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quinta-feira, agosto 1

BARCAÇA_46

EDITORIAL

Boa tarde, hoje com início do mês de Agosto docemente e sem grande agitação pela nossa terra já o mesmo não se pode dizer fora de portas, Venezuela está em vias de guerra civil, já a guerra seja da Ucrânia como da Palestina sem fim à vista.

O timoneiro da Barcaça como de costume tráz alguns assuntos do concelho e os nossos colaboradores nas suas rúbricas habituais descrevem-nos seja a história do concelho de Montemor-o-velho como da Figueira da Foz.

Já na música e na literatura as escolhas recaem em autores consagrados da divulgação da escrita de Camões.

Agosto mês de férias das rúbricas políticas, já a pagaiadas de João Amaral seguem com as suas façanhas por terras de Portugal.

Vejamos então: 

Monumentalidade

Mário Silva/Montemor, Fernando Curado/Figueira da Foz e Aldo Aveiro/Carapinheira transporta-nos para outros tempos e factos históricos do nosso património.

Olhares

Carla Henriques vai até ao centro da terra neste caso (espelho meu espelho meu...) “...a força, a paixão, o carinho, a amizade, o amor, a coragem e a luz...)

Crónicas de Viagem

Uma reflexão de António Girão entre o Poder/Arrogância /Lambe botas nas nossas autarquias...

Poesia

Garça Real um poema onde se encontra o amor pelo teatro o amor pelas gentes do CITEC e um obrigado a dois emblemas dos nosso CITEC Carlitos Cunha e Deolindo Pessoa.

Em dia de aniversário Isabel Capinha trouxe-nos (UMA VIDA) onde reflete o que lhe vai na alma.

Já Isabel Tavares em (Há em Nós) diria o “fluir de um rio calmo) como a nossa barcaça.

Mara Kopke entre o sonho e a realidade fala-nos da sua criança que queria ver o mar. 

Música e Livros

Finalizamos como sempre com livros e música esperando sempre que o leitor se delicie com as viagens da Barcaça.

PONTOS SEM FIM

Que diriam os nossos autores consagrados com os estrangeirismos utilizados vezes sem conta pelo estado/autarquias na comunicação simples que deveria ser para que todos entendessem do que se trata, mas em vez disso usam e abusam como letrados para que, mas confuso seja a comunicação e por sua vez se sintam no paraíso como deuses com alguns dos munícipes a bater palmas.

Montemor-o-Velho inaugurou projecto de Birdwatching no Paul do Taipal um investimento superior a 188 mil euros.

Não teria sido mais eficaz se tivessem dito ”Observação de pássaros” Montemor-o-Velho viu esta terça-feira, dia 30 de julho, mais um sonho materializado com a inauguração do projeto "Birdwatching no Paul do Taipal". "Hoje, o concelho de Montemor-o-Velho ganha uma nova infraestrutura que valoriza e preserva o nosso património natural, que proporciona condições únicas para a observação de aves e que vai criar uma nova oferta de turismo de natureza." Para o presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, "este é provavelmente um dos espaços europeus com melhores condições para a observação das aves que aqui habitam, nidificam ou descansam".

Mas também temos boas notícias:

Portugal, Polónia e Dinamarca escolhem Montemor-o-Velho para treinar para os Jogos Olímpicos

As seleções olímpicas de canoagem de Portugal, Polónia e Dinamarca estiveram em Montemor-o-Velho em preparação para os Jogos Olímpicos.

O Centro Náutico de Montemor-o-Velho continua a afirmar-se no panorama desportivo internacional e a ser reconhecido como uma das melhores pistas europeias para a prática de canoagem e de outros desportos náuticos.

Recorde-se que o Centro Náutico de Montemor-o-Velho dispõe de excelentes condições para a prática de canoagem, natação em águas livres, remo e triatlo, oferecendo uma versatilidade excecional para o acolhimento de outras modalidades, como pesca desportiva, ciclismo, automobilismo, motociclismo, aeromodelismo, entre outras. 

Torneio Aberto de Petanca foi um sucesso.

A terceira edição do Torneio Aberto de Petanca voltou a ser um sucesso. Realizada este sábado, dia 27 de julho, no Parque Verde da Ereira, a iniciativa promovida pelo Município de Montemor-o-Velho, em parceria com a Junta de Freguesia da Ereira, voltou a bater o recorde de inscrições, com um total de 15 equipas.

