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sexta-feira, junho 30

BARCAÇA_33

 



Neste meu rio, percorro ao sabor do vento, nesta Barcaça que nos leva a tempos idos numa mescla de sonho e saudade.

Sem hora de chegada porque as palavras nos absorvem deixando-nos embalar pela melodia das águas a deslizar pelo vale a perder-se no horizonte.

Mário Silva recorda-nos uma das escolas emblemáticas do Baixo Mondego, “Escola Conde Ferreira”

As espectativas como diz Carla “Por aqui ou por ali, eis a questão” … “Afinal quanto custa ser feliz” … e sem demoras vamos até Tentúgal onde José nos conta mais uma lindíssima passagem duma ida à pesca de bateira.

Na passagem pela Carapinheira Aldo Aveiro descreve metodicamente o aparecimento da Vila, desde as suas origens / localização, caraterização e sua origem do topónimo / paróquia e sua padroeira num texto que nos agarra pela imensa informação.

Fernando Curado leva-nos até ao início dos anos cinquenta para descrever minuciosamente o aparecimento do Grande Hotel da Figueira. Já o Repórter Mabor leva-nos a vaguear entre “quase segredo…”.

Na secção da Poesia com as colaboradoras Garça Real, Isabel Capinha, Isabel Tavares e Mara Kopke dão-nos um misto de palavras encadeadas cheias de força e musicalidade, vagueando entre Guerra e Imaginário e festividades. Como já nos habituaram as opiniões políticas, Daniel Nunes (PCP) uma abordagem “Serviços mínimos, trabalhos máximos” Vitor Camarneiro dá-nos com bastante humor as festas e inaugurações e deixa algumas sugestões para o município para futuras estátuas e estatuetas.

Deixamos também algumas sugestões de leitura como de música.

Boas leituras.


PONTOS SEM FIM…

Os desconhecimentos muitas vezes levam-nos a pairar bem perto da ignorância, como se vêm todos dias tantos comentadores que tudo comentam, como tivessem engolido a biblioteca inteira e fossem desde mecânicos a médicos de professores a árbitros ou especialistas nas artes da guerra, dizem tamanhas barbaridades que até eles próprios acreditam na sua mentira.

Um pequeno Flash pelo Mundo

ü Lisboa e arredores podem ter tolerância de Ponto por altura das Jornadas Mundiais de Juventude (JMJ).

ü Guerra

o   Kiev reclama conquista de territórios.

ü Justiça

o   A equipa de Bolsonaro admite recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela proibição de o mesmo não poder candidatar-se até 2030.

ü Distúrbios em França cancelam grandes eventos e obriga à redução de transportes públicos. (Mais de 2500 incêndios nas ruas).

ü Greves

o   Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anuncia greve para finais de julho.

ü Tempo

o   Nós por cá com vaga de calor já no norte da Somália com fronteira com a Etiópia, tempestade de neve e granizo.

ü Habitação

o    Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) suspende AL (Alojamento Local) que albergava dezenas de pessoas carenciadas na Região Centro.

o   Prestação da casa sobe 262 euros em créditos de 150 mil euros a 12 meses.

ü Caixa Geral de Depósitos (CGD) já devolveu 1200 M€ da recapitalização de 2017.

ü Estados Unidos (E.U.) voltam à UNESCO após abandono durante a presidência de Trump.

ü Rússia

o   Militares tem um aumento de 10,5%

Escola Conde de Ferreira - Montemor-o-Velho

Joaquim Ferreira dos Santos, 1.º Conde de Ferreira (antes 1.º Barão e 1.º Visconde deste título), fidalgo - cavaleiro da Casa Real, do conselho da Rainha D. Maria II, comendador da Ordem de Cristo, grande capitalista e proprietário da cidade do Porto, que não tendo parentes imediatos, dispôs por testamento da sua enorme fortuna a favor de diversas instituições de beneficência. De entre essas disposições, encontrava-se a da construção de 120 escolas primárias, para ambos os sexos em vilas, cabeças de concelho, incluindo habitação para professores.

O Conde de Ferreira foi um dos grandes impulsionadores da instrução pública em Portugal. Deixou um avultado legado para a construção e mobília de 120 escolas primárias de ambos os sexos em terras que fossem cabeças de concelhos, todas com a mesma planta e com habitação para o professor, sendo depois de terminadas entregues às respetivas juntas de paróquia. O seu custo por unidade não deveria exceder 1.200$000. Essa vontade corresponde a uma verba do seu testamento em que sobre a construção das escolas, o conde de Ferreira escreveu: “Convencido de que a instrução pública é um elemento essencial para o bem da Sociedade, quero que os meus testamenteiros mandem construir e mobilar cento e vinte casas para escolas primárias de ambos os sexos nas terras que forem cabeças de concelho sendo todas por uma mesma planta e com acomodação para vivenda do professor, não excedendo o custo de cada casa e mobília a quantia de 1.200$000 reis e pronta que esteja cada casa não mandarão construir mais de duas casas em cada cabeça de concelho e preferirão aquelas terras que bem entenderem”.

Em resultado do legado, o Governo português resolveu regulamentar a forma de atribuição aos municípios das correspondentes dotações, o que foi feito pelo decreto com força de lei de 21 de julho de 1866, do Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino, então responsável pelo sector da instrução pública. Por aquela lei fica estabelecido que para concorrer ao legado, as Câmaras Municipais ou Juntas de Paróquia deviam reunir as seguintes condições:

1. A planta do edifício e do terreno onde houver de ser construído. O terreno não deve ter menos de 600 metros quadrados além da área que for ocupada pelo edifício;

2. O orçamento da obra projetada;

3. Cópia do orçamento geral ou suplementar devidamente aprovado, onde esteja votada uma verba não inferior a 400$000 réis para construção da escola pretendida;

4. Deliberação competentemente aprovada de como se obrigam a executar fielmente a planta no termo de um ano contado desde o dia em que for concedido o subsídio do governo.

Foram muitas as autarquias, entre as quais a de Montemor-o-Velho, que concorreram e este foi o primeiro passo para o surgimento, em vários municípios, de norte a sul de Portugal, de edifícios com uma arquitetura simples, funcional e facilmente identificável. Hoje um marco na história da educação em Portugal, as designadas “Escolas Conde de Ferreira” tiveram uma enorme importância para a consolidação do ensino público. Das 120 escolas previstas no testamento do conde, foram construídas 91.

A escola Conde de Ferreira, seguindo um projeto apresentado em 1866, é encimada por um pequeno frontão, que lembra um campanário, apresentando-se como contraponto com o poder da Igreja Católica, procurando de alguma forma competir com esta. Sendo um símbolo do positivismo nascente, o foco residiria no progresso e na transformação social, onde a escola era sinónimo da nova crença cívica do povo. O derramar da lux da instrução aparecia como o instrumento fundamental da erradicação das trevas da ignorância e da superstição, uma forma de moralizar e civilizar o povo. O novo templo dessa crença cívica era a escola.

A 23 de abril de 1866, a câmara teve conhecimento que por ocasião da morte do Conde de Ferreira este havia deixado “144.000$000 reis para construcção de casas d’eschola na cabeça do concelho” e “accordou pedir aos testamenteiros a quota respectiva para a construcção da casa da eschola obrigando-se a Camara a dar o terreno para a casa”.

Iniciadas, desde logo, as diligências com o administrador do concelho e com o governo civil, a 27 de outubro de 1866 a câmara recebeu um ofício deste último a remeter a planta do edifício e a lembrar a obrigatoriedade de construção da escola conforme a mesma, ao que deliberou responder que “[…] se obrigava a fazer a obra projectada conforme a planta […]”. No entanto, apenas a 19 de janeiro de 1867, é que recebe a confirmação da atribuição de 1.200$000 réis para a construção.

A arquitetura do edifício foi, também ela, claramente definida: uma planta retangular, com um telhado de duas águas e cercada por um muro de suporte e gradeamento em ferro com dois portões. A fachada, elemento privilegiado do edifício, era constituída por janelas retangulares, rodeadas de cantarias, e uma porta principal, sobre a qual existiriam duas epígrafes: “24 de março de 1866” [data da morte do benfeitor] e “Conde de Ferreira” e, acima destas, uma torre sineira. A escola Conde de Ferreira de Montemor-o-Velho, construída segundo este modelo, tinha e tem, por baixo da segunda epígrafe mencionada, a inscrição “e Câmara Municipal de Montemor-o-Velho”.

