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sexta-feira, dezembro 30

BARCAÇA 27

 

Amigos

Chegamos ao fim de mais um ano, cheio de alegrias e algumas tristezas, mas chegamos e com isso desejo em primeiro lugar felicitar todos os nossos colaboradores que ao longo deste ano nos fizeram chegar os seus textos as suas visões as suas opiniões.

Sempre atentos ao que nos rodeia, transmitiram os seus olhares sobre a vida, pela palavra com sentimentos com recordação vivida.

Foram muitos momentos e como em tudo na vida chega-se ao fim de mais um ano. Todos deram o seu melhor para enriquecer esta página que honrosamente dedicada às gentes dos Concelhos da Figueira da Foz e de Montemor-o-Velho.

Nesta nossa/vossa edição nº27 com mesmo espírito atento ao que nos rodeia, viajamos na cultura, no desporto, na poesia na política com alegria de vos dar a conhecer seja a monumentalidade e riqueza do nosso espaço histórico, como uma panorâmica pelo desporto regional, também com poemas lindíssimos e opiniões políticas assertivas.

Não colocamos de lado a nossa memória, seja com os contos, com olhares e deixamos sempre a livraria aberta com toque de música.

Figueira da Foz e Montemor-o-Velho nesta simbiose seja de vida e de história tem muito para nos oferecer, mas também tem muito para fazer pelo bem público, deixamos como sempre essas análises e essas memórias aqui bem patentes nesta edição.

E porque a vida passa a correr, chegamos ao fim de 2022 e o 23 está aí à porta, desejo a todos os nossos seguidores, amigos e colaboradores boas leituras e boas entradas neste novo ano que nos vai trazer algumas alegrias são as nossas preces.

Bom Ano 2023

Final de ano muito atribulado e ao mesmo tempo emoção pelos diversos campeonatos no âmbito desportivo, muitas atuações culturais de vária índole e uma mistura de alegria e tristeza que não sabemos quais os seus pesos na nossa vida diária.

Ao longo deste ano acompanhamos várias e foram muitas actividades sejam elas culturais/desportivas/recreativas e o que tinham em comum uma forte componente de luta de sobrevivência.

As tesourarias de todas as colectividades de “província” debatem-se com enormes dificuldades, quando saíram do “Leslie” enfrentaram o “Covid” agora uma "Guerra" que não se vê luz ao fim do túnel, forçou uma retração do consumismo, todos os bens de primeira necessidade sofreram grandes aumentos, deixando os mais desprotegidos que são na sua maioria os que sustentam as associações a ficarem em casa e tratarem das suas próprias finanças.

Todos nós, principalmente os que passaram pelas direções de colectividades, sabem ser criativos para manter as portas abertas mas algumas não aguentaram tais crises e tiveram de fechar portas.

É nosso dever tentar ajudar essas colectividades abrir portas porque são elas que vão perpetuar a nossa cultura os nossos saberes e os nossos sabores.

“Mirando” para dentro e no Concelho de Montemor-o-Velho fico contente, mesmo na distância e como um amigo me disse algum tempo como sabes tanto estando tão longe? Fico contente com a entrega de tantos e tantos dirigentes que fazem das tripas coração para darem aos seus atletas, sócios, simpatizantes tanta oferta e diversificada porque estamos a falar de formação nos Bombeiros, atores no Citec, atletas nos diversos clubes, dirigentes… e essa forma de ser, estar e permanecer está viva.

Hoje e a terminar o ano de dois mil e vinte dois, sinto-me que há muito por fazer mas muito também já foi feito.

Devemos ser solidários e a solidariedade não se cobra pratica-se.

Se praticas o bem, não tenhas medo porque estás no bom caminho, sem necessidade de altares  ou cargos honoríficos com pedestais de barro.

 

Igreja da Misericórdia de Pereira

Em 1498, o Juiz da Confraria de Nossa Senhora da Piedade solicitou ao monarca, D. Manuel I, “Privilégio de Misericórdia”, uma mercê concedida, com Provisão e Compromisso, concretizados no ano de 1574, transformando-se em Irmandade de Misericórdia, constituída por 80 Irmãos.

Construída no século XVIII, a igreja da Misericórdia de Pereira é dedicada a Nossa Senhora da Piedade, numa alusão à primitiva capela onde esteve sediada a Irmandade.

De planta longitudinal, este belo edifício barroco apresenta no seu interior uma única nave com coro-alto, assente sobre colunas, destacando-se os três retábulos em talha dourada, de estilo nacional ou barroco pleno, os azulejos setecentistas feitos em Coimbra, colocados na capela-mor e na nave, e a tribuna dos mesários, suportada por colunas jónicas. Na capela-mor, estão representadas cenas marianas, enquanto o conjunto da nave é dedicado à vida de Cristo.

No exterior da igreja, destacam-se: a torre sineira, dividida em três registos, o central ocupado pelo relógio, e rematada em forma de bolbo rodeada por fogaréus; a Casa do Despacho, em cujo interior se destaca uma tela setecentistas representando a Visitação, com moldura de talha; e a bandeira com a habitual iconografia das Misericórdias, assinada por Antonius Josephus.

A igreja da Misericórdia de Pereira está classificada como Imóvel de Interesse Público.