Mas voltemos à realidade, que benefícios o munícipe tem tido nestes três mandatos de PS? Iremos verificar e na próxima Barcaça será divulgado com ajuda da informação disponível. Mas fica aqui alguma informação: Em cumprimento do disposto no Regulamento (CE) n.º 1828/2006, de 08 de dezembro, com as alterações introduzidas pelo Regulamento (CE) n.º 846/2009, de 01 de setembro, pelo Regulamento (UE) n.º 832/2010, de 17 de setembro e pelo Regulamento (UE) n.º 1236/2011, de 29 de novembro, informa-se a todos os interessados, quais os montantes co-financiados, pelos respectivos Programas Operacionais e fundos comunitários associados, dos projectos do Município de Montemor-o-Velho. aqui

Em breve (festas & festarolas) 

[somos muito mais que o que o espelho reflete. muito mais.]

 

Nunca tenhas medo do que o espelho reflete. Muitas vezes, somos os nossos piores críticos, apontando as falhas e as inseguranças que, na verdade, são apenas sombras distorcidas da nossa essência. Tens defeitos. Qualidades. És teimosa. Orgulhosa. Mas ninguém tem um coração como o TEU!

O espelho reflete não só a nossa aparência, mas também a nossa história, as nossas conquistas e os desafios que já superámos. Os medos que vencemos. Cada marca, cada linha, cada ruga conta um capítulo da nossa vida, e é isso que nos torna únicos e especiais.

Orgulha-te de ti! Sempre.

Celebra as tuas vitórias, por menores que sejam, e aprende com as batalhas que travaste. Ri dos teus erros. Chora as tuas alegrias. Cai. Levanta.

A verdadeira beleza está na aceitação e na valorização da tua autenticidade. Do que, verdadeiramente, és.

Para o mundo, poderás ser apenas mais uma pessoa, e és.

Mas para ti mesma, para ti serás sempre uma obra-prima em constante evolução. A mais bonita de todas.

Lembra-te: o reflexo no espelho é só uma parte da tua identidade. Uma parte do que és. O que importa de verdade é o que está dentro de ti – a força, a paixão, o carinho, a amizade, o amor, a coragem e a luz que só tu podes dar e iluminar a quem contigo se cruza!
Capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso [Tojal - Pereira]
Localizada no Tojal, na vila de Pereira, passou de cruzeiro a capela em data incerta, pelo que os moradores colocaram a escultura de Nossa Senhora do Bom Sucesso e passou a ser alvo de devoção dos fiéis. A data que se encontra numa lápide (1147) não nos permite saber se será do cruzeiro ou da capela.

Inicialmente, encontrava-se neste local um oratório onde só cabia a imagem do Santo Cristo, com a frente sempre aberta, para veneração dos fiéis. Era todo de pedra, em forma de nicho, com degraus.

Como o oratório se encontrava em ruína, a população mandou construir uma pequena capela fechada para albergar a dita imagem. Foi assim construído um pequeno edifício, quadrado, com alpendre exterior. Posteriormente, colocaram também nesta capela a imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso, passando a ser esta a sua invocação. 

Fonte:


Crónicas de Viagem

A VERDADE e a MENTIRA de MUITOS AUTARCAS

Um dia, conseguiremos entender a verdade sobre o comportamento de uma elevada percentagem de pessoas com cargos de poder: desde as juntas de freguesia às presidências de república.

Instaurou-se, em Portugal uma estranha (ou não) mania de dois sentidos: o povo que venera estranhamente um autarca e um autarca que olha arrogantemente para o povo. Quando esta situação for anulada, seremos um país civilizado e sério!

Nos países civilizados, é o estado que presta contas: na Suécia, por exemplo, o estado é que envia um documento anual aos cidadãos, a explicar como usa o seu dinheiro.

Em Portugal, temos de preencher um documento sobre o dinheiro que ganhámos nesse ano, sobre os descontos e…ficamos sem saber o que lhe fizeram. Em Portugal, parece haver uma “lei esotérica” que confere a um mero cidadão a divina capacidade de saber tudo, mal entra pela porta de uma junta de freguesia ou de uma câmara municipal, como autarca. Passa a dominar tudo e mais alguma coisa, todos passam a ter a obrigação de o bajular, de lhe lamber as botas, como se tivesse adquirido dons divinos quando, muitas vezes, todos sabemos, nem a sua casa conseguiu governar até aí.

