Barcaça
na sua 36 edição dá as boas-vindas ao nosso novo colaborador “João Amaral”.
A
guerra continua a fazer a inflação subir e sem final à vista, o poder dos
senhores do armamento tem sempre a última palavra.
Nos
temas nacionais há grande debate na opinião pública seja na Saúde, Educação,
Habitação e as greves são uma constante.
Um
Governo que tem oito anos de mandato com maioria absoluta poderia ter ido mais
longe, a madeira deu o primeiro sinal retirando oito deputados, veremos como
vão decorrer as europeias e depois as seguintes.
Já
há tomada de posições de alguns candidatos presidenciais para 2025, mas depois
voltaremos ao tema.
Montemor-o-Velho
acabou de sair das suas festividades anuais, que foram um sucesso para quem
visitou, mas para os Montemorenses há muito a fazer seja na saúde, educação e
no associativismo que mantem a chama acesa do nosso concelho.
Em
relação aos nossos colaboradores iniciamos mais uma reportagem de tempos idos
(anos 60) numa viagem alucinante de três crianças, Figueira da Foz vs
Montemor-o-velho, Mário Silva leva-nos até Igreja de Santa Susana na Carapinheira
datada 1579?
“...entre
dois lados: o direito e o esquerdo” Carla M. Henriques fala de si mesma dos
seus filhos dos seus amores, dos sonhos e de esperança.
José
Craveiro mais um conto “Salomão e a sabedoria” já António Girão em “Local de
Amor” fala-nos da sensibilidade, humanismo e o amor...
Com
entrada direta para Barcaça na sua crónica que vai ser “Pagaiada” João Amaral
conta-nos o início da canoagem em Montemor-o-Velho numa descrição simples, mas objetiva
o antes, durante e o depois.
Aldo
Aveiro vai até 1644 aquando do alvará dado à Vila de Pereira por D. João IV –
Feira das Comedeiras em Pereira. Que tem lugar no dia 21 de outubro.
António
Matos descreve como eram os campos do Baixo Mondego celeiro da região centro.
José
Gomes Cruz foi o ilustre Tavaredense escolhido por Fernando Curado que com a
sua mestria na descrição dá-nos a sua envolvência seja na Figueira da Foz,
Coimbra e o grande contributo que deu à Figueira da Foz.
Repórter
Mabor (Olímpio Fernandes) nas suas recordações de uma vida de viagens, mas que
sempre volta ao seu porto de abrigo Barca.
Na
seção de Poesia temos várias abordagens um adeus a setembro por Garça Real, “O
que somos nós” por Isabel Capinha, (SE) a lua, as estrelas, o sol...e tudo o
que nos rodeia se juntarem-se e sonhassem?
Mara
Kopke aborda os seus silêncios e toca no setembro que se vai.
Nos
nossos colaboradores políticos as abordagens são bem diferentes, mas nalguns
pontos estão de acordo.
A
CASA GRANDE DE ROMARIGÂES é o livro escolhido para esta edição, Aquilino
Ribeiro, ...reproduz a mundividência das terras nortenhas...
Um
pequeno poema aos 258 anos quando nasceu Bocage e Música “A garota não”
Já
na pintura de quadros celebres Júlio Resende que vivei entre 1917-2011)
(continuação do número anterior)
A nossa primeira grande viagem a pé...
Era
um dia de verão bem quente, tínhamos ido no RT-74-95 azul até à praia da
Figueira da Foz, ficávamos perto da bola nívea ponto de encontro no tempo que
não existiam telemóveis.
Depois
de longas horas de sol e banhos viemos os três até à marginal ver os fotógrafos
de cavalos, os grandes guarda-sóis listados e sem vontade de voltar para praia decidimos
por ao caminho. Montemor-o-velho ficava a 18 km pela nº111, sem pressas, mas
decididos lá fomos quilometro a quilometro até que cheios de sede paramos em Carritos
e uma senhora que tinha uma Nora no seu quintal nos deixou beber água, tinhas
percorrido cerca de um terço do trajeto.
Seguimos
sempre subindo até ao alto das Alhadas e na descida aproveitamos para beber
mais água no fontanário à beira da estrada. Chegados a Maiorca podemos
finalmente nas pontes avistar o Castelo destino da nossa aventura.
As
cinco pontes foram uma eternidade, nessa altura tinha 8 anos 7 anos 6 anos os
meus irmãos, a mais nova tinha ficado com os meus pais na praia da Figueira.
Depois mais uma pequena subida e chegávamos a Quinhendros, mas faltava ainda um
pouco até chegar à rua Abade João em Montemor-o-Velho.
Chegados
aí, logo as minhas tias perguntaram onde estava os nossos pais, ao que dissemos
tinham ficado na Figueira, aflitas porque nesse tempo como disse não havia
telemóveis aguardamos pela chegada dos nossos pais que só voltaram tarde devido
a terem andado a percorrer a Figueira à nossa procura.
O
melhor estava para chegar, assim que chegaram e viram-nos em casa houve um
misto de alegria e de raiva, alegria para o meu Pai mas a raiva chegou bem
depressa ao chinelo da minha mãe.
Nunca
mais tivemos juntos tamanha aventura, mas será daí que nasceu o prazer de
viajar o que fiz só várias vezes e mais tarde acompanhado, mas fica para
próxima crónica.
