Amigos
Chegamos ao fim de
mais um ano, cheio de alegrias e algumas tristezas, mas chegamos e com isso
desejo em primeiro lugar felicitar todos os nossos colaboradores que ao longo
deste ano nos fizeram chegar os seus textos as suas visões as suas opiniões.
Sempre atentos ao que
nos rodeia, transmitiram os seus olhares sobre a vida, pela palavra com
sentimentos com recordação vivida.
Foram muitos momentos
e como em tudo na vida chega-se ao fim de mais um ano. Todos deram o seu melhor
para enriquecer esta página que honrosamente dedicada às gentes dos Concelhos
da Figueira da Foz e de Montemor-o-Velho.
Nesta nossa/vossa
edição nº27 com mesmo espírito atento ao que nos rodeia, viajamos na cultura,
no desporto, na poesia na política com alegria de vos dar a conhecer seja a
monumentalidade e riqueza do nosso espaço histórico, como uma panorâmica pelo
desporto regional, também com poemas lindíssimos e opiniões políticas
assertivas.
Não colocamos de lado
a nossa memória, seja com os contos, com olhares e deixamos sempre a livraria
aberta com toque de música.
Figueira da Foz e
Montemor-o-Velho nesta simbiose seja de vida e de história tem muito para nos oferecer,
mas também tem muito para fazer pelo bem público, deixamos como sempre essas
análises e essas memórias aqui bem patentes nesta edição.
E porque a vida passa
a correr, chegamos ao fim de 2022 e o 23 está aí à porta, desejo a todos os
nossos seguidores, amigos e colaboradores boas leituras e boas entradas neste
novo ano que nos vai trazer algumas alegrias são as nossas preces.
Bom Ano 2023
Final
de ano muito atribulado e ao mesmo tempo emoção pelos diversos campeonatos no
âmbito desportivo, muitas atuações culturais de vária índole e uma mistura de
alegria e tristeza que não sabemos quais os seus pesos na nossa vida diária.
Ao
longo deste ano acompanhamos várias e foram muitas actividades sejam elas
culturais/desportivas/recreativas e o que tinham em comum uma forte componente
de luta de sobrevivência.
As
tesourarias de todas as colectividades de “província” debatem-se com enormes
dificuldades, quando saíram do “Leslie” enfrentaram o “Covid” agora uma "Guerra" que não se vê luz ao fim do túnel, forçou uma retração do consumismo, todos
os bens de primeira necessidade sofreram grandes aumentos, deixando os mais
desprotegidos que são na sua maioria os que sustentam as associações a ficarem
em casa e tratarem das suas próprias finanças.
Todos
nós, principalmente os que passaram pelas direções de colectividades, sabem ser
criativos para manter as portas abertas mas algumas não aguentaram tais crises
e tiveram de fechar portas.
É
nosso dever tentar ajudar essas colectividades abrir portas porque são elas que
vão perpetuar a nossa cultura os nossos saberes e os nossos sabores.
“Mirando”
para dentro e no Concelho de Montemor-o-Velho fico contente, mesmo na distância
e como um amigo me disse algum tempo como sabes tanto estando tão longe? Fico
contente com a entrega de tantos e tantos dirigentes que fazem das tripas
coração para darem aos seus atletas, sócios, simpatizantes tanta oferta e
diversificada porque estamos a falar de formação nos Bombeiros, atores no
Citec, atletas nos diversos clubes, dirigentes… e essa forma de ser, estar e
permanecer está viva.
Hoje
e a terminar o ano de dois mil e vinte dois, sinto-me que há muito por fazer
mas muito também já foi feito.
Devemos
ser solidários e a solidariedade não se cobra pratica-se.
Se
praticas o bem, não tenhas medo porque estás no bom caminho, sem necessidade de
altares ou cargos honoríficos com
pedestais de barro.
Igreja da
Misericórdia de Pereira
Em 1498, o Juiz da Confraria de Nossa Senhora da Piedade solicitou ao monarca, D. Manuel I, “Privilégio de Misericórdia”, uma mercê concedida, com Provisão e Compromisso, concretizados no ano de 1574, transformando-se em Irmandade de Misericórdia, constituída por 80 Irmãos.
Construída no século XVIII, a igreja da Misericórdia de Pereira é
dedicada a Nossa Senhora da Piedade, numa alusão à primitiva capela onde esteve
sediada a Irmandade.
De planta longitudinal, este belo
edifício barroco apresenta no seu interior uma única nave com coro-alto,
assente sobre colunas, destacando-se os três retábulos em talha dourada, de
estilo nacional ou barroco pleno, os azulejos setecentistas feitos em Coimbra,
colocados na capela-mor e na nave, e a tribuna dos mesários, suportada por
colunas jónicas. Na capela-mor, estão representadas cenas marianas, enquanto o
conjunto da nave é dedicado à vida de Cristo.
No exterior da igreja, destacam-se: a torre sineira, dividida em três registos, o central ocupado pelo relógio, e rematada em forma de bolbo rodeada por fogaréus; a Casa do Despacho, em cujo interior se destaca uma tela setecentistas representando a Visitação, com moldura de talha; e a bandeira com a habitual iconografia das Misericórdias, assinada por Antonius Josephus.
A igreja da Misericórdia de Pereira está
classificada como Imóvel de Interesse Público.
