais fortes vitoriosos de domingo em domingo de continuadas esperanças desportivas São Caetano e Souselas com 3 pontos, Seixo Mira e Figueiró, um ponto cada na tabela classificativa, resume-se no último lugar com zero pontos, o Corticeiro de Cima. Se a missa não saiu do adro da Igreja, como  não acreditar nas próximas jornadas, que estas equipes não soltem no  fenómeno desportivo, o salto desejado para o meio da tabela?  

Na Série B, a mesma luta de domingo a domingo , os treinos da  semana, os sonhos e as alegrias das vitorias e a tristeza das derrotas , mas este é caminho desportivo de todos os participantes, confraternizando no final com a vitoria ou a derrota o ético encontro das juventudes.

Nesta Série o Vasco da Gama , comanda a classificação com 12 pontos, ainda não perdeu nos 4 jogos realizados, logo a seguir a equipe de S. Pedro de Alva  soma 9 pontos juntamente com o Coja. 

A cair no meio da tabela a formação do Bobadelense, soma 7 pontos, enquanto Lagares da Beira 4 pontos e Vilacovense soma 3 pontos os mesmo que consegue neste momento o GD Vasco da Gama de Candosa. Na cauda da tabela, Várzeas, 2 pontos , Paradela e S. Martinho da Cortiça , um ponto e quem sabe se os últimos vão ser os primeiros?

PRÓXIMA JORNADA



Já no que toca ao campeonato da Associação Futebol de Coimbra Divisão de Honra SÉRIE B, houve também algumas mexidas e com o Carapinheirense a não conseguir levar a melhor frente ao Ançã FC em sua casa perdendo por 0/2.

Assim os resultados da Série A/B foram:


A classificação 12ª Jornada 
Próxima Jornada

IGREJA DE SANTA MARIA DA ALCÁÇOVA



A igreja, edificada dentro da alcáçova do castelo de Montemor-o-Velho, é de invocação a Nossa Senhora da Assunção e apresenta fachada marcada por grande sobriedade.

O portal, rasgado em arco ogival, é encimado por pedras de armas do bispo-conde D. Jorge de Almeida. A sobrepujá-lo abre-se um óculo com moldura ressaltada, formada por círculos concêntricos. A frontaria é rematada por empena triangular, coroada por pequena cruz, tendo do lado direito uma curiosa torre sineira. A torre eleva-se acima da empena, de planta quadrangular com ventanas muito alongadas e terminada por coruchéu e pináculos nos ângulos. Lateralmente, abre-se uma porta manuelina, enquadrada por elegante arco polilobado.



Ao entrar no templo sente-se um ambiente leve, cheio de beleza que convida ao recolhimento. O interior é formado por amplo retângulo de composição estrutural simples, dividido em três naves de cinco tramos, ritmadas por uma série de arcos quebrados, muito abertos e de grande beleza.

Suportam os arcos colunas de fustes espiralados, tendo os dois últimos (das capelas colaterais) espiral em sentido inverso aos anteriores, de secção mais larga. As duas primeiras colunas são oitavadas com singelos capitéis. Apresenta nave central levantada, sem janelas acima das arcadas, sendo que a parede entre os arcos, que faz ligação à cobertura de madeira, é muito reduzida. A conjugação de todos estes elementos transmite-nos a sensação de um espaço unitário, de templo de uma só nave, ao invés do seu espaço tripartido.

As três naves são rematadas, na cabeceira, por capelas absidais - a central e a colateral esquerda apresentam cobertura em abóbada de berço e a direita em concha. Com os topos cilíndricos mantendo a antiga estrutura, as capelas colaterais rasgam-se em arcos “manuelinos”, de grande efeito plástico. Os arcos abertos entre as capelas laterais e a mor, em plano, dão a aparência de um transepto.

O acesso à sacristia é feito por uma porta lobulada e na parede abre-se uma janela, também de gosto manuelino.

