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sábado, setembro 30

BARCAÇA_36

 


Barcaça na sua 36 edição dá as boas-vindas ao nosso novo colaborador “João Amaral”.

A guerra continua a fazer a inflação subir e sem final à vista, o poder dos senhores do armamento tem sempre a última palavra.

Nos temas nacionais há grande debate na opinião pública seja na Saúde, Educação, Habitação e as greves são uma constante.

Um Governo que tem oito anos de mandato com maioria absoluta poderia ter ido mais longe, a madeira deu o primeiro sinal retirando oito deputados, veremos como vão decorrer as europeias e depois as seguintes.

Já há tomada de posições de alguns candidatos presidenciais para 2025, mas depois voltaremos ao tema.

Montemor-o-Velho acabou de sair das suas festividades anuais, que foram um sucesso para quem visitou, mas para os Montemorenses há muito a fazer seja na saúde, educação e no associativismo que mantem a chama acesa do nosso concelho.

Em relação aos nossos colaboradores iniciamos mais uma reportagem de tempos idos (anos 60) numa viagem alucinante de três crianças, Figueira da Foz vs Montemor-o-velho, Mário Silva leva-nos até Igreja de Santa Susana na Carapinheira datada 1579?

“...entre dois lados: o direito e o esquerdo” Carla M. Henriques fala de si mesma dos seus filhos dos seus amores, dos sonhos e de esperança.

José Craveiro mais um conto “Salomão e a sabedoria” já António Girão em “Local de Amor” fala-nos da sensibilidade, humanismo e o amor...

Com entrada direta para Barcaça na sua crónica que vai ser “Pagaiada” João Amaral conta-nos o início da canoagem em Montemor-o-Velho numa descrição simples, mas objetiva o antes, durante e o depois.

Aldo Aveiro vai até 1644 aquando do alvará dado à Vila de Pereira por D. João IV – Feira das Comedeiras em Pereira. Que tem lugar no dia 21 de outubro.

António Matos descreve como eram os campos do Baixo Mondego celeiro da região centro.

José Gomes Cruz foi o ilustre Tavaredense escolhido por Fernando Curado que com a sua mestria na descrição dá-nos a sua envolvência seja na Figueira da Foz, Coimbra e o grande contributo que deu à Figueira da Foz.

Repórter Mabor (Olímpio Fernandes) nas suas recordações de uma vida de viagens, mas que sempre volta ao seu porto de abrigo Barca.

Na seção de Poesia temos várias abordagens um adeus a setembro por Garça Real, “O que somos nós” por Isabel Capinha, (SE) a lua, as estrelas, o sol...e tudo o que nos rodeia se juntarem-se e sonhassem?

Mara Kopke aborda os seus silêncios e toca no setembro que se vai.

Nos nossos colaboradores políticos as abordagens são bem diferentes, mas nalguns pontos estão de acordo.

A CASA GRANDE DE ROMARIGÂES é o livro escolhido para esta edição, Aquilino Ribeiro, ...reproduz a mundividência das terras nortenhas...

Um pequeno poema aos 258 anos quando nasceu Bocage e Música “A garota não”

Já na pintura de quadros celebres Júlio Resende que vivei entre 1917-2011)

Desejo a todos boas leituras. 

(continuação do número anterior)

A nossa primeira grande viagem a pé...

Era um dia de verão bem quente, tínhamos ido no RT-74-95 azul até à praia da Figueira da Foz, ficávamos perto da bola nívea ponto de encontro no tempo que não existiam telemóveis.

Depois de longas horas de sol e banhos viemos os três até à marginal ver os fotógrafos de cavalos, os grandes guarda-sóis listados e sem vontade de voltar para praia decidimos por ao caminho. Montemor-o-velho ficava a 18 km pela nº111, sem pressas, mas decididos lá fomos quilometro a quilometro até que cheios de sede paramos em Carritos e uma senhora que tinha uma Nora no seu quintal nos deixou beber água, tinhas percorrido cerca de um terço do trajeto.

Seguimos sempre subindo até ao alto das Alhadas e na descida aproveitamos para beber mais água no fontanário à beira da estrada. Chegados a Maiorca podemos finalmente nas pontes avistar o Castelo destino da nossa aventura.

As cinco pontes foram uma eternidade, nessa altura tinha 8 anos 7 anos 6 anos os meus irmãos, a mais nova tinha ficado com os meus pais na praia da Figueira. Depois mais uma pequena subida e chegávamos a Quinhendros, mas faltava ainda um pouco até chegar à rua Abade João em Montemor-o-Velho.

Chegados aí, logo as minhas tias perguntaram onde estava os nossos pais, ao que dissemos tinham ficado na Figueira, aflitas porque nesse tempo como disse não havia telemóveis aguardamos pela chegada dos nossos pais que só voltaram tarde devido a terem andado a percorrer a Figueira à nossa procura.

O melhor estava para chegar, assim que chegaram e viram-nos em casa houve um misto de alegria e de raiva, alegria para o meu Pai mas a raiva chegou bem depressa ao chinelo da minha mãe.

Nunca mais tivemos juntos tamanha aventura, mas será daí que nasceu o prazer de viajar o que fiz só várias vezes e mais tarde acompanhado, mas fica para próxima crónica.


