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domingo, dezembro 31

BARCAÇA_39



BARCAÇA 39

Como o tempo passa tão depressa e a Barcaça navegando nestas águas ora calmas ou turbulentas, seguindo o seu caminho sem refúgios ou falácias dos tempos modernos. Simplesmente segue com os seus conteúdos que mês após mês nos conservam vivos para falar das nossas gentes da nossa terra e com o olhar no futuro.

Desde o seu início perguntava-me a mim mesmo quantos números conseguiria levar até ao meu porto de abrigo seja onde quer que fique, estou entre amigos que com os seus textos os seus reflexos ou simplesmente com as suas doces palavras nos transmitem que podemos chegar muito longe.

Criar é próprio dos mortais e conseguir dar cor alma e sentimentos ás palavras é um dom que ninguém poderá conseguir tirar à nossa Liberdade de ser e de pensar. Manifestamo-nos de muitas formas seja em prosa, em poesia ou contando factos históricos ou contos de encantar, mas nessas palavras únicas e tão pessoais aqui estamos passados que estão trinta e nove números de contos ou de histórias e historietas.

Entramos nesta Barcaça sem rumo e sem lugar para atracar, mas dedicamos em cada palavra um pouco das nossas vivências e que são muitas e diversas, não só pela idade, pelo saber seja intelectual ou da vida e transportamos para o papel “digital” o nosso crer de sermos isso sim livres.

No aproximar dos cinquenta anos que vivemos em Liberdade tantas coisas ficaram para trás que podemos agora contar, tantas memórias e tantas histórias devemos aos nossos seguidores, porque temos memória e temos vida.

Ao percorrer este último ano entrando na Barcaça_28 a primeira de 2023 perguntava-me a mim mesmo se tínhamos timoneiro com a força suficiente de deixar entrar e sair passageiros, mas continuando o seu rumo com a mesma perseverança com que imitiu a Barcaça_01 em 25AGO2021, aí está a resposta com o lançamento da Barcaça_39.

Quem acreditou e se mantém fiel aos seus pensamentos à sua escrita à sua liberdade nunca questionada, sabe que ao entrar na Barcaça é entrar num espaço seu para todos. Seja qual for o destino que nos reserva 2024, vamos estar mensalmente aqui para si com todos os nossos colaboradores para que se sinta seguro neste rio que como disse algumas vezes está agreste.

Desejo a todos boas leituras e um ótimo 2024 

Onde nos perdemos?

Fugimos de nós mesmos ou das nossas derrotas e essas foram sem dúvida o princípio da nossa maior vitória, conseguirmos ir em frente lutando contra tanta adversidade. 


Pertencemos ao mundo e será com ele que devemos conversar interagir e lutar para que outros possam seguir os nossos passos a seu tempo e com aprendizagens válidas do nosso contributo seja pessoal ou pelo que fizemos na comunidade onde estamos inseridos.

Muitas vezes colocamo-nos de fronte de um espelho ou simplesmente no fechar dos olhos e refletimos um pouco se valeu a pena tantas horas perdidas do nosso lar, dos nos filhos, da nossa família para dedicar ao bem comum? Respondo que sim valeu a pena, foi com esses ensinamentos com essas horas “perdidas” que nos construímos e nos tornamos seres capazes de amar, de sentir e ajudar a nossa comunidade. Não nos podemos fechar em nós próprios no nosso orgulho de ter medo de perder, é com essas batalhas que conseguimos transmitir aos filhos que vale a pena lutar pelo bem comum porque depois será ele que nos vai acolher e tanto melhor se o nosso desempenho tenha contribuído um pouco para o melhorar.

Quantas vezes acordamos sós, nos pensamentos e sem vontade de vestir as calças, calçar os sapatos, ou abotoar a camisa e sair de casa para defrontar o mundo que nos espera a toda a hora do lado de fora da porta.

Fazer parte da comunidade de tentar ajudar o próximo deve ser um ato constante, porque será com esses pequenos nadas que conseguimos viver melhor em comunidade e não fechados em nós mesmos.

Hoje ao escrever estas simples palavras estou triste, a vida é ingrata e nós comum dos mortais nada podemos fazer, nem as nossas preces podem mover moinhos de vento para que seja diferente, mas rogamos para que tudo à nossa volta, aos nossos familiares e amigos corra da melhor maneira. Mas a vida é madrasta e não escolhe o bom do mau, é como fosse tiro ao alvo ora se acerta no 1 como no 10, mas acerta e quanto mais próximo seja mais revoltado nos sentimos por nada conseguirmos fazer a não ser esperar.

Dois mil e vinte quatro está aí a poucas horas faltam e desejo a todos os meus amigos e inimigos que possam contribuir para um mundo melhor cada um à sua maneira.

Salvem as nossas almas!


Convento de Almiara [Parte I]

O Convento ou Quinta de Almiara situa-se em Verride, no limite noroeste da localidade, assentando numa encosta voltada a norte, de declive suave, que desce até à linha de caminho-de-ferro do Oeste e, posteriormente, até aos terrenos agrícolas da margem sul do rio Mondego. A cerca de 700 metros a nascente da quinta localiza-se o apeadeiro ferroviário de Verride, paragem frequente para os comboios que fazem a ligação entre Coimbra e Figueira da Foz. A propriedade é atravessada, a norte, pela linha férrea e, a poente, por um acesso rodoviário proveniente da vila, constituindo-se, assim, os limites físicos mais evidentes dos terrenos de Almiara que, todavia, não correspondem aos confins iniciais da quinta, a poente e a norte, originalmente mais amplos.