Igreja de Santa Susana – Carapinheira – Parte II
O não
cumprimento das obrigações, constam de uma nova informação enviada ao promotor
do bispado de Coimbra, em 22 de abril de 1773, pelo cura António Jorge Matos,
nos seguintes termos: “(…) os pobres moradores desta freguesia com suas esmolas
e asistensias do mais necesario, fizerão esta igreja com bastante grandeza, na
qual se celebrão os officios Divinos desde o anno de 1579(?) a esta parte e
achase ainda necesitada de muitas couzas para mais perfeissão da dita obra que
por imposibilide não fazem por andarem todos arastados e pobres pellas muitas
perdas que tem tido neste campo, e asim se acha feita a dita obra desde o anno
sem capella mor, no que tem muita imperfeisão pello que tem havido muitas queixas
deste povo em vezita de que ficarão os cappitulos incluzos de que não rezultou
thé o prezente couza algũa, ouvirem desta freguesia muitos queixosos de estarem
pagando os seis dízimos, e não concorrem as pessoas que os recebem com o
necessário e precizo para assistencia do Culto Divino, cuja obrigação pertense
ao Illustrissimo Bispo de Lamego que Deus haja e o Reverendo Prior da igreja de
São Miguel da villa de Montemor-o-Velho de quem esta igreja hé anexa os quais
são obrigados a mandar fazer a dita capella mor com que cada hum persebe os
fructos porquanto de nove alqueires de pão pertence ao Reverendissimo Cabbido 3
alqueires e dos 6 que ficam sam 2 para o Reverendo Prior e os 4 que ficão para
quem cobrar a renda dos prestimónios e assim devem concorrer com os gastos
pella mesma forma de partilha (...).” [Instituições
Pias, AUC].
As diferentes
obras e intervenções ao longo dos séculos, nomeadamente em 1720, 1739 e 1799, contribuíram
para a edificação de um espaçoso templo, a maior igreja de uma só nave em
terras do Baixo-Mondego. A fachada principal é traçada em linhas neoclássicas e
sobre o portal de frontão curvo está a janela do corpo com cornija em ângulo
rematado por óculo central elevado acima da linha do telhado. A torre sineira,
à esquerda, com as ventanas, sinos e relógio, é obra conclusa em 1830 aquando
das reformas do corpo e capela-mor da igreja. O interior é amplo, simples e
nele se encontram o altar-mor e os colaterais dedicados a Nossa Senhora das
Dores, Nossa Senhora da Graça e Nossa Senhora do Rosário. Ladeando o altar-mor
está a Imagem da Padroeira, Santa Susana, e de Nossa Senhora da Conceição. Nas
paredes laterais estão as imagens escultóricas de Santa Luzia, S. Francisco, S.
Sebastião e S. António, um painel da padroeira, apeado do altar-mor, e os
quadros da Via-sacra. O coro alto, com acesso interior sobre o Batistério, fica
sobre o tapa-vento. Numa pequena capela à entrada, do lado esquerdo do tapa-vento,
está a Pia Batismal de pedra decorada, do Séc. XVIII. [Inventário Artístico de Coimbra, 1953].
No corpo da
igreja, do lado do Evangelho, está o púlpito, e rasgam-se duas capelas: a
Capela das Almas, também conhecida por Capela do Senhor Morto, a seguir à
entrada para o coro alto, cujo retábulo é um painel em baixo-relevo mostrando o
“Julgamento Final” – na banqueta do altar encontra-se a imagem do “Senhor
Morto”; e, depois do altar de Nossa Senhora do Rosário, a capela do Santíssimo
Sacramento, com arco e abóbada de carteias em pedra do Séc. XVII e retábulo
barroco. O teto desta capela é antigo “o qual era de cantaria composta de 12
florões em relevo imulduras da mesma cantaria...” e é proveniente de uma antiga
capela de Nossa Senhora “Ágoa de Lupe”, da Póvoa de Santa Cristina. O retábulo
foi comprado em Coimbra e a pintura e douramento realizou-a António Eliseu pela
quantia de 18$000 réis). [Francisco Correia Lopes, Carapinheira].
Mário
Silva
Fonte: https://pcarapinheira.webnode.page/a-igreja/
[ Meu coração entre dois lados: o direito e o esquerdo]
Falar de vocês é fácil,
Falar de vocês é falar de Amor, aquele amor que dura uma vida, que quebra
barreiras.
É falar do meu coração a bater, duplamente, fora do peito.
É falar de noites sem dormir, medos, ansiedade, preocupação, birras mas
principalmente de alegria, sorrisos, carinho e afeição.
Falar de vocês, meus amores, é também falar de mim.
Falar de uma nova vida, a minha, a vossa, a Nossa!
Falar de sonhos e de esperança,
De passado, presente e Futuro.
É recuar no tempo e não saber onde se “enfiaram”, literalmente, estes 18
anos!
É querer voltar atrás, pedir calma, e viver, cada segundo, bem lentamente.
Pegar-vos de novo ao colo, beijar-vos, abraçar-vos e dizer-vos que estarei
sempre aqui para vos proteger.