Esses/essas cidadãos/cidadãs é que terão de nos respeitar e tratar de acordo com o grau de exigência que lhes “colocámos às costas” quando os elegemos. Quem pensam eles/elas que são?!... “Cá fora” há pedreiros, há médicos e professores, carpinteiros e enfermeiros, canalizadores e engenheiros, economistas e empregados fabris que desempenham a sua profissão com honra e mérito há dezenas de anos. Eles/elas, quem pensam que são?!... Quem pensam que são, não me importa! Trato-os com educação, como tenho de fazer com toda a gente. Medo deles…isso é o que mais faltava!

Tenho mais do que idade para não ter medo! São eles que têm de me cumprimentar com todo o respeito e estar atento ao que eu possa pensar deles, pois foram eleitos para desempenhar uma função que não se aprende especificamente nas escolas, aprende-se em todo o lado, sobretudo na e com a vida.

Essa prepotência advém do princípio camuflado da incompetência, da arrogância e da mentira. Ou então, vejamos: - “Estou aqui na vossa aldeia, têm de fazer de mim um deus, estou inchado que nem um sapo. Se se portarem bem, faço-vos a vontade de mandar pintar o muro do cemitério! Caso contrário…na aldeia ao lado, lambem-me o cu!”

Honestidade e competência, pois claro!

E, cidadania da melhor!

Vamos lá meter as coisas no seu lugar! Respeito, educação e nada de subserviência!

Ah…e competência, sobretudo! Obviamente, com todo o respeito pelos bons autarcas, que também os haverá!

António Girão

Montemor-o-Velho - 150.º aniversário da Paróquia de Santa Maria d’Alcáçova e S. Martinho 

Igreja de Santa Maria d’Alcáçova no Castelo.

A atual Paróquia Montemor-o-Velho assinalou o 150.º aniversário da sua criação. Por decreto de 30 de Julho de 1874, o então bispo de Coimbra, Dom Manuel Correia de Bastos Pina, unificou as Paróquias de Santa Maria de Alcáçova e São Martinho, constituindo apenas uma paróquia, com a designação de Santa Maria d’Alcáçova e S. Martinho.

Igreja de S. Martinho

Até finais do terceiro quartel do séc. XIX, no foro canónico e, paralelamente, no civil, em diferentes períodos, a vila de Montemor-o-Velho teve cinco paróquias: Santa Maria d’Alcáçova, S. Martinho, São Salvador, São Miguel e Santa Maria Madalena. No séc. XVII, contou ainda com a paróquia de São João do Castelo. Até ao terceiro quartel do séc. XIX sobreviveram, independentes, as paróquias de Santa Maria d’Alcáçova e S. Martinho, embora pastoreadas pelo mesmo presbítero de 1861 a março de 1901.

Frontaria da igreja de S. Martinho com lápide

Dom Frei Álvaro de São Boaventura, 48.º Bispo de Coimbra e 13.º conde de Arganil (1672.08.16-1683.01.19), deslocou-se a Roma, em 1675, numa visita ad sacra Ad limina, naquela veneranda prática que, de cinco em cinco anos, os Bispos residenciais devem efetuar ao Papa, dando-lhe conta da respetiva diocese na perspetiva pastoral, também mediante pormenorizados elementos descritivos.

Lápide

No âmbito do documento apresentado ao Papa Clemente X (Clemens Decimus), inserto no processo “Relationes Ad Limina, 1675”, depositado na Sagrada Congregação do Concílio, no Vaticano, o ordinário diocesano informa que “a paróquia de Santa Maria d’Alcáçova, reitoria de Nossa Senhora da Assunção, é colegiada, sendo reitor Francisco da Silva de Carvalho. O rendimento anual cifrava cento e oitenta cruzados. Tinha sete padres beneficiários e uma população de trezentas pessoas de comunhão e trinta e três de confissão; São Salvador rendia seiscentos cruzados e constava de cento e setenta e uma pessoas de comunhão e dezassete de confissão, e dois sacerdotes; Santa Maria Madalena contava cem cruzados, dois sacerdotes e duzentas e oitenta pessoas de comunhão e vinte e nove de confissão; São João somava duzentos e setenta e cinco cruzados e dezasseis paroquianos; São Miguel recebia duzentos e cinquenta cruzados, cento e noventa e quatro pessoas de comunhão e trinta e nove de confissão; São Martinho dava mil e quinhentos cruzados, tinha treze sacerdotes, mil e trinta e sete pessoas de comunhão e cento e quarenta e cinco de confissão.”