A 6 de agosto de 1870 é inaugurada, ficando localizada a poente do Hospital Real de Nossa Senhora de Campos (atual Lar Sede da Santa Casa da Misericórdia), com ligação para a Rua das Merceeiras (mais tarde rebatizada de Rua Tenente Valadim), a sul, e para a Ladeira do Senhor dos Aflitos (após a Primeira Guerra Mundial crismada como Rua dos Combatentes da Grande Guerra), a norte. Em 1912, encontrava-se em completa ruína, tendo sofrido obras de grande vulto. Manteve-se em pleno funcionamento até à década de 60 do século XX, altura em que foi concluída, no âmbito do Plano dos Centenários, a construção da escola primária. Ainda hoje, a Escola Conde de Ferreira, mantém a sua funcionalidade educativa, acolhendo, desde 28 de fevereiro de 1977, o Jardim-de-infância da Associação Fernão Mendes Pinto.

Mário Silva




[Por aqui ou por ali, eis a questão?]

Quantas vezes já nos sentimos numa encruzilhada que é como quem diz entre duas escolhas? Todos nós já nos sentimos assim. 

A vida é cheia de escolhas e decisões, propósitos e definições. Caminhos e encruzilhadas, vínculos e amarras. Não raras vezes ficamos perante um dilema: escolher o caminho mais fácil e seguro, mas que poderá não nos trazer felicidade ou arriscar e seguir os nossos sonhos, mesmo que isso signifique enfrentar obstáculos e críticas dos outros, mas ser feliz?

A decisão ou escolha de ser infeliz com medo do que os outros vão pensar de nós ou arriscar e ser feliz mesmo sabendo que haverá obstáculos é, obviamente, algo muito pessoal e subjetivo. Sem dúvida que o é! Para muitos, a opinião dos outros é extremamente importante e, por isso, preferem seguir um caminho que agrade a todos, mesmo que isso signifique abrir mão das suas próprias vontades e sonhos e, até mesmo, da felicidade. Já outros acreditam que a felicidade pessoal deve estar acima de qualquer opinião alheia e, por isso mesmo, estão dispostos a enfrentar os obstáculos que surgirem no seu caminho para alcançar a tão almejada felicidade.

Eu diria, antes de mais, que não existe uma resposta certa ou errada para esta questão, pois cada pessoa tem sua própria forma de lidar com as pressões sociais e os desafios que a vida lhe vai impondo. Algumas pessoas podem sentir-se mais seguras seguindo o caminho convencional, aquele que não desafia, o que a sociedade define como certo, que não discute regras nem valores, mesmo que não concorde ou aceite. Por outro lado, há outras que preferem desbravar novos horizontes e procurar a felicidade de forma mais autêntica e pessoal, quebrando barreiras, vencendo obstáculos, indo contra o que a sociedade considera como o certo e aceitável.

Afinal quanto custa ser feliz? Haverá um preço? Ou simplesmente ser feliz jamais terá um preço?

Há uns dias discutia este tema com alguém especial. Trocámos algumas mensagens sobre o assunto. E questionava o que era preferível: romper barreiras, lutar contra tudo e todos e ser feliz ou, um dia, olhar para trás e arrependermo-nos do quão podíamos ter sido felizes e não fomos com medo das opiniões alheias?

Sem dúvida que a felicidade é algo muito pessoal, já o disse antes, e que cada pessoa deve encontrar sua própria forma de alcançá-la, sem pressões e/ou obrigações, seja seguindo as expectativas sociais ou seguindo o seu próprio caminho, o importante é que a pessoa se sinta realizada e feliz consigo mesma. É preciso ter coragem para enfrentar os obstáculos da vida, mas também é importante lembrar que o medo e a insegurança podem ser superados com o tempo e a experiência. O importante é nunca deixar de procurar a felicidade e a realização pessoal, independentemente dos desafios que possam surgir no nosso caminho, das opiniões dos outros, dos nossos medos e receios. Afinal o arco-íris não surge nos dias de chuva?

Compreendo que muitos de nós optem pela segurança e a estabilidade, mesmo que isso signifique abrir mão dos nossos desejos e sonhos, mas não há nada pior que o fazer por temer o julgamento dos outros e preferir evitar qualquer tipo de conflito ou desconforto, porque, no fim, essa escolha pode levar a uma vida infeliz e insatisfatória.

Por muito que entenda quem escolhe ficar, em vez de partir ou partir, em vez de ficar, por medo do julgamento dos outros, por medo do incerto, eu escolheria a estrada, a encruzilhada, o caminho que me pode levar à felicidade e, embora pudesse saber que seguir os meus sonhos, desejos, planos possa ser assustador e difícil, há algo que de que não me esqueço jamais: a felicidade exige esforço, nunca será algo simples e fácil de obter!

 A vida é tão cheia de altos e baixos, que será sempre, através da superação desses mesmos obstáculos que crescemos e nos tornamos mais fortes. Além disso, quando seguimos os nossos sonhos, desejos e planos, estamos a viver uma vida autêntica, verdadeira e com significado, que nos trará, com certeza, uma sensação de realização e propósito.

O caminho pode ser difícil, pode estar cheio de pedras e obstáculos, poderão existir muitas quedas, mas acreditar que vale a pena lutar pelos nossos sonhos e pela nossa felicidade é meio caminho para conseguir vencer.

Em última análise, direi sempre que não obstante a escolha, entre a segurança e o risco, ser uma decisão pessoal e depender de cada um de nós, não devemos nunca esquecer que a vida é curta e que devemos aproveitar ao máximo cada momento. E aproveitá-los bem. Com um sorriso no rosto, sempre.

Se têm um sonho, não deixem o medo ou o julgamento dos outros impedir-vos de persegui-lo, de o viver. Arrisquem e sigam os vossos sonhos e desejos mesmo que isso signifique enfrentar tudo e todos ou nunca saberão como podia ter sido. Não haverá, com certeza, pior do que viver com a dúvida.

A felicidade é uma recompensa demasiado valiosa pela qual valerá, sempre, a pena lutar. Entre o certo e o errado, escolhe a Felicidade. 

Acabo, o presente, texto com uma frase: Precisamos estar dispostos a nos livrar da vida que planejamos, para podermos viver a vida que nos espera. A pele velha tem que cair para que uma nova possa nascer. Joseph Campbell 


Há muito, muito tempo, o meu bisavô Pedro passou por uma história complicada. Tinha no campo, ali ao Porto de Pereira, uma barca serrana com a qual pescava para a filha Conceição poder fazer as deliciosas caldeiradas que ele e os amigos tanto apreciavam.

Ora uma noite " armou as redes" e como de costume deitou- se a dormir no pequeno " quarto da proa" onde descansava para de madrugada retirar o peixe que se era suficiente levava para casa se não ficava numa rede até juntar mais para valer a pena convidar os amigos para a ceia.

Estava quase a adormecer quando deu conta que alguém entrava na barca reconhecendo logo uma das vozes.

- O cheiro a homem está tão forte que até parece que esse raio desse homem está aqui.

- Não é nada disso, diz a comadre. Ele veio armar as redes e deixou cá esse cheiro. Vamos embora, vamos embora. Palavras ditas e uma ventania que metia medo parecia abanar a embarcação.

Grande alvoroço entre as mulheres e logo tudo serenou, a calma voltou e então a comitiva partiu, o meu bisavô saiu do seu compartimento e nem queria acreditar no que via. Estava numa enseada e a barca presa a um canavial de canas da Índia ou bambus. Cortou alguns bocados das ditas canas e voltou ao seu lugar de descanso.

Nova algazarra e o grupo de viajantes solta a barca começando a viagem de regresso com risos, piadas e cantorias que eram numa língua tal que o pobre viajante escondido não percebia completamente nada.

Quando a viagem terminou as ditas senhoras foram embora dizendo que nem o barqueiro sonhava as voltas que a sua barca dava pelo mundo enquanto o dono dormia.

O nosso viajante clandestino deixou passar um bom bocado de tempo e ao sair para a luz do dia viu que estava tudo no seu lugar e pegando os bocados de cana da Índia montou a sua égua que estava presa perto e foi para casa.

Quando chegou, foi logo colocar na janela os tais bocados de cana em forma de cruz. Passou a comadre e batendo á porta com força o chamou dizendo que se não tirasse as canas o mais depressa possível não chegaria vivo ao dia seguinte. Não fosse o diabo " tece-las" logo as canas desapareceram e tudo voltou a ser como antes mas acabaram os donos na barca para voltar a fazer viagens cujo destino não conhecesse.

Crónicas de Viagem Professor

Ensina-me!

A mais imperativa de todas as frases,

A mais difícil de decifrar na sua pureza.

Imperativa por ser ordem?

Imperativa por ser pedido?

Imperativa por ser desejo?

Desejo, pois claro, na alma daquela criança,

Ordem, pois sim, a ela nada se nega,

Pedido, pois, enfim, na sua vontade!

Desejo na plenitude da esperança,

Ordem que sempre nos carrega

De um pedido sem tempo nem idade.