Igreja de Santa Susana – Carapinheira – Parte II

O não cumprimento das obrigações, constam de uma nova informação enviada ao promotor do bispado de Coimbra, em 22 de abril de 1773, pelo cura António Jorge Matos, nos seguintes termos: “(…) os pobres moradores desta freguesia com suas esmolas e asistensias do mais necesario, fizerão esta igreja com bastante grandeza, na qual se celebrão os officios Divinos desde o anno de 1579(?) a esta parte e achase ainda necesitada de muitas couzas para mais perfeissão da dita obra que por imposibilide não fazem por andarem todos arastados e pobres pellas muitas perdas que tem tido neste campo, e asim se acha feita a dita obra desde o anno sem capella mor, no que tem muita imperfeisão pello que tem havido muitas queixas deste povo em vezita de que ficarão os cappitulos incluzos de que não rezultou thé o prezente couza algũa, ouvirem desta freguesia muitos queixosos de estarem pagando os seis dízimos, e não concorrem as pessoas que os recebem com o necessário e precizo para assistencia do Culto Divino, cuja obrigação pertense ao Illustrissimo Bispo de Lamego que Deus haja e o Reverendo Prior da igreja de São Miguel da villa de Montemor-o-Velho de quem esta igreja hé anexa os quais são obrigados a mandar fazer a dita capella mor com que cada hum persebe os fructos porquanto de nove alqueires de pão pertence ao Reverendissimo Cabbido 3 alqueires e dos 6 que ficam sam 2 para o Reverendo Prior e os 4 que ficão para quem cobrar a renda dos prestimónios e assim devem concorrer com os gastos pella mesma forma de partilha (...).” [Instituições Pias, AUC].

As diferentes obras e intervenções ao longo dos séculos, nomeadamente em 1720, 1739 e 1799, contribuíram para a edificação de um espaçoso templo, a maior igreja de uma só nave em terras do Baixo-Mondego. A fachada principal é traçada em linhas neoclássicas e sobre o portal de frontão curvo está a janela do corpo com cornija em ângulo rematado por óculo central elevado acima da linha do telhado. A torre sineira, à esquerda, com as ventanas, sinos e relógio, é obra conclusa em 1830 aquando das reformas do corpo e capela-mor da igreja. O interior é amplo, simples e nele se encontram o altar-mor e os colaterais dedicados a Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Graça e Nossa Senhora do Rosário. Ladeando o altar-mor está a Imagem da Padroeira, Santa Susana, e de Nossa Senhora da Conceição. Nas paredes laterais estão as imagens escultóricas de Santa Luzia, S. Francisco, S. Sebastião e S. António, um painel da padroeira, apeado do altar-mor, e os quadros da Via-sacra. O coro alto, com acesso interior sobre o Batistério, fica sobre o tapa-vento. Numa pequena capela à entrada, do lado esquerdo do tapa-vento, está a Pia Batismal de pedra decorada, do Séc. XVIII. [Inventário Artístico de Coimbra, 1953].

No corpo da igreja, do lado do Evangelho, está o púlpito, e rasgam-se duas capelas: a Capela das Almas, também conhecida por Capela do Senhor Morto, a seguir à entrada para o coro alto, cujo retábulo é um painel em baixo-relevo mostrando o “Julgamento Final” – na banqueta do altar encontra-se a imagem do “Senhor Morto”; e, depois do altar de Nossa Senhora do Rosário, a capela do Santíssimo Sacramento, com arco e abóbada de carteias em pedra do Séc. XVII e retábulo barroco. O teto desta capela é antigo “o qual era de cantaria composta de 12 florões em relevo imulduras da mesma cantaria...” e é proveniente de uma antiga capela de Nossa Senhora “Ágoa de Lupe”, da Póvoa de Santa Cristina. O retábulo foi comprado em Coimbra e a pintura e douramento realizou-a António Eliseu pela quantia de 18$000 réis). [Francisco Correia Lopes, Carapinheira].

Mário Silva

 

Fonte: https://pcarapinheira.webnode.page/a-igreja/


 

[ Meu coração entre dois lados: o direito e o esquerdo]

Falar de vocês é fácil,

Falar de vocês é falar de Amor, aquele amor que dura uma vida, que quebra barreiras.

É falar do meu coração a bater, duplamente, fora do peito.

É falar de noites sem dormir, medos, ansiedade, preocupação, birras mas principalmente de alegria, sorrisos, carinho e afeição.

Falar de vocês, meus amores, é também falar de mim.

Falar de uma nova vida, a minha, a vossa, a Nossa!

Falar de sonhos e de esperança,

De passado, presente e Futuro.

É recuar no tempo e não saber onde se “enfiaram”, literalmente, estes 18 anos!

É querer voltar atrás, pedir calma, e viver, cada segundo, bem lentamente.

Pegar-vos de novo ao colo, beijar-vos, abraçar-vos e dizer-vos que estarei sempre aqui para vos proteger.

É olhar para trás e rever tantas histórias e memórias,

Os primeiros passos, as primeiras palavras, as primeiras quedas,

As primeiras papas, sopas, beijos e abraços,

É perceber que nunca haverá, na vida, amor mais sincero, mais honesto, mais simples que este!

É perceber que o AMOR que sinto, por vocês, é gratuito,

Não espera retorno.

Não cobra.

É aquele amor que não machuca, que não dói.

Apenas ama! Como ama!

18 anos!

Parece que ainda ontem vos vi pela primeira vez. Era uma segunda-feira, tal como hoje.

Vieram ao mundo. Apressados.

Pequeninos. Roxos. A lutar pela vida. Deram logo o exemplo de que tudo, na vida, requer esforço.

Hoje, tudo o que vos desejo é que todas as vossas incertezas se tornem certezas e as tristezas, alegrias.

Que possam alcançar na vida, com esforço, tudo o que desejam e, se possível, que eu esteja aqui, sempre ao vosso lado, para vos amparar nas quedas e felicitar nas vitórias!

Apenas ama! Como ama!

18 anos!

Parece que ainda ontem vos vi pela primeira vez. Era uma segunda-feira, tal como hoje.

Vieram ao mundo. Apressados.

Pequeninos. Roxos. A lutar pela vida. Deram logo o exemplo de que tudo, na vida, requer esforço.

Hoje, tudo o que vos desejo é que todas as vossas incertezas se tornem certezas e as tristezas, alegrias.

Que possam alcançar na vida, com esforço, tudo o que desejam e, se possível, que eu esteja aqui, sempre ao vosso lado, para vos amparar nas quedas e felicitar nas vitórias!