Bispo Dom Frei Álvaro de São Boaventura

Perante as assimetrias desta natureza, que se mantiveram até ao terceiro quartel do séc. XIX, e após a extinção das paróquias de São João do Castelo, em data não apurada e, provavelmente, anexada a Santa Maria de Alcáçova; de São Salvador, em 1841, anexada a S. Martinho; e de Santa Maria Madalena e São Miguel, em 1859, anexadas a Santa Maria d’Alcáçova, Dom Manuel Correia de Bastos Pina, 57.º Bispo de Coimbra e 22.º Conde de Arganil (1872.05.19-1913.11.19), por decreto de 30 de Julho de 1874, criou uma só paróquia para Montemor-o-Velho, aglutinando a de Santa Maria d’Alcáçova, a principal, e a de S. Martinho, a maior do arrabalde, facto atestado na lápide colocada, para tal, na frontaria da igreja de S. Martinho.

Na sua obra “Comemoração dos Novecentos Anos da Igreja de Santa Maria da Alcáçova”, editada em 1995, o Padre Dr. José dos Reis Coutinho refere que “(...) Ambas (as igrejas) têm igual personalidade canónica desde aquele decreto. Na função paroquial e na prestação de serviços pastorais à comunidade nenhuma diferença as separa porque formam um só unificado, que nem o decreto de classificação como monumento nacional - de 16 de Junho de 1911 - pode alterar, porque acima está a Concordata celebrada com o Estado português em 7 de Maio de 1940 (substituída em 2004) e as estipulações acerca do serviço pastoral”.

Dom Manuel Correia de Bastos Pina

E acrescenta no seu livro: "1874, Julho, 30, Montemor - Em cumprimento do decreto do Bispo-Conde, Dom Manuel Correia de Bastos Pina, é executada esta determinação com a colocação de uma lápide de mármore na frontaria da igreja de São Martinho, dizendo que constitui uma só paróquia com a igreja de Santa Maria d’Alcáçova”.

Na data do decreto do Bispo-conde, as duas paróquias aglutinadas já eram acompanhadas pastoralmente pelo presbítero Augusto Pereira Cardote, com o epíteto de reitor, em Alcáçova, e prior em S. Martinho. Este pároco iniciou o seu múnus em 1851 na paróquia de Alcáçova, acumulando S. Martinho a partir de 1861, e continuando nesta nova paróquia de Santa Maria d’Alcáçova e S. Martinho, de 1875 até 1901, exercendo o seu múnus, em terras de Montemor, durante quase 50 anos. O Padre Augusto Pereira Cardote é natural da paróquia do Botão (Coimbra), onde foi batizado a 19 de outubro de 1827 (nascera a 12.10.1827), falecendo com 73 anos de idade, a 5 de Abril de 1901, em Montemor-o-Velho, onde jaz sepultado. 

Registo batismo de Augusto Pereira Cardote

A dupla titularidade no nome da paróquia - Santa Maria d’Alcáçova e S. Martinho - ponderada e decretada por Dom Manuel Correia de Bastos Pina uniu a comunidade paroquial de Montemor-o-Velho e consolidou, ainda mais, a identidade e o simbolismo da instituição, enfatizando a devoção aos padroeiros.

Registo óbito do Padre Augusto Pereira Cardote

A história da paróquia é repleta de momentos de união comunitária, celebrações festivas e um compromisso inabalável com os ensinamentos de Cristo. Não se realizam festejos de destaque em honra de qualquer dos padroeiros, mas a realização de outros momentos litúrgicos realça uma expressão vibrante da cultura local, demonstrando a contínua vivacidade do espírito religioso e comunitário.

Atualmente, a Paróquia não só serve como um centro de fé e esperança para os fiéis, mas também como um testemunho da linhagem espiritual da comunidade paroquial, perpetuando a devoção a Santa Maria d’Alcáçova e S. Martinho e mantendo viva a história de uma sociedade que construiu a sua identidade espiritual entrelaçada com os valores do cristianismo.