FIGUEIRA DA FOZ - OS AUTOS PASTORIS
Os «Autos Pastoris» são uma peça teatral, vulgarmente conhecida por «Presépio», sendo a tradição cultural mais antiga da Figueira da Foz.
Esta peça teatral mostra-nos o nascimento de Jesus Cristo, e a sua
adoração, num misto de religioso e pagão.
Foi no princípio do século IV que se iniciou a divulgação do nascimento de
Jesus Cristo, mas, na Figueira da Foz, os Autos Pastoris datam dos finais do
século XVII ou início do século XVIII.
Durante décadas perderam força, tendo ressurgido nos finais do século XIX e
no início do século XX. Representavam-se na sede do Rancho do Vapor e
atualmente a tradição sobrevive sobretudo à custa da Sociedade Filarmónica Dez
de Agosto.
A Sociedade Filarmónica Figueirense, forçada a interromper as representações devido à quase extinção da sua secção cénica, em consequência da derrocada da sede nos anos setenta, retomou recentemente o tradicional «Cortejo da Espera dos Reis Magos» e a representação dos «Autos Pastoris».
Antes das salas de espetáculos, os Autos ocorriam nos chamados “palheiros”,
ou “cardenhos”, armazéns amplos que albergavam grande número de espetadores,
depois de limpos e ornados com verdura, louro e flores.
Depois de alindados os “palheiros”, montava-se um palco, onde se construía no seu centro uma gruta ou “lapinha”. No restante espaço do palco construía-se uma colina revestida de musgo, por onde passavam os atores, representando pastores e romeiros, transportando oferendas, como cestinhos de queijos, rosários de pinhões, bolos, réstias de alhos e cebolas e pequenos brinquedos para o Menino brincar.
Na “lapinha” encontrava-se o Menino e a Virgem Maria, São José, o burrinho
e a vaquinha. Como pano de fundo, uma imagem pintada da cidade de Jerusalém.
O guarda-roupa dos atores era diversificado, o pastor com a “palhoça” às
costas, a pastora de colete vermelho e saia de veludo preto, muito ouro no
peito e nas orelhas das raparigas, ouro emprestado, claro está.
Os bancos da assistência eram corridos, sem costas, e o preço dos bilhetes ficava ao critério do público, colocando o dinheiro que bem entendesse numa mesa à entrada do salão.
No final do espetáculo, guardava-se o dinheiro suficiente para as despesas
e com o restante organizava-se uma bacalhoada para os atores.
Nessa época os Autos não eram ainda divididos em quatro atos, como
atualmente, e o espetáculo decorria desde o começo da noite até alta madrugada.
Os atores podiam interromper o espetáculo, quando conveniente, para
descansar, e o público aproveitava para devorar as fartas ceias levadas de
casa, como filhoses, torta doce das Alhadas, vinho e jeropiga.
Nos intervalos dos Autos discutia-se a atuação dos atores, comia-se, bebia-se, conversava-se e as senhoras chegavam mesmo a fazer renda.
Com o passar dos tempos surgiram as salas de espetáculos, onde os Autos
Pastoris foram representados.
Entre 1885 e 1905 existiam na Figueira cerca de 20 associações recreativas
que se dedicavam ao Teatro.
Entre as principais salas de espetáculos recordamos o Lisbonense, o José
Ricardo, a Sociedade Filarmónica Figueirense (1842), o Teatro Príncipe (1874),
a Sociedade Filarmónica 10 de Agosto (1880), o Grémio Lusitano (1882), o Teatro
Circo Saraiva de Carvalho (1884), o Grémio Recreativo (1888), o Teatro
Operário, o Teatro Nicolau, o Teatro do Pinhal (do Grupo Dramático Recreio
Operário), o Teatro Caras Direitas/Teatro Duque (1907), o Teatro Chalet, o
Teatro Parque Cine (1907) e o Teatro Trindade (1910).
Algumas das antigas coletividades recreativas do concelho também apresentaram os Autos Pastoris, como a Sociedade Musical Santanense (1894), a Sociedade de Instrução Tavaredense (1904), o Grupo de Instrução Musical da Fontela (1921), o Grupo Recreativo Vilaverdense (1921), o Ateneu Alhadense (1924) e o Grupo de Instrução e Recreio Quiaiense (1934).
O caráter profano foi introduzido no espetáculo e, para além das cenas
clássicas do nascimento e da adoração do Menino, surgiu um ato dedicado ao
Diabo e várias cenas críticas retiradas da realidade social figueirense, sempre
com hilariante participação da assistência, recordando-nos os Autos Pastoris de
Gil Vicente (1465-1536), representando diálogos cómicos de pastores.
“Rindo, castigam-se os costumes” é, talvez, uma das frases mais famosas de
Gil Vicente, isto é, por meio do humor é possível corrigir os costumes,
denunciar a hipocrisia da sociedade, restabelecer a moral e a religiosidade,
como acreditava o teatrólogo.
Nas sociedades recreativas burguesas, como a Assembleia Figueirense, o Ginásio Figueirense e o Grupo Dramático Figueirense, os autos pastoris populares e cómicos eram substituídos pelas operetas e pelas comédias, muitas delas de autores locais.
Nos finais de novembro iniciavam-se os ensaios, diariamente, até à véspera
de Natal, dia da primeira representação, onde muitos se reencontravam, alguns
vindo de longe, complementando as reuniões familiares nos lares e, “para ver os
presépios vivos, caía meio mundo na Figueira”.
