Montemor-o-velho
das águas límpidas, do peixe à toca, da roupa a corar, da sirene a tocar
anunciando ao Domingo o meio-dia.
A praça (maior) da Républica centro nevrálgico de todos os encontros com a preparação para noites na Figueira da Foz ou Coimbra. Nos bancos discutia-se um pouco de tudo, seja desporto (ACM)-(Sporting) (Benfica) (Porto) e ali ou acolá outro grupo embrenhado na política seja local como nacional.
No centro e defronte da Câmara Municipal o (Ti Baldaque) com as suas
deliciosas espigas doces.
Os mais velhos de camisa branca e gravata fina negra (penteadinhos com brilhantina) esperavam o carro que os levasse até aos bailaricos da Figueira enquanto os mais novos de bicicleta ficam por mais perto, Granja do Ulmeiro, /Ereira/Gatões/Maiorca...
Por
estes lados os saudosos irmãos Sousa (com Hotel Califórnia) não podíamos ficar
distraídos caso contrário lá se ia o pare que tínhamos sempre de pedir
autorização à mãe ou avó que não tiravam os olhos vigilantes de cima de nós.
Outros
tempos onde o telefone quem o tinha bastava três dígitos e a televisão só nas
associações e em casa dos mais abastados.
Hoje
aqui na Barcaça recordamos esses tempos utilizando as novas tecnologias onde os
trabalhos dos nossos colaboradores veem de diversos lugares chegam via (net).
A
riqueza de um Povo são as suas raízes, os seus monumentos a sua história e a sua língua, pautamos em dar a conhecer em várias vertentes o que a nós tanto
nos diz, na monumentalidade através Mário Silva, Aldo Aveiro e Fernando Curado,
nos acasos da vida com Carla M. Henriques e António Girão e José Craveiro. Já
na delicadeza das rimas ou não de Garça Real, Isabel Capinha, Isabel Tavares,
Mara Kopke e de histórias reais das pagaiadas com João Amaral.
De
vez em quando sempre que justifique temos o nosso painel político com Daniel
Nunes dos Reis, Victor Camarneiro, João Mendes (PCP-PS-BE) que nos fazem chegar
os seus (eus) seja local como nacional.
Finalizamos
sempre com Música e Livraria.
Boas
Leituras
Um
dia serei apenas uma lembrança de alguém!
É
uma certeza que paira silenciosamente sobre nós, como uma brisa suave que toca
o nosso rosto antes de se dissipar. Às vezes, é somente um pensamento
desconfortável, mas também uma lembrança poética da efemeridade da vida. Somos
passageiros num fio de narrativas entrelaçadas, e, em algum momento, a nossa
história transformar-se-á em apenas isso: uma lembrança!
Um
dia serei apenas as memórias de momentos passados!
O
riso compartilhado numa mesa, as conversas de madrugada sob o brilho das
estrelas, os abraços que aquecem a alma em dias frios. O que somos agora
tornar-se-á em vestígios que outros manterão nos seus corações, como delicados
pedaços de um quebra-cabeça que nunca mais serão montados da mesma maneira.
Um
dia serei o retrato escondido no canto da sala, coberto por uma leve camada de
pó, mas que, quando olhado com atenção, revelará uma história cheia de vida,
alegrias e lutas. É muitas vezes mais fácil esquecer do que recordar, mas essa
imagem, que em algum momento foi o centro das atenções, permitirá que aqueles
que amei voltem a encontrar-me, mesmo que por um breve instante. Num canto da
memória, eu estarei lá, uma lembrança do que fui.
Serei
uma frase proferida milhões de vezes. Um trecho de amor, uma sabedoria
compartilhada, uma música, um eco de risadas ou um lamento de saudade. Essas
palavras continuarão a flutuar nas conversas, tornando-se parte do tecido da
vida dos outros. Elas carregarão a essência de quem fui, e, mesmo que eu não
esteja mais, a minha presença ecoará nas vozes de quem amei e que me amaram.
Um
dia não serei mais do que uma bonita recordação para aqueles com quem partilhei
a vida. Ser lembrado é, na verdade, uma forma de imortalidade. É saber que, de
alguma maneira, ainda estarei por aqui, nas histórias contadas à mesa, nas
lembranças que surgem, como um perfume antigo que evoca um momento especial. E
isso, de certa forma, é um ato de amor.
No
entanto, enquanto tiver a oportunidade de viver e amar, viverei plenamente,
criarei memórias que não serão facilmente esquecidas. Que cada interação seja
um presente, cada riso, uma nota na canção da vida que toco. Porque, no fundo,
a verdadeira beleza está em saber que, mesmo que um dia eu me torne apenas uma
lembrança, essa lembrança será um reflexo do impacto que causei.
Então
faço uma promessa a mim mesma: valorizar cada momento, amar intensamente e
aceitar que, embora a vida seja efémera, as memórias que crio nunca morrerão.
Viverão pulsando nas histórias contadas, nas risadas compartilhadas e no
carinho genuíno que dedico aos outros.
Afinal,
somos todos apenas um conjunto de histórias e memórias e, no final, isso é o
que realmente importa!
Hospital
Novo de Nossa Senhora de Campos e Misericórdia
Situado
na atual avenida dos Bombeiros Voluntários, tratava-se de um edifício de quatro
corpos, enquadrado num aprazível recinto ajardinado, amplas enfermarias, salas
de operações, urgências, capela e exames complementares de diagnóstico.
Devido
à falta de espaço do antigo Hospital de Nossa Senhora de Campos e Misericórdia,
localizado na Praça da República, decidiu-se a construção de um novo edifício,
concluído em 1932. Posteriormente, foi Centro de Saúde e atualmente voltou de
novo para a alçada da Santa Casa da Misericórdia de Montemor-o-Velho.