Próximo do sopé da encosta, na imediação do caminho-de-ferro, encontra-se o edifício principal da propriedade, vulgarmente designado por Mosteiro de Verride. Trata-se de um edifício composto por dois volumes longitudinais paralelos entre si, ligados por dois corpos transversais. O volume dianteiro, a norte, integrava os espaços residenciais no primeiro piso – o andar nobre –, assente sobre os espaços térreos da antiga adega, na ala nascente, e do corredor de serviços, na ala poente. O volume posterior, menos extenso, continha divisões de armazenamento, bem como uma capela, que hoje se mantém. Nas paredes desta, encontram-se remanescências de conjuntos de azulejos azuis e brancos com representações da vida dos Crúzios e de Santo Agostinho, e haveria ainda, no altar-mor e nos altares laterais, painéis de talha dourada, entretanto desaparecidos. Na envolvente próxima, encontram-se três construções, correspondentes ao que parece ser um terraço de apoio às atividades agrícolas, a sul; uma vacaria de planta retangular, a sudoeste; e uma terceira, de planta circular, a nascente – um pombal.

O núcleo original, supõe-se, terá sido construído no final do século XVI – assim o sugere uma inscrição com a data de 1580 que ainda figura no lintel de uma porta localizada no piso térreo do alçado principal, a norte. O projeto inicial, quinhentista, do qual pouco é possível identificar com convicção, a não ser, talvez, a sua monumentalidade e a marcação das linhas horizontais, seria de arquitetura renascentista. No século XVII e, possivelmente com maior impacto, na segunda metade do século XVIII, a casa foi objeto de uma reforma importante. Desta, resultou a construção da longa frente setecentista do edifício de dois andares, ainda hoje existente, que se caracteriza pelo alçado longitudinal praticamente simétrico, cujo eixo central da composição é marcado por uma estrutura de quatro arcos no piso térreo, encimada no piso superior por um volume saliente que faz o acesso a um balcão com parapeito, volume que é, por sua vez, rematado por um frontão triangular, onde figura um óculo. Este alçado, voltado a norte, para o rio e para os campos agrícolas, é ainda composto por um torreão na ponta nascente, também edificado nas intervenções do século XVIII. Sugere-se que no extremo oposto, a poente, deveria existir outro torreão semelhante. Este, todavia, nunca terá sido construído, assumindo-se ainda a hipótese, menos credível, de ter existido, tendo sido posteriormente destruído.

Mário Silva

 

Fonte: João Miguel Negrão, Plano Diretor para a Quinta de Almiara, 2017.

 


Meu querido 2023



Desculpa continuar a chamar-te assim, mas ainda não consegui habituar-me a pensar em ti de qualquer outra maneira, mesmo que estejas de partida.

Mesmo que nem sempre tenhas sido “querido” para mim. Foste bem difícil até!

O pior dos piores.

Foram 12 meses, juntos. 12 meses, intensos. Duros. Muito duros.

Sem descanso. Com muito choro.

Cheios de tristezas, mas também de alegrias.

De quedas, mas também de superações ou não fosse eu uma enorme teimosa!

Meu querido 2023,

Quem te está a escrever não é a mulher que eu hoje sou, mas sim aquela que eu fui ao teu lado e que pretende ficar para trás.

Sim. Está na hora de dizer adeus.

Está na hora ires embora.

Está na hora de levares contigo tudo o que já não me acrescenta.

Tudo o que me magoou.

De levares todas as tristezas e lágrimas que me fizeste verter.

Uiii davam para encher vários baldes.

Leva também a mágoa. A desilusão.

E, pelo menos, nestes últimos dias dá-me algum descanso.

Meu querido 2023,

Escrevo-te para te dizer que te amei, que tentei aproveitar-te ao máximo, que tentei tirar o melhor partido de ti e de mim.

Dei-te o melhor de mim, como sempre faço, mesmo quando não deste nada em Troca. Foste bem lixado!! Fodido, melhor dizendo.

Mas acredita que, apesar de tudo, foste um capítulo lindo da minha vida.

Nunca te esquecerei e espero que não me esqueças também, que guardes sempre um sorriso na boca quando pensares em mim. Fizestes-me mais forte.

Corajosa.

Resistente.

Meu querido 2023,

Guardarei, com saudade, o melhor de ti.

O melhor de mim, contigo.

O nosso melhor.

E no meio de tanto caos, tanta bagunça, não deixaste de me dar, alguns, momentos bons. Muito bons.

Mesmo que até esses tenham acabado por me deixar um enorme amargo na boca.

Uma dor tremenda na alma.

E um coração partido.

Caraças, estou a ficar velha para algumas coisas. Estou velha para continuar a acreditar nos outros. No amor. Na amizade.

Estou velha para tudo isso. Mas que hei-de fazer … sou assim. Acredito!

Mas, agora, vai, tenho grandes expectativas para 2024. Espero que ele não me engane como tu!

Não fiques com ciúmes. Já cumpriste o teu papel. Vai.

Despeço-me de ti, já, para poder fechar para balanço e finalmente descansar.

Vai, com a certeza de que cumpriste o teu papel. No fim, saio mais forte, muito mais, e pronta para enfrentar tudo.

E, acima de tudo, cheia de certezas do que quero e não quero mais.

Vá, vai…

Deixa entrar 2024!

Não é por nada, mas vai ser, com toda a certeza, muito melhor que tu!

Assim o que espero.

É que já chega!!!

Não achas?

2024 vai ser aquele ano … certo?

Eu prometo que vou continuar a sorrir mesmo quando não me apetece! Ok?

Já estou de olhos em ti, 2024. 



Novo Ano ou Ano Novo?

Dê-se a volta que se der, irá dar ao mesmo! Ser um novo ano, uma continuação, uma adaptação ou uma invenção, as memórias futuras, daqui a 365 dias, serão as mesmas: desejamos que o novo ano seja melhor do que este que acaba. O novo ano será 2025. Nada muda! Ou melhor, muda o último algarismo de cada ano, os pedidos são os mesmos, os desejos são os mesmos e a hipocrisia é a mesma.

O homem não muda!

Ele está mudado!