Esta igreja é ornamentada por diversos trabalhos de escultura de várias épocas, saídos das mãos de mestres da região. Algumas imagens denotam o carácter regional, pela sua falta de proporções e fraca policromia. Outras são de grande qualidade, como a “Virgem do Ó” e o Anjo da Anunciação do escultor Mestre Pero, da primeira metade de “Trezentos”. Merecedor de olhar atento é o retábulo renascentista do Santíssimo Sacramento, uma obra já do século XVI, atribuída ao grande mestre João de Ruão, composto por dois registos que contemplam uma última ceia e um sacrário, e onde podem ser apreciadas as esculturas representando uma “Virgem da Expectação”, uma Santa Luzia e uma Santa Apolónia.

Contribuindo para a beleza das naves, destacam-se os revestimentos cerâmicos, principalmente os que estão colocados junto à pia batismal, do lado do evangelho, constituídos por uma original roseta e um belíssimo arco conopial, ambos com azulejos hispano-mouriscos do século XVI, colocados como memória da decoração primitiva.

Na capela-mor sobressai o retábulo seiscentista, em talha dourada, ao Estilo Nacional. Na Capela do Sacramento ressalta um outro retábulo do século XVI, minuciosamente ornado, com sacrário trabalhado como se fosse um templo, contendo nos nichos imagens de S. João Batista e da Aparição de Cristo à Virgem e a Maria Madalena.

Ostenta ainda um baixo relevo policromo, representando a Última Ceia.

Para balizar cronologicamente a construção muito contribuem as inscrições das lajes que aparecem no pavimento, datadas desde o século XI ao XIX, sendo certo que a historiografia vem ponderando a hipótese de a igreja ter sido erguida sobre as bases da antiga mesquita de Montemor-o-Velho. Vestígios arqueológicos testemunham a existência de um edifício dentro do castelo que poderia corresponder a uma mesquita: um capitel, várias bases, um fuste de coluna, e dois fragmentos de gessarias, atualmente integrados na coleção do Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra. 

De qualquer modo, a tradição diz que foi mandada edificar em 1090, pelo Presbítero Vermudo, por ordem do conde de Coimbra, o moçárabe Sisnando Davidiz,

Entretanto, seria reedificada e consagrada nos inícios do segundo quartel do século XII. Em finais deste século sofreu novamente algumas intervenções, que se repetiram com a sua reconstrução definitiva no primeiro quartel do século XVI, obra atribuída ao arquiteto Francisco Pires, sob a ordem do bispo-conde D. Jorge de Almeida.

Eu quero ver o mar...

Ao longo da manhã,
a criança repetia:
- Eu quero ver o mar
E a Mãe sorria e via
o mar no seu olhar…

Ao longo da tarde
a criança repetia:
-Eu quero ver o mar
Os montes ondulavam e brilhavam
Em verde de encantar

Já o soninho chamando…
a criança repetia
-Eu quero ver o mar
E o sol desfez-se em bronze
Para a criança acalmar
E a tarde fez-se mágica
As flores rendilharam
Uma canção de embalar

Mas… eu…quero… ver… o… mar…

Na areia fina,

beijada pelas ondas,

caminho à deriva

e meu olhar vagueia,

fixo no horizonte,

colhendo a luz clara

do dia que vai surgindo,

sorrindo ao sol

que me acaricia…

 

Caminho junto ao mar,

deixando marcas minhas

pela areia macia e fresca.