A
20 de abril de 1911 foram aprovados os novos estatutos da Confraria de Nossa
Senhora de Campos e Misericórdia, após a introdução de alterações na Lei. O
regulamento de 1913 finalmente permitiu avançar para a edificação de um novo
hospital (a nascente da vila), concluído em 1932. Nos primeiros anos foi
instituição modelo, apesar das dificuldades, até à Revolução de Abril de 1974
que o transformou em Centro de Saúde e Centro de Atendimento Permanente. Em
1995, entrou em funcionamento o novo Centro de Saúde e este edifício foi
novamente entregue à Santa Casa da Misericórdia de Montemor-o-Velho que o viria
a transformar no atual Centro de Acolhimento de Nossa Senhora de Campos
Fonte: AQUI
Era
uma vez um pobre homem já muito idoso, viúvo e que tinha um filho que nunca o
visitava, não queria saber dele, mas dizia a toda a gente ser muito amigo do
pai e querer o melhor para ele, mas o que é certo é que o pobre pai continuava
sempre só e abandonado.
Mal
conhecia os netos pois " casa de pais, escola de filhos", e os
meninos faziam tal e qual o pai, não queriam saber do avô, e o pobre homem
sofria muito com isso.
Um
dia, o pai como sabia que o filho sem uma lição não mudaria, ao encontrar o
filho num caminho, chamou por ele e convidou - o a passar lá por casa, pois há
muito tempo que não se viam.
O
filho lá disse que sim. Á noite passaria por lá.
O
ancião fez uma fogueira com lenha ainda mal seca de salgueiro branco.
Aquilo é pau que parece papel e ainda por cima não estava bem seco, estar á
fogueira era o mesmo que estar na rua ao frio.
Depois
de uma pequena conversa diz o filho:
Ó
meu pai, a fogueira está muito fraca, a lenha não vale nada.
O
bom homem olhou para o filho com as lágrimas nos olhos e disse:
Amigo
que mal nos fala, podem crer que até parece lenha de salgueiro branco nem dá
chama nem aquece.
O
filho olhou para o pai, abraçou-o e disse que a partir daquele momento o pai
iria para casa dele e ali viveria.
Assim
aconteceu e graças á sabedoria do pobre pai ele passou a ser um filho amigo,
que até ali não tinha sido.
Seja
Deus louvado, que o conto está contado.
Repórter Mabor,
(1960) Vou resistindo
"Morreram
todos. Morrerem todos”.
O
excelente apresentador da RTP, o Sr. José Rodrigues dos Santos, também
escritor, ao anunciar a morte dos que pretendiam ver os restos do Titanic, marcou
a viva expressão do imprevisto noticioso, exclamando numa surpreendente emoção
a tragédia dos que se aventuraram num submarino no desconhecido nas profundezas
do mar imenso.
Para
os leitores da Barcaça, parece-me pouco relevante neste meu baú de memória, trazer-vos
a noção do imprevisto sobre a morte dos passageiros, que desaparecem numa
trágica implosão. No entanto, será que o imprevisto entre a vida e a morte
não faz parte da infinita incerteza, na qual vivemos "inocentemente",
convencidos no domínio de todas as galanterias do homem destemido e audaz,
julgando-nos absolutos sobre toda a natureza perdendo-nos no labirinto dos
sonhos a realizar?
É
que às vezes - e são tantas! - estamos mesmo a paredes meias com a finitude.
Podemos
carregar com essa psicose do imprevisto? Claro que não podemos viver com
essa arma sobre a cabeça, o que nos tornaria inaptos e medrosos,
mas temos, isso sim e apenas, a reflexão dos perigos por terra ou
mar, por vezes insuficientes para evitar as quedas da vida.
Até
nisso somos pequenos- mas sonhadores, sim, - se quisermos pensar duas vezes ou
mais na nossa importância por vezes soberba e infundada.
(republicada por Olímpio Fernandes 01set)
https://www.facebook.com/photo/?fbid=3933472663539344&set=gm.1606802670243270&idorvanity=792226898367522
PARA
QUEM TEM FILHOS QUE IRÃO FREQUENTAR O 5º ANO
As
10 Regras Para o Êxito e a Tranquilidade (da criança e dos pais)
Numa
pausa do trabalho de investigação que estou a fazer nesta área para uma
universidade, "tirei uns minutos" para partilhar informação aos EE
que irão ter crianças no 5º ano daqui a duas semanas. São indicações muito
fáceis e simples de cumprir, mas que poderão fazer a diferença!
1.
Na posse dos livros, encapá-los e identificar com o nome, turma e número da
criança (de modo a não marcar o livro);
2.
Organizar o estojo com 1 caneta azul ou preta, 1 caneta encarnada, um lápis HB
(nas papelarias conhecem), para ser mais fácil escrever e apagar, uma borracha
macia (para lápis) e meia dúzia de marcadores (não mais) (cada disciplina
indicará, depois o que necessita);
3.
No horário, sublinhar com caneta fluorescente cada disciplina (fazer, em baixo
a legenda). Assim, a criança verificará melhor quando tem Educação Física,
Português...);
4.
Escrever, na Caderneta do Aluno, o dia em que terá que marcar refeições e para
que dias;
5.
Fazer, com a criança, a pé (se for caso disso) ou de carro, o trajecto que fará
de autocarro (repetir duas ou três vezes);
6.
Fazer uma pequena lista de comportamentos que terá que ter e dos que não poderá
ter, na escola e nas imediações;
7.
Escrever, na Caderneta do Aluno, um horário semanal de estudo, indicando as
horas, as disciplinas e actividades que a criança tenha (na CA para não
dispersar informação);
8.
Conversar com a criança sobre a utilização do telemóvel durante os intervalos:
incidir na necessidade de brincar, de partilhar momentos com os colegas e, se
entender, compensar a criança sobre o "feedback" que esta der
diariamente sobre esta matéria;
9.