É olhar para trás e rever tantas histórias e memórias,
Os primeiros passos, as primeiras palavras, as primeiras quedas,
As primeiras papas, sopas, beijos e abraços,
É perceber que nunca haverá, na vida, amor mais sincero, mais honesto, mais
simples que este!
É perceber que o AMOR que sinto, por vocês, é gratuito,
Não espera retorno.
Não cobra.
É aquele amor que não machuca, que não dói.
Apenas ama!
18 anos!
Parece que ainda ontem vos vi pela primeira vez. Era
uma segunda-feira, tal como hoje.
Vieram ao mundo. Apressados.
Pequeninos. Roxos. A lutar pela vida. Deram logo o
exemplo de que tudo, na vida, requer esforço.
Hoje, tudo o que vos desejo é que todas as vossas
incertezas se tornem certezas e as tristezas, alegrias.
Que possam alcançar na vida, com esforço, tudo o que
desejam e, se possível, que eu esteja aqui, sempre ao vosso lado, para vos
amparar nas quedas e felicitar nas vitórias!
Apenas ama! Como ama!
18 anos!
Parece que ainda ontem vos vi pela primeira vez. Era uma segunda-feira, tal
como hoje.
Vieram ao mundo. Apressados.
Pequeninos. Roxos. A lutar pela vida. Deram logo o exemplo de que tudo, na
vida, requer esforço.
Hoje, tudo o que vos desejo é que todas as vossas incertezas se tornem
certezas e as tristezas, alegrias.
Que possam alcançar na vida, com esforço, tudo o que desejam e, se
possível, que eu esteja aqui, sempre ao vosso lado, para vos amparar nas quedas
e felicitar nas vitórias!
18 anos… hoje tornam-se uns homens!
Hoje começa uma nova etapa. Que saibam vivê-la da melhor forma.
Amo-vos e amar-vos é algo que não posso escolher. Apenas posso sentir, hoje
e sempre!
Não preciso de nada, apenas que saibam que estarei sempre aqui.
Serei lenço que enxuga as lágrimas,
colo que ampara as dores,
abraço que ajuda a curar as feridas,
E, quando entenderem, sorriso que comemora as vitórias!
Hoje e sempre, amo-vos. Parabéns, meus amores. Minha vida. Meus tudo.
Meu coração entre dois mundos, sempre
Salomão
e a sabedoria
Estando Salomão muito perto da sua partida deste
mundo vieram os sábios da Pérsia e da Arábia para terem um último encontro de
Mestres.
Estava Salomão reclinado no seu leito e os
sábios seus amigos iam falando da perda que o mundo iria sentir com a sua partida,
quando de repente entra um menino com cerca de cinco anos e inclinando - se
reverente pede ao rei se o quer ajudar:
E de que precisas tu, meu menino?
Real Senhor, diz ele, a minha mãe deixa sempre
debaixo da cinza uma grande Brasa para poder fazer o fogo para cozinhar a
refeição seguinte, mas desta vez a lenha era de muito má qualidade e consumiu-
se toda de tal maneira que como o tempo está húmido nem a pederneira faísca o
suficiente para acender o fogo.
Majestade, mandai por favor que me coloquem na
mão uma brasinha do vosso lume e assim a minha mãe poderá saciar a nossa fome.
Mas, diz Salomão, se te dão a brasa na mão, até
chegares a casa vais queimar a tua mãozinha.
Meu Real Senhor, se mandares colocar primeiro
uma mão cheia de cinza e depois o lume em cima decerto que me não queimarei.
Salomão mandou que lhe fizessem como ele dizia e
voltando- se para os sábios seu amigo disse com um sorriso:
Salomão quase a morrer e ainda está a aprender.
Deus seja louvado e o conto contado.
LOCAL de AMOR
Hospital Arcebispo João Crisóstomo – Cantanhede
“A
sensibilidade, o humanismo e o amor, são o meio caminho para atenuar a dor” A.
Girão
Acompanho, há
cerca de um mês, o internamento de um familiar muito querido no Hospital de
Cantanhede, como lhe chamamos. Tenho visto muito amor! As palavras são o
caminho mais rápido para agradecer, mas nem sempre são o mais eficaz, pois não
expressam, na plenitude, sentimentos, não transmitem na totalidade a voz da
alma, não têm o poder de sorrir.
Como cidadão
com 65 anos, como professor de Português há 42 anos, não me faltarão as
palavras para agradecer, mas falta-me a capacidade de escolher aquela, ou
aquelas, que mais me saiam do coração e menos do teclado de um computador.
Queria eu ter a capacidade do alquimista do saber dizer para, tal como o
verdadeiro alquimista que transforma tudo o que toca em ouro, eu queria ter
esse sonho: durante cinco pequenos minutos, perfumar este texto com o que o
coração me diz, dourar este texto com a alquimia das palavras e dizer tudo o
que tenho a agradecer a todas as pessoas que trabalham neste hospital e que têm
acompanhado o meu familiar. Todas, são mesmo todas. Aquelas com que me cruzo
nas minhas visitas diárias, aquelas que eu não vejo diariamente e aquelas que
eu nunca vejo e que são muito importantes.
Em cada olhar,
em cada gesto, em cada palavra, em cada movimento, estas nobres pessoas
transmitem-me a paz e a tranquilidade que todos necessitamos quando entramos
nos cuidados paliativos para ver um familiar.