18 anos… hoje tornam-se uns homens!

Hoje começa uma nova etapa. Que saibam vivê-la da melhor forma.

Amo-vos e amar-vos é algo que não posso escolher. Apenas posso sentir, hoje e sempre!

Não preciso de nada, apenas que saibam que estarei sempre aqui.

Serei lenço que enxuga as lágrimas,

colo que ampara as dores,

abraço que ajuda a curar as feridas,

E, quando entenderem, sorriso que comemora as vitórias!

Hoje e sempre, amo-vos. Parabéns, meus amores. Minha vida. Meus tudo.

Meu coração entre dois mundos, sempre

Salomão e a sabedoria

 Estando Salomão muito perto da sua partida deste mundo vieram os sábios da Pérsia e da Arábia para terem um último encontro de Mestres.

 Estava Salomão reclinado no seu leito e os sábios seus amigos iam falando da perda que o mundo iria sentir com a sua partida, quando de repente entra um menino com cerca de cinco anos e inclinando - se reverente pede ao rei se o quer ajudar:

 E de que precisas tu, meu menino?

 Real Senhor, diz ele, a minha mãe deixa sempre debaixo da cinza uma grande Brasa para poder fazer o fogo para cozinhar a refeição seguinte, mas desta vez a lenha era de muito má qualidade e consumiu- se toda de tal maneira que como o tempo está húmido nem a pederneira faísca o suficiente para acender o fogo.

 Majestade, mandai por favor que me coloquem na mão uma brasinha do vosso lume e assim a minha mãe poderá saciar a nossa fome.

 Mas, diz Salomão, se te dão a brasa na mão, até chegares a casa vais queimar a tua mãozinha.

 Meu Real Senhor, se mandares colocar primeiro uma mão cheia de cinza e depois o lume em cima decerto que me não queimarei.

 Salomão mandou que lhe fizessem como ele dizia e voltando- se para os sábios seu amigo disse com um sorriso:

 Salomão quase a morrer e ainda está a aprender.

 Deus seja louvado e o conto contado.

LOCAL de AMOR

Hospital Arcebispo João Crisóstomo – Cantanhede


“A sensibilidade, o humanismo e o amor, são o meio caminho para atenuar a dor” A. Girão

Acompanho, há cerca de um mês, o internamento de um familiar muito querido no Hospital de Cantanhede, como lhe chamamos. Tenho visto muito amor! As palavras são o caminho mais rápido para agradecer, mas nem sempre são o mais eficaz, pois não expressam, na plenitude, sentimentos, não transmitem na totalidade a voz da alma, não têm o poder de sorrir.

Como cidadão com 65 anos, como professor de Português há 42 anos, não me faltarão as palavras para agradecer, mas falta-me a capacidade de escolher aquela, ou aquelas, que mais me saiam do coração e menos do teclado de um computador. Queria eu ter a capacidade do alquimista do saber dizer para, tal como o verdadeiro alquimista que transforma tudo o que toca em ouro, eu queria ter esse sonho: durante cinco pequenos minutos, perfumar este texto com o que o coração me diz, dourar este texto com a alquimia das palavras e dizer tudo o que tenho a agradecer a todas as pessoas que trabalham neste hospital e que têm acompanhado o meu familiar. Todas, são mesmo todas. Aquelas com que me cruzo nas minhas visitas diárias, aquelas que eu não vejo diariamente e aquelas que eu nunca vejo e que são muito importantes.

Em cada olhar, em cada gesto, em cada palavra, em cada movimento, estas nobres pessoas transmitem-me a paz e a tranquilidade que todos necessitamos quando entramos nos cuidados paliativos para ver um familiar.

Repito, poderia dizer milhentas palavras, poderia tentar dizer tudo e mais alguma coisa que nunca conseguiria dizer a estas pessoas o quanto as admiro e lhes agradeço tudo, mas tudo mesmo.

Então, como português que sou, embrulhada entre as pétalas simbólicas, de rosas também simbólicas, numa metáfora que me deixa de lágrimas nos olhos, de olhos nos olhos, para todos(as) estes(as) profissionais, a expressão portuguesa que eu mais adoro: MUITO, MUITO OBRIGADO!


Aceitei este desafio com a consciência que reúno informações sobre a Canoagem em Montemor que devo partilhar e quem sabe poder de uma vez por todas acabar com algumas barbaridades que por aí vão falando sobre o aparecimento desta modalidade na vertente de competição e como surgiu e por quem a ideia de uma Pista Olímpica para a prática nas terras de Montemor.

O PASSADO

Na verdade, vamos ter que recuar cerca de 35 anos para darmos início ao nascimento da Canoagem.

Nesta altura o Infantário Jardim de Infância de Montemor era sem dúvida a Instituição que mais apostava na ocupação dos tempos livres dos jovens do nosso concelho. Liderada por um presidente, jovem, ambicioso e inovador, o presidente Vítor Camareiro soube escolher uma direção também ela muito jovem e assim mudar por completo a ideia que os "velhos" do Restelo queriam manter para a referida instituição.

Era urgente criar uma secção desportiva onde as crianças, jovens e até adultos pudessem praticar desporto com alguma regularidade. Assim nasceu a Natação (nas Piscinas Municipais de Cantanhede), Karaté, Ginástica Infantil e Manutenção (para jovens e adultos) e a Canoagem.

A Canoagem já existia, mas no outro lado do Rio em Verride. Foi através do Clube Canoagem de Verride que a Canoagem chega a Montemor. O Infantário Jardim de Infância de Montemor através de um projeto de Férias Desportivas incluiu no programa a Iniciação a Canoagem, então surgiram assim os primeiros praticantes desta modalidade em Montemor.

A partir daqui e como a adesão a este projeto teve muitas crianças e jovens, fizeram-se as primeiras encomendas de barcos (noutra edição irei dizer como conseguimos adquirir a maioria dos barcos).