FIGUEIRA DA FOZ - OS AUTOS PASTORIS

Os «Autos Pastoris» são uma peça teatral, vulgarmente conhecida por «Presépio», sendo a tradição cultural mais antiga da Figueira da Foz.

Esta peça teatral mostra-nos o nascimento de Jesus Cristo, e a sua adoração, num misto de religioso e pagão.

Foi no princípio do século IV que se iniciou a divulgação do nascimento de Jesus Cristo, mas, na Figueira da Foz, os Autos Pastoris datam dos finais do século XVII ou início do século XVIII.

Durante décadas perderam força, tendo ressurgido nos finais do século XIX e no início do século XX. Representavam-se na sede do Rancho do Vapor e atualmente a tradição sobrevive sobretudo à custa da Sociedade Filarmónica Dez de Agosto.

A Sociedade Filarmónica Figueirense, forçada a interromper as representações devido à quase extinção da sua secção cénica, em consequência da derrocada da sede nos anos setenta, retomou recentemente o tradicional «Cortejo da Espera dos Reis Magos» e a representação dos «Autos Pastoris».

Antes das salas de espetáculos, os Autos ocorriam nos chamados “palheiros”, ou “cardenhos”, armazéns amplos que albergavam grande número de espetadores, depois de limpos e ornados com verdura, louro e flores.

Depois de alindados os “palheiros”, montava-se um palco, onde se construía no seu centro uma gruta ou “lapinha”. No restante espaço do palco construía-se uma colina revestida de musgo, por onde passavam os atores, representando pastores e romeiros, transportando oferendas, como cestinhos de queijos, rosários de pinhões, bolos, réstias de alhos e cebolas e pequenos brinquedos para o Menino brincar.

Na “lapinha” encontrava-se o Menino e a Virgem Maria, São José, o burrinho e a vaquinha. Como pano de fundo, uma imagem pintada da cidade de Jerusalém.

O guarda-roupa dos atores era diversificado, o pastor com a “palhoça” às costas, a pastora de colete vermelho e saia de veludo preto, muito ouro no peito e nas orelhas das raparigas, ouro emprestado, claro está.

Os bancos da assistência eram corridos, sem costas, e o preço dos bilhetes ficava ao critério do público, colocando o dinheiro que bem entendesse numa mesa à entrada do salão.

No final do espetáculo, guardava-se o dinheiro suficiente para as despesas e com o restante organizava-se uma bacalhoada para os atores.

Nessa época os Autos não eram ainda divididos em quatro atos, como atualmente, e o espetáculo decorria desde o começo da noite até alta madrugada.

Os atores podiam interromper o espetáculo, quando conveniente, para descansar, e o público aproveitava para devorar as fartas ceias levadas de casa, como filhoses, torta doce das Alhadas, vinho e jeropiga.

Nos intervalos dos Autos discutia-se a atuação dos atores, comia-se, bebia-se, conversava-se e as senhoras chegavam mesmo a fazer renda.

Com o passar dos tempos surgiram as salas de espetáculos, onde os Autos Pastoris foram representados.

Entre 1885 e 1905 existiam na Figueira cerca de 20 associações recreativas que se dedicavam ao Teatro.

Entre as principais salas de espetáculos recordamos o Lisbonense, o José Ricardo, a Sociedade Filarmónica Figueirense (1842), o Teatro Príncipe (1874), a Sociedade Filarmónica 10 de Agosto (1880), o Grémio Lusitano (1882), o Teatro Circo Saraiva de Carvalho (1884), o Grémio Recreativo (1888), o Teatro Operário, o Teatro Nicolau, o Teatro do Pinhal (do Grupo Dramático Recreio Operário), o Teatro Caras Direitas/Teatro Duque (1907), o Teatro Chalet, o Teatro Parque Cine (1907) e o Teatro Trindade (1910).

Algumas das antigas coletividades recreativas do concelho também apresentaram os Autos Pastoris, como a Sociedade Musical Santanense (1894), a Sociedade de Instrução Tavaredense (1904), o Grupo de Instrução Musical da Fontela (1921), o Grupo Recreativo Vilaverdense (1921), o Ateneu Alhadense (1924) e o Grupo de Instrução e Recreio Quiaiense (1934).

O caráter profano foi introduzido no espetáculo e, para além das cenas clássicas do nascimento e da adoração do Menino, surgiu um ato dedicado ao Diabo e várias cenas críticas retiradas da realidade social figueirense, sempre com hilariante participação da assistência, recordando-nos os Autos Pastoris de Gil Vicente (1465-1536), representando diálogos cómicos de pastores.

“Rindo, castigam-se os costumes” é, talvez, uma das frases mais famosas de Gil Vicente, isto é, por meio do humor é possível corrigir os costumes, denunciar a hipocrisia da sociedade, restabelecer a moral e a religiosidade, como acreditava o teatrólogo.

Nas sociedades recreativas burguesas, como a Assembleia Figueirense, o Ginásio Figueirense e o Grupo Dramático Figueirense, os autos pastoris populares e cómicos eram substituídos pelas operetas e pelas comédias, muitas delas de autores locais.

Nos finais de novembro iniciavam-se os ensaios, diariamente, até à véspera de Natal, dia da primeira representação, onde muitos se reencontravam, alguns vindo de longe, complementando as reuniões familiares nos lares e, “para ver os presépios vivos, caía meio mundo na Figueira”.