Nesta data jubilar dos 150 anos da paróquia de Montemor-o-Velho, que culminou no dia 30 de julho, não houve qualquer manifestação celebrativa do douto decreto - definição pastoral e jurídica - do ordinário do lugar, cujo objeto e objetivo que foram construídos em diálogo com o pároco e forças vivas das comunidades que ora foram aglutinadas para unidas numa só, sob a proteção dos primitivos e tradicionais patronos, percorrerem o caminho da fé em Cristo. Embora fora do ‘ano jubilar’ tal falha ainda poderá ser remediada e (porque não?) receber o atual bispo diocesano a presidir a um ato comemorativo de tal sumptuosa efeméride e até lembrar o trabalho meritório dos párocos que, durante 150 anos, pastorearam esta comunidade, com realce para o padre Augusto Cardote. É importante celebrar as “coisas boas” porque as ruins nem sempre são esquecidas.


Aldo Aveiro, texto escrito originariamente em 2004, reproduzido em 2020, retificado em 2024.


 

FIGUEIRA DA FOZ - O CATITINHA

Um velho enorme, de barbas, sempre vestido de preto, sempre rodeado de crianças, de apito na boca, a mandar parar o trânsito, uma personagem estranha aos olhos de hoje, assim era o Catitinha.

No Verão dos anos 40 passeava pelos areais de várias praias, de Norte a Sul, de Vila Praia de Âncora até à Figueira da Foz, “uma espécie de Deus, que estava em toda a parte”.

Não estava muito tempo no mesmo sítio, porque de repente, sem que nada o fizesse prever, anunciava a partida, e lá ia, sempre de comboio.

Aperaltado, de gravata, de bengala de castão de prata, cabelo crescido e espesso, todo branco, assim era o Catitinha.

Muito fotogénico, parecia um Pai Natal, tez queimada pelo sol, com o seu longo apito de metal, que tocava para controlo do trânsito e para anunciar a sua presença.

O Catitinha parecia imponente, mas dos seus olhos irradiava só bondade, motivo pelo qual as crianças corriam para ele, sem qualquer receio, assim que aparecia.

As famílias convidavam-no para comer e dormir, porque era pessoa educada e de bons costumes, mas o seu terreno preferido eram as praias, onde multidões de crianças o seguiam em algazarra feliz, sempre apitando, só parando para a fotografia da praxe.

Mas ouviam-se histórias estranhas sobre o Catitinha!

Que tinha enlouquecido quando a sua filha única morrera atropelada, e que era por isso que trazia sempre o apito no bolso, o qual apitava freneticamente de cada vez que atravessava a rua com as crianças ao lado, para que todos os carros parassem e não houvesse perigo.

Mas quem era, afinal, o Catitinha?

De seu nome próprio António Joaquim Ferreira, o Catitinha nasceu na freguesia de S. Tiago, no concelho de Torres Novas, em 23 de outubro de 1880, e faleceu em Avanca, no concelho de Estarreja, onde foi sepultado em 9 de abril de 1969.

“Formou-se em Direito e exerceu a profissão de Notário até ao dia em que morreu a sua única filha”.

“Das suas palavras, serenas e bem medidas, saíam conceitos cheios de filosofia, que eu não entendia, mas que os sentia nos rostos extasiados de gafanhões iletrados e pouco viajados. Era o Catitinha, que os fotógrafos da região gostavam de registar para a posteridade”.

“E quando nos falava, como qualquer avô extremoso e sábio, mostrava-nos fotografias das localidades por onde passara, viajando sempre de comboio. Dizia-se, então, que tinha livre-trânsito para poder andar de terra em terra.”

Dizem outros que o Catitinha “nunca se formou em Direito ou coisa parecida. Quando muito, teria o equivalente à época da instrução primária. Notário não foi, mas sim padeiro entre outras profissões diversas (até cavaleiro tauromáquico)”.

“É verdade que a sua única filha morreu. Mas de velha, com cerca de 100 anos, no Lar da Misericórdia da Golegã. Tanto ela como a sua mãe, esposa do Catitinha, viveram quase toda a vida em Riachos, terra onde se fixou quando se casou, que fica a 4 km de Meia Via, praticamente abandonadas pelo António Ferreira que, contava-se, até lhes terá deixado um pezito de meia quando morreu”.

“Muitas das coisas que se contavam acerca dele nunca passaram de mitos, que possivelmente até o próprio terá alimentado, a fim de manter aquela áurea de mistério que havia em redor da sua pessoa, o que lhe permitiria manter aquele modo de vida.»

Eis a história do Catitinha, um homem misterioso de que poucos se lembrarão.