Repito,
poderia dizer milhentas palavras, poderia tentar dizer tudo e mais alguma coisa
que nunca conseguiria dizer a estas pessoas o quanto as admiro e lhes agradeço
tudo, mas tudo mesmo.
Então, como
português que sou, embrulhada entre as pétalas simbólicas, de rosas também
simbólicas, numa metáfora que me deixa de lágrimas nos olhos, de olhos nos
olhos, para todos(as) estes(as) profissionais, a expressão portuguesa que eu
mais adoro: MUITO, MUITO OBRIGADO!
Aceitei este desafio com a consciência que reúno
informações sobre a Canoagem em Montemor que devo partilhar e quem sabe poder
de uma vez por todas acabar com algumas barbaridades que por aí vão falando
sobre o aparecimento desta modalidade na vertente de competição e como surgiu e
por quem a ideia de uma Pista Olímpica para a prática nas terras de Montemor.
O PASSADO
Na verdade, vamos ter que recuar cerca de 35 anos para
darmos início ao nascimento da Canoagem.
Nesta altura o Infantário Jardim de Infância de
Montemor era sem dúvida a Instituição que mais apostava na ocupação dos tempos
livres dos jovens do nosso concelho. Liderada por um presidente, jovem,
ambicioso e inovador, o presidente Vítor Camareiro soube escolher uma direção
também ela muito jovem e assim mudar por completo a ideia que os
"velhos" do Restelo queriam manter para a referida instituição.
Era urgente criar uma secção desportiva onde as
crianças, jovens e até adultos pudessem praticar desporto com alguma
regularidade. Assim nasceu a Natação (nas Piscinas Municipais de Cantanhede),
Karaté, Ginástica Infantil e Manutenção (para jovens e adultos) e a Canoagem.
A Canoagem já existia, mas no outro lado do Rio em
Verride. Foi através do Clube Canoagem de Verride que a Canoagem chega a
Montemor. O Infantário Jardim de Infância de Montemor através de um projeto de
Férias Desportivas incluiu no programa a Iniciação a Canoagem, então surgiram
assim os primeiros praticantes desta modalidade em Montemor.
A partir daqui e como a adesão a este projeto teve muitas
crianças e jovens, fizeram-se as primeiras encomendas de barcos (noutra edição
irei dizer como conseguimos adquirir a maioria dos barcos).
Seria o princípio de uma modalidade que num instante
atingiu patamares de excelência para a época. (continua...)
O PRESENTE
Neste momento sou treinador da equipa de competição da
Casa do BENFICA de Montemor.
30 anos depois aceitei o desafio proposto pela Casa do BENFICA na pessoa do seu Vice-presidente Carlos Cunha, também ele meu antigo atleta no Infantário Jardim de Infância e agora já atleta veterano (como eu) e também treinador.
Começamos a cerca de 5 anos, quase do nada e apenas
com alguns barcos. O bichinho estava cá, apenas estava adormecido, por isso
tudo foi bem mais fácil. Apareceram os primeiros praticantes e houve
necessidade de aumentar o número de barcos.
A Casa do BENFICA viu-se "obrigada" a fazer
um enorme investimento para que a Canoagem fosse uma realidade e aquilo que é
hoje.
Com atletas de tenra idade tivemos que adaptar os
treinos de acordo com o desenvolvimento de cada um, esta será sem dúvida a
melhor opção, mas a mais trabalhosa pois dificilmente se consegue dar o mesmo
treino a todo o grupo.
Hoje esse pequeno grupo, digo pequeno porque nem todos
aguentaram a exigência da modalidade, para além da exigência desportiva há
também as temperaturas da água e ar, não é nada fácil suportar no inverno a
temperatura por vezes negativa da água e até do próprio ar. A seleção e triagem
dos jovens, começa logo por aí. Então desse pequeno grupo saiu a espinha dorsal
da nossa equipa de competição. Também a aposta na formação dos técnicos por
parte da Casa do BENFICA deu-nos bagagem para evoluir cada vez mais e melhor.
Acabei de concluir o nível ll de treinador faltando
apenas concluir o Estágio.
Também já é possível elaborar um MACROCICLO de treino,
igual para um grupo de atletas, uma vez que esse grupo está ao mesmo nível
competitivo.
Estamos a treinar 4 vezes por semana, totalizando
cerca de 10h divididas entre o ginásio e a água...
FUTURO
Todos temos metas mais ou menos estruturadas de
maneira a trabalhar para as alcançar num futuro próximo.
Claro que sonho com a chamada de um atleta
á equipa do Benfica e Seleção Nacional.
São objetivos que todos treinadores têm e sonham,
portanto por enquanto será apenas um sonho mas certamente uma realidade num
futuro próximo.
Feira
das Comedeiras em Pereira
A
Feira Anual da Vila de Pereira, conhecida por “feira das comedeiras”, tem lugar
no dia 21 de outubro, dia em que a Igreja comemora as Onze Mil Virgens e Santa Úrsula.