Ao olhar para trás,

revejo o percurso feito …

sei que está distante o ponto de partida…

Mas continuo a caminhar,

indiferente …

 

Quero chegar,

mas não sei onde…

Só sei que a ilusão que persigo

mora longe

e há um longo caminho

a percorrer…

 

Porém, o importante

é ter partido,

ter sido capaz de avançar,

prosseguindo sempre

em busca desse sonho

talvez inalcançável …

SONHO versus REALIDADE

 

Esta noite tive um sonho

A preto e branco quiçá colorido

Acordei e de repente

Fiquei de coração partido

 

Era apenas um sonho, que em realidade

Se poderá tornar

Ver as gentes de Montemor

No comércio tradicional comprar

 

Os comerciantes agradeciam

Ficariam muito contentes

Pela procura que tinham

Jamais seriam indiferentes

 

Ó gentes de Montemor

Falo da freguesia e concelho

Pois todos e sem desprimor

Somos de Montemor-o-Velho

 

Falo daqui e dali

Numa constante agitação

Procurai na vossa freguesia

Com certeza encontrarão

 

O coração sempre mostra

O amor e com razão

Paga-se com a amizade

O sentido da gratidão

 

E nesta época festiva

Ó gentes de Montemor

Vamos fazer e com vida

Um Natal com luz e cor


Hoje deixo-vos com uma entrevista ao nosso colaborador José Craveiro.
Conto

Era uma vez um rapaz que andou na guerra tanto tempo que quando  a guerra acabou vinha triste, sem dinheiro e muito aborrecido porque estava com fome e não tinha nada nem onde comer. 

  Chegou a uma aldeia e procurou ver se alguém precisava de ajuda mas ninguém estava disposto a dar- lhe de comer. 

 Quando estava a  sair da  povoação viu uma velha à janela,  toda bem vestida,  e ele notou logo que a velha queria conversa...  .

 Chegou perto da janela e disse:

- Ora viva quem é uma flor!

 A velha toda contente,  sorriu e perguntou- lhe  se ele estava  a falar a sério. 

- Claro que  estou! Respondeu o rapaz.  Mas  se me oferecer  um  almoçinho eu ainda vou pensar se fico ou não por aqui...

 A pobre mulher não cabia em si de contente.  Foi logo fritar carne,  foi buscar  pão e vinho  e estando  os dois à mesa  disse disse ele que tinha que ir a casa ver a mãe  mas que logo voltaria. 

 - Logo, diz ela, logo, mas quando?

 Olhou o rapaz pela janela da cozinha e vendo que tinha uns figos  que eram do tamanho de caroços de azeitona respondeu:

 - Quando os figos estiverem maduros,  volto eu.

 Abraçou a mulher tão apertadinha que  ela até subiu ao Céu sem escada e dando- lhe um beijo foi á sua vida. 

 A partir de  aquele dia a mulherzinha ia sempre de manhã ao pé da figueira,  apertava os figos  e dizia:

 - Ai duros,  duros,  quem mos dera cá maduros!

 Os figos amadureceram mas do " outro " nem sinal

 Ela quando viu que ele não voltava mais foi à janela e gritou furiosa:

 -Almoços de carne frita p'ra quem a gente nunca viu, a p.... que os pariu.

 Vitória, Vitória…

É Natal, É Natal!

 

Estamos a entrar na época mais mágica do ano!

Independentemente das crenças e tradições, o Natal está associado a alegria, cor, calor humano, família e momentos felizes. As casas enchem-se de luz e, nas possibilidades e gostos de cada um, o ambiente fica mais acolhedor.

É assim nas nossas casas e nas nossas terras.

Montemor, o concelho, trouxe a ideia do Castelo Mágico. Goste-se ou não de celebrar o Natal e dos seus festejos, é uma oportunidade de mostrar o nosso Castelo e de cativar crianças (e não só) com os seus espetáculos e diversões.

Do que recordo do passado, foi um sucesso e teve casa cheia por várias vezes. As crianças divertiram-se e saíram dali com vontade de querer voltar. O que se pode querer mais?!

O Agrupamento de Escolas, mais uma vez, foi convidado a participar nesta festa. Tenho a certeza que vai ser um dia inesquecível e que os meninos vão estar muito felizes!