Consciencializar para os momentos de estudo com atenção e concentração (a
criança poderá dar "feedback" ao jantar, por exemplo);
10.
Reforçar positivamente (com recompensa) as prestações da criança. Por exemplo:
zero recados negativos na caderneta, durante cada período, valem X pontos; cada
teste Suf; Bom ou MB valerá Y, K ou Z pontos. Estabelecer metas de pontos e
compensações por período lectivo, consoante os pontos alcançados (uma ida ao
cinema, uma bola de futebol, um brinquedo pretendido e acessível
monetariamente...).
Simples!...
(estarei
pronto para ajudar, basta ligarem-me 938360205) (esta proposta está assente na
LBSE - Lei de Bases do Sistema Educativo, preconizando a ligação
escola-família)
TENTÚGAL
Da
pré-nacionalidade ao foral de 1108
Tentúgal, na pré-nacionalidade, já era terra importante. Este facto é comprovado por documentos pertencentes aos Arquivos do Mosteiro de Lorvão, conservados no Livro Preto da Sé de Coimbra. Estes diplomas, publicados no séc. XIX, por Alexandre Herculano, nos seus “Portugaliae Monumenta Historica, Diplomata et Chartae”, são testemunhos que nos ilustram interessantes momentos da história pré-nacional, e onde se encontram provas da ancestralidade de Tentúgal.
Neste
acervo histórico constam várias doações feitas ao mosteiro, destacando-se a seguinte,
que tudo indica tratar-se da mais antiga referência documental sobre Tentúgal, datada
do séc. X: “Rodorigus Abudmundar et uxor ejus testamento legant Monasterio Laurbanensi
uillas Tentugal, Cendelgas, Oleastrelo et alia bona mobilia et immobilia. Liber
Testamentorum ejusdem monasterii textum nobis praebuit./...rodoricus cognomento
abulmundar et uxor mea coraxia... rodorigus in ac testamento manu mea + -
coraxia in ac testamenti manu mea + - petrus abba conf. - eronius test. - valid
test. - hadella test. - iubarius presbiter. - habdelmek test. - abobadella
test. - neuridius test. - zahdon test. - menendo test. - azakri test. - egriz
test.” (DC 68, de 954).
Nos
mesmos documentos, testemunha-se que “Os fâmulos de Deus - Bahri e Trunquilli,
doaram a este mosteiro, no ano de 980, uma herdade em Taveiro e duas igrejas, uma
de S. Pedro e S. Miguel, em Tentúgal e outra em Santa Eulália, na vila do
Arquanio”.
Reputados historiadores escrevem que, nos séculos X e XI, esta povoação, como outras da região, foi dominada ora por muçulmanos ora por cristãos, mencionando que foi reconquistada aos mouros, por Gonçalo Trastamires, em 1034, aquando da tomada das “terras de Montemor”. Porém, só em 1064, Fernando Magno, rei de Leão e Castela, conquistou definitivamente a linha do Mondego, tendo criado um “novo” condado em Coimbra, cujo governo foi doado a D. Sisnando.
Sesnandus,
Sisnandus, Sisnande, Sizinando ou Sisnando Davides, atestado em 1064, falecido
cerca de 1092 (Mattoso, “Nobreza Medieval...”) era filho de um David e de uma Susana.
A Monarchia Lusitana (livro VIII) também dedica algumas páginas ao “Conde e Governador
de Coimbra Dõ Sisnando”. Sabe-se que num seu testamento - feito antes da batalha
que, ao lado do Rei Afonso VI, travou contra os Mouros em Badajoz – Sisnando deixa
à igreja de Mirlaos “a metade da villa de Tentuguel, a qual diz lhe viera por
herança de seus paes”(in Mon. Lusitana). Nascido em Tentúgal, foi raptado por
uma razia de mouros que o levaram (como escravo?) para Sevilha, onde se
converteu ao islão. Apesar da sua condição, fez uma carreira fulgurante
chegando a Vizir de Sevilha. (José Hermano Saraiva “História Concisa de
Portugal”, 1978).
Todavia,
por razões desconhecidas, mudou de novo de religião, convertendo-se (ou reconvertendo-se?)
ao Cristianismo e pôs-se ao serviço de Fernando Magno (1029-1065), rei de Leão
e Castela. Terá então proposto ao rei cristão que reconquistasse Coimbra, ocupada
pelos muçulmanos desde 997, a qual foi efectivamente tomada após um cerco de cerca
de seis meses (1064?). Por mercê de soberano, a cidade passou então a ser
governada por Sisnando, durante quase 30 anos, até à sua morte em 1091 ou 1092.
Entretanto,
casou com Loba Nunes “Aurovelido” (atestado 1071-1074), filha do conde de
Portucale (Nuno Mendes), o qual chefiou uma revolta contra o rei Garcia da Galiza
em 1071, tendo morrido durante uma batalha (em Pedroso, entre Braga e o rio Cávado).
O Rei Afonso VI de Leão (herdeiro do Rei Garcia), concedeu uma parte dos bens confiscados
ao (falecido) Nuno Mendes, à sua filha Loba Nunes e seu marido, aumentando assim
o património governado por Sisnando. Segundo Mattoso (Ricos Homens, Infanções...,
p.34) e a Monarchia Lusitana (citando uma venda que está no livro fidei de Braga),
Sisnando terá doado ou vendido em 1074 a um nobre de segunda categoria (Eita Gosendis)
a maior parte dos bens que tinham sido de Nuno Mendes (os quais acabaram por ser
doados à Sé de Braga em 1103), por não estar disposto a sofrer qualquer
oposição das famílias do Norte.
Afonso
VI de Leão parece ter tido um bom conselheiro em Sisnando, e recompensou-o por
diversas vezes. Assim, vemos Sisnando (acompanhado por Soeiro Mendes da Maia) a
caminho de Toledo, nomeado pelo Rei governador desta cidade (Ricos Homens,
Infanções..., p. 52).