O tempo em que um aperto de mão, um abraço ou uma palavra valia alguma coisa, acabou. Hoje, nada vale nada, nada presta para futuro, nada é confiável. Para o ano estaremos a lamentar uma outra guerra qualquer que apareceu, mesmo que as deste ano infelizmente subsistam.

O homem que se acha de bem, que se entende como “mudador” de todos os males permanece intocável na sua “capacidade” adquirida nestas últimas décadas: a mentira. O homem quer lá saber se há crianças a serem bombardeadas, mesmo que tenha filhos!

O homem quer lá saber se a Terra está em declínio, com tanto lixo!

Ele continuará a deitar pela janela fora do carro o copo do iogurte, enquanto vai falando do “spot” pelo qual passa. O que importa é que aquilo é um “spot” e não um local, um espaço, como sempre foi. O homem “está-se nas tintas”, mesmo sabendo que os outros sabem, para o dinheiro que rouba ao estado com subsídios que recebe ou impostos que não paga, mostrando e publicando escandalosamente fotografias das férias em locais paradisíacos.

O homem quer que a honestidade se…lixe!

O homem quer lá saber se faz o assédio que mata o seu semelhante aos poucos (ou aos muitos…), para “subir ao céu sem escada”, só porque levantar um pé para outro degrau é-lhe impossível, pois a sua perna é muito curta!

O homem quer é “abrasar” o enfermeiro, o médico, o professor, o vizinho, o padeiro ou o agricultor, sem apelo nem agravo, só porque nunca quis estudar, só porque foi preguiçoso e, agora, não quer viver com esse complexo!

O homem quer lá saber se o seu semelhante está a morrer, está a ter uma morte anunciada, porque lhe tortura a mente e, quando o avisam do que está a provocar (a morte), responde, de forma criminosa: “Se está doente…vá ao médico!” Sim, tudo isto é verdade e, algumas verdades, não são provocadas por gente de antigamente que nunca foi à escola. São provocadas por gente que teve a sorte de nascer com “a manjedoura alta”.

O homem nunca mudará para melhor!

Pedir sorte em novos anos e em anos novos é hipocrisia, mentira, falsidade e de cara sem vergonha…muitos deles!

Antigamente, os nossos avós e os nossos pais não desejavam bom ano no Ano Novo, trabalhavam para isso, comportavam-se de acordo com isso.

Não vos desejo bom ano, desejo, para todos nós, juízo e inteligência, pois o resto ficará garantido!


Repórter Mabor.

Admito outras argumentações, já que não sou dono de todas as opiniões (julgo eu que ninguém pode ter essa presunção) se o apego ao passado prejudica o presente e o futuro no sentido de modificarmos o nosso caráter genuíno da infância e da juventude numa base social que deve perdurar no caldo de outras vivências.

Tudo isto pelas alternativas do conhecimento de outras culturas e outras gentes que nada têm em comum com aquelas outras por nós enraizadas no passado, por exemplo, no Casal Novo do Rio, dizendo os que não concordam, lá está ele a bater no ceguinho pobre e carente com as feridas do passado. Puro engano, se deve ao meu apego não desconhecer o ancinho que me bateu no nariz, iludindo os presentes com a minha pergunta, depois de me tornar rico e parvo, regressado das cidades.

Se assim reajo entre o passado e o presente, não é por aí que se corporizam o meu agir em conformidade com as atitudes no dia a dia, vindo de longe muito longe, procurando no   cesto na vindima o último bago felizmente saboroso.

Por outra via dos acadêmicos os que tudo sabem procuram nos seus estudos as mudanças e as expectativas em vários comportamentos nos indivíduos no antes e depois do seu estado social e cultural, mas são os factos do quotidiano em variadíssimas vivências que nos transmitem a noção que devemos na escola primária da vida por muitas aventuras que tenhamos na sua aprendizagem ao longo de uma vida de 83 anos de idade.

No caminhar de todos os dias e do seu empírico conhecimento, percebemos quanto nos garante no presente o que vivemos no passado, buscando na complexidade das causas a melhor noção de uma humildade justificada e racional, sentindo o que se perdeu das suas origens e o que ganhou depois correndo atrás do querer vencer e trabalhar para uma estadia sóbria e equilibrada no senso comum tão necessário na partilha dos nossos relacionamentos com as pessoas que nos rodeiam.

Sendo difícil é possível e acertado na sua comunicação ao não perder os pés que se sujem na lama dos caminhos de cabras. Essa lama ficou entranhada nos sapatos, depois engraxados e reluzentes, mas de todo vinculados nos seus percursos já rotos e velhos. Estas ideias discutíveis, o meu apego ao Repórter Mabor 1960, tem a sua lógica de não o desprezar, porque me pertence e vive comigo no presente, volvidos mais de 60 anos, trago-o num tempo de cuidada reflexão no sentido de não trair valores sociais ou outros feitos no disparate de sentir e saber estar no presente, pese embora o pequeno mundo já percorrido. 

O Repórter Mabor, (1960) é um emblema que não dispensa a lapela de todos os casacos vestidos numa vida que não tarda a bater os 84 anos de idade!...


FIGUEIRA DA FOZ - OS AUTOS PASTORIS

Os «Autos Pastoris» são uma peça teatral, vulgarmente conhecida por «Presépio», sendo a tradição cultural mais antiga da Figueira da Foz.

Esta peça teatral mostra-nos o nascimento de Jesus Cristo, e a sua adoração, num misto de religioso e pagão.

Foi no princípio do século IV que se iniciou a divulgação do nascimento de Jesus Cristo, mas, na Figueira da Foz, os Autos Pastoris datam dos finais do século XVII ou início do século XVIII.

Durante décadas perderam força, tendo ressurgido nos finais do século XIX e no início do século XX.


Representavam-se na sede do Rancho do Vapor e atualmente a tradição sobrevive sobretudo à custa da Sociedade Filarmónica Dez de Agosto.