“Houve tempos - e não vão elles muito longe! - em que aqui, n’esta minha terra querida, se representava o presépio na noite de Natal e n’outras da época que, de geração em geração, nos tem vindo a relembrar a Natividade de Christo. Era uma distração simples, mas reunia ella muitas famílias n’um convívio fraternal, alegre, que nos proporcionava umas horas de satisfação intima”.

“Ia-se ao presépio, revia-se a gente na garbosidade das moças tavaredenses, vestidas a capricho no traje de pastoras, e admirávamos-lhes também as habilidades scenicas, porque ellas quase sempre debutavam n’estes espectáculos... E d’ali, os felizes da sorte, regressavam ao lar, e lá iam rodear a certã onde fervia o azeite com os tradicionais filhós, ou onde o forno transbordava com doces tortas!”

“Era assim que se passava por aqui esta feliz quadra do Natal. E hoje, se é certo que ao estomago dos afortunados não faltam as abundantes consoadas com que se celebra a data natalícia, há no entanto - triste é dize-lo - a falta de qualquer espectáculo que nos recreie o espirito e que venha quebrar um tanto a insipida monotonia d’estas longas noites de Dezembro”. (Gazeta da Figueira – 12-12-1903- retratando o Presépio na terra do teatro).

 


Meu querido 2022,

Desculpa continuar a chamar-te assim, mas ainda não consegui habituar-me a pensar em ti de qualquer outra maneira, mesmo que estejas de partida. Mesmo que nem sempre tenhas sido “querido” para mim.

Foram 12 meses, juntos. 12 meses, intensos. Duros. Muito duros.

Sem descanso.

Cheios de tristezas, mas também de alegrias.

De quedas, mas também de superações.

Meu querido 2022,

Quem te está a escrever não é a mulher que eu hoje sou, mas sim aquela que eu fui ao teu lado e que pretende ficar para trás.

Está na hora ires embora.

Está na hora de levares contigo tudo o que já não me acrescenta.

De levares todas as tristezas e lágrimas que me fizeste verter.

A mágoa. A desilusão.

E me dares algum descanso.

Meu querido 2022,

Escrevo-te para te dizer que te amei, que tentei aproveitar-te ao máximo, que tentei tirar o melhor partido de ti e de mim. Dei-te o melhor de mim, mesmo quando não deste nada em Troca. Foste bem lixado!!

Acredita que, apesar de tudo, foste um capítulo lindo da minha vida.

Nunca te esquecerei e espero que não me esqueças também, que guardes sempre um sorriso na boca quando pensares em mim. Fizestes-me mais forte.

Corajosa.

Resistente.

Meu querido 2022,

Guardarei, com saudade, o melhor de ti. O melhor de mim, contigo. O nosso melhor.

E no meio de tanto caos, tanta bagunça, não deixaste de me dar, alguns, momentos bons.

Muito bons.

Mesmo que até esses tenham acabado por me deixar um enorme amargo na boca.

Uma dor tremenda na alma.

E um coração partido.

Caraças, estou a ficar velha para algumas coisas.

Mas, agora, vai… tenho grandes expectativas para 2023.

Não fiques com ciúmes.

Já cumpriste o teu papel.

Vai.

Despeço-me de ti, 2 dias antes, para poder fechar para balanço e finalmente descansar.

Vai, com a certeza de que cumpriste o teu papel. No fim, saio mais forte e pronta para enfrentar tudo.

E, acima de tudo, cheia de certezas do que quero e não quero mais.

Vá…

Deixa entrar 2023!

Não é por nada, mas vai ser, com toda a certeza, muito melhor que tu!

Assim o que espero.

É que já chega!!!

Não achas?

2023 vai ser aquele ano …

E prometo que vou continuar a sorrir!

Já estou de olhos em ti, 2023.


Ano "Bom

A rapaziada da aldeia juntou lenha e fez uma grande fogueira para a passagem do ano velho para o Ano Novo. 

 Muito felizes e contentes falam de acontecimentos que marcaram o ano que está prestes a expirar.

 O lume arde aquecendo os corpos e as almas e o velhinho relógio da torre da igreja começa a dar onze fortes badaladas anunciando que o ano velho está prestes a conhecer o seu fim,  

 Dada a última badalada os presentes dão conta que vem a chegar perto do lume um estranho pedinte vestido de uma maneira muito estranha. Parece um fidalgo de outros tempos, mas tão roto e esfarrapado que era um dó.

 - Boa noite, rapazes. Diz o ancião.

 - Boa noite, nos dê Deus, respondem os presentes.

 - Que assim seja, que assim seja..., diz o pobre com um brilho nos olhos.

 Todos acharam estranha a maneira como o homem respondeu e também como olhava para o lume.

 Disseram que se chegasse mais ao calor pois a noite estava gelada.

 - A mim não há calor que me aqueça, diz o triste visitante. 

 - A sério? Já não tem sangue nas veias? Diz o mais novo dos rapazes.

 Com os olhos baixos o visitante vai dizendo ao rapazinho que em tempos muito, muito idos, era ele um rico e poderoso senhor, mas também muito mau e amigo de humilhar fosse quem fosse. 