Seria o princípio de uma modalidade que num instante atingiu patamares de excelência para a época. (continua...)

O PRESENTE



Neste momento sou treinador da equipa de competição da Casa do BENFICA de Montemor.

 30 anos depois aceitei o desafio proposto pela Casa do BENFICA na pessoa do seu Vice-presidente Carlos Cunha, também ele meu antigo atleta no Infantário Jardim de Infância e agora já atleta veterano (como eu) e também treinador.


Começamos a cerca de 5 anos, quase do nada e apenas com alguns barcos. O bichinho estava cá, apenas estava adormecido, por isso tudo foi bem mais fácil. Apareceram os primeiros praticantes e houve necessidade de aumentar o número de barcos.

A Casa do BENFICA viu-se "obrigada" a fazer um enorme investimento para que a Canoagem fosse uma realidade e aquilo que é hoje.

Com atletas de tenra idade tivemos que adaptar os treinos de acordo com o desenvolvimento de cada um, esta será sem dúvida a melhor opção, mas a mais trabalhosa pois dificilmente se consegue dar o mesmo treino a todo o grupo.

Hoje esse pequeno grupo, digo pequeno porque nem todos aguentaram a exigência da modalidade, para além da exigência desportiva há também as temperaturas da água e ar, não é nada fácil suportar no inverno a temperatura por vezes negativa da água e até do próprio ar. A seleção e triagem dos jovens, começa logo por aí. Então desse pequeno grupo saiu a espinha dorsal da nossa equipa de competição. Também a aposta na formação dos técnicos por parte da Casa do BENFICA deu-nos bagagem para evoluir cada vez mais e melhor.

Acabei de concluir o nível ll de treinador faltando apenas concluir o Estágio.

Também já é possível elaborar um MACROCICLO de treino, igual para um grupo de atletas, uma vez que esse grupo está ao mesmo nível competitivo.

Estamos a treinar 4 vezes por semana, totalizando cerca de 10h divididas entre o ginásio e a água... (continua...)

FUTURO


Todos temos metas mais ou menos estruturadas de maneira a trabalhar para as alcançar num futuro próximo.

Claro que sonho com a chamada de um atleta á equipa do Benfica e Seleção Nacional.

São objetivos que todos treinadores têm e sonham, portanto por enquanto será apenas um sonho mas certamente uma realidade num futuro próximo.(continua...)

Feira das Comedeiras em Pereira


A Feira Anual da Vila de Pereira, conhecida por “feira das comedeiras”, tem lugar no dia 21 de outubro, dia em que a Igreja comemora as Onze Mil Virgens e Santa Úrsula.

Assim o diz o alvará régio que El-Rei D. João IV outorgou em 22 de setembro de 1644 “(…) havendo respeito ao que se me representou por parte do Juiz, Vereadores e Procurador da Vila de Pereira, sobre pedirem se faça nesta uma Feira cada anno em dia das Onze Mil Virgens e ser em utilidade dos moradores da dita Vila, para com mais comodidade venderem os seus fructos, hei por bem conceder-lhes licença para que se faça a dita Feira em cada anno, no mesmo dia das Onze Mil Virgens, pagando-se nella os direitos devidos á minha fazenda (…)”.

De facto, à semelhança das feiras medievais, que se faziam em quadras relacionadas com as festas religiosas, a realização da Feira Anual da Vila de Pereira, criada na Idade Moderna, a pedido do Juiz, Vereadores e Procurador da Vila de Pereira, coincide com um dia de celebração religiosa, provavelmente, à época, muito festejado na vila, e ou, quiçá, “dia do termo ou concelho”.

É que, nessa data, a vila de Pereira era sede de um próspero termo (concelho), que já havia usufruído de um primeiro foral a 12 de novembro de 1282, concedido por D. Dinis, e um segundo, há 510 anos, outorgado por D. Manuel I, a 13 de Agosto de 1513.

Esta feira anual, que neste ano de 2023 vai assinalar a sua 379.ª edição, olvidando algum interregno que tenha ocorrido, teria inspirado o epíteto de “feira das comedeiras”, como é conhecida, em que as pessoas aproveitavam este certame para comprar as “comedeirices” para a festa do Natal, como os doces, o mel, as nozes, os pinhões e as passas.

Como noutras feiras, o encontro de mercadores e compradores tinha por objetivo escoar a produção agrícola, principalmente cereais, frutos secos, leguminosas, azeite e vinho, aves e gado, assim como alfaias agrícolas, olaria e vestuário, além do artesanato e doçaria tradicional.

Neste ano de 2023, para coincidir com o dia da feira mensal, no terceiro domingo do mês, a feira anual realiza-se no dia 15 de outubro, no Largo da Cheira e Centro Histórico, e em que a autarquia Pereirense pretende assinalar a efeméride com uma festa que procura envolver toda a população. Para além das cerimónias evocativas deste acontecimento, a Junta de Freguesia promove também um programa diversificado que, nos dias 14 e 15, além do convívio e animação popular, pretende propiciar as trocas comerciais e destacar e promover alguns dos produtos mais característicos da freguesia, como o artesanato e a gastronomia, com destaque para as famosas Queijadas de Pereira.


Aldo Aveiro, setembro 2023.





Os campos do Baixo Mondego, sempre foram férteis na sua produção, quer na produção do milho, quer na produção do arroz...

Segundo alguns historiadores que se debruçaram sobre esta temática, os campos do Baixo Mondego. Mais concretamente entre a cidade de Coimbra e a Vila de Montemor-o-Velho, foram considerados o celeiro da região centro.

Já entre o meado do século quatorze e o de quinze aquando da grande epopeia e expansão dos descobrimentos e muito depois de Coimbra, vir deixar de ser a Capital do reino e das decisões políticas. Foi introduzido nestes campos, o milho de maçaroca que, ainda hoje existe. Com a sua implantação o mesmo veio a substituir o milho painco. O milho maçaroca,


não veio da América, como inicialmente foi ventilado. Mas, sim da Guiné.