Apesar da minha confiança de que a felicidade vai imperar neste Castelo Mágico, fico profundamente desiludida ao saber que os meninos do próprio concelho têm que pagar 3euros, tal como se viessem em grupo de Escola de qualquer outro ponto do País. Não há uma atenção ou cuidado com os meninos do próprio Concelho.

Não tendo por certas as contas do evento (e do seu impacto negativo ou positivo nas contas da Câmara), de certeza que isentar as crianças da Escola não deixaria ficar mal ninguém.

Pelo contrário. O pagamento dos 3euros pode pôr em causa a frequência de algumas crianças nesse dia. Como estou embebida neste ambiente natalício, quero crer que não – confio que, num nível mais próximo e íntimo, os Educadores e Professores têm o tato suficiente para garantir que nenhum menino deixe de ir por causa do pagamento dos 3 euros. Como Mãe, tenho essa sensibilidade para com os coleguinhas das minhas filhas.

Mas não devia esse cuidado partir da própria Câmara Municipal?

Um bilhete para grupos escolares custa 3 euros. Se a criança for com os Pais, paga 5 euros. Os adultos pagam 6 euros e os maiores de 65 anos, ao entrar na “2ª infância” da vida, pagam como crianças.

Julgo perder-se uma oportunidade para as pessoas da vila e de todo o Concelho virem mais vezes a esta festa de Natal – é um peso considerável no orçamento comprar entradas para mais que uma visita. Não é triste as locais “ficarem á porta”?

Vamos ver quantas entradas gratuitas vão circular por aí,  e quem vai usufruir delas…

Não vou comparar o Castelo Mágico com outros eventos natalícios de outras terras. O que se faz de bem deve ser incentivado, o que se faz de mal deve ser repensado, independentemente de onde provém.

Para além de estar inconformada com esta questão de bilheteira (e não com um espírito crítico, mas construtivo) acho que ainda mais se podia fazer para promover o Natal, sem ser à volta do Castelo Mágico – mas aproveitando o movimento que este, inegavelmente, gera. Envolver as pessoas da terra, incentivar a restauração a entrar no espírito natalício, chamar os comerciantes a intervirem, criar pontos de atração pela vila,…

Não sou promotora ou organizadora de eventos, mas ideias fáceis de executar surgem-me!


Castelo Mágico – uma oportunidade perdida

Ao longo dos últimos três anos temos assistido, em Montemor-o-Velho, ao grande evento natalício que é o “Castelo Mágico”. Tirando o ano passado em que o evento se realizou em formato digital, temos de reconhecer que nos anos anteriores foram milhares as pessoas que visitaram o castelo.

Isto até poderia ser um motivo para todos nós reconhecermos que finalmente o executivo camarário estava a trazer pessoas para o concelho que iriam, certamente, contribuir para o desenvolvimento da economia local e para a divulgação do concelho.

É certo que relativamente à divulgação do concelho e do nome “Montemor-o-Velho”, temos de admitir que estão de parabéns. O Castelo Mágico, hoje em dia, começa ser falado a nível nacional. Mas também com o investimento que foi feito mal seria que o trabalho não fosse minimamente digno e apresentável.

No entanto esta era uma oportunidade única para, através deste evento que anualmente traz milhares de pessoas à vila de Montemor, capitalizar com isso e alavancar o comércio e os comerciantes locais.

Mas aquilo que temos assistido é que a câmara se tem limitado a pedir aos comerciantes que enfeitem as montras e nada mais. Para além disso não há nenhuma envolvência da vila neste espirito natalício. E isto é triste e desesperante. Perante uma oportunidade como esta limitam-se a fazer os mínimos. Ou seja “dão dinheiro” a uma empresa para realizar o evento dentro do castelo e esquecem-se do resto.