“Houve tempos - e não vão elles muito longe! - em que aqui, n’esta minha terra querida, se representava o presépio na noite de Natal e n’outras da época que, de geração em geração, nos tem vindo a relembrar a Natividade de Christo. Era uma distração simples, mas reunia ella muitas famílias n’um convívio fraternal, alegre, que nos proporcionava umas horas de satisfação intima”.
“Ia-se ao presépio, revia-se a gente na garbosidade das moças tavaredenses,
vestidas a capricho no traje de pastoras, e admirávamos-lhes também as
habilidades scenicas, porque ellas quase sempre debutavam n’estes
espectáculos... E d’ali, os felizes da sorte, regressavam ao lar, e lá iam
rodear a certã onde fervia o azeite com os tradicionais filhós, ou onde o forno
transbordava com doces tortas!”
“Era assim que se passava por aqui esta feliz quadra do Natal. E hoje, se é
certo que ao estomago dos afortunados não faltam as abundantes consoadas com
que se celebra a data natalícia, há no entanto - triste é dize-lo - a falta de
qualquer espectáculo que nos recreie o espirito e que venha quebrar um tanto a
insipida monotonia d’estas longas noites de Dezembro”. (Gazeta da Figueira –
12-12-1903- retratando o Presépio na terra do teatro).
Meu querido 2022,
Desculpa continuar a chamar-te assim, mas ainda não consegui habituar-me a
pensar em ti de qualquer outra maneira, mesmo que estejas de partida. Mesmo que
nem sempre tenhas sido “querido” para mim.
Foram 12 meses, juntos. 12 meses, intensos. Duros. Muito duros.
Sem descanso.
Cheios de tristezas, mas também de alegrias.
De quedas, mas também de superações.
Meu querido 2022,
Quem te está a escrever não é a mulher que eu hoje sou, mas sim aquela que
eu fui ao teu lado e que pretende ficar para trás.
Está na hora ires embora.
Está na hora de levares contigo tudo o que já não me acrescenta.
De levares todas as tristezas e lágrimas que me fizeste verter.
A mágoa. A desilusão.
E me dares algum descanso.
Meu querido 2022,
Escrevo-te para te dizer que te amei, que tentei aproveitar-te ao máximo,
que tentei tirar o melhor partido de ti e de mim. Dei-te o melhor de mim, mesmo
quando não deste nada em Troca. Foste bem lixado!!
Acredita que, apesar de tudo, foste um capítulo lindo da minha vida.
Nunca te esquecerei e espero que não me esqueças também, que guardes sempre
um sorriso na boca quando pensares em mim. Fizestes-me mais forte.
Corajosa.
Resistente.
Meu querido 2022,
Guardarei, com saudade, o melhor de ti. O melhor de mim, contigo. O nosso
melhor.
E no meio de tanto caos, tanta bagunça, não deixaste de me dar, alguns,
momentos bons.
Muito bons.
Mesmo que até esses tenham acabado por me deixar um enorme amargo na boca.
Uma dor tremenda na alma.
E um coração partido.
Caraças, estou a ficar velha para algumas coisas.
Mas, agora, vai… tenho grandes expectativas para 2023.
Não fiques com ciúmes.
Já cumpriste o teu papel.
Vai.
Despeço-me de ti, 2 dias antes, para poder fechar para balanço e finalmente
descansar.
Vai, com a certeza de que cumpriste o teu papel. No fim, saio mais forte e
pronta para enfrentar tudo.
E, acima de tudo, cheia de certezas do que quero e não quero mais.
Vá…
Deixa entrar 2023!
Não é por nada, mas vai ser, com toda a certeza, muito melhor que tu!
Assim o que espero.
É que já chega!!!
Não achas?
2023 vai ser aquele ano …
E prometo que vou continuar a sorrir!
Já estou de olhos em ti, 2023.
Ano "Bom
A rapaziada
da aldeia juntou lenha e fez uma grande fogueira para a passagem do ano velho
para o Ano Novo.
Muito
felizes e contentes falam de acontecimentos que marcaram o ano que está prestes
a expirar.
O lume
arde aquecendo os corpos e as almas e o velhinho relógio da torre da igreja
começa a dar onze fortes badaladas anunciando que o ano velho está prestes a
conhecer o seu fim,
Dada a
última badalada os presentes dão conta que vem a chegar perto do lume um estranho
pedinte vestido de uma maneira muito estranha. Parece um fidalgo de outros
tempos, mas tão roto e esfarrapado que era um dó.
- Boa
noite, rapazes. Diz o ancião.
- Boa
noite, nos dê Deus, respondem os presentes.
- Que
assim seja, que assim seja..., diz o pobre com um brilho nos olhos.
Todos
acharam estranha a maneira como o homem respondeu e também como olhava para o
lume.
Disseram
que se chegasse mais ao calor pois a noite estava gelada.
- A mim não há calor que me aqueça, diz o triste
visitante.
- A
sério? Já não tem sangue nas veias? Diz o mais novo dos rapazes.
Com os
olhos baixos o visitante vai dizendo ao rapazinho que em tempos muito, muito
idos, era ele um rico e poderoso senhor, mas também muito mau e amigo de
humilhar fosse quem fosse.