Assim o diz o alvará régio que El-Rei D. João IV outorgou em 22 de setembro de 1644 “(…) havendo respeito ao que se me representou por parte do Juiz, Vereadores e Procurador da Vila de Pereira, sobre pedirem se faça nesta uma Feira cada anno em dia das Onze Mil Virgens e ser em utilidade dos moradores da dita Vila, para com mais comodidade venderem os seus fructos, hei por bem conceder-lhes licença para que se faça a dita Feira em cada anno, no mesmo dia das Onze Mil Virgens, pagando-se nella os direitos devidos á minha fazenda (…)”.
De
facto, à semelhança das feiras medievais, que se faziam em quadras relacionadas
com as festas religiosas, a realização da Feira Anual da Vila de Pereira, criada
na Idade Moderna, a pedido do Juiz, Vereadores e Procurador da Vila de Pereira,
coincide com um dia de celebração religiosa, provavelmente, à época, muito
festejado na vila, e ou, quiçá, “dia do termo ou concelho”.
É que, nessa data, a vila de Pereira era sede de um próspero termo (concelho), que já havia usufruído de um primeiro foral a 12 de novembro de 1282, concedido por D. Dinis, e um segundo, há 510 anos, outorgado por D. Manuel I, a 13 de Agosto de 1513.
Esta feira anual, que neste ano de 2023 vai assinalar a sua 379.ª edição, olvidando algum interregno que tenha ocorrido, teria inspirado o epíteto de “feira das comedeiras”, como é conhecida, em que as pessoas aproveitavam este certame para comprar as “comedeirices” para a festa do Natal, como os doces, o mel, as nozes, os pinhões e as passas.
Como
noutras feiras, o encontro de mercadores e compradores tinha por objetivo escoar
a produção agrícola, principalmente cereais, frutos secos, leguminosas, azeite
e vinho, aves e gado, assim como alfaias agrícolas, olaria e vestuário, além do
artesanato e doçaria tradicional.
Neste ano de 2023, para coincidir com o dia da feira mensal, no terceiro domingo do mês, a feira anual realiza-se no dia 15 de outubro, no Largo da Cheira e Centro Histórico, e em que a autarquia Pereirense pretende assinalar a efeméride com uma festa que procura envolver toda a população. Para além das cerimónias evocativas deste acontecimento, a Junta de Freguesia promove também um programa diversificado que, nos dias 14 e 15, além do convívio e animação popular, pretende propiciar as trocas comerciais e destacar e promover alguns dos produtos mais característicos da freguesia, como o artesanato e a gastronomia, com destaque para as famosas Queijadas de Pereira.
Aldo
Aveiro, setembro 2023.
Os campos do
Baixo Mondego, sempre foram férteis na sua produção, quer na produção do milho,
quer na produção do arroz...
Segundo alguns historiadores que se debruçaram sobre esta temática, os
campos do Baixo Mondego. Mais concretamente entre a cidade de Coimbra e a Vila
de Montemor-o-Velho, foram considerados o celeiro da região centro.
Já entre o meado do século quatorze e o de quinze aquando da grande epopeia e expansão dos descobrimentos e muito depois de Coimbra, vir deixar de ser a Capital do reino e das decisões políticas. Foi introduzido nestes campos, o milho de maçaroca que, ainda hoje existe. Com a sua implantação o mesmo veio a substituir o milho painco. O milho maçaroca,
não veio da América, como inicialmente foi ventilado. Mas, sim da Guiné.
Quando o milho maçaroca, começou a ser produzido nos campos do Mondego,
deu-se uma grande revolução económica, com os povos a instalarem-se e a
povoarem as duas margens do rio Mondego, a fim de se associarem a esta riqueza.
Estava-se digamos no "auge" de uma riqueza ímpar. E por essa
razão, foram construídos com arte e beleza, grandes celeiros de armazenamento
desse cereal.
Bem como também Igrejas, Capelas e Solares. Os grandes celeiros, foram construídos, mais designadamente em S. Marcos, Tentúgal e Montemor, onde obras-primas religiosas ou laicas daí nasceram.
Acresce dizer que, nessa época de grande desenvolvimento econômico, só de
Montemor para dar novos mundos ao mundo! Dei os seus filhos Ilustres, de seis
nomes: Diogo de Azambuja, Fernão Mendes Pinto e Jorge de Montemor entre mais
outros vultos de renome.
Hoje! Há mais culturas diversificadas, onde pontifica a cultura do arroz, ainda que mais recentemente. Que, suplanta a velhinha cultura do milho.
Também antigamente, aquando dos rigorosos invernos, o rio Mondego,
carinhosamente tratado por (basofias), transbordava a água do seu leito e
alagava e fertilização todos os campos do Baixo Mondego. Hoje, com as
sucessivas obras no rio e nesses campos, dá a possibilidade de não ser apenas
realizada uma monocultura. Mas sim culturas sucessivas.
António Matos
JOSÉ GOMES CRUZ – UM FIGUEIRENSE ILUSTRE
Nasceu em Tavarede, no dia 16 de setembro de 1873, filho de António Cruz, pedreiro, e de Joaquina Gomes Cruz, doméstica.
Apesar das dificuldades financeiras, estudou na
Universidade Coimbra, onde se matriculou em 1893 no 1º ano de Matemática e
Filosofia.
Estudou por iniciativa e ajuda de João José da Costa,
da Quinta dos Condados, mas também deu explicações para fazer face aos encargos
com os estudos e estadia em Coimbra.