 Uma noite de fim de ano, à muitos, muitos anos atrás, ao dar da meia noite no relógio da sala, um pobre menino vestido de uns míseros farrapos bateu

 à minha porta a pedir lenha para o seu avô velhinho se aquecer. Tinham queimado toda a lenha que tinham e o avô podia morrer de frio.

 Eu, de modo arrogante e brutal mandei o pobrezinho embora sem nada e ameaçando que o matava se lá voltasse a pedir alguma coisa.

 O menino a chorar olhou para trás e disse que eu era um malvado e que não morreria sem conhecer a fome e o frio.

 Palavras não eram ditas e a minha casa começou a arder.

 O fogo consumiu tudo, casa, estábulos, celeiro e tudo o mais que eu possuía e assim fiquei na penúria extrema. Tentei vender as propriedades que tinha e passei uma procuração a um falso amigo que me roubou tudo e eu fiquei na miséria e assim ando de lado para lado até que alguém se compadeça de mim e faça com que eu vá para onde preciso de ir e onde pertenço.

Nisto o relógio começa a dar as doze badaladas e um rapazinho que ouviu a conversa disse:

- Olhe, Nosso Senhor lhe dê Ano Bom!

O velhinho abriu muito os olhos e muito feliz disse:

 - Obrigado, meu amigo! Deus me perdoou e eu cá vou! 

 Logo o velhinho cai no chão e todos ficam a olhar incrédulos. No chão só as velhas roupas. Do corpo nem sinal, mas no ar anda um cheiro a alecrim que a todos inebria.

 Atiram com aquelas roupas para o lume que as consome e de longe se ouve uma voz suave que diz:

 - Um menino o amaldiçoou

-  Um menino o salvou!

Ano Bom para todos! 


Das bateiras á Barcaça

Naveguei nas bateiras no Poço da Cal, no Casal Novo do Rio, ainda rapaz calçado de tamancos ou botas de cano, sobre as águas límpidas do atraente lago, mais tarde um relevante centro piscatório.

Por ali fui feliz e inocente com as minhas gentes de alma sã em corpo são, como escreveu o saudoso poeta e jornalista, Santiago Pinto, fundador do Jornal de Montemor e Correio da Figueira, onde por amizade melhor que a competência fui nomeada às cavalitas como Subdiretor...

Por tudo isto ficou uma mão cheia de boas recordações, fiel ás origens, também lúcidas e nostálgicas, mas de todo valorizadas no meu conceito, como agora acontece na Barcaça, navegando no presente e noutro tempo com temas que nos prendem e motivam na sustentabilidade de onde viemos e o dever de caminharmos agora com as transformações sociais e culturais desta nova época por onde acreditamos que se justificam a partilha de todos os eventos como órgãos de comunicação por Terras de Montemor.

Talvez sonhador nas noites longas da velhice, vivo ainda com a certeza no presente de que precisamos da Barcaça e da MIRAGEM, assim como outras páginas digitais pelo velho Montemor... De tamancos antigamente, de sapatos agora e sempre pelas causas maiores nos portos de abrigo de todos os bairrismos tão necessários em alguns montemorenses, é urgente viver o coletivo e os momentos que depressa nos escapam ... 

Natal


      Não sei porquê, mas cada vez me sinto mais triste com a festa do Natal. E chamo-lhe festa porque a recriação do nascimento de Jesus é sempre motivo de muita alegria. Também vivi essa alegria com a minha inocência de criança quando o Menino Jesus entrava pela chaminé e me deixava no borralho um qualquer presente embora modesto.

Mais tarde nos tempos de juventude de modo diferente mas com a mesma ansiedade eu aguardava esta data única.

Era pelo Natal que eu estreava um vestido, se necessário fosse também um casaco e os sapatos, esses não podiam faltar. Ia à Missa como de costume, mas neste dia para beijar o Menino Jesus, que o Sacerdote retirava do Presépio no fim da Missa e o chegava aos lábios de quem se aproximava do altar e se ajoelhava para proceder a esse ritual.

Pelo meio da tarde havia outro Presépio para visitar, era na Capela do Hospital, obra das Irmãs de Caridade ali residentes em semiclausura e que caprichavam, quase rivalizando com o Presépio da Igreja Paroquial. Ir até ao Presépio do Hospital, para além da curiosidade e poder avaliar qual dos dois estava mais bonito, era também um passeio de muito agrado, era um dia diferente para novos e velhos.

E depois da festa cristã, vinha o divertimento - à noite havia baile no Teatro. Tudo tão simples, mas cheio de significado para mim...

Mais tarde, quando criei a minha própria família eu continuei a viver o Natal e nem sei se não seria com uma alegria ainda maior do que fora outrora. Eu fazia a Árvore de Natal para as minhas filhas, mas não me excluía e o meu entusiasmo era um facto. Nesta altura já não era o Menino Jesus que trazia os brinquedos, mas sim o Pai Natal que os deixava sempre junto da Árvore, que para esse fim era colocada perto duma janela que eu deixava entreaberta (só até elas adormecerem) para ele entrar, visto que não tinha lareira com chaminé.

As minhas filhas na sua inocência, nem por sombras duvidavam da vinda do Homem das barbas brancas, que elas só conheciam das ilustrações nas revistas e na televisão.

Atualmente é censurada esta atitude então usada com as crianças.

Diz-se que eram enganadas. De facto, assim era, mas viviam uma enorme alegria, alegria que nos contagiava também.