Quem me dera que me exigisses

Essa força para ensinar,

Que me desses esperança, hoje, amanhã, sempre sem parar.

Quem dera que me ensinasses esse teu desejo imparável de querer,

Essa tua indomável capacidade de crer,

A tua ternura no sempre simples ser, sem querer, calmo, ou inquieto,

O amigo secreto,

O que sempre na espera sem saber porquê,

Sem ter medo de tratar-me por tu e não por você.

Sabes porquê, miúdo?!

Sabes porquê?!

Não sabes, eu não sei, não sabes e eu sei…

Eu sei que, na tua candura, na tua pureza,

Na tua ternura que te dá a Mãe Natureza,

Só uma coisa tu queres, sem ninguém saber…

Tu, criança, tu só queres aprender!

CARAPINHEIRA – ESBOÇO HISTÓRICO

 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO 

A freguesia da Carapinheira, no concelho de Montemor-o-Velho, a escassos 6 Km desta vila e a meia distância entre Coimbra e Figueira da Foz, entre o Rio Mondego e as faldas da Gândara, estende-se numa suave, amena e soalheira colina sobranceira aos campos do Mondego. Tem limites com Arazede, a norte; Pereira, Santo Varão (Rio Mondego Velho) e Montemor-o-Velho, a sul; Meãs e Tentúgal, a nascente; e com Montemor-o-Velho e Seixo, a poente.

O Pe. Luís Cardoso, em 1751, escreveu que a Carapinheira é “Freguesia na Província da Beira, Bispado e Comarca de Coimbra, Termo da Vila de Montemor-o-Velho: he do Ducado de Aveiro: tem trezentos e sessenta fogos. Está situada em terra plana parte della , e alguns casais pertencentes à mesma Freguesia em montes: avista-se della o Lugar das Means, Reguengo da Casa de Aveiro , Pereira , Santovaram, Fermozelhe, Granja e Alfarelos e terras situadas da parte dalém do Mondego. A Igreja está dentro do Lugar: é seu Orago S. Suzana: tem os Altares do Santíssimo Sacramento, S. Suzana, N. S. da Graça, S. António, e o de N.S. do Rosário. O Pároco se intitula Cura: é esta Igreja anexa à Igreja de S. Miguel de Montemor-o-Velho: não tem de renda mais que o pé de Altar; no seu distrito estão as Ermidas de N.S. de Penha de França, que suposto seja de pessoa particular, dela se administram os Sacramentos para os enfermos; S. Giraldo, S. António, e S. Jorge. Os frutos de mais abundância são milho e feijões, azeite, pouco trigo e vinho: tem criação de vacas, éguas, ovelhas e porcos, alguns coelhos, perdizes, lebres e no tempo de Inverno caça de água no campo, junto de umas valas, que separam o monte do campo onde tem uma ponte de pedra; da qual se servem os lavradores para o campo no tempo da sua cultura; entram as aguas destas valas no rio Mondego, e junto à ponte nova de Montemor-o-Velho, os peixes que trazem  são ruivacos, enguias, barbos, alguns mugens; traz uns barcos pequenos, que servem para a pescaria, e para sair ao campo no tempo do Inverno a acudir às criações. São águas brandas: correm do Nascente para o Poente: são livres para quem nelas quer pescar: tem alguns salgueiros, amieiros e outras árvores silvestres que seguram as terras para que as enchentes não as levem”.

        Para João Manuel Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues, na obra 'Portugal: dicionário histórico, chorográfico, biographico, bibliographico, heraldico, numismatico e artístico', Carapinheira é “Povoação e freguesia de Santa Suzana, da província do Douro, concelho e comarca de Montemor-o-Velho, distrito e bispado de Coimbra; 2:807 habitantes e 727fogos. Tem estação postal, permutando malas com Montemor-o-Velho, escolas para ambos sexos, medico, pharmacias e notário. A povoação dista 5km da sede do concelho e está situada, na maior parte, em planície, e o resto em montes. Eram donatários os duques de Aveiro, passando desde1759 até 1834 à Corôa. O parocho de Montemor-o-Velho apresentava o cura, que só tinha o pé d'altar. A terra é fértil, cria muito gado, e nos seus montes apparece muita caça. Pertence à 5.ª divisão militar e ao distrito de recrutamento e reserva n.º 7, com a sede em Leiria”.

Augusto Pinho Leal afirma que a “Carapinheira é freguezia do Douro, até 1755, comarca da Figueira, concelho de Montemor- Velho, desde então comarca e concelho de Montemor- Velho; 30 kilometros a O. de Coimbra, 210 ao N. de Lisboa, 720 fogos. Em 1757 tinha 360 fogos. Orago Santa Suzana. Eram donatários os duques de Aveiro, mas  desde 1759 até 1834, ficou pertencendo à coroa. A maior parte d'esta freguezia é situada em planície e o resto em montes. Veem-se varias freguezias e a estrada de ferro do Norte. O parocho de Montemor Velho apresentava aqui o cura (por esta freguezia ser annexa á de Montemor Velho) e só tinha o pé d’altar. É terra fértil, cria muito gado, os seus montes teem caça e nas diferentes valas que aqui ha e se mettem no Mondego ha muito peixe. Andam nestas valas muitos barcos pequenos de pesca e para serviço da lavoira.” 

ORIGEM DO TOPÓNIMO 

O topónimo Carapinheira remonta a tempos longínquos. A primeira referência escrita que encontrámos, em latim, leva-nos ao séc. XII (1136), referida no Dicionário Etimológico de José Pedro Machado: “Illos de colimbria ad illa carapinia” (também referida em Leges). Aparece-nos, mais tarde, no séc. XV, no reinado de D. Afonso V, quando, por carta régia de 16 de Junho de 1450, João Eanes, morador na Carapinheira, é nomeado monteiro e guarda da mata de Botelha, substituindo João de Buarcos, por este ter acompanhado o Infante D. Pedro à batalha de Alfarrobeira (A.N.T.T. - Chancelaria de D. Afonso V, livro 34. fls. 137). No séc. XVI, é mencionado como prazo da Universidade de Coimbra, em 1511, no Livro da Fazenda e Rendas, edição do Dr. Rocha Madahil. De referir que o "Prazo da Carapinheira" foi emprazado pelo convento de Santa Cruz a Duarte Paiva de Montemor-o-Velho, após extinguir-se o emprazamento em 3 vidas do licenciado Miguel de Moura, governador do Reino; e, em 1589, "El-Rey de Portugal, D. Filipe, julga foros de carneiros, aves e ovos do prazo da Carapinheira (...)”.

No entanto, a origem do topónimo Carapinheira continua enigmático, com versões lendárias, cujos fundamentos parecem não ter grande solidez toponímica. Alicerçada num pertinente estudo histórico, desenvolveu-se uma outra versão, com vertente botânica. Na verdade, a toponímia permite descobrir a origem e o significado etimológico, ler o que a palavra esconde sob a sua aparência gráfica, conhecer factos históricos, flora nativa ou predominante e situações geográficas, entre outros elementos culturais que originam topónimos.

A Enciclopédia Portuguesa e Brasileira refere o vocábulo Carapinheira dizendo que “a denominação está relacionada com a vegetação do meio, derivando o nome de carapinha por uma forma arcaica”. Não admira, porque a vegetação é um elemento frequente no nome dado a povoações porque os seus habitantes iniciais, por certo, eram influenciados pela presença da flora mais abundante. E, neste caso, seria a “Pereira Carapinheira” (Pyrus communis), ainda hoje existente nesta freguesia, nas vinhas velhas e terrenos de sequeiro, e que a Botânica define como “variedade de pereira cultivada em Portugal, cujos frutos são pequenos, numerosos e sumarentos”.

A Enciclopédia da Academia das Ciências de Lisboa, refere a Carapinheira como elemento botânico (s. f.) “Variedade cultural de pereira (Pyrus communís Lin.). Fruto pequeno (raro, excedendo 100 gramas), de forma ovada aguda. Coloração verde uniforme, mudando para amarilo na maturação. Pedúnculo carnudo na base, formando geralmente uma pequena prega. Polpa com grandes nódulos esclerenquimatosos especialmente junto do coração; e perfume particulares. Maturação em Agosto. Árvore muito rústica, de meia arborescência e grande produtividade. Também tem os nomes de amêndoa e carapinheira branca.”

Na 'Infopédia' e no 'Meu Dicionário', Carapinheira é “Variedade de pereira cultivada em Portugal, cujos frutos são pequenos, numerosos e sumarentos; origem da palavra: de Carapinheira, topónimo, localidade portuguesa no concelho de Montemor-o-Velho, do distrito de Coimbra”.