A Sociedade Filarmónica Figueirense, forçada a interromper as representações devido à quase extinção da sua secção cénica, em consequência da derrocada da sede nos anos setenta, retomou recentemente o tradicional «Cortejo da Espera dos Reis Magos» e a representação dos «Autos Pastoris».


Antes das salas de espetáculos, os Autos ocorriam nos chamados “palheiros”, ou “cardenhos”, armazéns amplos que albergavam grande número de espetadores, depois de limpos e ornados com verdura, louro e flores.

Depois de alindados os “palheiros”, montava-se um palco, onde se construía no seu centro uma gruta ou “lapinha”. No restante espaço do palco construía-se uma colina revestida de musgo, por onde passavam os atores, representando pastores e romeiros, transportando oferendas, como cestinhos de queijos, rosários de pinhões, bolos, réstias de alhos e cebolas e pequenos brinquedos para o Menino brincar.


Na “lapinha” encontrava-se o Menino e a Virgem Maria, São José, o burrinho e a vaquinha. Como pano de fundo, uma imagem pintada da cidade de Jerusalém.

O guarda-roupa dos atores era diversificado, o pastor com a “palhoça” às costas, a pastora de colete vermelho e saia de veludo preto, muito ouro no peito e nas orelhas das raparigas, ouro emprestado, claro está.

Os bancos da assistência eram corridos, sem costas, e o preço dos bilhetes ficava ao critério do público, colocando o dinheiro que bem entendesse numa mesa à entrada do salão.

No final do espetáculo, guardava-se o dinheiro suficiente para as despesas e com o restante organizava-se uma bacalhoada para os atores.


Nessa época os Autos não eram ainda divididos em quatro atos, como atualmente, e o espetáculo decorria desde o começo da noite até alta madrugada. Os atores podiam interromper o espetáculo, quando conveniente, para descansar, e o público aproveitava para devorar as fartas ceias levadas de casa, como filhoses, torta doce das Alhadas, vinho e jeropiga.

Nos intervalos dos Autos discutia-se a atuação dos atores, comia-se, bebia-se, conversava-se e as senhoras chegavam mesmo a fazer renda.

Com o passar dos tempos surgiram as salas de espetáculos, onde os Autos Pastoris foram representados.

Entre 1885 e 1910 (25 anos) existiram na Figueira cerca de 20 associações recreativas que se dedicavam ao Teatro.

Entre as principais salas de espetáculos recordamos o Teatro do Paço (1820), a Sociedade Filarmónica Figueirense (1842), o Teatro do Pinhal (1863) do Grupo Dramático Recreio Operário, o Teatro Natalense (1864) que pertencia à Sociedade Filarmónica Figueirense, o Teatro Príncipe (1874), a Sociedade Filarmónica 10 de Agosto (1880), o Grémio Lusitano (1882), o Teatro-Circo Saraiva de Carvalho (1884), o Grémio Recreativo (1888), o Teatro Garret (1893), o Teatro Afonso Taveira (1893), o Casino Peninsular (1895), o Teatro Caras Direitas/Teatro Duque (1907), o Teatro Parque-Cine (1907) o Salão Lisbonense (1908), o José Ricardo, o Teatro Chalet, o Teatro Operário, o Teatro Nicolau e o Teatro Trindade (1910).

Algumas das antigas coletividades recreativas do concelho também apresentaram os Autos Pastoris, como a Sociedade Musical Santanense (1894), a Sociedade de Instrução Tavaredense (1904), o Grupo de Instrução Musical da Fontela (1921), o Grupo Recreativo Vilaverdense (1921), o Ateneu Alhadense (1924) e o Grupo de Instrução e Recreio Quiaiense (1934).

O caráter profano foi introduzido no espetáculo e, para além das cenas clássicas do nascimento e da adoração do Menino, surgiu um ato dedicado ao Diabo e várias cenas críticas retiradas da realidade social figueirense, sempre com hilariante participação da assistência, recordando-nos os Autos Pastoris de Gil Vicente (1465-1536), representando diálogos cómicos de pastores.

“Rindo, castigam-se os costumes” é, talvez, uma das frases mais famosas de Gil Vicente, isto é, por meio do humor é possível corrigir os costumes, denunciar a hipocrisia da sociedade, restabelecer a moral e a religiosidade, como acreditava o teatrólogo.

Nas sociedades recreativas burguesas, como a Assembleia Figueirense, o Ginásio Figueirense e o Grupo Dramático Figueirense, os autos pastoris populares e cómicos eram substituídos pelas operetas e pelas comédias, muitas delas de autores locais.

Nos finais de novembro iniciavam-se os ensaios, diariamente, até à véspera de Natal, dia da primeira representação, onde muitos se reencontravam, alguns vindo de longe, complementando as reuniões familiares nos lares e, “para ver os presépios vivos, caía meio mundo na Figueira”.

“Houve tempos - e não vão elles muito longe! - em que aqui, n’esta minha terra querida, se representava o presépio na noite de Natal e n’outras da época que, de geração em geração, nos tem vindo a relembrar a Natividade de Christo. Era uma distracção simples, mas reunia ella muitas familias n’um convivio fraternal, alegre, que nos proporcionava umas horas de satisfação íntima”.

“Ia-se ao presepio, revia-se a gente na garbosidade das moças tavaredenses, vestidas a capricho no traje de pastoras, e admirávamos-lhes também as habilidades scenicas, porque ellas quasi sempre debutavam n’estes espectaculos... E d’ali, os felizes da sorte, regressavam ao lar, e lá iam rodear a certã onde fervia o azeite com os tradicionaes filhós, ou onde o forno transbordava com dovces tortas!”

“Era assim que se passava por aqui esta feliz quadra do Natal. E hoje, se é certo que ao estomago dos afortunados não faltam as abundantes consoadas com que se celebra a data natalícia, há no entanto - triste é dizê-lo - a falta de qualquer espectáculo que nos recreie o espirito e que venha quebrar um tanto a insipida monotonia d’estas longas noites de Dezembro”. (Gazeta da Figueira – 12-12-1903- retratando o Presépio na terra do teatro).