Mas vamos por partes:

1.  Por que razão não fecham a “porta da peste” e deixam apenas aberta a “porta do sol”? Isto obrigava todos os visitantes a passarem dentro da vila. A subirem pelas escadas rolantes (isto se estas não tiverem desligadas como é habitual ao longo do ano) e a descerem pela ruelas da encosta do castelo e a conhecerem a vila;

2.  Como é que não criam um ambiente e um espirito natalício ao longo de todas as ruas da encosta do castelo? O que permitia e incentivava as pessoas a circularem pelas ruas;

3.  Como não fazem mesmo pela encosta e pelas ruas da vila, pequenas barraquinhas que permita a todos os comerciantes, artesãos e outras pessoas do concelho fazerem os seus negócios? Isto certamente que iria potenciar a economia local;

4.  Como não fazem um mercadinho de natal dentro da vila? Isto permitia que todos os visitantes conhecessem, desfrutassem e degustassem da nossa gastronomia local;

Entre estas podíamos falar de muitas outras iniciativas e atividades que alavancassem a economia local e ajudassem os nossos pequenos empresários e comerciantes a divulgar os seus produtos.

Em vez de termos apenas um Castelo Mágico podíamos ter uma Vila Mágica toda embebida num espirito natalício. Em que qualquer visitante do concelho de Montemor-o-Velho desde que chegava e estacionava o carro até se ir embora entrava num cenário encantador.

Mas para isto é preciso pensar no concelho e nas suas gentes. Não é ir pelo caminho mais fácil.

Pensar no concelho como um todo e não apenas numa parte. Pensar em Montemor não apenas como uma pequena vila da região centro do país mas sim como uma referência a nível nacional. Como uma verdadeira “Capital do Baixo Mondego”.

                         

ELEGIA DA EREIRA

                      São as aves demais para chorar?

                                                              Afonso Duarte

À luz

deste azeite estelar

a que chamam luar

e que é apenas o fulgor

da cal a evaporar-se

com os ossos humanos,

são as aves

o que menos choramos.

 

Lágrimas desprendidas

dum olhar terrestre

que a loucura escurece,

lá vamos nós,

lá somos, mestre,

aquelas sombras flutuando no luar.

 

E no entanto a terra,

esse magoado coração do espaço,

chama ainda por nós.

Que lhe diremos, mestre,

tão pobres e tão sós.

 

Carlos de Oliveira 1921-1981

 

TURISMO EM MONTEMOR-O-VELHO

DO PASSADO FAZ-SE FUTURO

Encabecei com a dedicação que vem da pele e das vísceras, o projeto do Bloco de Esquerda para o Município de Montemor-o-Velho.

Muitas pessoas e muitas ideias frescas, abraçaram esta nova ideia de política socialista, popular e democrata.

Abriu-se uma ampla estrada, de futuro e esperança, para quem está farto de ver a sua vida parada e degradada em atávicos suplícios de comentário televisivo.

 

“Estou triste porque vejo os jovens ir embora!” - foi o que mais ouvi; “Também conto” e “Mais vale fechar o café e ficar-me pela reforma.” - outras frequentes.

 

Gente certa e coerente!

 

Nessa recorrência de tumultuosos sentimentos, em que vinha sempre ao de cima a clareza do desalento, dei a minha voz ao ânimo e à resistência.

Do lado difícil e sem demagogia. Em dias duros, de poucos e poucas, nos fizemos uma alternativa clara, envolvente e credível.

 

Eleições feitas, ficou o PS com - novamente a responsabilidade - do desenvolvimento do turismo por fazer.

 

Apresentei em nome deste projeto autárquico do Bloco de Esquerda a importância de fazer do turismo religioso um dos caminhos a iniciar para o desenvolvimento turístico das nossas vilas e localidades.

 

Fica curto… fica muito curto resumir a história do nosso município ao Abade João e ao ainda por recuperar Convento de Seiça.

Há mais.

Há muito mais!

Há que parar e visitar o concelho de Montemor-o-Velho quando de autocarro se vai do Carmelo de Coimbra para o Santuário de Fátima.