Nas Memórias Paroquiais de 1758, resultado de um inquérito realizado a todas as paróquias de Portugal, enviado a todos os bispos das dioceses do reino, para que fossem respondidos pelos seus párocos e remetidas as respostas à Secretaria de Estado dos Negócios do Reino, cuja tarefa de organização das respostas de todos os documentos, coube ao Pe. Luiz Cardoso. Alguns dos quesitos prendiam-se com a localização da respetiva povoação, em que os párocos deveriam referir as localidades que dela se avistavam, para melhor situar a própria povoação.

Nas respostas relativas à localização da freguesia de Árvore (São Martinho de Árvore) e da freguesia de Arzila (bem no coração dos campos do Mondego), os respectivos párocos enumeram as localidades que delas se avistam, dizendo o de Árvore: “(…) Do sitio da Igreja, e torre della se descobrem a Cidade de Coimbra, e parte de seus arrebaldes; o Lugar da Geiria, o de S. Silvestre, Castanheira, Quimbres, S. Martinho do Bispo, Ribeira, Taveiro, Villa Pouca, Ameal, Arzilla, a Villa de Pereira, o Lugar de S. Verão, Fermozelha, o Castello da Villa de Montemór o Velho, o Lugar das Carapinheiras, o Convento de Santa Christina de Religiosos Franciscanos, a Villa de Tentugal, (…)”, enquanto o pároco  de Arzila observa: “O lugar (…) Está situado em hum monte, do qual se descobrem o Castello da Villa de Montemór o Velho e as povoações seguintes: Carapinheiras, Means, Povoa Nova de Santa Christina, Tentugal, (…)”.

Estas referências levam a admitir que o topónimo “Carapinheira” indica a presença de um aglomerado de flora autóctone de pereiras. Até porque, se nos recordarmos, a flora primitiva dominante, em tempos antigos, além do pinheiro manso e do pinheiro bravo (mais recente), do carvalho, oliveira e figueira, seria de pomoideas (pereiras e macieiras), vinhas e citrinos - o que pode ser confirmado consultando as antigas matrizes prediais rústicas do Concelho. E, se tivermos em conta a tradição toponímica portuguesa, com uma profusão de povoações cujo topónimo resultou da flora nativa dominante, não será difícil aceitar que o topónimo “Carapinheira” possa resultar da influência do povoamento vegetal - a ‘pereira carapinheira’ - que originou o nome desta povoação, que, mais tarde, se tornou paróquia e freguesia da Carapinheira.

Também na Gazeta das Aldeias, n.º 1726, de 16 de Outubro de 1932, o Engenheiro Agrónomo Artur Castilho, aludindo a estudos de pomologia, nomeadamente sobre as características das “peras carapinheiras” e da variedade “pereira carapinheira”, cita a origem desta pomodeia: “(…) Proviria da povoação do mesmo nome no concelho de Montemor-o-Velho (Coimbra)? Assim o julgaria Cândido de Figueiredo”, no Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 1913, e referida por Paulo de Morais, (escrevendo 'Carpinheira') no seu Manual Prático de Agricultura, 1896.

Sabe-se que por influência de António das Neves Monteiro da Costa, dos Pelâmes, Carapinheira, Regente Agrícola e Médico Veterinário, referenciado na Enciclopédia Luso-Brasileira, a Pyrus Communis, oriunda da Carapinheira, foi estudada geneticamente na Estação Nacional de Agronomia pelo seu amigo Engenheiro Agrónomo Joaquim Vieira Natividade, no séc. XX, tendo-se apurado baixa rentabilidade económica, pela sua precoce e rápida maturação. No entanto, estudada nos campos de ensaio do Lorêto e Paleão e cultivada e enxertada em Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã, a 'pereira carapinheira' é utilizada, actualmente, como excelente polinizadora da 'pera rocha' na região frutícola do Oeste (INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária – Alcobaça).

Este estudo não “atropela” as versões, de base lendária, da origem do topónimo Carapinheira: Uma diz que os senhores da Quinta da Lavariz trouxeram de África escravos negros que se fixaram no lugar que hoje se chama Casais Pretos, outrora Casal de Francisco de Pina da Lavariz ou Alhastro (Assento óbitos, Alcáçova, 1581), que, pela sua carapinha, teria propiciado aos moradores da região chamarem à povoação “carapinha”, que mais tarde se constituiria em freguesia com o nome de Carapinheira. Inverosímil, até porque os escravos de África vieram após a epopeia dos Descobrimentos (que motivou a imigração escrava de África). Uma outra fala que havia na povoação uma mulher chamada Pinheira, a qual, na fogosidade da sua juventude, vendia o seu amor; pelas suas exigências, apelidaram-na de Cara Pinheira, nome que originaria o topónimo Carapinheira. Uma terceira refere que o lugar se chamaria, nos primórdios, ‘Casal da Clara Pinheira’, por aí habitar uma mulher com esse nome, originando o topónimo Carapinheira por junção dos dois nomes. Não passam, a nosso ver, do imaginário lendário. 

PARÓQUIA A FREGUESIA – A IGREJA 

Como todas as freguesias civis, também a freguesia da Carapinheira emerge da paróquia; isto é, têm uma origem religiosa, eclesiástica, ligada à ocupação do território e à respectiva organização das comunidades cristãs e mantiveram essa característica desde a ocupação romana até 1830. “Freguesia” é uma palavra que vem de “fregueses”, e “fregueses” vem de “filieclesiae” (que deu “filigreses”, e depois fregueses), expressão que significava “filhos da Igreja”, isto é, a comunidade dos fiéis em torno de um pároco que representa localmente o seu bispo. Por decreto de 26 de Novembro de 1830, foram criadas as Juntas de Paróquia. Em 1835, pela Lei de 25 de Abril, as freguesias são incluídas na divisão administrativa do território, passando a ter limites próprios que, na generalidade, correspondia ao território sob influência da paróquia. Com o republicanismo, e consequente separação do Estado da Igreja, a Lei nº 88, de 7 de Agosto de 1913, promove a organização das paróquias civis, numa clara distinção das paróquias eclesiásticas, embora assuma o mesmo limite territorial. Finalmente, a Lei nº 621, de 23 de Junho de 1916, altera definitivamente a designação da junta de paróquia para junta de freguesia, mantendo-se praticamente sem alterações até hoje as suas componentes políticas e administrativas, ou seja Freguesia, com órgãos executivo e deliberativo (Junta de Freguesia e Assembleia de Freguesia).

O atual território administrativo e paroquial da Carapinheira integra povoações, de longeva ancestralidade, que pertenceram a outras circunscrições vizinhas, nomeadamente Alhastro (Olastro), Bandorreira, Lavariz, Ribeira de Moinhos (…). A carta de foro da póvoa de Fonte de Lobo (Forum de popula de Fonte de Lupo), concedida a 7 de junho de 1254; a carta de foro de Póvoa de Santa Cristina e de Alhastro (Karta de foro de popula de sancta Cristina e de Olastro), concedida a 26 de setembro de 1265; o vínculo da Ribeira de Moinhos, outorgado a 3 de março de 1453; o Numeramento ou Cadastro Geral do Reino, de  D. João III, de 1527; cartas de doações, aforamentos e de emprazamentos; os registos paroquiais das paróquias de Alcáçova, São Martinho, S. Salvador, Madalena e São Miguel, de Montemor-o-Velho, referem lugares e casais que pertenceram a diferentes territórios administrativos, e que, atualmente, integram a área territorial da Carapinheira. De referir que, em tempos idos, as circunscrições, paróquias ou freguesias não eram contínuas, isto é, a circunscrição e a administração dos territórios eram descontinuadas, de acordo com seus possuidores ou donatários.

        A Carapinheira, desde os seus primórdios, como paróquia e freguesia, pertenceu ao termo/concelho de Montemor-o-Velho. Vários testemunhos atestam que a paróquia e freguesia da Carapinheira emergiram do antiquíssimo morgadio da Ribeira de Moinhos, no termo de Montemor-o-Velho, povoação que no numeramento de D. João III, em 1527, tinha 69 vizinhos, e cuja primitiva igreja, dedicada a Santa Susana (a Velha) estava edificada no sítio das Bócas, na Ribeira de Moinhos, sendo sufragânea de paróquias medievais de Montemor-o-Velho. Atesta este facto, o testamento de instituição do vínculo da Ribeira de Moinhos, outorgado por Fernão da Fonseca, de Montemor-o-Velho, a seu filho Lopo da Fonseca, aos três dias do mês de Março de 1453, na presença do tabelião Vasco Vides “(…) faço e ordeno, e tomo por minha terça, os meus oito moinhos que tenho na Ribeira de Moinhos, e terras e matos maninhos, que começam desde a fonte do Calado e acabam na oitava azenha, tudo águas vertentes de estrada a estrada, da que vem para S. Pedro da Zujara à carreira dos Almocreves (…)”, cujo território, mais tarde, ficou também conhecido por morgadio da Quinta do Cabral ou Quinta de Nossa Senhora da Penha de França.