Hoje tudo é real, a fantasia voou não existe mais, e a idade da inocência também não.

Mas eu tenho saudades do "meu" Natal.

 

Esqueceram-se de ti Menino Jesus

Ficaste no Presépio abandonado

As ruas resplandecem; tanta luz,

Mas de Natal pouco é o significado.


     Boas Festas! Ouve-se aqui e ali.

Porém Natal cristão já não existe.

Mas o Menino Jesus inda sorri,

Embora o seu sorriso seja triste.

Por vezes,

dou por mim a sentir saudade …

Saudade do que foi,

do que fui…

Saudade de um passado perdido,

saudade do tempo,

desse outro tempo…

Saudade, esse mesmo sentimento

indizível,

mas tão nosso,

tão sentido, tão singular.

Saudade que é ansiedade,

que é recordação,

saudade que deixa em mim

uma só palavra,

essa estranha ansiedade

que nem sei explicar …

SAUDADE, minha saudade!


NATAL!

Natal

Pode ser

Espaço de tempo e renovação

Natal

Pode ser

As pessoas unirem-se em fraternidade

Natal

Pode ser

O que cada um sente

Natal

Pode ser

Uma conversa,

Natal

Pode ser

Um dia após o outro

Natal

Pode ser

Um cântico que se canta

Natal

Pode ser

Um poema que se faz

Natal

Pode ser......

Quando o HOMEM quiser!...


MUDAR DE ANO

 

Já se foi a noite mais doce e terna, aquela que mais amo.

Preparemo-nos agora, com muita fé, para mudar de ano!

Não importam interrogações, incógnitas, frustrações…

Que a luz vença todas as trevas… e inunde todos os corações!

 

Que o sol brilhe, intensamente, e não sintamos solidão dentro de nós.

Que as amizades perdurem na nossa vida e nunca nos deixem sós…

Que auroras, brumas e brisas leves e frescas vindas da imensidão do mar…

Nos encham de energias boas, aqueçam nossas almas e nos façam sonhar!

 

-Que é possível mergulhar bem fundo dentro de nós

-Desenterrar afetos, ternuras e soltar nossa voz…

Para proferirmos palavras gentis...

De amor, de fé e de imensa paz.

Que o perdão chegue até nós e seja... a nossa força motriz!

 

-Que sequemos lágrimas,  desilusões e alguma dor

-Que nos nossos olhos se espelhe o sol e brilhe a luz do amor

-Que os abraços

sejam o laço mais forte que nos envolva

a vida inteira!

 

-Que a vida corra suave como a lenta mansidão da água de uma ribeira!

 

-Que nos encha de amor, amizade, pão e paz

-Que nos traga um mar de saúde, alegria e bonança

-Que se dê todo o amor de que se é capaz

-Que se viva o novo ano, com muita esperança!

 

Já se foi a noite mais doce e terna, aquela que mais amo.

Preparemo-nos agora, com muita fé, para mudar de ano!

Refúgio

Pedi para ficar
Onde o vento não ousa,
Onde o verde repousa,
Onde o ar acaricia…
Pedi para ficar
Longe do clamor do mar
Num céu de azul sem par
Onde o sol alicia…
E nesta paragem ficarei
Até que seque a semente do medo
Lastro inútil que carrego há anos,
Noite eterna do meu degredo
E nesta paragem ficarei
Até que o verde, faça verde o meu olhar
Até que o silêncio entorne a minha alma
E nela me possa deitar…

Personalidade do Ano 2022

Está a chegar ao fim mais um ano e não podíamos deixar de fazer a nossa reflexão sobre os acontecimentos mais marcantes e que assinalaram este 2022.

Tal como aconteceu o ano passado decidi que irei aproveitar a minha coluna de opinião para, no mês de dezembro de cada ano, fazer uma referência à(s) pessoa(s) ou instituição(ões) que acho que mais se destacou(aram) ao longo do ano em Montemor-o-Velho.

Quero ressalvar, mais uma vez, que por falta de conhecimento me possa esquecer de alguém.

Permitam-me que antes de referir a Personalidade Concelhia do Ano que faça uma breve referência aos acontecimentos nacionais e internacionais que mais marcaram ao longo do ano.

A nível internacional que, sem dúvida, que os acontecimentos mais marcantes foram a Guerra na Ucrânia e a Inflação. Tivemos o regresso da guerra à Europa. Esta situação irá para sempre mudar o decurso da História e influenciar a vida de todos nós. Quanto à Inflação, que se tornou mais flagrante com o início da guerra, já está a afetar o nosso dia-a-dia. No custo de vida que cada um de nós tem para ter acesso aos bens essenciais. Ou seja perdemos poder de compra.

Isto permite perspetivar um ano 2023 em que muitas famílias irão ter mais dificuldades para fazer face aos custos mensais.

Já no plano nacional sem dúvida que o acontecimento mais marcante foi a maioria absoluta conseguia por António Costa e pelo partido socialista nas últimas eleições legislativas. Mas para desenvolver isso teremos tempo para ir acompanhando porque, como já percebemos pelos últimos tempos, matéria não irá faltar para analisarmos o desempenho do governo.

Mas voltando para o plano concelhio e à nossa Personalidade do Ano.