O
governo de Sisnando Davides (Consul Domni Sisnandi) em Coimbra, e terras do “condado
colimbricense”, deve ter sido notável. Repovoou as terras do interior (que se estendiam
desde o Sul do Douro até ao Sul de Coimbra, e desde o mar até Seia, Lousã e Soure),
reconstruiu as muralhas, restaurou a diocese para a qual nomeou um bispo (o
qual esteve na origem da lenda do “bispo negro” de Afonso Henriques, por ter
sido nomeado à revelia de Roma). Resistiu às incursões almorávidas nas
fronteiras do Mondego (1085), utilizando na defesa apenas os recursos regionais
e locais (Ricos Homens, Infanções,..., p.181). Segundo Mattoso, Sisnando seria
um conciliador, com grande capacidade política, pelo que não teria tido
necessidade de um grande potencial bélico para fazer frente às pequenas
“taifas” que ameaçavam o seu condado.
Este
conde moçárabe e governador do território de Coimbra, levantou da completa ruína
vários castelos da região, fazendo simultaneamente o repovoamento de muitas
terras, entre elas a da sua naturalidade – Tentúgal, reconstruindo também a
referida igreja de S. Pedro e S. Miguel. (É tradição oral que havia no largo
das Olaias, ainda no século XIX, um edifício muito velho, mas modificado na sua
arquitectura, com uma janela manuelina, semelhante a outra da casa dos Forjaz
de Sampaio, que teria sido o palácio de D. Sesnando).
A
filha (única?) de Sisnando, Elvira Sisnandes (1087 e seguintes), casou com Martim
Moniz (atestado em 1092-1111), desconhecendo-se se houve filhos. Herdando o governo
de Coimbra, este Martim Moniz, então genro de Sisnando, também teve uma vida aventurosa
(afastado pelos francos - trazidos com Raimundo e Henrique - esteve com o Cid Campeador
em Valência pelos anos 1090, depois, em 1111, com Afonso I de Aragão contra a
rainha D Urraca, e tentou regressar, sem sucesso, a Coimbra em 1115).
Sisnando
usou, na qualidade de senhor do território conimbricense, o título árabe de “alvasil”
ou “wasir”, ao lado dos títulos de “conde”, que era o mais elevado, abaixo de
rei, e de “cônsul”, equivalente ao de regente. Rodeou-se de pessoal
administrativo mozárabe, senão mesmo árabe, e podia facilmente recrutá-lo na
própria cidade. O estilo dos documentos da sua chancelaria, nota Herculano,
reflecte a influência dos documentos muçulmanos congéneres.
Como
se depreende, durante o governo de Sisnando, Coimbra foi um governo separado de
Portugal e da Galiza. Tendo governado até cerca de 1091, foi o responsável não
apenas pela pacificação e defesa do território, mas principalmente pela sua reorganização,
tornando Coimbra um centro florescente, onde a cultura moçárabe viria a conhecer
o seu canto de cisne. O seu túmulo, na Sé Velha de Coimbra, tem o seguinte epitáfio:
“AQUY. JAZ. HUUM. QUE. EM. OUTRO. TENPO. FOY. GRANDE. BAROM / SABEDOR. E.
MUITO. ELOQUENTE. AVOJNDADO. E. RICO. E, AGORA / HE, PEQUENA. CINZA ENCARADA.
EM; ESTE MOIMENTO / E. COM. EL. JAZ. HUUM. SEU.SOBRINHO.DOZ. QUAEZ. HUU / ERA.
JA. VELHO. E. OUTRO. MANCEBO. E. O NOME. DO. TIO / SESNANDO. E. PEDB.O. AVIA.
NOME. O. SOBRINHO...”
D.
Sisnando está perpetuado numa rua de Tentúgal, sua terra natal, e numa outra em
Coimbra, na freguesia de Santo António dos Olivais.
Dois
anos depois da morte de Sisnando, Raimundo de Borgonha, genro de Afonso VI,
intitula-se “senhor de Coimbra e toda a Galiza”, o que parece mostrar a
separação do território de Coimbra de todo o outro além Douro, incluído, sem
distinção, na expressão “Galiza”. Porém, as terras a sul do Douro passam,
entretanto, ao senhorio do Conde D. Henrique, pelo seu casamento com D. Teresa,
filha de Afonso VI. O primeiro título usado pelo conde D. Henrique, pai de
Afonso Henriques, parece ter sido o de “conde de Coimbra” (1095). Mas, pouco
depois, obteve também o governo da Galiza ao Sul do Minho, já então conhecida
por “terra de Portucale”. Este conde e sua mulher, por testamento de Afonso VI,
empreenderam a reconstrução e repovoamento do território, incluindo, entre
outras povoações, a “villae de Tentugal”, tudo indicando que esta povoação foi
privilegiada com uma das primeiras “cartas de povoamento” ou “carta de foral”,
documento concedido pelos condes D. Henrique e D. Tereza, em 1108 (17 de
Fevereiro), privilégio confirmado por esta condessa no ano de 1124.
Em
Tentúgal, das obras henriquinas, resta apenas, diz-se, a velha torre, conhecida
pela Torre do Relógio que, provavelmente, devia ter sido a torre de menagem.
Acerca desta, diz-nos, em 1721, o Padre Luiz Cardoso: “(…) que mostra a torre
haver sido de observação, antigamente, e segundo a tradição vulgar foi
fabricada”pelos mouros”.
É
admirável a dureza do seu material porque sendo muito delgadas as paredes e a uma
altura considerável se acha sem o menor sinal de ruína, sustentando dois sinos,
um da Câmara a outro do relógio”. Na verdade, a torre continua a desafiar o
tempo e a dominar o casario da antiga pátria de D. Sesnando. A porta da torre é
gótica, no género das portas laterais da Igreja Matriz a duma outra da igreja
da Povoa.