Quando o milho maçaroca, começou a ser produzido nos campos do Mondego, deu-se uma grande revolução económica, com os povos a instalarem-se e a povoarem as duas margens do rio Mondego, a fim de se associarem a esta riqueza.

Estava-se digamos no "auge" de uma riqueza ímpar. E por essa razão, foram construídos com arte e beleza, grandes celeiros de armazenamento desse cereal.

Bem como também Igrejas, Capelas e Solares. Os grandes celeiros, foram construídos, mais designadamente em S. Marcos, Tentúgal e Montemor, onde obras-primas religiosas ou laicas daí nasceram. 


Acresce dizer que, nessa época de grande desenvolvimento econômico, só de Montemor para dar novos mundos ao mundo! Dei os seus filhos Ilustres, de seis nomes: Diogo de Azambuja, Fernão Mendes Pinto e Jorge de Montemor entre mais outros vultos de renome.

Hoje! Há mais culturas diversificadas, onde pontifica a cultura do arroz, ainda que mais recentemente. Que, suplanta a velhinha cultura do milho.


Também antigamente, aquando dos rigorosos invernos, o rio Mondego, carinhosamente tratado por (basofias), transbordava a água do seu leito e alagava e fertilização todos os campos do Baixo Mondego. Hoje, com as sucessivas obras no rio e nesses campos, dá a possibilidade de não ser apenas realizada uma monocultura. Mas sim culturas sucessivas. 

 

António Matos


JOSÉ GOMES CRUZ – UM FIGUEIRENSE ILUSTRE

Nasceu em Tavarede, no dia 16 de setembro de 1873, filho de António Cruz, pedreiro, e de Joaquina Gomes Cruz, doméstica.


Apesar das dificuldades financeiras, estudou na Universidade Coimbra, onde se matriculou em 1893 no 1º ano de Matemática e Filosofia.

Estudou por iniciativa e ajuda de João José da Costa, da Quinta dos Condados, mas também deu explicações para fazer face aos encargos com os estudos e estadia em Coimbra.

E como José Gomes Cruz sabia tocar diversos instrumentos musicais, entre os quais violino, ofereceu os seus préstimos ao Café Santa Cruz onde, a troco de uma pequena quantia, tocava durante os jantares.


Aliás, José Gomes Cruz era então um distinto violista da Tuna Académica da Universidade de Coimbra (TAUC), como poderemos ver em fotos anexas (nº 21 no ano de 1894, nº 23 no ano de 1895 e nº 31 no ano de 1896).

Durante as férias vinha para Tavarede, integrando-se ativamente na Estudantina Tavaredense, de que foi um dos grandes animadores, chegando a dirigir a orquestra durante os espetáculos teatrais.

Na Estudantina Tavaredense distinguiram-se também Gentil Ribeiro, António Medina, António da Silva Coelho, António de Almeida Cruz, José Pedro da Silva, Alfredo Viana, tendo sobressaído como ensaiador o seu irmão, o Dr. Manuel Gomes Cruz.

(Gentil Ribeiro, que foi o primeiro editor do jornal «A Voz da Justiça», é pai do ilustre tavaredense José da Silva Ribeiro).


José Gomes da Cruz foi um dedicado sócio da «Sociedade de Instrução Tavaredense», fundada em 15 de janeiro de 1904 para a instrução e a educação das classes populares, onde proferiu diversas palestras sobre assuntos da maior importância para os seus conterrâneos, como, por exemplo, “Alcoolismo”, “Formas de Governo”, “Pátria” e “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

(A «Sociedade de Instrução Tavaredense» resultou da extinção da «Estudantina Tavaredense» e do «Grupo de Instrução de Tavarede», este com sede na primitiva Casa do Terreiro).

Republicano e maçon, José Gomes Cruz filiou-se em 1900 na Loja Fernandes Tomás com o nome simbólico de «Pasteur».

Pertenciam a esta loja mais de uma centena de figueirenses, muitos deles com uma atividade cívica, cultural e artística relevantes, criando e financiando escolas populares, destacando-se Manuel Gaspar de Lemos, Manuel e José Gomes Cruz, Manuel Jorge Cruz, Fernando Augusto Soares, Maurício Águas Pinto, António Augusto Esteves, José da Silva Fonseca, José Rafael Sampaio e António da Silva Biscaia.

José Gomes Cruz formou-se em Medicina no ano de 1902, profissão que praticou de forma incansável, exercendo durante muitos anos o cargo de médico municipal em Buarcos e também na Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta.

Dotado de um espírito liberal e desinteressado, com carácter impoluto, oriundo de gente humilde, era admirado pelas suas excecionais qualidades.

José Gomes Cruz, médico, assim como o seu irmão mais velho, Manuel Gomes Cruz, advogado, estiveram ligados à instrução popular, bem como à propaganda republicana, realizando palestras e conferências ouvidas com grande interesse pelas classes trabalhadoras.

Os irmãos Gomes Cruz eram convidados para proferir palestras na inauguração de escolas, em sessões solenes de Associações e em muitos outros eventos de caráter político ou cívico.

Eram ambos maçons da «Loja Fernandes Tomás», pertenciam aos corpos dirigentes da «Associação de Instrução Popular» e possuíam uma grande influência no jornal «A Voz da Justiça», a cujo corpo editorial pertenciam.

A sua ligação às associações de instrução popular serviu para ajudar os mais desfavorecidos, de onde descendia, devotando-se à cultura popular e ao combate ao alcoolismo, proferindo imensas conferências e escrevendo artigos para o jornal «A Voz da Justiça».

Participou em conferências, tanto na «Escola Noturna Popular Bernardino Machado», como na «Associação de Instrução Popular», na «Associação Artística Figueirense», na «Sociedade de Instrução Tavaredense» e em muitas outras associações.