E como José Gomes Cruz sabia tocar diversos instrumentos musicais, entre os quais violino, ofereceu os seus préstimos ao Café Santa Cruz onde, a troco de uma pequena quantia, tocava durante os jantares.
Aliás, José Gomes Cruz era então um distinto violista
da Tuna Académica da Universidade de Coimbra (TAUC), como poderemos ver em
fotos anexas (nº 21 no ano de 1894, nº 23 no ano de 1895 e nº 31 no ano de
1896).
Durante as férias vinha para Tavarede, integrando-se
ativamente na Estudantina Tavaredense, de que foi um dos grandes animadores,
chegando a dirigir a orquestra durante os espetáculos teatrais.
Na Estudantina Tavaredense distinguiram-se também
Gentil Ribeiro, António Medina, António da Silva Coelho, António de Almeida
Cruz, José Pedro da Silva, Alfredo Viana, tendo sobressaído como ensaiador o
seu irmão, o Dr. Manuel Gomes Cruz.
(Gentil Ribeiro, que foi o primeiro editor do jornal «A Voz da Justiça», é pai do ilustre tavaredense José da Silva Ribeiro).
José Gomes da Cruz foi um dedicado sócio da «Sociedade
de Instrução Tavaredense», fundada em 15 de janeiro de 1904 para a instrução e
a educação das classes populares, onde proferiu diversas palestras sobre
assuntos da maior importância para os seus conterrâneos, como, por exemplo,
“Alcoolismo”, “Formas de Governo”, “Pátria” e “Liberdade, Igualdade e
Fraternidade”.
(A «Sociedade de Instrução Tavaredense» resultou da
extinção da «Estudantina Tavaredense» e do «Grupo de Instrução de Tavarede»,
este com sede na primitiva Casa do Terreiro).
Republicano e maçon, José Gomes Cruz filiou-se em 1900 na Loja Fernandes Tomás com o nome simbólico de «Pasteur».
Pertenciam a esta loja mais de uma centena de
figueirenses, muitos deles com uma atividade cívica, cultural e artística
relevantes, criando e financiando escolas populares, destacando-se Manuel
Gaspar de Lemos, Manuel e José Gomes Cruz, Manuel Jorge Cruz, Fernando Augusto
Soares, Maurício Águas Pinto, António Augusto Esteves, José da Silva Fonseca,
José Rafael Sampaio e António da Silva Biscaia.
José Gomes Cruz formou-se em Medicina no ano de 1902,
profissão que praticou de forma incansável, exercendo durante muitos anos o
cargo de médico municipal em Buarcos e também na Companhia dos Caminhos de
Ferro da Beira Alta.
Dotado de um espírito liberal e desinteressado, com
carácter impoluto, oriundo de gente humilde, era admirado pelas suas
excecionais qualidades.
José Gomes Cruz, médico, assim como o seu irmão mais
velho, Manuel Gomes Cruz, advogado, estiveram ligados à instrução popular, bem
como à propaganda republicana, realizando palestras e conferências ouvidas com
grande interesse pelas classes trabalhadoras.
Os irmãos Gomes Cruz eram convidados para proferir
palestras na inauguração de escolas, em sessões solenes de Associações e em
muitos outros eventos de caráter político ou cívico.
Eram ambos maçons da «Loja Fernandes Tomás»,
pertenciam aos corpos dirigentes da «Associação de Instrução Popular» e
possuíam uma grande influência no jornal «A Voz da Justiça», a cujo corpo
editorial pertenciam.
A sua ligação às associações de instrução popular
serviu para ajudar os mais desfavorecidos, de onde descendia, devotando-se à
cultura popular e ao combate ao alcoolismo, proferindo imensas conferências e
escrevendo artigos para o jornal «A Voz da Justiça».
Participou em conferências, tanto na «Escola Noturna
Popular Bernardino Machado», como na «Associação de Instrução Popular», na
«Associação Artística Figueirense», na «Sociedade de Instrução Tavaredense» e
em muitas outras associações.
A «Escola Noturna Bernardino Machado», em Buarcos,
tinha como benemérito Fernando Augusto Soares, que também auxiliava a escola
noturna de adultos e a biblioteca da «Associação de Instrução Popular».
(A «Associação de Instrução Popular» foi fundada em
1902 e funcionava entre a Rua da Cadeia e a Rua do Estendal, no mesmo prédio da
«Tipografia Popular»).
Em 1904 José Gomes Cruz iniciou as suas palestras na
«Associação de Instrução Popular» em torno de questões que revelavam as suas
preocupações sociais, tais como a instrução do povo, o associativismo e o
corporativismo.
Estas conferências eram sempre anunciadas nas páginas
de «A Voz da Justiça» e depois relatadas no mesmo jornal.
A partir do final de 1908, e nos anos de 1909 e 1910,
as conferências intensificam-se, fosse sobre a problemática da higiene, então
um problema tão grave como o analfabetismo, fosse sobre os movimentos da terra.