A Comunicação Social no Concelho de Montemor-o-Velho

Neste ano de 2023, que ora finda, os jornais Correio de Montemor (1903) e A Verdade (1913), se ainda existissem, teriam assinalado, respetivamente, 120 e 110 anos da sua fundação.

A Comunicação Social escrita, no concelho de Montemor-o-Velho, segundo documentos coligidos, remonta ao final do séc. XIX e primórdios do séc. XX. Embora o analfabetismo, de acordo com dados estatísticos da época, atingisse significativa parte da população, a leitura de jornais, folhetos e outras publicações proporcionava uma pertinente divulgação cultural, cívica, política e social.

Embora podendo cometer qualquer imprecisão, deixamos aqui alguns elementos sobre a imprensa que se publicou no concelho de Montemor-o-Velho ou a ele referente.


A Crença Popular - semanário político, noticioso e recreativo - iniciou a sua publicação a 19 de outubro de 1890, terminando a 22 de março de 1891, com o número 23, sendo a sua propriedade e edição de J. Pires Ferreira Júnior.


Editado por Alfredo Barjona, o Boletim do Sindicato Agrícola de Montemor-o-Velho, impresso em Lisboa, parece ser a segunda publicação do concelho, distribuída aos sócios da instituição, no ano de 1896.

No 1.º dia de janeiro de 1903, surge o Correio de Montemor, em conjunto com a Correspondência da Figueira, como semanário independente, sendo seu editor Adriano Crispim de Carvalho, terminando com o n.º 196, a 11 de Outubro de 1906.

Dirigido por Humberto de Carvalho até ao n.º 13 e depois por Jerónimo de Carvalho, apareceu na vila de Pereira, a 14 de janeiro de 1912, A União, órgão do partido republicano português, sendo extinto com o n.º 16, em 11 de agosto de 1912.

Propondo-se defender a verdade e educar o povo na consciência dos seus deveres sociais, iniciou a sua publicação a 25 de Fevereiro de 1912, em Arazede, O Dever, semanário que, dirigido sucessivamente por Manuel de Melo e José de Almeida Júnior, mudou a sua redação para a vila de Montemor-o-Velho, onde terminou em 28 de maio de 1917.

Filiado no partido democrático, surgiu o semanário A Verdade, a 17 de outubro de 1913, na vila de Pereira, dirigido por Jerónimo de Carvalho, vindo a terminar com o n.º 18, em 15 de maio de 1914.

O À Rasca, quinzenário humorístico, recreativo, literário, noticioso e sportivo, dirigido e editado por Calixto A. Ferreira, publicou 14 números em 1916.

Em 1919, é publicado A Portuguesa, semanário republicano, com direção de Agostinho José Ferreira Ramos de Carvalho e Jaime Lopes Brejo e edição de António Grão, conhecendo-se 13 números.

O n.º 1 do Boletim do Sindicato Agrícola de Abrunheira publicou-se em março de 1922, com direção de António Teles de Meneses. 

Em Formoselha, o periódico quinzenal Mocidade nasceu em 22 de setembro de 1929 e terminou com o n.º 47, em 27 de setembro de 1931, sendo seu diretor João Amaro Júnior.

Em maio de 1935, em Arazede, surge um único número com o título do anterior periódico O Dever, do qual foi diretor José de Almeida Júnior e redatores António Ismael da Cruz, Soveral da Rocha, Cruz Gonçalves e Humberto Beirão.

Vida Regional é o título do semanário regionalista (passando, mais tarde, a quinzenário) que iniciou a sua publicação em Arazede, a 15 de abril de 1946, como defensor dos interesses do concelho de Montemor-o-Velho, dirigido por César Vieira de Matos, sendo seu redator principal Joaquim Soveral da Rocha Júnior.

Após significativo interregno na publicação de jornais, surge, em 1985, o Jornal de Montemor (I Série), propriedade e direção de Santiago Pinto, passando mais tarde, em II Série, a ser propriedade da Radio Beira Litoral, CRL, com sede em Arazede, e sendo seu diretor Aldo Aveiro, de setembro de 1996 a 1999, quando terminou.

Em 1989, surge O Montemorense, sob a direção de Olímpio Fernandes, do qual apenas conhecemos o primeiro número.

Editado pela Liga dos Amigos dos Campos do Mondego, na Carapinheira, inicia a sua publicação e distribuição gratuita, em 1993, o periódico bimestral Ecos do Mondego, sendo seu fundador e primeiro diretor Aldo Aveiro, e cujo editorial indica que é um órgão de informação e defesa do ambiente e do património. Atualmente não é editado e era dirigido por Álvaro Quinteiro.

Propriedade da Associação Fernão Mendes Pinto, de Montemor-o-Velho, o jornal Baixo Mondego e Gândaras teve início com o diretor José Cardoso, em fevereiro de 2002 e terminou em novembro de 2005.

Terras de Montemor foi uma publicação que surgiu em maio de 2002, com propriedade e direção de Olímpio Fernandes, terminando um ano depois.

De cariz religioso e cultural, publica-se o mensário Comunidades a Caminho desde 1999, com sede na vila de Verride, sendo seu diretor o padre António Domingues, “propriedade” das comunidades paroquiais confiadas aos presbíteros do Instituto do Preciosíssimo Sangue, sendo pioneiras desta publicação as comunidades de Abrunheira, Ereira, Reveles, Verride e Vila Nova da Barca, incorporando, mais tarde, as paróquias de Carapinheira, Montemor-o-Velho e Samuel.

No dia 3 de outubro de 2012, surgiu nas bancas o Jornal de Montemor, terceiro no título, com sede em Formoselha, propriedade de O Pulso da Notícia, Unipessoal Lda e dirigido por Ana Maria Coelho.