Em
2024, assinalam-se 916 anos da carta de foral
Não
sendo pioneira, mas das primitivas, a povoação de Tentúgal usufruiu da sua primeira
carta de foral, no início do séc. XII, não só pela zona estratégica de
povoamento, mas também pela fidalguia dos seus donatários.
Os
senhores do condado portucalense - conde D. Henrique e D. Teresa - por doação de
D. Afonso VI, rei de Leão, na sequência do casamento de D. Teresa, sua filha,
com D. Henrique de Borgonha, outorgaram, a 17 de Fevereiro de 1808, em Sahagún
(?), aquele documento de privilégio e de suma importância para a povoação e
seus habitantes.
“Diz-se
foral ou carta de foral, o diploma concedido pelo rei, ou por um senhorio laico
ou eclesiástico, a determinada terra, contendo normas que disciplinam as
relações dos seus povoadores ou habitantes entre si e destes com a entidade
outorgante.” (Serrão, Joel, in“Dicionário de História de Portugal” Vol III,
Porto 1979).
Concedendo
terras baldias para uso colectivo da comunidade, visando incentivar o povoamento
de terras, a carta de foral estabelecia hierarquias sociais, regulava impostos,
portagens, taxas, multas, direitos de protecção e obrigação militares.
Eis
a “carta de foral de Tentúgal” de 1108, na sua escrita primitiva e num
traslado:
TENTUGAL
1108
Charta
autographa, ex tabularío Coambricensís sedis, nunc in Archivo Publico asservata.
Sub imperio omnipotentis dei qui uerbo creans omnia recte conposuit atque utiliter in suo congadet regno qui cum eodem filio et spiritu sancto unus et quoequalis permanet per numquam finienda seculonum secula. Audiant presentes et futuri uerba relationis huiusmodi. Constittutum est inter uiuentes ul qnidam ex illis sint maiores quidam mediocres alii uero minores alii sint domni alii subiecti et necesse est ut domni prestent hominibus qui sibi seruiunt el qui melius seruierint melins proficiant et magis sustententur de beneficio dominorum suorum. Ego comes Hanricus una cum uxore mea formosíssima tarasia comitissa filia regis domni adcfonsi f…mus uobis homines populatores quos uultis populare tentugal uillam iussu regis domni adefonsi qui iussit eam nobis hedificare el construere, facimus uobis cartam stabilitatis ad habitandum et ad plantandum et ad colendum tali modo ut omnis miles qui ibi fucrit et balestaiis atque montariis uel ceteris hominibus habeant talem licentiam ut faciant de suis rebus ad seniorem que illa imperauerit sicut faciunt omnes homines qui habitant in colimbrie ciuitatem et similiter habeant omnes foros quos in colimbrie currerint. Est confirmatam istud in tempore dominus noster ihesus christus post ressurrectionem suam quo ascendit in maiestatis sue preterito mille centuque XXXX. a VI. es . Regnante pascasio rome papa, bragare Giraldo archiepiscopo, tolete bernardo probissimo archiepiscopo. El quisquis post nos rex hanc comos regina uel comitissa quinquin uir uel mulier de nostris propinquis uel de extrancis hanc stabilitatis cartam uiolarc uelucrimus uel uolucrit et contra hoc quod nos sponte facere iussimus dcstructores esse uoluerimus uel noluerit qnisquis fuerit propinquos aut extraneus segregetur a corpore et sanguine domini et cum iuda traditore demersus in profundum inferni lugeat penam. Hec carta stabilitatis fuit scripta. + Ego hanricus comes uel consul hanc stabilitatis, cartam scribere iussi et manu propria roboraui. Similiter et ego supradicta + dulcissima tarasia predicti regis filia manu propria quicquid supra scriptum est confirmo.
Qui
presentes fuerunt, Annaia test. —Menendus guudisaluiz test. —Saluador recamondiz
test, —Midus za-karias test. —Johannes aurifex test. —Petrus zerac test.
—Petrus
petriz test. —Petrus presbiter scripsit. (in Portugaliae Monumenta)
Carta
de Foral concedida a Tentúgal em 1108
(Traslado)
“Pelo poder de Deus omnipotente, o qual, com a sua palavra, ordenadamente criou todas as coisas e nelas se compraz e que, uno e coigual, com o Filho e Espírito Santo, vivepelos séculos dos séculos.
Ouçam,
presentes e futuros, o conteúdo desta relação. Está estabelecido que, entre os viventes,
uns sejam maiores, outros médios e, ainda outros, mínimos; que haja senhores e súbditos
e que, necessariamente, os senhores presidam aos homens que os servem e que, quanto
melhor forem servidos, mais auxiliem e mais benefícios prestem aos que bem os servirem.
Eu,
Conde Henrique, juntamente com minha mulher, a formosíssima Condessa Teresa, filha
do Rei Dom Afonso, damos a todos os que queiram povoar a vila de Tentúgal que o
dito Dom Afonso nos mandou edificar e construir, carta de estabilidade, para a
habitarem, plantarem e cultivarem de tal forma que todo o cavaleiro, besteiro e
monteiro ou qualquer outro homem que nela morar, tenha, quanto ao senhor da
terra, direitos iguais aos dos habitantes de Coimbra e gozem dos mesmos foros
que nela correrem. Foi esta confirmada no tempo em que N. S. Jesus Cristo subiu
ao Céu, na sua primeira majestade, na era de 1146 (ano de 1108) governando a
Igreja de Deus, em Roma, Pascoal II, em Braga o arcebispo Geraldo e em Toledo o
probíssimo arcebispo Bernardo.
E
todo aquele, rei ou conde, rainha ou condessa, homem ou mulher dos nossos ou
dos estranhos, depois de nós, seja quem for, ou nós mesmos, que tentar quebrar
qualquer destas determinações que espontaneamente mandámos seja separado do
corpo e do sangue do Senhor e, com Judas traidor, sofra o castigo nas profundas
do inferno.