José Gomes Cruz defendia que uma das principais causas
da «desgraça» do povo português era a falta de instrução, especialmente a dos
pobres, porque “…. todo o cidadão deve estudar e educar-se, mas para que o seu
espírito possa evoluir e para que a sua razão atinja a compreensão dos seus
direitos e dos seus deveres, para que possa, enfim, formar o caráter, é preciso
que todos dediquem ao estudo e ao trabalho o seu melhor esforço”. («A Voz da
Justiça» de 1 de novembro de 1910)
Insurgia-se contra os governos que haviam negado a
instrução ao povo, incitando à leitura e ao estudo nas escolas noturnas que na
Figueira ensinavam as primeiras letras a adultos e menores, destacando o papel
das escolas da «Associação de Instrução Popular» e da «Associação Artística»,
em especial esta última, na qual os alunos eram habilitados para os exames de
1º e 2ºgraus.
Lutou afincadamente pela implantação da República e
com o seu irmão Manuel Gomes Cruz participou ativamente na constituição da
primeira Câmara da Figueira após a revolução de 5 de outubro de 1910.
O Dr. Manuel Gomes da Cruz assumiu então o lugar de
Administrador do Concelho, substituindo João Rebelo, enquanto no exterior dos
Paços do Concelho se vivia um clima de grande manifestação, ao som de «A
Portuguesa», de foguetes e com o içar da nova bandeira republicana.
A primeira Câmara republicana ficou constituída pelo
Dr. Joaquim da Silva Cortesão, presidente, pelo Dr. José Gomes da Cruz,
vice-presidente, e pelos vereadores Dr. Manuel Gaspar de Lemos, Dr. Joaquim
José Cerqueira da Rocha, José da Silva Fonseca, Francisco Quadros e Maurício
Águas Pinto.
José Gomes Cruz foi ainda vogal da «Comissão Municipal
Republicana» e em 6 de novembro de 1910 foi eleito dirigente do «Centro
Republicano Cândido dos Reis», ligado à «Loja maçónica Fernandes Tomás»,
juntamente com Manuel Gaspar de Lemos e Joaquim Augusto Guedes, tendo como
substitutos Inácio Pinto, João Simões e Manuel Jorge Cruz.
(À «Comissão Municipal Republicana» competia a direção
e responsabilidade da propaganda, como de todos os outros trabalhos partidários
no concelho. Da Comissão Administrativa Republicana da Figueira da Foz, faziam
parte o Dr. Joaquim Cortesão, como presidente, o Dr. Cerqueira da Rocha, como
vice-presidente, e como vogais Manuel Gaspar de Lemos, o Dr. José Gomes Cruz,
José da Luz, José da Silva Fonseca, Maurício Pinto e Francisco Quadros).
A sua humildade, honestidade, sinceridade, assim como
o amor e a desilusão no modo como evoluía a República, sobressaem da
conferência intitulada “Educação e Instrução Popular” que proferiu no dia 5 de
outubro de 1924 na «Associação de Instrução Popular»:
“.... É um coração republicano que lhes fala, que
poderá ser brutal, mas julga ser justo, julga ser honesto, coração
profundamente democrático, que procura no isolamento carpir as mágoas por ver
que esta querida República, que ele tanto ama, não tem podido cumprir a sua
nobre missão – por culpa dos homens e só por culpa dos homens, que acima dela
vêem os seus interesses, os seus caprichos, as suas vaidades…”.
Publicou «Instrução e Trabalho”, conferência que
proferiu em 1925.
José Gomes Cruz nunca deixou de defender os princípios
e os valores que instituíram a República, chegando a estar preso por se ter
envolvido no movimento revolucionário que, de 3 a 9 de fevereiro de 1927,
pretendeu depor a ditadura instaurada em 1926 (a qual só seria derrubada em
1974).
O movimento revolucionário iniciou-se no Porto, a 3 de
fevereiro de 1927, com a saída do Regimento de Caçadores n.º 9, a que se juntou
o Regimento de Cavalaria n.º 6, vindo de Penafiel.
A essas forças uniram-se outras unidades militares do
Porto, a GNR aquartelada na Bela Vista e, no dia seguinte, elementos do
Regimento de Artilharia de Amarante.
A Figueira da Foz sublevou-se no primeiro dia da
revolta, a 3 de fevereiro, Vila Real de Sto. António, Tavira e Faro nos dias 4
e 5.
Houve ainda intentonas em Évora, Setúbal, Barreiro, S.
Julião da Barra, Amadora, Queluz, Mafra, Abrantes, Tancos, Entroncamento,
Leiria, Castelo Branco, Coimbra, Mealhada, Cantanhede, Aveiro, Viseu, Alijó e
Valpaços.
Na Figueira da Foz participaram na revolta as tropas
de Artilharia nº 2, aquarteladas no quartel Pimentel Pinto desde 1897, as quais
seguiram para o Porto, seguindo a Linha da Beira Alta, mas foram obrigadas a
render-se quando chegavam à Pampilhosa.
O balanço dos combates no Porto resultou em cerca de
90 mortos e 500 feridos, grandes destruições, com dezenas de casas atingidas
pelo fogo da artilharia e pelos incêndios.
Lisboa revoltou-se tardiamente, de 7 a 9 de fevereiro,
e dos confrontos resultaram mais de 70 mortos e 400 feridos.
No seu conjunto, a revolta de fevereiro de 1927
provocou aproximadamente 200 mortos e cerca de 1.000 feridos.
Nas prisões da Penitenciária de Lisboa entraram cerca
de 1.000 sublevados, encaminhados das várias cidades e vilas onde tinham sido
detidos.