Uma
noite de fim de ano, à muitos, muitos anos atrás, ao dar da meia noite no
relógio da sala, um pobre menino vestido de uns míseros farrapos bateu
à minha
porta a pedir lenha para o seu avô velhinho se aquecer. Tinham queimado toda a
lenha que tinham e o avô podia morrer de frio.
Eu, de
modo arrogante e brutal mandei o pobrezinho embora sem nada e ameaçando que o
matava se lá voltasse a pedir alguma coisa.
O
menino a chorar olhou para trás e disse que eu era um malvado e que não
morreria sem conhecer a fome e o frio.
Palavras
não eram ditas e a minha casa começou a arder.
O fogo
consumiu tudo, casa, estábulos, celeiro e tudo o mais que eu possuía e assim
fiquei na penúria extrema. Tentei vender as propriedades que tinha e passei uma
procuração a um falso amigo que me roubou tudo e eu fiquei na miséria e assim
ando de lado para lado até que alguém se compadeça de mim e faça com que eu vá
para onde preciso de ir e onde pertenço.
Nisto o
relógio começa a dar as doze badaladas e um rapazinho que ouviu a conversa
disse:
- Olhe, Nosso
Senhor lhe dê Ano Bom!
O velhinho
abriu muito os olhos e muito feliz disse:
-
Obrigado, meu amigo! Deus me perdoou e eu cá vou!
Logo o
velhinho cai no chão e todos ficam a olhar incrédulos. No chão só as velhas
roupas. Do corpo nem sinal, mas no ar anda um cheiro a alecrim que a todos
inebria.
Atiram
com aquelas roupas para o lume que as consome e de longe se ouve uma voz suave
que diz:
- Um
menino o amaldiçoou
- Um menino o salvou!
Ano Bom para todos!
Das bateiras á Barcaça
Naveguei nas
bateiras no Poço da Cal, no Casal Novo do Rio, ainda rapaz calçado de tamancos
ou botas de cano, sobre as águas límpidas do atraente lago, mais tarde um
relevante centro piscatório.
Por ali fui
feliz e inocente com as minhas gentes de alma sã em corpo são, como escreveu
o saudoso poeta e jornalista, Santiago Pinto, fundador do Jornal de Montemor e
Correio da Figueira, onde por amizade melhor que a competência fui nomeada
às cavalitas como Subdiretor...
Por tudo isto
ficou uma mão cheia de boas recordações, fiel ás origens, também lúcidas e
nostálgicas, mas de todo valorizadas no meu conceito, como agora acontece na
Barcaça, navegando no presente e noutro tempo com temas que nos prendem e
motivam na sustentabilidade de onde viemos e o dever de caminharmos agora com
as transformações sociais e culturais desta nova época por onde acreditamos que
se justificam a partilha de todos os eventos como órgãos de comunicação por
Terras de Montemor.
Talvez
sonhador nas noites longas da velhice, vivo ainda com a certeza no presente de
que precisamos da Barcaça e da MIRAGEM, assim como outras páginas digitais
pelo velho Montemor... De tamancos antigamente, de sapatos agora e sempre pelas
causas maiores nos portos de abrigo de todos os bairrismos tão
necessários em alguns montemorenses, é urgente viver o coletivo e os
momentos que depressa nos escapam ...
Natal
Não sei porquê, mas cada vez me
sinto mais triste com a festa do Natal. E chamo-lhe festa porque a recriação do
nascimento de Jesus é sempre motivo de muita alegria. Também vivi essa alegria
com a minha inocência de criança quando o Menino Jesus entrava pela chaminé e
me deixava no borralho um qualquer presente embora modesto.
Mais tarde nos tempos de juventude de modo diferente mas com a
mesma ansiedade eu aguardava esta data única.
Era pelo Natal que eu estreava um vestido, se necessário fosse
também um casaco e os sapatos, esses não podiam faltar. Ia à Missa como de costume,
mas neste dia para beijar o Menino Jesus, que o Sacerdote retirava do Presépio
no fim da Missa e o chegava aos lábios de quem se aproximava do altar e se
ajoelhava para proceder a esse ritual.
Pelo meio da tarde havia outro Presépio para visitar, era na
Capela do Hospital, obra das Irmãs de Caridade ali residentes em semiclausura e
que caprichavam, quase rivalizando com o Presépio da Igreja Paroquial. Ir até
ao Presépio do Hospital, para além da curiosidade e poder avaliar qual dos dois
estava mais bonito, era também um passeio de muito agrado, era um dia diferente
para novos e velhos.
E depois da festa cristã, vinha o divertimento - à noite havia
baile no Teatro. Tudo tão simples, mas cheio de significado para mim...
Mais tarde, quando criei a minha própria família eu continuei a
viver o Natal e nem sei se não seria com uma alegria ainda maior do que fora
outrora. Eu fazia a Árvore de Natal para as minhas filhas, mas não me excluía e
o meu entusiasmo era um facto. Nesta altura já não era o Menino Jesus que
trazia os brinquedos, mas sim o Pai Natal que os deixava sempre junto da
Árvore, que para esse fim era colocada perto duma janela que eu deixava
entreaberta (só até elas adormecerem) para ele entrar, visto que não tinha
lareira com chaminé.
As minhas filhas na sua inocência, nem por sombras duvidavam da
vinda do Homem das barbas brancas, que elas só conheciam das ilustrações nas
revistas e na televisão.
Atualmente é censurada esta atitude então usada com as crianças.