A «Escola Noturna Bernardino Machado», em Buarcos, tinha como benemérito Fernando Augusto Soares, que também auxiliava a escola noturna de adultos e a biblioteca da «Associação de Instrução Popular».

(A «Associação de Instrução Popular» foi fundada em 1902 e funcionava entre a Rua da Cadeia e a Rua do Estendal, no mesmo prédio da «Tipografia Popular»).

Em 1904 José Gomes Cruz iniciou as suas palestras na «Associação de Instrução Popular» em torno de questões que revelavam as suas preocupações sociais, tais como a instrução do povo, o associativismo e o corporativismo.

Estas conferências eram sempre anunciadas nas páginas de «A Voz da Justiça» e depois relatadas no mesmo jornal.

A partir do final de 1908, e nos anos de 1909 e 1910, as conferências intensificam-se, fosse sobre a problemática da higiene, então um problema tão grave como o analfabetismo, fosse sobre os movimentos da terra.

José Gomes Cruz defendia que uma das principais causas da «desgraça» do povo português era a falta de instrução, especialmente a dos pobres, porque “…. todo o cidadão deve estudar e educar-se, mas para que o seu espírito possa evoluir e para que a sua razão atinja a compreensão dos seus direitos e dos seus deveres, para que possa, enfim, formar o caráter, é preciso que todos dediquem ao estudo e ao trabalho o seu melhor esforço”. («A Voz da Justiça» de 1 de novembro de 1910)

Insurgia-se contra os governos que haviam negado a instrução ao povo, incitando à leitura e ao estudo nas escolas noturnas que na Figueira ensinavam as primeiras letras a adultos e menores, destacando o papel das escolas da «Associação de Instrução Popular» e da «Associação Artística», em especial esta última, na qual os alunos eram habilitados para os exames de 1º e 2ºgraus.

Lutou afincadamente pela implantação da República e com o seu irmão Manuel Gomes Cruz participou ativamente na constituição da primeira Câmara da Figueira após a revolução de 5 de outubro de 1910.

O Dr. Manuel Gomes da Cruz assumiu então o lugar de Administrador do Concelho, substituindo João Rebelo, enquanto no exterior dos Paços do Concelho se vivia um clima de grande manifestação, ao som de «A Portuguesa», de foguetes e com o içar da nova bandeira republicana.

A primeira Câmara republicana ficou constituída pelo Dr. Joaquim da Silva Cortesão, presidente, pelo Dr. José Gomes da Cruz, vice-presidente, e pelos vereadores Dr. Manuel Gaspar de Lemos, Dr. Joaquim José Cerqueira da Rocha, José da Silva Fonseca, Francisco Quadros e Maurício Águas Pinto.

José Gomes Cruz foi ainda vogal da «Comissão Municipal Republicana» e em 6 de novembro de 1910 foi eleito dirigente do «Centro Republicano Cândido dos Reis», ligado à «Loja maçónica Fernandes Tomás», juntamente com Manuel Gaspar de Lemos e Joaquim Augusto Guedes, tendo como substitutos Inácio Pinto, João Simões e Manuel Jorge Cruz.

(À «Comissão Municipal Republicana» competia a direção e responsabilidade da propaganda, como de todos os outros trabalhos partidários no concelho. Da Comissão Administrativa Republicana da Figueira da Foz, faziam parte o Dr. Joaquim Cortesão, como presidente, o Dr. Cerqueira da Rocha, como vice-presidente, e como vogais Manuel Gaspar de Lemos, o Dr. José Gomes Cruz, José da Luz, José da Silva Fonseca, Maurício Pinto e Francisco Quadros).

A sua humildade, honestidade, sinceridade, assim como o amor e a desilusão no modo como evoluía a República, sobressaem da conferência intitulada “Educação e Instrução Popular” que proferiu no dia 5 de outubro de 1924 na «Associação de Instrução Popular»:

“.... É um coração republicano que lhes fala, que poderá ser brutal, mas julga ser justo, julga ser honesto, coração profundamente democrático, que procura no isolamento carpir as mágoas por ver que esta querida República, que ele tanto ama, não tem podido cumprir a sua nobre missão – por culpa dos homens e só por culpa dos homens, que acima dela vêem os seus interesses, os seus caprichos, as suas vaidades…”.

Publicou «Instrução e Trabalho”, conferência que proferiu em 1925.

José Gomes Cruz nunca deixou de defender os princípios e os valores que instituíram a República, chegando a estar preso por se ter envolvido no movimento revolucionário que, de 3 a 9 de fevereiro de 1927, pretendeu depor a ditadura instaurada em 1926 (a qual só seria derrubada em 1974).

O movimento revolucionário iniciou-se no Porto, a 3 de fevereiro de 1927, com a saída do Regimento de Caçadores n.º 9, a que se juntou o Regimento de Cavalaria n.º 6, vindo de Penafiel.

A essas forças uniram-se outras unidades militares do Porto, a GNR aquartelada na Bela Vista e, no dia seguinte, elementos do Regimento de Artilharia de Amarante.

A Figueira da Foz sublevou-se no primeiro dia da revolta, a 3 de fevereiro, Vila Real de Sto. António, Tavira e Faro nos dias 4 e 5.

Houve ainda intentonas em Évora, Setúbal, Barreiro, S. Julião da Barra, Amadora, Queluz, Mafra, Abrantes, Tancos, Entroncamento, Leiria, Castelo Branco, Coimbra, Mealhada, Cantanhede, Aveiro, Viseu, Alijó e Valpaços.

Na Figueira da Foz participaram na revolta as tropas de Artilharia nº 2, aquarteladas no quartel Pimentel Pinto desde 1897, as quais seguiram para o Porto, seguindo a Linha da Beira Alta, mas foram obrigadas a render-se quando chegavam à Pampilhosa.