Este ano irei destacar todos os comerciantes e feirantes que ainda conseguem manter os seus negócios abertos e a funcionar no concelho de Montemor-o-Velho.

Depois de dois anos de pandemia em que muitos deles foram obrigados a parar o seu negócio, tivemos um ano em que a maioria deles teve de fazer um esforço extra por causa de todos os impostos, falta de apoios e muitos constrangimentos com que se depararam.

As exigências são cada vez maiores mas as contrapartidas são cada vez menores.

Até a própria câmara municipal que em vez de fazer aquilo que lhe compete de apoiar, motivar e incentivar a “alma do seu concelho” como os comerciantes e feirantes, ainda critica e faz exigências estapafúrdias que só afastam ainda mais estes pequenos empresários do seu concelho e das suas gentes.

É de louvar que apesar de tudo isto ainda continuam de “porta aberta” e a serem a imagem de marca do nosso concelho perante tudo e todos.

A todos vocês o meu Muito Obrigado por contarem a ser o nosso cartão-de-visita.

Obrigado pela vossa persistência. Obrigado pela vossa resiliência. Obrigado pelo vosso esforço.

Aproveito ainda para desejar a todos os nossos leitores umas Boas entradas e um bom ano para todos.

Boas Festas!

João Rui Mendes

Bloco de Esquerda 

Saúde para o Novo Ano

Começo por aproveitar a oportunidade e a época para desejar os votos de um Bom Ano Novo para todos e todas, com prosperidade, amor e saúde. Saúde, lá está. Saúde! 

Temos assistido nos últimos meses a um pingar de notícias com novidades, alterações e restruturações do SNS que vão entrecortando as outras, mais insistentes e dramáticas, de erosão e falta de capacidade prestatória dos hospitais e centros de saúde. Essa chuva que vai caindo, aqui e ali, é na realidade a “grande remodelação do Serviço Nacional de Saúde” prometida. Sim, leu corretamente a “grande remodelação do SNS”. 

O primeiro míssil que se abateu sobre o nosso município foi o da integração e internalização no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra do Hospital Arcebispo João Crisóstomo de Cantanhede e Hospital Rovisco Pais – Centro de reabilitação da região centro. Com a notícia de que a Comissão Executiva do SNS iniciou a elaboração do plano de negócios para esta integração, torna-se evidente que estamos perante a formação de uma ULS – Unidade Local de Saúde com escala regional enorme e totalmente centralizada nos Hospitais da Universidade de Coimbra e da sua administração. É um modelo de coordenação que centra tudo no hospital de referência fragilizando e retirando autonomia aos centros de saúde e esvaziando e municipalizando os cuidados primários de saúde. Faremos inevitavelmente parte desta ULS. 

Mas alarguemos o espírito crítico. 

Em 2019 após promessas do Partido Socialista e depois do patrocínio e pressão do Presidente da República para um acordo de regime PS/PSD, fez-se publicar a Lei de Bases da Saúde – Lei 95/2019 de 4 de setembro, que, contudo, não passou de um documento de expressão de lemas e boas vontades sem qualquer conteúdo organizacional, operacional e estruturante, deixando tudo para se fazer à posteriori. 

Seria então racional e previsível que a implementação de reformas, a restruturação do SNS, o organigrama e a forma de gestão e organização fosse alvo de um alargado debate público, de uma ponderação das experiências internacionais e de uma análise cuidadosa dos resultados das inúmeras comissões técnicas que avaliaram ou acompanharam os nossos serviços e diversas experiências de estruturação diversa que foram feitas em várias regiões do país ao longo dos últimos 25 anos. Pois.... Ser, ser, até era! 

Infelizmente não foi isso que aconteceu e a decisão política e técnica não poderá ser senão intuitiva, opinativa e experimental. Tudo o que o SNS menos precisava. 

Mas voltemos à Unidade Local de Saúde (ULS).

Pretende-se integração de serviços ou integração de cuidados?

Ou, dito doutra forma:

Organização matricial ou comando-controlo?

E, de outra forma ainda:

Centralidade das organizações ou dos serviços prestados aos cidadãos?

Ou, ainda e mais outra vez:

Estamos a conciliar o paradigma curativo com o salutogénico? 

Não. Criamos violenta desigualdade de acesso aos cidadãos conforme o seu município e a sua localização. Aumentamos o desequilíbrio salarial entre os profissionais de saúde das diferentes unidades e USFs da ULS. 

“-Mas vai ser bom!” 

Mas como, se as experiências internacionais falharam e se as experiências em Portugal não foram devidamente avaliadas e criticamente comparadas?

Além disso, e segundo vários gurus de gestão - Mintzberg, Drucker, entre outros - o hospital é a empresa mais complexa que a humanidade tem a funcionar. Assim sendo faz sentido que os administradores dos hospitais se concentrem na sua gestão e na melhoria contínua da qualidade e da eficiência onde têm muito a fazer. Também na melhoria da relação com os outros hospitais, sobretudo na sua rede de referenciação, e com a coordenação de cuidados com as USFs e com o apoio que o SNS prescreve. 

Mais, está por provar que nos nossos hospitais se tenha atingido um nível de excelência na gestão, seja na coordenação interna, na diminuição da inapropriação de cuidados, na promoção da cirurgia ambulatória, na definição de objetivos e contratos internos, na avaliação dos serviços, etc.