Atualmente não conhecemos jornais impressos.

Dezembro de 2023

Aldo Aveiro

PASSADO: .... Era necessário criar condições para treinar, a Canoagem em Montemor estava já num patamar que não era possível evoluir se não fossem criadas as condições para tal. O Infantário Jardim de Infância e a sua direção começou por planear e organizar alguns eventos com vista a mostrar às Entidades competentes pela limpeza e manutenção do "leito abandonado" do rio Mondego, batizamos de leito abandonado o braço de rio que vinha de Formoselha, passava em frente do Parque de campismo e Ereira e acabava por se juntar mais á frente ao Rio Novo.

Todo este braço de rio, tinha ficado abandonado e só sujeito às marés quando as comportas estavam abertas, por isso criou as condições necessárias para o aparecimento em grande escala de limos, arbustos e até animais mortos eram encontrados por ali e por lá se mantinham pois não sabíamos muito bem de quem era a responsabilidade de manter aquele leito de rio limpo.

Assim, organizamos em certa altura uma manifestação ecológica, onde estiveram presentes várias Entidades desde Câmara Municipal, Junta Freguesia, Direção do Infantário e a Direção da Federação Portuguesa de Canoagem que na altura tinha como Presidente o Sr. José Ferreira. Esta manifestação começou com o funeral do Rio Mondego que foi feito no poço da cal e que consistiu em puxar pelas águas do poço um caixão que representava o enterro do rio. Esse caixão era puxado por caiaques e atrás iam em cortejo todos os atletas nos seus caiaques.

De seguida foi feito um cortejo fúnebre que começou no Casal Novo do Rio e terminou em frente a Câmara Municipal e aí foi feito o enterro do Rio com um breve discurso de despedida dito pelo Vítor Filipe.

Seguiu-se uma sessão de esclarecimento no Salão Nobre da Câmara Municipal, por todas as Entidades presentes e foi aí que o Presidente do Infantário Jardim de Infância, Vítor Camarneiro deu a conhecer a todos as suas intenções para o futuro da canoagem: A CONSTRUÇÃO DE UMA PISTA OLÍMPICA DE CANOAGEM.

Então, foi assim que nasceu o Centro de Alto Rendimento. Alguns dias depois o Presidente da Federação portuguesa de Canoagem voltou a Montemor e juntamente com a Direção do Infantário fomos até ao local que o Vítor Camarneiro tinha idealizado para a pista. Sabíamos que iria ser uma enorme batalha pois todo aquele braço de rio estava cercado por terras de agricultura, mas não seria impossível se as entidades competentes fizessem a sua parte. O sítio apresentado para a construção da pista agradou ao Presidente da Direção da FPCANOAGEM e a todos os técnicos presentes e assim estavam lançados todos os dados para a construção da pista.

Portanto, se hoje temos um Centro de Alto Rendimento de Canoagem em Montemor, deve-se ao Infantário Jardim de Infância e ao seu Presidente da altura o Senhor Vítor Camarneiro. Não vale a pena especular mais sobre quem é o Responsável por esta enorme OBRA e "lutado" para que ela tenha ficado em Montemor e não em Aveiro como muita gente da Canoagem queria.

Nas próximas edições irei divulgar alguns dos entraves que, entretanto, foram surgindo.

Hoje no meu PRESENTE vou apenas fazer um pequeno desabafo. Desde que comecei a escrever estas pequenas crónicas sobre o aparecimento da Canoagem em Montemor, tenho recebido algumas mensagens de pessoas que não gostaram muito que eu contasse a verdade sobre como apareceu e quem teve ideia da construção da pista. Possivelmente esperavam que fosse algum Presidente de Câmara de um Partido qualquer. 

Lamento ter desiludido, mas podem ter a certeza de que não me vão calar. Por incrível que pareça tive também quem me pedisse para deixar de escrever, houve até quem me dissesse o que eu devia escrever, chamo a isso CENSURA.

Lamento desiludir, mas não vão conseguir calar-me. 

Como estamos na viragem de mais um Ano o meu Futuro de hoje vai ser apenas desejar a todos um excelente 2024, muita saúde e paz porque com estas duas coisas podemos construir todo o resto e o resto é sermos todos muito FELIZES.

BOM ANO NOVO


EU NEM DORMIA SEQUER

Eu nem dormia sequer

Tal era a excitação

Passava a vida a espreitar

Se via as renas no ar

Na noite só o luar

E a minha grande emoção…

 

Dormitava e acordava

Acordava e dormitava…

 

E punha-me logo à escuta

Para ouvir algum movimento

Se havia gente de pé…

 

Ou se o grande Pai Natal

Lançava cordas compridas

Para descer pela chaminé…

 

Rompendo o novo dia

Logo ao nascer da aurora

Eu abria a minha porta

Corria pelo corredor fora…

 

Mas logo a minha mãe

Dizia muito depressa

- Vai dormir minha filha

- Ainda não está na hora.

 

Quando o sono me vencia

Depois de tanta ansiedade

Eu finalmente dormia

O sono da felicidade…

 

E logo de manhãzinha

Quando a casa já bulia

Corria ao sapatinho

E a minha mãe com carinho

Dizia:

Agora já pode ser…

Corre a ver a tua prenda

O Pai Natal já cá veio.

 

E eu cheia de excitação

Tremendo de ansiedade

Voava pelo corredor

Com alegria tão grande...

Que até me causava dor

E via que era verdade!




         Com o passar do tempo,

com o rolar sobressaltado

das horas apressadas,

dos dias, meses e anos,

descobri …

Descobri que a vida

se entranha em nós …

E em cada casa nossa

que foi

Está à deriva, tantas vezes,

um pouco de nós,

um apontamento inédito

do que somos (fomos?) …

Um breve trecho do que ainda queremos construir…

Está à espera a vida para acontecer …

Talvez só já num novo ano,

num outro tempo …

 

Garça Real

ANO NOVO – SÊ FELIZ

As melhores coisas acontecem…

Felicidade é acordar numa manhã qualquer e fazer dela especial…

Viver simples, sonhar grande, ser grato, dar amor e rir, rir muito.