O balanço dos combates no Porto resultou em cerca de 90 mortos e 500 feridos, grandes destruições, com dezenas de casas atingidas pelo fogo da artilharia e pelos incêndios.

Lisboa revoltou-se tardiamente, de 7 a 9 de fevereiro, e dos confrontos resultaram mais de 70 mortos e 400 feridos.

No seu conjunto, a revolta de fevereiro de 1927 provocou aproximadamente 200 mortos e cerca de 1.000 feridos.

Nas prisões da Penitenciária de Lisboa entraram cerca de 1.000 sublevados, encaminhados das várias cidades e vilas onde tinham sido detidos.

Seguiram-se as demissões da função pública, as deportações e o exílio para as ilhas e para as colónias de mais de 1.000 democratas que tinham participado no movimento.

José Gomes Cruz faleceu 14 anos depois, no dia 27 de julho de 1941, encontrando-se sepultado em Tavarede.


Foi casado com D. Adelaide Goltz Águas Cruz, era pai do Dr. José Águas Cruz, subinspetor de Finanças, sogro do Dr. Manuel Lontro Mariano, irmão do Dr. Manuel Gomes Cruz e tio de Manuel Jorge da Cruz, tipógrafo, proprietário da «Tipografia Popular» e do jornal «A Voz da Justiça».


 Repórter MABOR. (1958)

Os leitores da Barcaça, no seu jeito de se manifestar justamente, podem e devem construir o desejado contraditório na base das suas opiniões, fazendo uso do seu conhecimento sobre as causas e os melhores efeitos de coisas ou coisitas...

Deste modo racional, todos aprendemos por essa razão de comunicarmos as vivências dos nossos percursos repletos de aventuras e muitas histórias no passado e porque não no presente inesperado e desconhecido, mas recente e cuidado nos nossos afetos.

Se assim penso e reafirmo esta roupagem de Repórter Mabor, faz de mim um parente rico e pobre ao mesmo tempo numa geração de ferro  na cadeia de nada ter e tudo fazer para possuir algo distante sem ombros de apoios, trabalhando para ajudar as famílias, quando agora os filhos casadoiros acordam ao meio dia em casa dos pais, quem sabe se não carregam as mulheres e os filhos para casa dos cotas.

Uma porra de hábitos que a geração de ferro me recusou com o suor do seu rosto. 

Claro que o tempo é outro, pois é, mas será que a virtude da honra e do trabalho não tem o estímulo da intemporalidade?

Repórter Mabor, não desarma da   velha escola das virtudes do passado numa geração que não foi à missa com fatos emprestados, levava o remendado seu todo seu das calças ao casaco, se porventura o tinha em casa.

Porém, os arrufos das falsas modéstias, não permitem saúde mental a nenhum vendedor de fantasias.

Ser ainda Repórter Mabor, volvidos um turbilhão de anos, trata-se isso sim, se alguém quer desprezar as suas raízes, é porque não foi feliz e eu fui por Terras de Montemor, sobretudo no meu cantinho do Casal Novo do Rio, onde os candeeiros a petróleo iluminavam as noites escuras demais receosas nas invernosas trovoadas em que rezar em família aliviava o medo, cujo castigo estou ainda por saber o motivo por que me falavam em castigo de Nosso Senhor. 

Setembro a findar…

Parece ter-se fechado um ciclo,

parece ter findado um tempo único…

O sol brilha ainda, é certo,

o tempo continua quente…

O mar permanece sereno

numa eterna espera,

beijando docemente a areia

agora deserta,

sem sorrisos, vazia e triste…

 

Os dias vão sendo menores

escapam-se-nos mais facilmente,

fogem-nos …

É o tempo do recomeço,

um tempo de perda inevitável…

Foi fugaz o verão,

o tempo dos dias grandes e preenchidos,

das noites quentes e convidativas…

Fica em mim o sabor amargo

de um tempo que não foi,

que não chegou a ser vivido em pleno…

Perdeu-se o tempo das realizações autênticas…

Garça Real

O QUE SOMOS NÓS?

uma peça de xadrez no tabuleiro da vida

um(a) ator(atriz) colocado/a fora de cena

Uma ficha desligada

Uma lâmpada apagada

Sim, nós não somos nada…

Isabel Capinha

SE…

Se a lua me sorrisse lá do céu

Se as estrelas poisassem no meu corpo

Se o sol me vestisse de luz


Se a chuva me segredasse poemas

Se as flores me atapetassem o caminho

Se o mar levasse todas as minhas penas


Se o arco-íris nunca me deixasse sozinha

Se eu cantando encantasse rouxinóis

Se meus olhos brilhassem como faróis


Se um abraço me salvasse da tristeza

Se um beijo me acendesse a juventude

Se no mundo só existisse beleza


A vida dá sempre lugar ao sonho

Nem que seja por breves instantes

Aqueles sonhos de tempos tão distantes

E que estão povoados de saudades


Deito-me com o sonho muitas vezes

E acordo muitas vezes com o sonho

Será por isso que escrevo como penso

Ou será que penso porque sonho

E escrevo sonhando muitas vezes…

AUTORIA: ISABEL TAVARES

(© Todos os Direitos de Autor Reservados)

Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos - Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de março - Diário da República n.º 61, Série I, de 14.03.1985 -

Isabel Tavares


Nas ruas vazias, o silêncio presente,

é saudade que invade a alma de repente

Mas o silêncio, é verdade, há encontro,

Nas sutilezas que o ar tem para oferecer

A quietude da noite, a frescura

São convites à introspeção, ao pensamento.

 

Setembro soletra a solidão

o confronto com a derradeira companhia

O momento de ligação e de essência

O olhar de dentro... sabedoria



Mara Kopke

Uma casa para viver

Escrevo este texto numa esplanada junto à Alameda, em Lisboa, a menos de uma hora do início da manifestação pela Habitação. Escrevo-o no telefone, por isso peço desculpa por algum erro ou falta de articulação ou mesmo de previsão do que acontecerá. Esperava escrever quando chegasse a casa, mas a organização “Porta a Porta” e “Casas para habitar” não fez por menos. Convocou A Garota Não com Luca Argel e Luis Varatojo / Luta Livre, músicos que não viraram a cara a causas, que nos entregaram a sua arte como ferramenta de justiça para encerrar esta tarde.