Nas suas informações paroquiais de “outo de Mayo de mil sete centos e vinte e hum annos”, ao proceder à descrição das ermidas existentes na paróquia, o Cura da Carapinheira, licenciado André Roiz Carreira, refere que “(…) a que se segue na antiguidade he de Sam Giraldo, cuja fábrica he particular (…) está situada na Ribeyra dos Moinhos (…). A igreja paroquial he padroeyra Santa Suzana, edificada no lugar da Carapinheyra a sento e sinquenta anos (…)”.

Uma outra informação eclesiástica, anotada por Francisco Correia Lopes, na sua publicação “Memória Descriptiva da Freguezia da Carapinheira, 1899”, refere que, em 1575, esta igreja estava edificada junto ao Aido, no vale chamado as Bócas, referindo “(…) veio o vizitador á egreja no sítio das Bócas, no dia 13 de Dezembro de 1575, o reverendo padre André Gomes, sendo Bispo Conde o reverendíssimo D. Manuel de Menezes (…)”.

A ancestralidade e invocação desta igreja no sítio ou vale das Bócas, na Ribeira de Moinhos, são ainda inegavelmente testemunhadas por diferentes registos públicos, entre os quais, o assento de casamento: “(…) moradores na Carapinheira freguesia de Santa Suzana termo de Monte mor ho velho (…)” - 1576 (Registos Casamentos, Paróquia de São Martinho) e o assento de óbito: “(…) Beatriz (…) faleceo a sete de dezembro de mil quinhentos e outenta, não fez testamento, jaz na igreja de Santa Susana a Velha que hagora he Sam paio da Ribeira de moinhos” (na margem direita deste registo, está a anotação “Santa Susana a Velha ou Sam paio novo”) - 1580 (Registo de Óbitos, Paróquia de Alcáçova). Neste mesmo livro, em 1581, está o seguinte registo de óbito: “Francisco Dias, morador no casal de Francisco de Pina da Lavariz ou Alhastro, faleceo a cinco de janeiro de mil quinhentos e outenta e um lançou-se em santa Susana a velha que agora he Sam paio…”

Conclui-se, assim, que esta igreja, edificada no sítio das Bócas, junto ao Aido e Quinta da Malta, na medieval comunidade de Ribeira de Moinhos, termo de Montemor-o-Velho, é anterior a 1571, dedicada a Santa Susana, e que, a construção e erecção de uma nova igreja, em 1571, no actual lugar de Carapinheira, deu origem à actual paróquia sob a protecção da padroeira Santa Susana, “muito milagrosa”, cuja imagem, que ainda hoje existe, veio da primitiva igreja, e que, ao perder a sua primitiva padroeira, recebeu São Paio como novo patrono. Assim se compreende a descrição do assento de óbito “(…) jaz na igreja de Santa Susana a Velha que hagora he de Sam paio da Ribeira de moinhos”, reforçada com a anotação, à margem do assento, “Santa Susana a Velha ou Sam paio novo”.  Ou seja, embora perdendo a primitiva padroeira, em 1571, transferida para a nova e actual igreja na Carapinheira, este templo no Vale das Bócas, na Ribeira de Moinhos, passou a ter São Paio como novo patrono, sendo referido, por tradição, como igreja de “Santa Susana a Velha” ou “Sam paio o novo”.

A nova igreja da Carapinheira, curato sufragâneo da Igreja de S. Miguel, conquistou o privilégio de elevação a priorado, em 1840, com apresentação do seu primeiro prior, o presbítero egresso Lourenço Vilela de Vasconcelos, por decreto de D. Maria II de 30 de abril de 1841 (Registo Geral de Mercês, D. Maria II, livro 17, folhas 19-19v, em 6 de Julho de 1841), sendo bispo D. Frei Joaquim de Nossa Senhora da Nazaré (1824-1851) e donatária a Casa Cadaval. 

DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DAS DORES 

         Embora seja Santa Susana a padroeira da paróquia, evocada com fervor, a festividade religiosa em honra de Nossa Senhora das Dores é, sem dúvida, a mais marcante para esta comunidade, desde o séc. XVIII. Francisco Correia Lopes descreveu, deste modo, o fervor e a primeira festa em honra de Nossa Senhora das Dores:  “(…) No anno de 1788 desejando este povo ter na sua egreja uma imagem que lhe representasse a Mãe de Deus nas angustiosas dôres da morte de seu muito amado Filho, deliberaram ir um dos devotos com o parocho, então cura, o padre José da Costa e Silva, e foram a Coimbra ao convento da Santo Antonio da Estrella, por que ahi havia um frade que além da missa e ser pregador, se dedicava ás bellas artes, de pintura e esculptura, sendo especialista em quadros e imagens religiosas e lhe encommendaram a imagem, que é de tamanho natural duma mulher regular e é de vestir; as suas feições são com tanta naturalidade e belleza, que nem a afflição de chorar e com as lagrimas a resvalar pelo rosto abaixo, lhe fazem perder o bello das suas feições, tão naturaes  e com tanta sabedoria ellas foram traçadas; tem a cara um pouco levantada e os olhos inclinados ao céo como supplicando; é de uma devoção a quem a vê, inexplicavel, e parece inspirar no coração dos fieis a crença de que ella está viva para os ouvir e attender. Todas as despezas do seu feitio, sete setas (ou espadas) diadema, roupas compradas e mandadas fazer, foram pagas a titulo de esmolas por aqueles serviços, e também veio benta pelo superior do mesmo convento; (…) Teve collocação no seu altar n’esta egreja, com a sua primeira festa no dia 4 de Janeiro de 1789, fez portanto, a 4 de Janeiro de 1889, 110 anos n’esta egreja (234 anos dia 4 de Janeiro de 2023); a sua primeira festa foi com alegria como era muito natural, mas foi modesta attentas as muitas outras despesas que haviam feito, havendo só missa cantada e sermão que se pagou por 1$600 reis apezar do orador vir de Coimbra, e com uma dúzia de foguetes que custaram 1$200 reis. (…) a devoção com a Senhora das Dôres n’esta freguezia tem augmentado e feito elevar a sua festa a tal ponto de luxo que difficil será imital-a em terra alguma d’este districto de Coimbra; e, mesmo em Coimbra, só a excede a festa da Rainha Santa, o que não admira, por que lá dispõem de todos os elementos de que precisam para o luxo e grandeza, tendo a coadjuval-a todas as corporações civis e religiosas de todas as freguezias da cidade na sua procissão; e nós aqui servimo-nos só com o nosso pessoal e objectos; por isso é mais para admirar aqui a grandeza d’esta festa do que em Coimbra a da Rainha Santa. (…).”

        Naquela data, Francisco Correia Lopes refere que a festa nunca teve interrupção, realizando-se no último domingo de Agosto ou por motivo inesperado no princípio de Setembro. Apesar do dia litúrgico dedicado a Nossa Senhora das Dores ser o dia 15 de Setembro, a festa realiza-se bienalmente, no penúltimo domingo de Agosto, desde meados do séc. XX, (actualmente no último domingo de Agosto, desde 2006), com o propósito de receber o maior número de carapinheirenses ausentes da sua terra que, nesta época, demandam a sua terra natal para conviver com familiares e amigos e, numa demonstração de fé e devoção à Virgem Maria, pedir-Lhe a proteção Maternal ou agradecer - Lhe as graças alcançadas.

Em 1675, D. Frei Álvaro de São Boaventura, 48.º bispo de Coimbra e 13.º Conde de Arganil, deslocou-se a Roma, numa ‘visita ad sacra limina’ para dar conta da sua diocese, na perspetiva pastoral, mediante pormenorizados elementos descritivos, ao então Papa Clemente X. Em documento de 3 de junho de 1675, o bispo pormenorizou o estado da diocese perante os Cardeais da Cúria Romana  referindo, entre as diferentes paróquias, a “Carapinheira, Santa Susana, de cura anual, é cura Manuel Couceiro; não tem rendimentos certos; há paramentos, irmandades e mais capelas; consta de dois padres, setecentas e trinta e duas pessoas de comunhão e cento e três de confissão” (Archivio della Congregazione del Concilio, na série Relationes Dioecesium, caixa 252, Arquivo do Vaticano).

A paróquia e freguesia da Carapinheira foi, desde 1912, sede de arciprestado, no arcediagado do Vouga (depois Região Pastoral da Beira Mar), na diocese de Coimbra, pertencendo, desde 2012, ao arciprestado do Baixo Mondego. 