Diz-se que eram enganadas. De facto, assim era, mas viviam uma
enorme alegria, alegria que nos contagiava também.
Hoje tudo é real, a fantasia voou não existe mais, e a idade da
inocência também não.
Mas eu tenho saudades do "meu" Natal.
Esqueceram-se de ti Menino Jesus
Ficaste no Presépio abandonado
As ruas resplandecem; tanta luz,
Mas de Natal pouco é o significado.
Boas Festas! Ouve-se aqui e ali.
Porém Natal cristão já não existe.
Mas o Menino Jesus inda sorri,
Embora o seu sorriso seja triste.
Por vezes,
dou por mim a sentir saudade …
Saudade do que foi,
do que fui…
Saudade de um passado perdido,
saudade do tempo,
desse outro tempo…
Saudade, esse mesmo sentimento
indizível,
mas tão nosso,
tão sentido, tão singular.
Saudade que é ansiedade,
que é recordação,
saudade que deixa em mim
uma só palavra,
essa estranha ansiedade
que nem sei explicar …
SAUDADE, minha saudade!
NATAL!
Natal
Pode ser
Espaço de tempo e renovação
Natal
Pode ser
As pessoas unirem-se em fraternidade
Natal
Pode ser
O que cada um sente
Natal
Pode ser
Uma conversa,
Natal
Pode ser
Um dia após o outro
Natal
Pode ser
Um cântico que se canta
Natal
Pode ser
Um poema que se faz
Natal
Pode ser......
Quando o HOMEM quiser!...
MUDAR DE ANO
Já se foi a noite mais doce e terna, aquela que mais
amo.
Preparemo-nos agora, com muita fé, para mudar de ano!
Não importam interrogações, incógnitas, frustrações…
Que a luz vença todas as trevas… e inunde todos os
corações!
Que o sol brilhe, intensamente, e não sintamos
solidão dentro de nós.
Que as amizades perdurem na nossa vida e nunca nos
deixem sós…
Que auroras, brumas e brisas leves e frescas vindas
da imensidão do mar…
Nos encham de energias boas, aqueçam nossas almas e
nos façam sonhar!
-Que é possível mergulhar bem fundo dentro de nós
-Desenterrar afetos, ternuras e soltar nossa voz…
Para proferirmos palavras gentis...
De amor, de fé e de imensa paz.
Que o perdão chegue até nós e seja... a nossa força
motriz!
-Que sequemos lágrimas, desilusões e alguma dor
-Que nos nossos olhos se espelhe o sol e brilhe a luz
do amor
-Que os abraços
sejam o laço mais forte que nos envolva
a vida inteira!
-Que a vida corra suave como a lenta mansidão da água
de uma ribeira!
-Que nos encha de amor, amizade, pão e paz
-Que nos traga um mar de saúde, alegria e bonança
-Que se dê todo o amor de que se é capaz
-Que se viva o novo ano, com muita esperança!
Já se foi a noite mais doce e terna, aquela que mais
amo.
Preparemo-nos agora, com muita fé, para mudar de ano!
Pedi para ficar
Onde o vento não ousa,
Onde o verde repousa,
Onde o ar acaricia…
Pedi para ficar
Longe do clamor do mar
Num céu de azul sem par
Onde o sol alicia…
E nesta paragem ficarei
Até que seque a semente do medo
Lastro inútil que carrego há anos,
Noite eterna do meu degredo
E nesta paragem ficarei
Até que o verde, faça verde o meu olhar
Até que o silêncio entorne a minha alma
E nela me possa deitar…
Personalidade do Ano 2022
Está
a chegar ao fim mais um ano e não podíamos deixar de fazer a nossa reflexão
sobre os acontecimentos mais marcantes e que assinalaram este 2022.
Tal
como aconteceu o ano passado decidi que irei aproveitar a minha coluna de
opinião para, no mês de dezembro de cada ano, fazer uma referência à(s)
pessoa(s) ou instituição(ões) que acho que mais se destacou(aram) ao longo do
ano em Montemor-o-Velho.
Quero
ressalvar, mais uma vez, que por falta de conhecimento me possa esquecer de
alguém.
Permitam-me
que antes de referir a Personalidade Concelhia do Ano que faça uma breve
referência aos acontecimentos nacionais e internacionais que mais marcaram ao
longo do ano.
A
nível internacional que, sem dúvida, que os acontecimentos mais marcantes foram
a Guerra na Ucrânia e a Inflação. Tivemos o regresso da guerra à Europa. Esta
situação irá para sempre mudar o decurso da História e influenciar a vida de
todos nós. Quanto à Inflação, que se tornou mais flagrante com o início da
guerra, já está a afetar o nosso dia-a-dia. No custo de vida que cada um de nós
tem para ter acesso aos bens essenciais. Ou seja perdemos poder de compra.
Isto
permite perspetivar um ano 2023 em que muitas famílias irão ter mais
dificuldades para fazer face aos custos mensais.
Já
no plano nacional sem dúvida que o acontecimento mais marcante foi a maioria
absoluta conseguia por António Costa e pelo partido socialista nas últimas
eleições legislativas. Mas para desenvolver isso teremos tempo para ir
acompanhando porque, como já percebemos pelos últimos tempos, matéria não irá
faltar para analisarmos o desempenho do governo.
Mas
voltando para o plano concelhio e à nossa Personalidade do Ano.