Hoje, em 30 cidades, milhares de pessoas vão sair à rua defendendo “casas para habitar”. Não conseguindo estar em Coimbra por motivos de agenda pessoal, decidi participar em Lisboa.

Há manifestações que se notam logo pelo ambiente que serão diferentes; “duras”, pesadas, esse “diferente” assume-se quando se nota um desespero na vida das pessoas.

Escrevo isto porque também me toca. Porque não consigo pagar uma casa, porque vi amigos despejados, porque vejo amigos em casas sobrelotadas, vejo amigos humilhados e espezinhados pelo interesse do lucro e especulação. Escrevo porque isto nos toca a todos, jovens, imigrantes, famílias e idosos. São demasiadas pessoas que sentem um aperto na garganta e no peito.

Transversalmente! Do litoral ao interior, não há cidade nem aldeia onde não sejam conhecidos casos de aumentos insuportáveis.

Estou a ver aqui demasiadas pessoas a seres assoladas e atiradas para a falta de humanidade. Aqui sentado, começo a ver que chegam de todos os lados. Dos bairros típicos, da periferia, da margem sul, dos bairros mais pobres, dos bairros betos, há mitras, os artistas, os pop e das redes, os hippies, idosos, netos, famílias inteiras até.

Os cartazes amontoam-se, as faixas esticam-se, os abraços multiplicam-se e sente-se no ar uma solidariedade e uma força diferente com vontade de virar este país ao contrário. Foram poucas as vezes que ouvi uma manifestação a gritar com esta intensidade.

Foi por todas estas razões que a CDU apresentou, ontem, uma moção na Assembleia Municipal de Montemor-o-Velho: “Exigir do governo medidas para reduzir o valor das rendas e das prestações ao banco e assegurar o direito à habitação”. Permitam-me repetir: “assegurar o direito à habitação”, não só nesta moção tem sido o nosso trabalho, a CDU tem se batido como ninguém pelo direito à habitação, mas esta moção trazia, acima de tudo, um voto, uma posição solidária com milhares de pessoas.

Esta moção contou com os votos contra da bancada do PSD. Convém desta forma esclarecer com quem podemos contar na resolução de um problema que também afeta o nosso concelho de uma maneira feroz.

Convém saber que opções toma o PSD – Montemor-o-Velho, entre aprovar uma moção que afronta o lucro de 11 milhões por dia de mão dada com a especulação, ou estar do lado do mais simples que só suspiram por uma vida minimamente digna da: um teto, quatro paredes, um ambiente onde se possa viver e crescer saudável.

Ia até mais longe, convém saber onde se coloca o PSD quando é necessário defender a Constituição da Républica Portuguesa no seu Artigo 65.º - 1. Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.

Ninguém vive em tendas, parques de campismo, casas sem condições, por opção! Sobrevive-se! Devido a salários baixos e parcas pensões, enquanto outros apresentam os maiores lucros da história. Portanto, é simples perceber com quem podemos ou não contar, não só na luta pela habitação, mas na luta por uma vida melhor.

Não têm casas para viver? Comam contas certas ao jantar!



 Está na "forja" segue dentro de momentos...


Resumo

Este romance reproduz a mundivivência das terras nortenhas e aproxima o texto ficcional da realidade narrada, numa Beira rural e analfabeta ancorada numa sociedade patriarcal. Misturando erudição com a linguagem popular, Aquilino capta esse ambiente arreigado na religiosidade e na crendice e revela o instinto camponês com todas as superstições e todos os subterfúgios associados à obsessão de propriedade.

Sabias que a Casa Grande de Romarigães é real e que aí moraram o ex-Presidente da República Bernardino Machado e o próprio Aquilino Ribeiro (1885-1963)?

O escritor beirão sobre quem Fernando Namora disse ser “aquele jovem que trouxera a província para a cidade” conta nesta obra, publicada pela primeira vez em 1957, a história de Portugal através desta casa parcialmente em ruínas. Aquilino Ribeiro encontrou correspondências entre antigos habitantes da casa, datadas entre 1680 e 1828, e decidiu continuar a história.

No prefácio, o autor diz que as últimas páginas do livro são “da sua lavra”: “Às outras, sacudi o bolor do tempo e reatei o fio de Ariadna, interrompido aqui e além.”

 

A PRIMEIRA FRASE

“Do pinhão, que um pé-de-vento arrancou ao dormitório da pinha-mãe, e da bolota, que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes gerou-se a floresta.”

 

SOBRE O AUTOR

“É um inimigo político, mas é um grande escritor!”

António Oliveira Salazar


Ao vivo na Taberna Fernando dos Jornais Setúbal, 15 setembro 2023 (Dia de Bocage e da Cidade)

Em que estado, meu bem, por ti me vejo,

Em que estado infeliz, penoso e duro!

Delido o coração de um fogo impuro,

Meus pesados grilhões adoro e beijo.

 

Quando te logro mais, mais te desejo;

Quando te encontro mais, mais te procuro;

Quando mo juras mais, menos seguro.

Julgo esse doce amor, que adorna o pejo.

 

Assim passo, assim vivo, assim meus fados.

Me desarreigam d’alma a paz e o riso,

Sendo só meu sustento os meus cuidados;

 

E, de todo apagada a luz do siso,

Esquecem-me (aí de mim!) por teus agrados

Morte, Juízo, Inferno e Paraíso.





Júlio Resende (1917-2011)

BARCAÇA_MAIO

  Para garantir a redução do expediente extenuante, os trabalhadores da cidade de Chicago organizaram uma greve para o  1º de maio  de 1886....