LUGARES E QUINTAS - DONATÁRIOS E ADMINISTRAÇÃO 

Esta freguesia, eminentemente rural, tem lugares aglomerados populacionais (bairros urbanos e casais dispersos) dos quais se enumeram: Alagoa, Além do Porto, Alhastro, Bandorreira (de Baixo e de Cima), Bolêta, Cabeça Gorda, Cabeço, Carapinheira, Casal de Além, Casal dos Alhos, Casal da Areia, Casal do Corso, Casal do Frade, Casal das Helenas, Casal do Mato, Casal do Meio, Casal dos Moutinhos, Casal dos Nobres, Casal dos Pretos, Casal do Simão, Chãs (de Baixo e de Cima), Chão do Malva, Corgo, Cotovia, Cruz de Santo António, Fojo Lobal, Fontaínhas, Ladeira dos Caiados, Ladeira do Carmo, Ladeira do Malva, Lavariz, Lomba, Levada, Mata, Nobrezos, Palheiras, Pelâmes, Pinhal do Cruz, Pinhal da Segunda, Porto Luzio, Quinta, Rêgo do Rei, São Geraldo, Vale Canosa, Vale Forno, Vale Fusca, Vale Negro, Vale do Poço e as quintas do Aido, Boa Jóia, Bolêta, Cabral, Fontalva, Lamigueiros, Lomba, Malta, Mosqueiros e Outeiro.

        Das terras da Carapinheira foram donatários os duques de Aveiro, onde punham a sua justiça, passando para a “Croa Real”, em 1759, sendo depois donatário o Duque do Cadaval até 1834, altura em que é novamente incorporada nos bens da coroa. A Carapinheira, teve juiz pedâneo nomeado pela Câmara de Montemor, no dia 1 de Janeiro de cada ano. No âmbito forense já pertenceu às comarcas da Figueira da Foz e Coimbra e actualmente a Montemor-o-Velho. Entretanto, pela divisão judicial, instituída por decreto de 12 de Novembro de 1875, a Carapinheira foi julgado de comarca incluindo as freguesias de Carapinheira e Seixo. Pelo decreto de 6 de Agosto de 1896, instituindo os distritos de paz, foi criado o da Carapinheira, englobando as freguesias de Carapinheira, Arazede e Liceia.

        A povoação da Carapinheira foi elevada à categoria de Vila, em reunião plenária da Assembleia da República de 13 de Julho de 1990. Este evento consta do Diário da Assembleia da República, nº 101, de 14 de Julho e foi publicado como lei no Diário da República, n.º 183, de 9 de Agosto de 1990 (Lei nº 27/90). 

SIMBOLOGIA HERÁLDICA 

         A freguesia de Carapinheira ainda não possuiu símbolos heráldicos devidamente ordenados e aprovados. A Freguesia utiliza uns símbolos - brasão e bandeira - “ilegais”, embora a Assembleia de Freguesia tenha aprovado estes “distintivos” na sua reunião de 3 de Maio de 1981 (in Contributos para a História da Vila da Carapinheira, Lacam, 1991), assim apresentados:

ESCUDO - campo azul com três espigas de ouro atadas do mesmo e encimadas por um coração de vermelho em chefe, nimbado de prata e trespassado por sete espadas. Ladeiam duas cegonhas afrontadas de sua cor com bico e patas amarelas.

TIMBRE - quatro castelos de ouro lavrados a negro

LISTEL - de ouro com os dizeres: Vila da Carapinheira, a negro.

BANDEIRA - esquartelada de azul e amarelo.

        Naquela data, não existia regulamentação para a criação de símbolos heráldicos, alusivos a freguesias, o que viria a acontecer com a aprovação da Lei n.º 53/91, de 7 de agosto, cabendo à Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portuguesas a emissão do respetivo Parecer com a ordenação heráldica do brasão, bandeira e selo. As regras da cor, da forma e da ordenação heráldica, são ajustadas pela Lei n.º 53/91 e por outros documentos legais que condicionam e, ao mesmo tempo, valorizam o que se constitui em brasão.

        Assim, no que respeita à ordenação dos símbolos diz a Lei, na alínea a), do artigo 10.º, que atendendo à regra da simplicidade se excluam os elementos supérfluos, utilizando apenas os necessários. Também diz, na alínea d), que a regra da estilização obriga a que os elementos devam ser usados na forma que melhor sirva à intenção estética da heráldica e não na sua forma naturalista. Já as leis gerais e as normas da heráldica, assinaladas na alínea f), indicam que a regra iluminura proíbe sobrepor metal com metal (ouro ou prata) ou cor com cor (vermelho, azul, verde, negro ou púrpura). As regras da cor, da forma e da ordenação heráldica, são ajustadas pela Lei n.º 53/91 e por outros documentos legais que condicionam e, ao mesmo tempo, valorizam o que se constitui em brasão. No que respeita à ordenação dos símbolos diz a Lei, na alínea a), do artigo 10.º, que atendendo à regra da simplicidade se excluam os elementos supérfluos, utilizando apenas os necessários. Também diz, na alínea d), que a regra da estilização obriga a que os elementos devam ser usados na forma que melhor sirva à intenção estética da heráldica e não na sua forma naturalista. Já as leis gerais e as normas da heráldica, assinaladas na alínea f), indicam que a regra iluminura proíbe sobrepor metal com metal (ouro ou prata) ou cor com cor (vermelho, azul, verde, negro ou púrpura).

        Após estudo da história da freguesia, nas suas diversas vertentes, e tendo em conta as leis e as normas da heráldica, devem ser escolhidos símbolos que representem a freguesia, nomeadamente a toponímia, a religiosidade popular, a fauna, a flora, a actividade económica da freguesia. Assim, a religiosidade (coração/setas alusivas a N.S. das Dores), ramo de pereira carapinheira/pera carapinheira (toponímia), a mó (dos moinhos e azenhas da Ribeira de Moinhos, como antiga atividade económica), o milho, o trigo, a cegonha, o peixe e o rio, são elementos que, fundamentados, podem representar, em pleno, o estabelecimento das armas da freguesia da Carapinheira, após um criterioso exame e arte heráldica, cujo  processo de criação e estabelecimento dos mesmos, está previsto na alínea p), do n.º 1 do artigo 9.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro.

Aldo Aveiro



O GRANDE HOTEL DA FIGUEIRA DA FOZ FOI INAUGURADO EM 28 DE JUNHO DE 1953 – FOI HÁ 70 ANOS



Estava a falar o Sr Arménio Faria - Do lado direito da fotografia está Sr Mário Barraca a fumar charuto


Em 1928 o figueirense Dr. António Sotero de Oliveira (1892-1970), e outros, funda a Sociedade do Grande Casino Peninsular, SARL.

Esta Sociedade adquiriu a 1ª concessão do jogo no Casino da FF, mas perdeu-a, em 1946, em consequência do incumprimento da cláusula contratual que a obrigava a construir um Hotel na FF.

Vinte anos depois, em 1948, foi fundada a Sociedade Figueira Praia, SARL pelos figueirenses Arménio Faria, Ernesto Tomé, Augusto Silva, João Costa, Carlos Mendes e João Simões, que substituirá a Sociedade do Grande Casino Peninsular.

É a Sociedade Figueira Praia, SARL que manda construir o Grande Hotel à empresa Carlos Eduardo Rodrigues, tendo ocorrido a sua inauguração em 28 de junho de 1953, com projeto do arquiteto Inácio Peres Fernandes (1910-1989).

(O arquiteto Peres Fernandes foi um brilhante técnico e político. Foi Presidente Honorário da Associação dos Arquitetos Portugueses, Sócio Honorário do Instituto de Arquitetos do Brasil (I.A.B), Sócio Honorário da Sociedade Nacional de Belas Artes, fundador e dirigente do Partido Socialista e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa de 1977 a 1980).

A construção do Grande Hotel levou a Sociedade Figueira Praia, SARL a uma difícil situação financeira até 1957, mas, nos anos seguintes, ocorreu a recuperação financeira que ocasionou distribuição de lucros em 1967.


No final da década de 70 do século XX o Grande Hotel sofreu as primeiras obras de remodelação e na década de 80 passou a sua exploração para a empresa Figueira Hotéis, Lda.

Em 1995 beneficiou de novas remodelações sob projeto do arquiteto António Ginestal Machado e sob ordens da cadeia hoteleira Mercure.


Em 1996 foi integrado no grupo ACCOR, adotando o nome de Mercure Figueira da Foz Hotel, com contrato do Grupo Amorim, sócio maioritário da Sociedade Figueira Praia, SA.

É um Hotel de 4 estrelas, possuindo 102 quartos com ar condicionado, ginásio e court de ténis.

Tem pinturas de José Molina Sanchez, Thomaz de Mello, Vaz Branco e Zé Penicheiro e esculturas de Martins Correia.


O Grande Hotel (atual Hotel Mercure) tem uma elevada qualidade arquitetónica, lembrando um navio quando observamos atentamente o seu exterior.