Este
ano irei destacar todos os comerciantes e feirantes que ainda conseguem manter
os seus negócios abertos e a funcionar no concelho de Montemor-o-Velho.
Depois
de dois anos de pandemia em que muitos deles foram obrigados a parar o seu negócio,
tivemos um ano em que a maioria deles teve de fazer um esforço extra por causa
de todos os impostos, falta de apoios e muitos constrangimentos com que se
depararam.
As
exigências são cada vez maiores mas as contrapartidas são cada vez menores.
Até
a própria câmara municipal que em vez de fazer aquilo que lhe compete de
apoiar, motivar e incentivar a “alma do seu concelho” como os comerciantes e
feirantes, ainda critica e faz exigências estapafúrdias que só afastam ainda
mais estes pequenos empresários do seu concelho e das suas gentes.
É
de louvar que apesar de tudo isto ainda continuam de “porta aberta” e a serem a
imagem de marca do nosso concelho perante tudo e todos.
A
todos vocês o meu Muito Obrigado por contarem a ser o nosso cartão-de-visita.
Obrigado
pela vossa persistência. Obrigado pela vossa resiliência. Obrigado pelo vosso
esforço.
Aproveito
ainda para desejar a todos os nossos leitores umas Boas entradas e um bom ano
para todos.
Boas
Festas!
João
Rui Mendes
Bloco de Esquerda
Saúde para o Novo Ano
Começo por aproveitar a oportunidade e a época para desejar os votos de um Bom Ano Novo para todos e todas, com prosperidade, amor e saúde. Saúde, lá está. Saúde!
Temos assistido nos últimos meses a um pingar de notícias com novidades, alterações e restruturações do SNS que vão entrecortando as outras, mais insistentes e dramáticas, de erosão e falta de capacidade prestatória dos hospitais e centros de saúde. Essa chuva que vai caindo, aqui e ali, é na realidade a “grande remodelação do Serviço Nacional de Saúde” prometida. Sim, leu corretamente a “grande remodelação do SNS”.
O primeiro míssil que se abateu sobre o nosso município foi o da integração e internalização no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra do Hospital Arcebispo João Crisóstomo de Cantanhede e Hospital Rovisco Pais – Centro de reabilitação da região centro. Com a notícia de que a Comissão Executiva do SNS iniciou a elaboração do plano de negócios para esta integração, torna-se evidente que estamos perante a formação de uma ULS – Unidade Local de Saúde com escala regional enorme e totalmente centralizada nos Hospitais da Universidade de Coimbra e da sua administração. É um modelo de coordenação que centra tudo no hospital de referência fragilizando e retirando autonomia aos centros de saúde e esvaziando e municipalizando os cuidados primários de saúde. Faremos inevitavelmente parte desta ULS.
Mas alarguemos o espírito crítico.
Em 2019 após promessas do Partido Socialista e depois do patrocínio e pressão do Presidente da República para um acordo de regime PS/PSD, fez-se publicar a Lei de Bases da Saúde – Lei 95/2019 de 4 de setembro, que, contudo, não passou de um documento de expressão de lemas e boas vontades sem qualquer conteúdo organizacional, operacional e estruturante, deixando tudo para se fazer à posteriori.
Seria então racional e previsível que a implementação de reformas, a restruturação do SNS, o organigrama e a forma de gestão e organização fosse alvo de um alargado debate público, de uma ponderação das experiências internacionais e de uma análise cuidadosa dos resultados das inúmeras comissões técnicas que avaliaram ou acompanharam os nossos serviços e diversas experiências de estruturação diversa que foram feitas em várias regiões do país ao longo dos últimos 25 anos. Pois.... Ser, ser, até era!
Infelizmente não foi isso que aconteceu e a decisão política e técnica não poderá ser senão intuitiva, opinativa e experimental. Tudo o que o SNS menos precisava.
Mas voltemos à Unidade
Local de Saúde (ULS).
Pretende-se integração
de serviços ou integração de cuidados?
Ou, dito doutra forma:
Organização matricial
ou comando-controlo?
E, de outra forma
ainda:
Centralidade das
organizações ou dos serviços prestados aos cidadãos?
Ou, ainda e mais outra
vez:
Estamos a conciliar o paradigma curativo com o salutogénico?
Não. Criamos violenta desigualdade de acesso aos cidadãos conforme o seu município e a sua localização. Aumentamos o desequilíbrio salarial entre os profissionais de saúde das diferentes unidades e USFs da ULS.
“-Mas vai ser bom!”
Mas como, se as experiências
internacionais falharam e se as experiências em Portugal não foram devidamente
avaliadas e criticamente comparadas?
Além disso, e segundo vários gurus de gestão - Mintzberg, Drucker, entre outros - o hospital é a empresa mais complexa que a humanidade tem a funcionar. Assim sendo faz sentido que os administradores dos hospitais se concentrem na sua gestão e na melhoria contínua da qualidade e da eficiência onde têm muito a fazer. Também na melhoria da relação com os outros hospitais, sobretudo na sua rede de referenciação, e com a coordenação de cuidados com as USFs e com o apoio que o SNS prescreve.
Mais, está por provar
que nos nossos hospitais se tenha atingido um nível de excelência na gestão,
seja na coordenação interna, na diminuição da inapropriação de cuidados, na
promoção da cirurgia ambulatória, na definição de objetivos e contratos
internos, na avaliação dos serviços, etc.