Foi
escrita esta carta de estabilidade. Eu, Conde ou Cônsul Henrique mandei
escrever esta carta de estabilidade e a roborei por minha própria mão.
Igualmente eu, acima referida, a dulcíssima Teresa, filha do dito Rei,
confirmo, por minha própria mão, tudo o supra escrito.
Estiveram
presentes: Annaia, testemunha.- Mendo Gonçalves, test.- Salvador Recamondiz, test.
- Mido Zacarias, test.-João Ourives, test.- Pedro Zerac, test.- Pedro Pires,
test.- Pedro, presbítero a escreveu.”
Recordando
a importância social de Tentúgal ao longo da história, a Junta de Freguesia de
Tentúgal e a Confraria da Doçaria Conventual de Tentúgal prestaram homenagem ao
Conde D. Henrique e D. Teresa, dia 8 de Dezembro de 2008, ano em que se assinalou
os 900 anos da “carta de foral” de Tentúgal, com a celebração de uma missa evocativa,
na Sé de Braga, e deposição de coroa de flores junto dos seus túmulos.
Tratou-se do início de um ciclo de iniciativas, que se prolongaram por 2009,
que pretenderam evocar a primeira carta de foral concedida a Tentúgal.
Um
dos momentos altos do “ciclo das comemorações da carta de foral de Tentúgal” teve
lugar no âmbito do II Grande Capítulo da Confraria realizado nos dias 23 e 24
de Maio de 2009, e por outro momento marcante da iniciativa em Outubro de 2009,
com uma palestra proferida pela docente da Faculdade de Letras da Universidade
de Coimbra, Maria Helena Cruz Coelho, sobre a “História da primeira carta de
foral de Tentúgal”, com uma publicação alusiva, e “A importância de Tentúgal na
Idade Média”.
Aldo
Aveiro, “Tentúgal da pré-nacionalidade...e 900 anos de carta de foral”, escrito
originariamente em 2008, publicado na imprensa e na “Revista Monte Mayor”, em 2009,
adaptada e revista para a Jornal online “A Barcaça”, em 2024.
FIGUEIRA
DA FOZ - A INAUGURAÇÃO DAS PONTES PELO INFANTE D. MANUEL EM 29-8-1907
Foi por concurso público de 30 de julho de 1900 que a empresa francesa Levallois-Perret ganhou a empreitada de construção das duas primeiras pontes sobre a foz do Mondego.
Entre
4 concorrentes, a construção da ponte de madeira sobre o denominado rio de
Lavos foi adjudicada por 19.000:000 reis e a construção da ponte de ferro sobre
o braço principal do Mondego por 208.000:000 reis.
A conclusão das duas pontes demorou 6 anos.
No
dia 15 de dezembro de 1906 foram abertas aos peões e no dia 22 de dezembro
seguinte veio a autorização superior “para também poderem transitar pelas
pontes sobre o Mondego veículos de qualquer espécie”.
As pontes funcionavam há aproximadamente 8 meses quando foram visitadas pelo infante D. Manuel, futuro e último rei de Portugal, em representação de seu pai D. Carlos I.
A
comitiva de D. Manuel veio a cavalo, partindo de Sintra, passando por Torres
Vedras, Caldas da Rainha e Leiria.
O infante saiu de Leiria pelas 5 horas da madrugada, chegou à Figueira da Foz no dia 29 de agosto de 1907, eram 10 horas da manhã, sendo o número dois da comitiva Salvador Correia de Sá e Benevides Velasco da Câmara, oficial-mor da casa real, Par do Reino, 9º Visconde de Asseca desde 25 de julho de 1903.
A
Gazeta da Figueira noticiou esta importante visita:
"Pelas dez horas da manhã de quinta-feira, chegou a esta cidade, vindo de Leiria como previamente anunciámos, o infante D. Manuel, que viajava a cavallo acompanhado do seu ajudante o sr. Visconde de Asseca. Sua Alteza era esperada na ponte, à entrada da cidade pelo sr. administrador do concelho (...) que o acompanharam em automóveis trens e bicycletas até ao Hotel Lisbonense, onde se hospedou. Depois do almoço, dirigiu-se o sr. D. Manuel ao Grande Club Peninsular, assistindo ao concerto que lhe foi dedicado pelo magnífico sextetto que ali funciona. Sua Alteza visitou as differentes instalações do sumptuoso edifício, ficando agradavelmente impressionado. O grande salão do casino achava-se lindamente engalanado, pendendo da galeria que o circunda colchas de seda artisticamente dispostas. O Salão de baile, onde se realizam os concertos, estava completamente apinhado de damas e cavalheiros, tanto da cidade como da colónia balnear. À noite, o Senhor Infante assistiu a parte do espectáculo do Casino Mondego, demorando-se também algum tempo no Peninsular. Retirou hontem em direcção ao Bussaco, sendo acompanhado até próximo de Maiorca".
A
revista Ilustração Portuguesa de 9 de setembro de 1907 também noticiou esta
visita real, publicando quatro fotos da mesma.
Na primeira foto, o infante atravessa a nova ponte sobre o Mondego, na segunda foto mostra-se a chegada à Figueira da Foz, na terceira foto a Real Filarmónica Dez de Agosto saúda o Infante à porta do Hotel Lisbonense e na quarta foto o futuro rei cumprimenta o Administrador do Concelho.
(O
Hotel Lisbonense abriu em julho de 1898, no primeiro edifício a ser construído
no Bairro Novo, situado no gaveto da Rua da Boa Recordação (atualmente Rua
Cândido dos Reis) com a Rua da Inauguração (atualmente Rua da Liberdade).
Pertenceu a Vicente Paramos, galego, que 8 anos antes, em 1890, tinha fundado
nas Caldas da Rainha um Hotel com o mesmo nome, onde D. Carlos I ficava com a
sua família quando ia a termas).