O conjunto Grande Hotel da Figueira (atual Hotel Mercure) e Piscina-Praia (atual Piscina Mar) foi, pelo seu interesse arquitetónico, considerado património de interesse público em 2002 (DR nº 421, II série B, de 19 de fevereiro).

Repórter Mabor, que se prese, oriundo dos caminhos das cabras, cá por coisas de circunstâncias, assume a sua condição, partilhando-a com os leitores da Barcaça, neste caldo fervente de comunicar a proximidade e as vivências necessárias para melhor vivermos, repentinamente pois, as coisas acontecem sem termos meios de as controlar, algumas com banhos de alegria, enquanto outras fazem parte da nossa resistência e da compreensão de as enfrentar, ultrapassando-as…

Se bem pensarmos, a natureza das coisas são assim doces e amargas, mas hoje e amanhã há que acreditar nas amizades, é certo cuidadosamente, porque aqui e ali se justificam na melhor e mais saudável alegria, como aconteceu com o telefonema do Porto.

Velho e amigo de longos anos, colega de profissão, dos festivais na Figueira da Foz, Porto, Paris e Estoril, o meu confidente chorava e pedia-me segredo. Sabes? Fui cassado duas vezes, não tenho filhos nem mulheres, preciso de desabafar contigo, mas que honra para mim, respondi...

Demorou algum tempo a dizer-me o segredo, os pais não deviam saber para já, o amigo não confiava neles, notando no meu amigo do Porto, algo surpreendente e que me deixava preocupado, posso garantir assustado, porque os verdadeiros amigos são nossos irmãos, não de sangue, porque não no fenómeno das coisas e da sua natureza. O meu amigo cabeleireiro, nunca deu ponto sem nó no circuito com as mulheres.

Ainda estou para saber e jamais vou ter opinião sobre os fracassos nos lençóis da sua vida, pois trata-se de um excelente caracter, famoso na profissão, leal colega de 40 anos!

Quando visitava o Porto, as noites acabavam na Ribeira, mas este telefonema no sentido do segredo pedido e pela nossa amizade, deixou-me feliz pela notícia, seguramente lacrimejante.

Por fim contou-me tudo tim por tim, se vieres ao Porto não fales aos colegas, só tu é que sabes, se todos à minha volta afirmavam que nenhuma mulher acreditava nos valores da minha paternidade, por ser como sou, vão ter a resposta, agora ..., Feliz e alvoroçado, lá disse da sua alegria... Sabes Olímpio?

Fora do Porto encontrei finalmente a mulher amada e vou ser pai, dentro de poucos meses, vou ser agora outro homem e tu vens ao batizado.

Depois sozinho agarrado ao segredo do meu velho amigo, dei por mim a receber a melhor prenda de alguém que continua a acreditar no Repórter Mabor, volvidos tantos anos!!! 

A vida é um sonho breve e fugaz

que alimenta a existência

que nos dá as asas únicas

com as quais anulamos

distâncias e barreiras.

O sonho é o que nos move

e nos solta, levando-nos sempre mais além,

percorrendo a lonjura

onde existimos autênticos.

O sonho é essa busca contínua

de uma identidade,

da singular diferença

que nos torna únicos e inimitáveis.

O sonho é a chave para o encontro

com a distância e o indizível.

O sonho é o caminho percorrido

sempre que acreditamos em nós.

O sonho é a razão de ser da vida

é a morada das nossas ambições,

dos inquietos ideais acalentados,

é o caminho para os projetos…

O sonho é acreditar.

Garça Real

A GUERRA

Quem temos por COMPANHIA

ao levantar,

ao tomar ao pequeno almoço,

ao almoço,

ao lanche,

ao jantar,

Passou a estar nas notícias, no imaginário, nos medos de toda as gentes…

Dá na televisão invadindo a nossa casa todos os dias, as redes sociais, as

notificações constantes dos telemóveis…

Adormecemos e acordamos com ela!

A GUERRA sente-se!

Nunca nenhuma guerra esteve tão presente quanto esta.

Vivemos tempos difíceis em que não é fácil aceitar e assimilar toda a conjuntura.

Passámos de uma guerra contra um vírus que nos desafiou e nos fez “perder” dois

anos de vida, para uma guerra de HOMENS.

É uma realidade que aniquila todos os sonhos da humanidade, deixando de ser

proativa e empática, para passar a ser insensível, negativa, indiferente e egoísta!

Precisamos de PAZ…

a PAZ é imperiosa!

SÃO JOÃO

 

São João que batizou

Aquele que trouxe a LUZ ao mundo

É um Santo Milagroso

A quem tenho amor profundo!

 

São João em tua honra

Erguem-se altar e cascata

Há foguetório a estalar

E para assar…

Há sardinhas cor de prata!

 

Há folia pois então!

Que a vida não é só mal…

É noite de São João!

Há marchas e arraial…

 

O São João tem tanto encanto

Para os pares de namorados

Que fazem juras ao Santo…

Para serem abençoados!

 

Oh!... São João, São João,

Jura que é mesmo verdade

Que em cada lar haja pão

Paz, amor e felicidade!

 

Oh!...São João, São João,

Não te esqueças de pedir

Que haja Paz no mundo inteiro

Porque da Ucrânia, meu Santo…

Está tanta gente a fugir!

 

E meu querido São João,

Pede a DEUS Nosso Senhor,

Que afaste o maldito Vírus,

Que espalha a morte e a dor!

 

Nesta noite tão festeira

Vêm-te homenagear…

Nesta terra ao pé do mar

__É São João na Figueira!

 AUTORIA: ISABEL TAVARES







Serviços Mínimos, trabalhos máximos.

Sejamos honestos, o que existe na escola pública é um funcionamento permanente de serviços mínimos.

Esta realidade arrasta-se e aprofunda-se de alguns anos a esta parte. O subfinanciamento do sistema de educação colocou a escola pública e a sua comunidade em níveis de fragilidade nunca vistos.

Bastou correr alguns jornais para bater contra o muro de realidade em que vive toda comunidade escolar, alunos, professores, assistentes operacionais, técnicos e encarregados de educação.

Um estudo da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra revela que, em Portugal, 42% dos jovens apresentam sintomas de depressão, no entanto, segundo dados do Jornal Expresso, nas escolas existe em média apenas 1 psicólogo para cada 750 alunos e, ao deambularmos pelos membros da comunidade educativa, deparamo-nos com a média de 1 assistente social para cada 11 000 alunos (dados do jornal Observador).

Continuemos o trajeto por uma qualquer escola pública e, apesar da falta de dados concretos devido à transferência de competências do Ministério da Educação para as Câmaras Municipais, o que nos priva dos números reais de funcionários, a verdade bem presente de quem habita o recinto escolar é da gritante falta de assistentes operacionais, seja nos refeitórios, corredores, ou no apoio a salas de aula. A falta de profissionais chega também a qualquer secretaria onde o trabalho para além do horário normal se torna uma rotina. Numa escola que se quer próxima, dinâmica no seu funcionamento, de confiança, uma escola família e casa, as lacunas são gravíssimas no que diz respeito ao seu número de trabalhadores e às suas condições de trabalho dos mesmos, onde a maior parte aufere apenas o salário mínimo nacional.

Por fim, a tudo isto podemos somar a insuficiência demais conhecida da falta de professores, num país onde milhares de alunos passam pela carência de conhecimento devido a este crónico problema. E, permitam-me o desabafo, mas falta também tempo para “professores do projeto”, faltam professores com tempo para se dedicarem aos seus alunos, para se dedicarem ao trabalho, às discussões sociais aos problemas concretos que os afetam. Faltam professores que salvem o gosto pela disciplina e que ensinem a escrever nos olhos dos alunos o brilho nas suas opções de futuro.

 

A ideia de que todo este corpo de funcionários mantém a roda a girar em perfeitas condições é falsa. Um psicólogo é um psicólogo, um assistente social é um assistente social e um professor é um professor. E a falta de cada um deles é a falta de ferramentas para construir futuros. Ninguém consegue ocupar o lugar de ninguém. Não temos todos as mesmas competências técnicas, não temos de o fazer, nem é saudável que o façamos.

São necessários mais profissionais com formação para a sua resolução de problemas que estão afetos à escola, desde o bullying, à violência crescente, educação sexual, o abandono escolar, depressões, suicídio, casamentos e tantos outros exemplos em que assistentes, professores e técnicos, isoladamente e em numero reduzido não apresentam capacidade, competências reais e técnicas para intervir corretamente, ainda mais sabendo nós que problemas socio comportamentais serão refletidos na vida de milhares jovens, nas suas famílias e no futuro das comunidades onde se inserem.

Decretar Serviços Mínimos não é novidade para nenhum membro da escola pública, as escolas sobrevivem em Serviços Mínimos e os seus profissionais vivem a dar serviços máximos.