E assim, sem darmos conta, já passaram cinquenta anos …
Muita experiência vivida, muito sonho realizado
mesmo em tempos menos bons, com crises ou desenganos,
tudo foi sempre possível e por todos superado.
Quando em nós há o sonho e uma enorme vontade
tudo se torna possível, tudo se pode fazer.
A nossa eterna união é o segredo dessa capacidade
de dar a volta por cima e continuar a vencer.
A história do CITEC tem o sabor de uma incrível aventura
Sonhada maduramente na juventude dos que aqui estão.
Só assim fomos capazes, em tempos de ditadura,
De lutarmos determinados, conseguindo dizer não.
Recordamos quem já partiu e sem esquecermos ninguém,
ergueremos sempre a nossa voz em torno dos ideais,
reconhecendo o valor e orgulhando-nos de quem
soube estar sempre de pé, fazendo por ser iguais
À força que, por dentro, nos anima constantemente.
Queremos continuar o caminho então começado,
ter essa garra de sempre, realizando no presente
Projetos e ideais com um espírito renovado.

Só falta uma palavrinha e, tal como eu supunha,
Sem querer esquecer ninguém, nem dizer coisas à toa
Vou mesmo agradecer ao nosso Carlitos Cunha,
dizendo um muito obrigado ao Deolindo Pessoa.

UMA VIDA...

 

O tempo não pára,

aprende-se a viver, vivendo.

Cada momento da vida é um desafio constante,

sejam eles bons ou menos bons.

É preciso saber ouvir o coração

É viver intensamente

É sorrir perante as adversidades da vida

É chorar de alegria ao sentir que viver cada segundo de todos os dias é um privilégio!

É olhar com atenção ao redor e ser grata(o) por tudo!

É sentir que cada vida é única e é muito para ser insignificante!

HÁ EM NÓS…

Há em nós…

Uma centelha de luz,

Uma sede de infinito,

A procura da felicidade,

A procura de um caminho,

A procura de um amor…

Que não nos deixe sozinho!

Que apazigue nossa alma,

Que segura a nossa mão,

Que nos fale de magia…

E nos preencha de emoção. 

Que caminhe ao nossos lado,

Que nos faça bem felizes…

Que seja a sombra da árvore,

Que prende as nossas raízes!

Há em nós…

O fluir de um rio calmo,

A paz que nós almejamos.

Acordes de uma sonata…

Onde todos nos perdemos,

E onde nos reencontramos!

Um anoitecer de prata,

Uma lua à nossa espera,

A vida que nos escapa…

Quando morre a primavera!

Uma cascata de flores,

Que nos perfume a alma…

Que se prenda e fique em nós,

Como as folhas de uma hera!

Há em nós…

Um alvorecer de esperança,

Um sonho em cada manhã,

Um sorriso de criança…

Um aroma a maçã verde,

O perfume do limão…

Alguém que é o sol da vida!

Alguém que é como um irmão…

Que fale com as lembranças,

Que temos no coração!...

Há em nós…

A fragilidade do tempo,

Que se esvai num fio de água

Que devagar vai escorrendo…

Uma… lonjura tão perto,

Que se toque com a mão…

Um riso contagiante…

Que é levado pelo vento

E se una a algum coração!

Todo um mar de sentimentos,

Que se apoderam de nós

Que limpem a escuridão

Que eu nunca suportarei…

Porque procuro as estrelas…

Dentro do meu coração!...

Ao longo da manhã,
a criança repetia:
- Eu quero ver o mar
E a Mãe sorria e via
o mar no seu olhar…

Ao longo da tarde
a criança repetia:
-Eu quero ver o mar
Os montes ondulavam e brilhavam
Em verde de encantar

Já o soninho chamando…
a criança repetia
-Eu quero ver o mar
E o sol desfez-se em bronze
Para a criança acalmar
E a tarde fez-se mágica
As flores rendilharam
Uma canção de embalar

Mas… eu…quero… ver… o… mar…

MÚSICA 

Centro Cultural de Belém, Lisboa (2007)


LIVRO

Este romance reproduz a mundividência das terras nortenhas e aproxima o texto ficcional da realidade narrada, numa Beira rural e analfabeta ancorada numa sociedade patriarcal. Misturando erudição com a linguagem popular, Aquilino capta esse ambiente arreigado na religiosidade e na crendice e revela o instinto camponês com todas as superstições e todos os subterfúgios associados à obsessão de propriedade.

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