D. Manuel tinha então 17 anos de idade e estudava na Escola Naval, o Presidente da Câmara era o Dr. Joaquim Jardim, o Administrador do Concelho era o Dr. João Martins Pamplona Corte-Real, José Félix Lobo do Amaral o Governador Civil e João Franco o Presidente do Conselho de Ministros.
O
dia 29 de agosto de 1907 foi um dia de festa para os figueirenses, e também
para o Infante D. Manuel, mas o futuro próximo seria agreste para a Câmara
Municipal e trágico para a família real.
Viviam-se
tempos de forte instabilidade política quando em reunião de Câmara de 5 de
junho de 1907 o presidente Dr. Joaquim Jardim expôs a situação em que se
encontrava o país em resultado do Decreto da ditadura de João Franco, o qual
dissolvera a Câmara dos Deputados e suspendera o exercício do sistema
parlamentar.
O Dr. Joaquim Jardim propôs então que a Câmara reclamasse junto do Chefe de Estado “o imediato restabelecimento do regime parlamentar a que está indissoluvelmente ligado o destino da pátria e a sorte das instituições".
Alguns
dias depois, em sessão de 21 de agosto de 1907, a Câmara deliberou chamar de
Avenida José Luciano de Castro à nova avenida que se iniciava no final da
Avenida Saraiva de Carvalho e terminava na ponte em fase de conclusão.
A
Câmara do Dr. Joaquim Jardim homenageava assim o advogado e jornalista, o
político fundador do Partido Progressista, o Deputado e Par do Reino,
Conselheiro de Estado, Diretor-Geral dos Próprios Nacionais, Vogal do Supremo
Tribunal Administrativo, Governador da Companhia Geral do Crédito Predial
Português, Ministro e Presidente do Conselho de Ministros por 3 vezes, a última
de 20-10-1904 a 20-3-1906.
José
Luciano de Castro agradeceria tamanha gentileza da Câmara em carta que lhe
enviou em 4 de setembro de 1907.
Por
sua vez, os seus correligionários e amigos figueirenses ofereceram as duas
lápides em mármore que identificavam a nova avenida, estando por trás desta
oferta o Dr. Joaquim Jardim, o Visconde da Marinha Grande, António Lopes
Guimarães Pedrosa, Francisco Lopes Guimarães, José da Costa Monsanto, Conde de
Felgueiras, João Alfredo Antunes de Macedo Santos, Joaquim Saraiva d’Oliveira
Baptista, Conde de Verride, sucessores de Joaquim António Simões, Francisco
Correia da Cruz, sucessores de Ignácio Augusto Carrisso, Ricardo João Pimentel
Baptista, Visconde de Sousa Prego, Luiz Xavier de Meirelles Vasconcellos, José
Augusto Esteves de Carvalho, Elísio Eleutério Gaspar de Lemos, Victor da Silva
Feitor, Pedro Doria Nazareth, António Alexandre Ferreira Fontes e José Maria
d’Oliveira Mattos.
Acontece que José Luciano de Castro era militante e fundador do Partido Progressista e João Franco militante do Partido Regenerador e depois criador do Partido Regenerador Liberal.
Apesar
do Dr. Joaquim Jardim ser do Partido Regenerador, por revanchismo político a
Câmara Municipal da Figueira foi dissolvida por Decreto de João Franco de 19 de
dezembro de 1907.
Poucos
dias depois aconteceria o regicídio de 1 de fevereiro de 1908, quando D. Carlos
I e o filho D. Luís Filipe foram assassinados no Terreiro do Paço e D. Manuel
ficou ferido num braço.
De
imediato, D. Manuel foi aclamado Rei de Portugal, na Assembleia de Cortes de 6
de maio de 1908, mas o seu reinado foi curto, porque seria deposto a 5 de
outubro de 1910, aquando da implantação da República.
Curioso
é saber que no dia 20 de novembro de 1908 uma delegação da Comissão
Administrativa Municipal, chefiada pelo Dr. Joaquim Jardim, deslocou-se a
Coimbra, onde pelas 11 horas da manhã entregou ao rei D. Manuel II o seguinte
convite:
“Vimos respeitosa e convictamente saudar Vossa Majestade, Chefe deste Portugal tão digno de ser bem governado, tão digno de que um Rei jovem, bom e inteligente como Vossa Majestade a ele se dedique. Permita Vossa Majestade que a municipalidade da Figueira da Foz manifeste a grande satisfação com que receberia a honra da visita de Vossa Majestade no próximo Verão! O afecto com que Vos havemos de receber há de mostrar a Vossa Majestade que se encontra no meio d’uma população leal e dedicada à Sua Augustas Pessoa”.
A
segunda visita de D. Manuel I à Figueira não chegou a concretizar-se porque a
monarquia cairia em 5 de outubro de 1910, e sendo o Palácio das Necessidades
bombardeado, o monarca refugiou-se no Palácio Nacional de Mafra, embarcando no
dia seguinte na Ericeira, donde seguiu para Gibraltar e depois para o Reino
Unido, onde residiu até à sua morte em 2 de julho de 1932.
A
primeira ponte da Figueira era, à época, uma obra de grande dimensão,
assentando em 16 pilares de alvenaria e cantaria, e projetada no gabinete do
engenheiro Eiffel.
Uma
ponte imponente, não fosse o seu “pai” o Eng.º Gustavo Eiffel, o mesmo que
construiu 25 pontes em Portugal, a Torre Eiffel em Paris e a Estátua da
Liberdade em Nova Iorque, e que, curiosamente, tinha vivido em Barcelos, de
1875 a 1877, aquando da construção da ponte D. Maria, no Porto, também de sua
autoria.
A
ponte férrea da Figueira ligou as duas margens do Mondego durante 75 anos, de
1907 a 1982, do restaurante O Covil do Caçador ao posto da Brigada de Trânsito.