 

O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico


PANTAGRUEL MONTEMORENSE

Já me prenunciei a propósito da queijada gigante que a Câmara Municipal de Montemor-o-Velho mandou erigir na principal rotunda de Pereira, supostamente para homenagear aquele doce conventual e dar um ar da sua graça aos “pereirenses”, eternos “socialistas” descontentes com o pouco que o executivo municipal lhes tem dedicado nestes quase 12 anos que estão prestes a terminar.

Em minha opinião, uma vez mais o município lançou mão de um certo populismo fácil, mas muito do seu agrado, optando por erigir uma mega-queijada, quase como um enorme sol que a ninguém passa despercebido, mas cujo design, volumetria e localização, para além da polémica e do gosto duvidoso, pouco ou nada acrescenta à vila e freguesia em apreço.

Aliás, num concelho onde a doçaria é rainha e conta com os imbatíveis pastéis e queijadas de Tentúgal, bem como as espigas doces e as pinhas de Montemor, não fará mais nada a Câmara senão plantar esculturas por todo o concelho, sem esquecer a broa de milho, o arroz-doce (carolino, pois então!), o arroz de lampreia, as enguias fritas, o arroz de pato, o pato assado, o arroz malandro, etc, etc…

Em vez de homenagearmos as personalidades das nossas vilas históricas, celebrarmos a história e os descobrimentos, contarmos os seus feitos, enfatizarmos Fernão Mendes Pinto, Jorge de Montemor, Diogo de Azambuja, Infante Dom Pedro, D. Henrique, Afonso Duarte, entre tantos outros vultos que tornaram o concelho num caso de estudo, andamos a torná-lo num autêntico Pantagruel!

Melhor seria apoiar quem produz todas essas maravilhas gastronómicas e proporcionar-lhes apoios e incentivos capazes de os ajudar a ir mais longe, se instalarem em locais adequados, melhorarem o marketing e inovarem na abordagem.

Apesar de consumir com moderação, pois estamos a falar de doçaria, sou fã das queijadas de Pereira, dos pastéis de Tentúgal, do arroz-doce e das Pinhas de Montemor, das quais, passe a imodéstia, fui o mentor! Caraças, não devia dizê-lo, já que a tese da Associação que as produz é de que foi a Direção… às tantas o Guerra…



A primeira edição de "A Interpretação dos Sonhos" ("Die Traumdeutung") foi publicada em Novembro de 1899. Esta obra inaugurou a teoria da análise do sonho, cuja actividade Freud descrevia como «a estrada real para o conhecimento dos processos mentais do inconsciente»:

«Nas páginas que se seguem, apresentarei a prova de que há uma técnica psicológica que permite interpretar os sonhos e de que pela aplicação desse processo todos os sonhos surgirão como uma configuração psicológica significante, que podemos inserir num lugar específico nas actividades psíquicas da vigília. Além disso, tentarei elucidar os processos que subjazem à estranheza e à obscuridade dos nossos sonhos e deduzir desses processos a natureza das forças psíquicas cujo conflito ou cooperação são por eles responsáveis. Feito isto, darei a minha investigação por terminada, pois terá atingido ponto em que o problema do sonho se entronca com problemas mais gerais, cuja resolução exige o recurso a materiais de índole diferente.»


Freud foi um neurologista Austríaco e o fundador da psicanálise. Criou uma abordagem completamente inovadora para a compreensão da personalidade humana. É considerado uma das mentes mais influentes – e controversas – do século XX. Sigismund Schlomo Freud, mais tarde Sigmund Freud, nasceu a 6 de Maio de 1856, em Freiberg, Moravia no Império Austro-Húngaro (actualmente Pribor, República Checa). Filho de Jacob Freud (um judeu comerciante de lã) e da sua terceira mulher, Amalie Nathanson, tinha quatro anos de idade quando a família se mudou para Viena em 1860, devido a problemas financeiro e de saúde.


Esta será a música!... Este é o instrumento! Esta será a Força de União! Viva a Galiza Viva Portugal Viva a Gallaecia Viva a Língua desta terra e todos aqueles que a falam!

-Separados por Terra; Unidos pelo Espírito! Bandeiras de: Alba, Cymru, Kernow, Mannin, Cailleach, Breizh, Éire. Escócia, Gales, Cornualha, Ilha de Mann, Galécia, Bretanha, Irlanda. (ESTE VÍDEO ESTÁ BLOQUEADO EM ESPANHA)


A Liga foi fundada a 3 de Abril de 1921, no salão do Ateneu Comercial de Lisboa em sessão presidida por Teófilo Braga e na altura denominada a Liga Portuguesa dos Direitos do Homem, inspirada na Liga Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, fundada em 4 de Junho de 1898, em Paris.

A sua criação foi animada e presidida por Sebastião de Magalhães Lima, acompanhado no Directório pelo vice-presidente Luz de Almeida e por sete vogais: Estêvão da Silva, Carlos de Lemos, Luís de Melo Ataíde, Agostinho Fortes, Álvaro Neves, Carneiro de Moura e Ramos Paiva.

Os respectivos estatutos foram aprovados em 21 de Abril de 1922 e entregues no Governo Civil de Lisboa, ficando a sede da Liga provisoriamente instalada no segundo andar do nº 92 da Rua do Mundo.

Liga sobreviveu aos regimes ditatoriais que governaram Portugal de 1926 a 1974, apesar das dificuldades criadas pelos governos da Ditadura Nacional e do Estado Novo, persistindo no seu objetivo de contribuir a defesa dos direitos humanos em Portugal, embora muita documentação tenha sido perdida.

Da documentação que sobreviveu, sabemos que em 1945, o Diretório da Liga era constituído por:

·         Presidente: Carlos Lemos (António Carlos Cardoso de Lemos);

·         Vice-Presidente: José de Macedo;

·         Secretário-Geral do Interior: Alberto Freire de Aragão;

·         Secretário das Relações Internacionais: Virgílio Marques;

·         Vogais: Luís Estevão da Silva e Albano Dinis de Oliveira.

A 31 de Outubro de 1960, a PIDE procedeu a uma busca e apreendeu o arquivo da Liga.

Em 1967, os órgãos sociais foram eleitos com a seguinte composição:

·         Presidente: Armando Adão e Silva;

·         Vice-Presidente: Fernando Mayer Garção;

·         Secretário-Geral: Ângelo Vidal de Almeida Ribeiro;

·         Secretário-Geral Adjunto: Carlos Augusto Gonçalves Estorninho;

·         Tesoureiro: Tenente José Francisco da Silva;

·         Vogais: Mário Soares Andreia, António Silva, António Marcelino Mesquita e Raul Rego.

Assembleia Geral era constituída por:

·         Presidente: Luís Hernâni Dias Amado;

·         Vice-Presidente: José Magalhães Godinho;

·         1º Secretário: Élio Sucena;

·         2º Secretário: Carlos Alberto S. de Araújo Sequeira.

Comissão Jurídica foi constituída por José Magalhães Godinho, Nuno Rodrigues dos Santos e Vasco da Gama Fernandes. 

No período anterior ao 25 de Abril, foi presidida por Armando Adão e Silva, acompanhado no Directório por Nuno Rodrigues dos Santos, Virgílio Ferreira Marques, Carlos Pereira, Victor Cesário da Fonseca, Fernando Mayer Garção, Abílio Mendes, Raul Rego e Francisco José Cardoso Júnior.

No pós 25 de Abril, a Liga retoma a sua acção pública pela mão de Vasco da Gama Fernandes enquanto Presidente do Directório, acompanhado por:

·         Vice-Presidente: José Magalhães Godinho;

·         Secretário das Relações Exteriores: Henrique de Barros;

·         Secretário-Geral: António Marcelino Mesquita;

·         Secretário-Geral Adjunto: Manuel Alpedrinha;

·         Tesoureiro: Carlos Alberto Ferreira de Andrade;

·         Vogais: Maria Barroso, Miguel Serrano, e Xencora Camotin.

Assembleia Geral era constituída por:

·         Presidente: Luís Hernâni Dias Amado;

·         Vice-Presidente: Teófilo Carvalho dos Santos;

·         Secretários: Nuno Godinho de Matos e Vasco Ataíde Fernandes.

Conselho Jurídico era constituído por:

·         Presidente: José Magalhães Godinho;

·         Vogais: Vasco Serrano de Castro e Manuel Macaísta Malheiros.

Existiu uma clara renovação a diversos níveis, com a inclusão de jovens e pela primeira vez de uma mulher – Maria Barroso.

Ao assumir a Presidência da Assembleia da República, Vasco da Gama Fernandes renunciou ao cargo no Directório e foi substituído por Ângelo de Almeida Ribeiro.



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