Soma-se que por natureza da instituição hospitar, esta é inevitavelmente concentradora, intensiva, de tecnologias e outros recursos – todos eles caros; conhecendo-se a imensa dificuldade de desconcentração da gestão/tomada de decisão, hoje ainda como realidade patente nos nossos hospitais; e conhecendo-se, que a gestão única adentro do próprio hospital ainda não conseguiu gerar a “boa articulação” e complementaridade dos próprios serviços que hoje alberga, e que desde sempre o integraram, que resultados poderemos esperar?
Parece assim óbvio que a transformação dos centros de saúde em serviços-satélite do hospital-sede, fortemente condicionados por uma “voracidade orçamental” dificilmente controlável, e a sua submissão aos “interesses maiores” desse mesmo hospital, não acrescente, mas, sim, retire capacidade e proximidade à prestação pública de saúde do SNS.
Mais, sim, ainda há mais, como se torna dinâmica e multi-escala uma gestão que centrada no Hospital de Coimbra é integrada por via da CCDR-Centro, esvaziando a ARS-Centro, com nomeações da CIM-Coimbra e participação da Camara Municipal de Montemor-o-Velho na organização da USF do concelho?
É impossível. É impossível por esta via pugnar pela integração de cuidados, esta implicará uma muito maior sofisticação gestionária uma vez que os gestores terão, necessariamente, que estar capacitados para lidar com as noções de complexidade inerentes à análise e gestão dos sistemas adaptativos complexos, porque lidam com estruturas, fundamentalmente, de gestão do conhecimento. No caso, os hospitais, os centros de saúde e, a acrescentar a complexidade, a efetividade da sua complementaridade. Terão, também, que saber desfocar-se duma abordagem centrada nas instituições para uma análise centrada nas necessidades /satisfação/participação dos cidadãos/ comunidades.
É minha opinião que a forma como nacionalmente está a ser conduzido o processo é péssima e prescinde de todos os valiosos contributos técnicos e vontades das populações.
É minha opinião que para o nosso caso de Montemor-o-Velho a integração cega de uma ULS – “Coimbra” levará a uma perda de qualidade e proximidade da “linha da frente” que são os cuidados primários de saúde.
Faço votos para que o Novo Ano traga luz ao Ministério da Saúde para que se possa fazer uma reforma do SNS que respeite profissionais, populações, territórios, qualidade e capacidade de expansão.
Pela nossa saúde, pelo nosso precioso Serviço Nacional de Saúde,
Votos que 2023 seja
melhor que 2022.
Quanto ao assunto sobre o qual escolhi
escrever, por estar a ser praticamente incontornável nos últimos dias e
semanas, optei pela péssima fase que está vivendo o governo, designadamente no
que respeita às inúmeras gafes referentes a nomeações de personalidades que,
afinal, por esta ou aquela razão, acabam por não reunir as condições de
honorabilidade indispensáveis ao desempenho de funções, infelizmente porque,
após escrutínio dos pares, da oposição e dos media, não reúnem
condições técnicas e politicas, se encontram em situação de conflito de
interesses e a serem alvos de processos judiciais ainda em curso.
Como é óbvio, os responsáveis pelo
alarme social que tudo isto provoca são em primeiro lugar os próprios
indigitados, que escondem os fatos e acabam por sair vexados assim que alguém
vem a terreiro denunciar seus eventuais pecados ocultos, provavelmente ainda
não provados, a maior parte das vezes absolvíveis, contudo, suficientes para
reverter prontamente quaisquer convites ou nomeações precipitadas, tanto mais quanto
o estado de maioria absoluta coloca o Partido Socialista e o Governo contra o
mundo, como alvos de todas as demais bancadas, bem como do Presidente da
República, da Justiça, das Ordens, dos Sindicatos e de todas as Corporações que
pululam neste pequeno país cada vez mais enredado dentro de si próprio e das
suas inúmeras contradições.
No entanto, não deixa de ser verdade que
muitas reivindicações são legítimas e urgentes e que não se percebe na atuação
do Governo uma mudança de paradigma que inverta de uma vez por todas as
contradições ainda existentes no país, por exemplo a aposta no interior e nos
oceanos, o combate à precaridade de algumas classes profissionais, o incremento
de habitação condigna para todos, a igualdade de oportunidades, etc.
Sou militante do Partido Socialista
desde 1977 e continuarei a sê-lo, por um lado porque não encontro nos outros
partidos o mosaico social e a representatividade que este garante, por outro
porque não proíbe o contraditório ou expulsa quem discorda e, por último,
porque no espectro partidário não encontro melhor. E não serão os maus exemplos
que conheço e que agora mesmo poderia criticar que me desviarão do essencial ou
farão cindir em Montemor-o-Velho, Nisa, Soure ou outro concelho qualquer.
Eu próprio já fui acusado, julgado na
praça pública e diabolizado, atraiçoado por pilantras que julgava meus amigos e
a quem proporcionei oportunidades muitíssimo generosas, e mesmo quando fui
absolvido por um coletivo de juízes, vi muitos desses supostos amigos, hoje
autarcas ou detentores de cargos em diversas entidades, incapazes de me
encararem e assumirem a traição que sobre mim cometeram, tendo-se tornado em
simples parasitas detentores de poderes que não souberam exercer nem honrar.