Soma-se que por natureza da instituição hospitar, esta é inevitavelmente concentradora, intensiva, de tecnologias e outros recursos – todos eles caros; conhecendo-se a imensa dificuldade de desconcentração da gestão/tomada de decisão, hoje ainda como realidade patente nos nossos hospitais; e conhecendo-se, que a gestão única adentro do próprio hospital ainda não conseguiu gerar a “boa articulação” e complementaridade dos próprios serviços que hoje alberga, e que desde sempre o integraram, que resultados poderemos esperar? 

Parece assim óbvio que a transformação dos centros de saúde em serviços-satélite do hospital-sede, fortemente condicionados por uma “voracidade orçamental” dificilmente controlável, e a sua submissão aos “interesses maiores” desse mesmo hospital, não acrescente, mas, sim, retire capacidade e proximidade à prestação pública de saúde do SNS. 

Mais, sim, ainda há mais, como se torna dinâmica e multi-escala uma gestão que centrada no Hospital de Coimbra é integrada por via da CCDR-Centro, esvaziando a ARS-Centro, com nomeações da CIM-Coimbra e participação da Camara Municipal de Montemor-o-Velho na organização da USF do concelho? 

É impossível. É impossível por esta via pugnar pela integração de cuidados, esta implicará uma muito maior sofisticação gestionária uma vez que os gestores terão, necessariamente, que estar capacitados para lidar com as noções de complexidade inerentes à análise e gestão dos sistemas adaptativos complexos, porque lidam com estruturas, fundamentalmente, de gestão do conhecimento. No caso, os hospitais, os centros de saúde e, a acrescentar a complexidade, a efetividade da sua complementaridade. Terão, também, que saber desfocar-se duma abordagem centrada nas instituições para uma análise centrada nas necessidades /satisfação/participação dos cidadãos/ comunidades. 

É minha opinião que a forma como nacionalmente está a ser conduzido o processo é péssima e prescinde de todos os valiosos contributos técnicos e vontades das populações. 

É minha opinião que para o nosso caso de Montemor-o-Velho a integração cega de uma ULS – “Coimbra” levará a uma perda de qualidade e proximidade da “linha da frente” que são os cuidados primários de saúde. 

Faço votos para que o Novo Ano traga luz ao Ministério da Saúde para que se possa fazer uma reforma do SNS que respeite profissionais, populações, territórios, qualidade e capacidade de expansão. 

Pela nossa saúde, pelo nosso precioso Serviço Nacional de Saúde, 

Votos que 2023 seja melhor que 2022.


Quanto ao assunto sobre o qual escolhi escrever, por estar a ser praticamente incontornável nos últimos dias e semanas, optei pela péssima fase que está vivendo o governo, designadamente no que respeita às inúmeras gafes referentes a nomeações de personalidades que, afinal, por esta ou aquela razão, acabam por não reunir as condições de honorabilidade indispensáveis ao desempenho de funções, infelizmente porque, após escrutínio dos pares, da oposição e dos media, não reúnem condições técnicas e politicas, se encontram em situação de conflito de interesses e a serem alvos de processos judiciais ainda em curso.

Como é óbvio, os responsáveis pelo alarme social que tudo isto provoca são em primeiro lugar os próprios indigitados, que escondem os fatos e acabam por sair vexados assim que alguém vem a terreiro denunciar seus eventuais pecados ocultos, provavelmente ainda não provados, a maior parte das vezes absolvíveis, contudo, suficientes para reverter prontamente quaisquer convites ou nomeações precipitadas, tanto mais quanto o estado de maioria absoluta coloca o Partido Socialista e o Governo contra o mundo, como alvos de todas as demais bancadas, bem como do Presidente da República, da Justiça, das Ordens, dos Sindicatos e de todas as Corporações que pululam neste pequeno país cada vez mais enredado dentro de si próprio e das suas inúmeras contradições.

No entanto, não deixa de ser verdade que muitas reivindicações são legítimas e urgentes e que não se percebe na atuação do Governo uma mudança de paradigma que inverta de uma vez por todas as contradições ainda existentes no país, por exemplo a aposta no interior e nos oceanos, o combate à precaridade de algumas classes profissionais, o incremento de habitação condigna para todos, a igualdade de oportunidades, etc.

Sou militante do Partido Socialista desde 1977 e continuarei a sê-lo, por um lado porque não encontro nos outros partidos o mosaico social e a representatividade que este garante, por outro porque não proíbe o contraditório ou expulsa quem discorda e, por último, porque no espectro partidário não encontro melhor. E não serão os maus exemplos que conheço e que agora mesmo poderia criticar que me desviarão do essencial ou farão cindir em Montemor-o-Velho, Nisa, Soure ou outro concelho qualquer.

Eu próprio já fui acusado, julgado na praça pública e diabolizado, atraiçoado por pilantras que julgava meus amigos e a quem proporcionei oportunidades muitíssimo generosas, e mesmo quando fui absolvido por um coletivo de juízes, vi muitos desses supostos amigos, hoje autarcas ou detentores de cargos em diversas entidades, incapazes de me encararem e assumirem a traição que sobre mim cometeram, tendo-se tornado em simples parasitas detentores de poderes que não souberam exercer nem honrar.