A vida pode ser qualquer coisa, basta fazeres dela o que quiseres!

Vive cada dia com gratidão: ama, perdoa e agradece cada momento que a vida te proporciona.

O bom dia que tanto desejas só depende de ti!

Um pensamento positivo pode fazer toda a diferença.

SÊ FELIZ

Aproveita todos os dias do ano para que a felicidade permaneça sempre ao teu lado!



Refúgio

Pedi para ficar
Onde o vento não ousa,
Onde o verde repousa,
Onde o ar acaricia…
Pedi para ficar
Longe do clamor do mar
Num céu de azul sem par
Onde o sol alicia…
E nesta paragem ficarei
Até que seque a semente do medo
Lastro inútil que carrego há anos,
Noite eterna do meu degredo
E nesta paragem ficarei
Até que o verde, faça verde o meu olhar
Até que o silêncio entorne a minha alma
E nela me possa deitar…


Alterando o ano, não se altera a vida.

 

Sabemos que alterar o ano não altera só por si as condições de vida. O desejo de uma vida melhor tem de estar acompanhado por uma vontade de acreditar e lutar por uma vida diferente para melhor. No entanto, pelos sítios que visitamos e intervimos as notícias não nos trazem uma perspetiva de mudanças para melhor.

Foi disso exemplo a análise do orçamento da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho para 2024, traz, entre outras novidades duas que vou referir. Existem mais, infelizmente, mas para não tornar maçador, ficamos por exemplo pelo aumento de cerca de 8% de aumento da água faturada pela empresa intermunicipal de gestão de Água do baixo mondego. Que esta empresa em nada contribuiria para um serviço melhor, já o PCP tinha referido várias vezes. Face ao desequilíbrio crónico das contas e de uma falência anunciada à nascença a única forma de equilibrar as contas da empresa referida é o de aumentar o preço ao consumidor, e embora esta decisão possa ajudar no imediato, sabemos que estes aumentos se vão repetir mais vezes no tempo devido à incapacidade deste modelo de empresa se tornar autossuficiente.

Como se isto não bastasse ficamos também com a novidade de 3 milhões pagos pela Câmara de Montemor-o-Velho em transportes públicos nos próximos 5 anos, não falamos de transportes escolares. Falamos de cerca de dois mil euros semanais para financiar um transporte que ninguém conhece e que não existe. O único transporte que vimos nas nossas freguesias são algumas, poucas, carreiras de autocarros que circulam no tempo de aulas. Resta-nos saber efetivamente onde está a ser gasto este dinheiro desde 2019 e o porquê de um aumento para os próximos anos.

 

Quanto a todo o resto, ficam os meus desejos de um ano feliz.

De Calígula, de Cláudio e de outras aVenturas.

Chega-se mais depressa do que a nossa vontade quer a mais um Ano Novo.

Bom 2024 a todos e todas!

Mas raios e coriscos! Vamos ter mais três meses de campanha eleitoral.

As notícias tal anunciam. Sim, as notícias. Quais?

As já feitas ou as demais?

As despedidas ou as corrompidas?

Quais as delas? Ou como Camões:

“Üa faz-me juramentos

que só meu amor estima;

a outra diz que se fina;

Joana, que bebe os ventos.

Se cuido que mente Helena,

também mentirá Joana;

mas quem mente, não me engana.”

Estaria assim feliz a desejar o melhor dos anos a todos e todas.

Estaria assim feliz se a certeza do jornalismo me desse alguma certeza de verdade.

Acredito? Não acredito?

Sigo o nosso Miguel Torga em ir acreditando com todas as dúvidas.

Lê rapaz – digo eu aos meus filhos. Sim! Porque ler faz bem, e sem ler nem sabes fazer perguntas. A dúvida infértil é a certeza da imbecilidade: - digo eu.

Com os anos a passar passei também a gostar da pergunta imberbe. Pergunte! Não tenha medo de errar, a menos que já tenha opinião feita e nesse caso perdemos tempo os dois, mais o meu que o seu. Evidente a escolha! Não perguntes ao acaso!

Mas se a pergunta for: qual o caminho para vivermos todos e todas melhor?

Não tenho dúvida em dizer que é este. Que é duro e mal trilhado. Mas que é nosso e não nos envergonha venha qual século vier.

Filho: Páh a paz e a dignidade não se medem! Somos nós.

Pai: Não dá para medir. No limite é todos sermos gente.

O amor, a paz, a camaradagem e a família não se medem.

A todos e todas replico um fantástico novo 2024.

Mas então pai? O que é preciso?

Filho! Tens que aprender por ti!

 

Claro que me pedem a analise do ano. Cheguei a pensar que o título elucidava.

Faço: Um Chega! a subir sozinho. Um PSD que rebusca o Passos Coelho. O mesmo gajo que se juntou ao Sócrates para destruir a Manuela Ferreira Leite. O mesmo que fez tudo para “ir além da Troika”. Um PS a ocupar todo o centro. Com todos os caciques locais a fazer fúria. Facas e mais facas. É isto. O Partido Comunista e o Partido Bloco de Esquerda ofereceram muita réplica. Foi o que é.

Voltando ao título não esqueço o camarada Alcindo e o camarada José Carvalho.

Esfaqueados pela Direita Extrema. Mortos por vontade dessa Direita. Estão comigo e com o meu pai nesta passagem de 2023 para 2024. Não estão esquecidos:

PRESENTES!

Sei que replicariam os votos de bom ano, deixasse a direita estarem vivos,

Bom ano 2024.