Foi
demolida em 1982, após a inauguração da Ponte Eng.º Edgar Cardoso, no dia 12 de
março, quando a Figueira da Foz comemorava os 211 anos de elevação a vila (12
de março de 1771) e os 100 anos de elevação a cidade (20 de setembro de 1882).
Foi longa a caminhada.
Sinuoso o caminho,
cada vez mais distante,
inacessível o fim da
estrada.
Ao longe era o céu,
o infinito, azulando
meu ser perdido na jornada.
Brumosas, as manhãs
ocultavam as promessas
radiosas … onde o
limite
era o infinito.
Envoltos em densa
névoa,
soavam agora
perdidos os meus
sonhos,
perdidamente distantes,
perdidos de mim
perdida eu deles também
…
Cada vez mais distante,
hesitante ainda,
avisto, rompendo a
névoa,
o acenar frouxo
de um tempo que não
foi,
dos momentos perdidos,
dos enganos aceites
leviana e confiadamente
desse amor traiçoeiro …
Ainda sorridente dos
sonhos, à espera da luz
desta vida que foge
e escurece entristecida
no alvorecer de cada
manhã promissora.
Velha, eu?
Sim… já com alguma
idade...
Sinto-me grata por
envelhecer, sentindo-me em cada segundo da vida a mulher mais incrível,
maravilhosa e única!
Sim, única, porque me
respeito e amo, não tendo vergonha do que sou e como sou; tenha os anos que
tiver, esses anos irão sempre abraçar-me e fazer de mim a mulher mais rica do
mundo!
Há duas maneiras de se
ser rico: uma é ter tudo o que sequer, a outra é estar satisfeito com o que se
tem e uma linda família
Por tal sou grata à
minha filha Joana Capinha, ao meu filho João Capinha & Vanessa e minha
netinha Helena,
E um obrigado ao meu
companheiro de viagem, meu marido Capinha Lopes.
Vos amo!
Hoje, faço 61 anos!
Velha, eu?
RECORDAÇÕES DE UMA VIDA
O passado não tem
tempo, nem hora e nem lugar.
Aparece em qualquer
sítio…E ali se deixa ficar!…
Vem do nada…
sorrateiro!…Sem esperarmos a chegada.
Às vezes por um dia
inteiro…. Só parte de madrugada!
Abraça-nos com tal
força…Toma-nos de tal maneira…
Em ondas avassaladoras....
Que trazem algas e conchas…
…E a nossa vida
inteira!
Povoa a nossa cabeça….
De frases e cenas vivas,
De cheiros e de
momentos…. Das nossas vidas
…Perdidas!
Lavei o corpo e as
memórias…com sabonete de amoras.
Deixei que a água
escorresse…pelo meu corpo saudoso
…Nem senti passar as
horas!
Voltará num outro dia,
a bater à minha porta…
A saudade e a
nostalgia…que há tanto tempo eu não via
E que pensava já morta…
São doces recordações,
que todos temos na vida…
São momentos, ilusões,
são tantas as emoções…
Recordações de uma
vida!...
AUTORIA:
ISABEL TAVARES
A Estátua
Taparam-me a janela
Tiraram toda a luz,
Perdi algo, caiu ao chão,
Já nem sei onde o pus…
Cem anos se passaram,
Cem anos de partida,
Cem anos de solidão…
Onde ficou a minha vida?
Um tempo borboleta
Um tempo de ternura
Um tempo só de sonho
Um tempo que perdura…
Um tempo primavera
Um tempo só contigo
Um tempo de aconchego
Um tempo já perdido…
Retorna o choro
tão pesado
De lágrimas cheias
de partida
Estilhaça a alma
em pedaços
Derrama pelo chão
a doce vida
Mas foi à tanto,
mas foi à tanto
Que o tempo de água
só fez sal
A rubra carne
fez em pedra
E o sorriso
se desfez em cal…
A
câmara municipal de Montemor-o-Velho, com políticos e funcionários
arregimentados para a foto, anunciaram o programa das Festas antes designadas
de feira de ano e agora mais parecidas com um festival, no entanto sem nos
dizer quantos milhões vai gastar em mais esta edição gratuita, bem como com as
mordomias dos amigos do costume que desfalcam o erário público e impedem que o
mesmo seja investido naquilo que faz realmente falta no concelho!
Aliás,
para perceber quanto estes gastos com as festas do arroz e da lampreia, do
castelo mágico e agora das festas da Vila prejudicam a edilidade, bastará olhar
à volta e verificar o que não foi feito em prol da população e do
desenvolvimento de todas as freguesias.
Uma
autêntica vergonha!
MÚSICA
LIVROS
Friedrich
Wilhelm Nietzsche nasceu em 15 de outubro de 1844 em Röcken bei
Lützen, um pequeno povo na Prússia (parte da Alemanha de hoje). Seu pai, Carl
Ludwig Nietzsche, era um pregador luterano; ele morreu quando Nietzsche tinha
quatro anos de idade. Nietzsche e sua irmã mais nova, Elisabeth, foram criados
pela sua mãe, Franziska.
Nietzsche frequentou
uma escola preparatória privada em Naumburg e depois recebeu uma educação
clássica na prestigiosa escola Schulpforta. Após graduar-se em 1864, ele foi a
Universidade de Bonn por dois semestres. Ele se mudou para a Universidade de
Leipzig, onde estudou filologia, uma combinação de literatura, linguística e
história.
Ele foi fortemente
influenciado pelos escritos do filósofo Arthur Schopenhauer. Durante seu tempo
em Leipzig, ele iniciou uma amizade com o compositor Richard Wagner, cuja
música ele admirava muito.
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completa dos livros de Friedrich Nietzsche.
Assim falava Zaratustra
Autor: Friedrich Nietzsche
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https://www.infolivros.org/pdfview/1690-assim-falava-zaratustra-friedrich-nietzsche/
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