As igrejas de Tentúgal, Pereira e Montemor. As capelas? Algumas nunca vistas! Portela, Reveles e Ereira…. Outras religiões?! Ideias e solidariedade.

Que património rico e de toda a história do país temos!! Que tamanha lição de vida.

 

Histórias, lemas, éticas, sonhos e erros.

Tudo esquecido e por contar.

Muito temos para ensinar! Muito temos para aprender!

Sem arrogância e sem pretensão.

Sem soberba e farto de mania.

 

Com um presidente da “região de turismo” (Dr. Pedro Machado) e um outro presidente da “comunidade intermunicipal - região centro” (Dr. Emílio Torrão)

que falta?

Talento?

Tá lento?

Tal ento?

 

Falta ouvir e a aposta nestas ideias das pessoas, que vivem, amam a terra onde vivem e à qual querem que outros venham!

Falta ouvir essa vossa voz.

No Bloco de Esquerda em Montemor-o-Velho, podem contar com essa voz e esse ouvir.

 

Falta quem queira que as ruas tenham gente e as janelas também.

Falta quem saiba a diversidade que é o município de Montemor-o-Velho.

Não é preciso para isso um Abade João, pois não?

 

Seja bem-vindo quem vier por bem!

A Afonso Duarte.  

Artigo 8.º

Toda a pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais competentes contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.

ENTRADA À BATE&FOGE

Uma entrada simples e fácil de confecionar.

Pão alentejano

Queijo Flamengo

Doce de Chocolate

Grelos

Crepes

Molho agridoce

Depois de confecionar umas tostas triplex com queijo deixando-as douradinhas colocar por arriba uns fios de chocolate.

Na divisória entre a tosta e os crepes jogamos-lhe uns grelos já cozidos com um fio de azeite.

E ali mesmo ao lado então o crepe acabadinho de sair da sertã e que leva uma finíssima capa de molho agridoce.

Servir quente …





Silêncio e Tanta Gente


Festival da Canção da RTP 1984



A RARA EXPRESSÃO DE UM MODO DE VIDA EM LIBERDADE E PRÓXIMO DA NATUREZA

Charles Alexander Eastman é único entre os escritores índios, sejam eles contadores de histórias ou historiadores. Foi criado tradicionalmente como um sioux das planícies, pela sua avó, de 1858 a 1874, até aos 15 anos. Assim, adquiriu um conhecimento de primeira mão completo sobre os modos de vida, a língua, a cultura e a história dos nativo-americanos.

"A atitude do Índio perante a morte (considerada o derradeiro teste e pano de fundo da vida) é inteiramente coerente com o seu caráter e a sua filosofia. A morte não o aterroriza, pelo que ele vai ao seu encontro com calma e simplicidade, tendo como única ambição ter um final honrado, como dádiva à sua família e aos seus descendentes".

Em A Alma do Índio, o autor dá vida à espiritualidade e à moralidade dos nativo-americanos, mostrando-nos como era preciosa e bonita a sua existência antes do contacto com os missionários e conquistadores europeus. Esta obra é uma rara expressão da sabedoria nativa, sem os filtros impostos por antropólogos e historiadores.

"Para o Índio, o amor aos bens materiais é uma cilada constante que devia ser evitada. O fardo imposto pelas necessidades de uma sociedade complexa sempre se afigurou como uma fonte inesgotável de perigos e tentações".

Ao invés de um tratado científico, Eastman escreveu um livro o mais fiel possível aos seus ensinamentos de infância e ideais ancestrais, mas do ponto de vista humano, não etnológico. As suas exposições sobre as formas de adoração cerimonial e simbólica, as escrituras não escritas e o mundo espiritual enfatizam a qualidade universal e o apelo da essência nativo-americana. 

Imperdível!

BARCAÇA_MAIO

  Para garantir a redução do expediente extenuante, os trabalhadores da cidade de Chicago organizaram uma greve para o  1º de maio  de 1886....