“Os Cus de Judas”, de António Lobo Antunes

 

António Lobo Antunes é considerado um dos maiores escritores portugueses vivos e um dos nomes mais promissores das nomeações portuguesas ao Nobel da Literatura. Já para Marcelo Rebelo de Sousa, o autor está acima do Nobel. O médico psiquiatra foi convocado pelo exército português para servir na guerra em Angola, onde durante dois anos presenciou horrores que descreve em formato de testemunho no seu segundo romance “Os cus de Judas”, publicado em 1979. António Lobo Antunes classifica a guerra de Angola como uma “dolorosa aprendizagem da agonia”. Além de um retrato do conflito e independência dos angolanos, a obra é também uma história verídica e contada na primeira pessoa.




Poeta, cantor e compositor, José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu a 2 de agosto de 1929, em Aveiro, e faleceu a 23 de fevereiro de 1987, em Setúbal.


Viveu até aos três anos na cidade onde nasceu, tendo, em 1932, viajado para Angola onde passou a viver com os pais e irmãos que aí já se encontravam. Terá sido aqui que o poeta criou uma relação estreita com a Natureza e sobretudo com África que, mais tarde, se refletiria em muitos dos seus trabalhos.

 

Regressado a Portugal, depois de uma breve passagem também por Moçambique, José Afonso foi viver para casa de familiares em Belmonte, onde completou o Ensino Primário.


Estudou, já em 
Coimbra, no liceu D. João III e ingressou depois no curso de Ciências Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras daquela cidade, tornando-se notado pelas suas interpretações do fado típico coimbrão - não apenas pela qualidade da sua voz mas pela originalidade que emprestava às interpretações.

Em 1955, iniciou uma pequena carreira como professor do Ensino Secundário e lecionou em liceus e colégios de locais tão variados como MangualdeAljustrelLagosFaro e Alcobaça. Seis anos mais tarde, partiu para Moçambique onde voltaria a dar aulas.

De volta a Portugal, em 1967, conseguiu uma colocação como professor, mas, ao ser expulso do Ensino por incompatibilidades ideológicas face ao regime ditatorial vigente, começou a dedicar-se mais à música e, consequentemente, a fazer gravações mais regulares.

A sua formação musical integrou um processo global de atualização temática e musical da canção e fado de Coimbra. Foi assim que o cancioneiro de Zeca Afonso recriou temas folclóricos e até infantis, reescrevendo formas tradicionais como a "Canção de Embalar", evocando mesmo, neste retomar das mais puras raízes culturais portuguesas, o ambiente lírico dos cancioneiros primitivos (cf. "Cantiga do Monte"), ao mesmo tempo que introduziu no texto temas resultantes de um compromisso histórico, denunciando situações de miséria social e moral (os meninos pobres, a fome no Alentejo, a ausência de liberdade) e cimentando a crença numa utopia concentrada no anseio de "Um novo dia" ("Menino do Bairro Negro").

Reagindo contra a inutilidade de "cantar o cor-de-rosa e o bonitinho, muito em voga nas nossas composições radiofónicas e no nosso music-hall de exportação", partiu da convicção de que "Se lhe déssemos uma certa dignidade e lhe atribuíssemos, pela urgência dos temas tratados, um mínimo de valor educativo, conseguiríamos talvez fabricar um novo tipo de canção cuja atualização poderia repercutir-se no espírito narcotizado do público, molestando-lhe a consciência adormecida em vez de o distrair." ("Notas" de José Afonso in Cantares, p. 82).

Canções decoradas por várias gerações de portugueses, filhas da tradição e incorporando, por seu turno, a tradição cultural portuguesa, a maior parte dos temas de Zeca Afonso integram, como voz de resistência, mas também como voz pura brotando das raízes do ser português, o imaginário de um povo que durante a ditadura decorou e entoou intimamente os versos de revolta de "Vampiros" ou de "A Morte Saiu à Rua", ou que fez de "Grândola, Vila Morena" o seu hino de utopia e libertação.

Menos equívoca, no pós-25 de abril, mas animada pelo mesmo ímpeto de reivindicação de justiça e de apelo à fraternidade, a sua canção, no que perde por vezes de subtil metaforização imposta pela escrita sob censura, ganha em força e engagement, na batalha contra novos fantasmas da alienação humana como o imperialismo, a CIA, o fascismo brasileiro, o novo colonialismo de África, o individualismo europeu.

Neste alento, as Quadras Populares (1980) constituem uma verdadeira miscelânea sobre os novos desconcertos do mundo, as suas novas e renovadas formas de opressão, enumerando uma por uma as iniquidades, disparates e esperanças frustradas da sociedade saída da revolução de abril, aspirando, em conclusão, a uma revolução ainda não cumprida ou ainda por fazer.

Apesar de galardoado por três vezes consecutivas (1969, 1970 e 1971) com um prémio oficial, a sua produção viria a ser banida dos meios de comunicação, dado o seu conteúdo indesejável para o regime; por essa mesma ordem de razões - talvez mais do que pela inovação musical -, a sua popularidade viria a crescer após a reimplantação da democracia.

 

De toda a sua discografia, destacam-se os seguintes álbuns: Balada do outono (1960), Baladas de Coimbra (1962), Baladas e Canções (1964), Cantares de Andarilho (1968), Traz outro Amigo Também (1970), Venham mais Cinco (1973), Coro dos Tribunais (1974), Grândola, Vila Morena (1974), Enquanto há Força (1978), Como se fora seu Filho (1983) e Galinhas do Mato (1985)

José Malhoa: Naturalismo em Portugal

José Vital Branco Malhoa nasceu em 28 de abril de 1855, em Caldas da Rainha, Portugal.

Pintou principalmente cenas de género com temas muitas vezes populares, como exemplo das suas duas obras mais famosas: “Os Bêbados” de 1907″ e “Fado” de 1910.


DESEJO A TODOS
BOAS ENTRADAS

BARCAÇA_MAIO

  Para garantir a redução do expediente extenuante, os trabalhadores da cidade de Chicago organizaram uma greve para o  1º de maio  de 1886....