Pago as minhas quotas e vou votar quando não se esquecem de me convocar, emito as minhas opiniões livremente e lamento que a Concelhia do meu partido esteja desativada há anos e tenha deixado partir a esmagadora maioria dos militantes como se eles fossem uma ameaça, encerrado sedes e tornado a vida política um exclusivo apenas dos eleitos das freguesias e dos órgãos municipais. Do mesmo modo que me dói o processo judicial que condenou o Nuno Moita, presidente demissionário da Federação de Coimbra do Partido Socialista, a quatro anos de pena suspensa, que o levou a demitir-se pouco tempo depois de ter sido reeleito para novo mandato. Conheço-o, sempre tive boa opinião dele e espero que, tal como eu, seja capaz de provar a sua inocência, estando certo que nesta altura esse será o seu principal objetivo!

Ah, mas não se duvide que no entretanto já estarão em marcha aqueles que na má sorte do outro conjeturam e ambicionam a felicidade própria.


Escolhi este livro, porque conheço a prisão em causa, porque vivi e passava todos os dias diante deste bloco prisional a meio de uma encosta na ida para escola.

Mas também pelas experiências descritas e vividas entre portas com todas a implicações sejam físicas como mentais por quem as vive. Aliado à sua historia neste livro “Memórias na Prisão” vão para ajudar de que bem precisa “Obra Kolping e do Lar de São Francisco.”

Recluso da cadeia de Bragança reedita livro sobre o que o levou à prisão para presentear crianças de duas instituições

Um recluso do Estabelecimento Prisional de Bragança acaba de reeditar o livro "Memórias na Prisão", que escreveu, em 2020, relatando o que o levou à cadeia

O dinheiro angariado com a venda do livro serviu, já no ano passado, para apoiar as pessoas mais carenciadas e este ano, em plena quadra de Natal, a ideia é a mesma, ajudar quem mais precisa.

António Machado explica que este Natal as crianças da Obra Kolping e do Lar de São Francisco vão receber brinquedos e roupa. "Mandei alguém lá perguntar o que precisavam e disseram-me que as crianças precisavam de brinquedos e de vestuário. Já está tudo comprado para ser entregue no dia 24 de dezembro, nas duas instituições. Estamos a vender os livros para esse dinheiro cobrir os gastos. Se sobrar dinheiro, tenho ideia de nesse dia ir à pediatria do hospital de Bragança e levar-me uma prendinha às que lá estão".

No ano passado, quando o livro foi editado, foram apoiadas a delegação de Bragança da Cruz Vermelha Portuguesa e à Casa de Trabalho – Patronato de Santo António. "Quando o livro foi editado, em 2020, os 100 exemplares que havia disponíveis foram todos vendidos e esse dinheiro angariado reverteu todo a favor de outras duas instituições. Doei 1500 euros à Delegação de Bragança da Cruz Vermelha Portuguesa, para reverterem a favor da compra de produtos alimentares, e doei também 200 euros à Casa de Trabalho Dr. Oliveira Salazar – Patronato de Santo António, para se adquirirem bens escolares para as crianças que estão naquela instituição".

Este ano, António Machado vai ainda apoiar, em termos de comida, mas com dinheiro próprio, as pessoas mais carenciadas. "Na prisão temos acesso às notícias e vemos as dificuldades que há lá fora. Apesar dos nossos problemas, temos um prato de comida, todos os dias, à mesa e, por isso, há muita gente pior que nós, que estamos privados de liberdade. Também vou oferecer uma tonelada de alimentos à Cáritas Diocesana de Bragança-Miranda. Soube que a instituição está com um pouco de dificuldade em ter alimentos para distribuir por tanta gente que ali vai pedir ajuda".

Foi na cadeia que o recluso, de 50 anos, escreveu o livro "Memórias na Prisão". Este ano António Machado vai doar vestuário e brinquedos, que já estão comprados e prontos a ser entregues. O dinheiro angariado com a venda do livro servirá para cobrir os gastos. O livro pode ser adquirido no Centro Social e Paroquial de Santo Condestável.

Escrito por Brigantia

Jornalista: Carina Alves

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Observação doMemórias...e outras coisas.

A melhor maneira de colaborarmos com o António Machado, consequentemente com as instituições que ele apoia, para além de divulgarmos a notícia, é comprarmos o livro. O Livro pode ser adquirido no balcão da entrada do Centro Social e Paroquial de Santo Condestável e tem o preço de 8,00 €.

HM




Una palabra no dice nada
Y al mismo time lo hides all
Igual que el viento que esconde el agua
Como las flores que esconde el lodo

Una mirada no dice nada
Y al mismo time lo dice todo
Como la lluvia sobre tu cara
O el viejo mapa de algún tesoro
Como la lluvia sobre tu cara
O el viejo mapa de algún tesoro

Una verdad no dice nada
Y al mismo time lo
hides all Como una hoguera que no se apaga
Como una piedra que nace polvo

Si un día me falta no seré nada
Y al mismo time lo seré todo
Porque en tus ojos están mis alas
Y está la orilla donde me ahogo
Porque en tus ojos están mis alas
Y está la orilla donde me ahogo



Artigo 27.º

1.  Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.

2.  Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.


BARCAÇA_MAIO

  Para garantir a redução do expediente extenuante, os trabalhadores da cidade de Chicago organizaram uma greve para o  1º de maio  de 1886....