Pago as minhas quotas e vou votar quando
não se esquecem de me convocar, emito as minhas opiniões livremente e lamento
que a Concelhia do meu partido esteja desativada há anos e tenha deixado partir
a esmagadora maioria dos militantes como se eles fossem uma ameaça, encerrado
sedes e tornado a vida política um exclusivo apenas dos eleitos das freguesias
e dos órgãos municipais. Do mesmo modo que me dói o processo judicial que
condenou o Nuno Moita, presidente demissionário da Federação de Coimbra do
Partido Socialista, a quatro anos de pena suspensa, que o levou a demitir-se
pouco tempo depois de ter sido reeleito para novo mandato. Conheço-o, sempre
tive boa opinião dele e espero que, tal como eu, seja capaz de provar a sua
inocência, estando certo que nesta altura esse será o seu principal objetivo!
Ah, mas não se duvide que no entretanto
já estarão em marcha aqueles que na má sorte do outro conjeturam e ambicionam a
felicidade própria.
Escolhi este livro,
porque conheço a prisão em causa, porque vivi e passava todos os dias diante
deste bloco prisional a meio de uma encosta na ida para escola.
Mas também pelas
experiências descritas e vividas entre portas com todas a implicações sejam físicas
como mentais por quem as vive. Aliado à sua historia neste livro “Memórias na Prisão” vão
para ajudar de que bem precisa “Obra Kolping e do Lar de São Francisco.”
Recluso da cadeia de
Bragança reedita livro sobre o que o levou à prisão para presentear crianças de
duas instituições
Um recluso do
Estabelecimento Prisional de Bragança acaba de reeditar o livro "Memórias
na Prisão", que escreveu, em 2020, relatando o que o levou à cadeia
O dinheiro angariado
com a venda do livro serviu, já no ano passado, para apoiar as pessoas mais
carenciadas e este ano, em plena quadra de Natal, a ideia é a mesma, ajudar
quem mais precisa.
António Machado explica
que este Natal as crianças da Obra Kolping e do Lar de São Francisco vão
receber brinquedos e roupa. "Mandei alguém lá perguntar o que precisavam e
disseram-me que as crianças precisavam de brinquedos e de vestuário. Já está
tudo comprado para ser entregue no dia 24 de dezembro, nas duas instituições.
Estamos a vender os livros para esse dinheiro cobrir os gastos. Se sobrar
dinheiro, tenho ideia de nesse dia ir à pediatria do hospital de Bragança e
levar-me uma prendinha às que lá estão".
No ano passado, quando
o livro foi editado, foram apoiadas a delegação de Bragança da Cruz Vermelha
Portuguesa e à Casa de Trabalho – Patronato de Santo António. "Quando o
livro foi editado, em 2020, os 100 exemplares que havia disponíveis foram todos
vendidos e esse dinheiro angariado reverteu todo a favor de outras duas
instituições. Doei 1500 euros à Delegação de Bragança da Cruz Vermelha
Portuguesa, para reverterem a favor da compra de produtos alimentares, e doei
também 200 euros à Casa de Trabalho Dr. Oliveira Salazar – Patronato de Santo António,
para se adquirirem bens escolares para as crianças que estão naquela
instituição".
Este ano, António
Machado vai ainda apoiar, em termos de comida, mas com dinheiro próprio, as
pessoas mais carenciadas. "Na prisão temos acesso às notícias e vemos as
dificuldades que há lá fora. Apesar dos nossos problemas, temos um prato de
comida, todos os dias, à mesa e, por isso, há muita gente pior que nós, que
estamos privados de liberdade. Também vou oferecer uma tonelada de alimentos à
Cáritas Diocesana de Bragança-Miranda. Soube que a instituição está com um
pouco de dificuldade em ter alimentos para distribuir por tanta gente que ali
vai pedir ajuda".
Foi na cadeia que o
recluso, de 50 anos, escreveu o livro "Memórias na Prisão". Este ano
António Machado vai doar vestuário e brinquedos, que já estão comprados e
prontos a ser entregues. O dinheiro angariado com a venda do livro servirá para
cobrir os gastos. O livro pode ser adquirido no Centro Social e Paroquial de
Santo Condestável.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina
Alves
---
Observação doMemórias...e outras coisas.
A melhor maneira de
colaborarmos com o António Machado, consequentemente com as instituições que
ele apoia, para além de divulgarmos a notícia, é comprarmos o livro. O Livro
pode ser adquirido no balcão da entrada do Centro Social e Paroquial de Santo
Condestável e tem o preço de 8,00 €.
HM
Una palabra no dice nada
Y al mismo time lo hides all
Igual que el viento que esconde el agua
Como las flores que esconde el lodo
Una mirada no dice nada
Y al mismo time lo dice todo
Como la lluvia sobre tu cara
O el viejo mapa de algún tesoro
Como la lluvia sobre tu cara
O el viejo mapa de algún tesoro
Una verdad no dice nada
Y al mismo time lo
hides all Como una hoguera que no se apaga
Como una piedra que nace polvo
Si un día me falta no seré nada
Y al mismo time lo seré todo
Porque en tus ojos están mis alas
Y está la orilla donde me ahogo
Porque en tus ojos están mis alas
Y está la orilla donde me ahogo
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente
na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso
científico e nos benefícios que deste resultam.
2. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e
materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua
autoria.
Sem comentários:
Enviar um comentário