Seguiram-se as demissões da função pública, as
deportações e o exílio para as ilhas e para as colónias de mais de 1.000
democratas que tinham participado no movimento.
José Gomes Cruz faleceu 14 anos depois, no dia 27 de julho de 1941, encontrando-se sepultado em Tavarede.
Foi casado com D. Adelaide Goltz Águas Cruz, era pai
do Dr. José Águas Cruz, subinspetor de Finanças, sogro do Dr. Manuel Lontro
Mariano, irmão do Dr. Manuel Gomes Cruz e tio de Manuel Jorge da Cruz,
tipógrafo, proprietário da «Tipografia Popular» e do jornal «A Voz da Justiça».
Repórter MABOR. (1958)
Os leitores da Barcaça, no seu jeito de se manifestar justamente, podem e
devem construir o desejado contraditório na base das suas opiniões, fazendo uso
do seu conhecimento sobre as causas e os melhores efeitos de
coisas ou coisitas...
Deste modo racional, todos aprendemos por essa razão de comunicarmos as
vivências dos nossos percursos repletos de aventuras e muitas histórias no
passado e porque não no presente inesperado e desconhecido, mas recente e
cuidado nos nossos afetos.
Se assim penso e reafirmo esta roupagem de Repórter Mabor, faz de mim um
parente rico e pobre ao mesmo tempo numa geração de ferro na cadeia de
nada ter e tudo fazer para possuir algo distante sem ombros de apoios,
trabalhando para ajudar as famílias, quando agora os filhos casadoiros acordam
ao meio dia em casa dos pais, quem sabe se não carregam as mulheres e os filhos
para casa dos cotas.
Uma porra de hábitos que a geração de ferro me recusou com o suor do seu
rosto.
Claro que o tempo é outro, pois é, mas será que a virtude da honra e do
trabalho não tem o estímulo da intemporalidade?
Repórter Mabor, não desarma da velha escola das virtudes do
passado numa geração que não foi à missa com fatos emprestados, levava
o remendado seu todo seu das calças ao casaco, se porventura o tinha em casa.
Porém, os arrufos das falsas modéstias, não permitem saúde mental
a nenhum vendedor de fantasias.
Ser ainda Repórter Mabor, volvidos um turbilhão de anos, trata-se isso sim, se alguém quer desprezar as suas raízes, é porque não foi feliz e eu fui por Terras de Montemor, sobretudo no meu cantinho do Casal Novo do Rio, onde os candeeiros a petróleo iluminavam as noites escuras demais receosas nas invernosas trovoadas em que rezar em família aliviava o medo, cujo castigo estou ainda por saber o motivo por que me falavam em castigo de Nosso Senhor.
Setembro a findar…
Parece ter-se fechado um ciclo,
parece ter findado um tempo único…
O sol brilha ainda, é certo,
o tempo continua quente…
O mar permanece sereno
numa eterna espera,
beijando docemente a areia
agora deserta,
sem sorrisos, vazia e triste…
Os dias vão sendo menores
escapam-se-nos mais facilmente,
fogem-nos …
É o tempo do recomeço,
um tempo de perda inevitável…
Foi fugaz o verão,
o tempo dos dias grandes e preenchidos,
das noites quentes e convidativas…
Fica em mim o sabor amargo
de um tempo que não foi,
que não chegou a ser vivido em pleno…
Perdeu-se o tempo das realizações autênticas…
Garça Real
O QUE SOMOS NÓS?
uma peça de xadrez no tabuleiro da vida
um(a) ator(atriz) colocado/a fora de cena
Uma ficha desligada
Uma lâmpada apagada
Sim, nós não somos nada…
Isabel Capinha
SE…
Se a lua me sorrisse lá do
céu
Se as estrelas poisassem no
meu corpo
Se o sol me vestisse de luz
Se a chuva me segredasse
poemas
Se as flores me atapetassem
o caminho
Se o mar levasse todas as
minhas penas
Se o arco-íris nunca me
deixasse sozinha
Se eu cantando encantasse
rouxinóis
Se meus olhos brilhassem
como faróis
Se um abraço me salvasse da
tristeza
Se um beijo me acendesse a
juventude
Se no mundo só existisse
beleza
A vida dá sempre lugar ao
sonho
Nem que seja por breves
instantes
Aqueles sonhos de tempos tão
distantes
E que estão povoados de
saudades
Deito-me com o sonho muitas
vezes
E acordo muitas vezes com o
sonho
Será por isso que escrevo
como penso
Ou será que penso porque
sonho
E escrevo sonhando muitas
vezes…
AUTORIA: ISABEL
TAVARES
(© Todos os
Direitos de Autor Reservados)
Código do
Direito de Autor e dos Direitos Conexos - Decreto-Lei n.º 63/85, de 14 de março
- Diário da República n.º 61, Série I, de 14.03.1985 -
Isabel Tavares
Nas ruas vazias, o silêncio
presente,
é saudade que invade a alma
de repente
Mas o silêncio, é verdade,
há encontro,
Nas sutilezas que o ar tem
para oferecer
A quietude da noite, a
frescura
São convites à introspeção,
ao pensamento.
Setembro soletra a solidão
o confronto com a derradeira
companhia
O momento de ligação e de
essência
O olhar de dentro...
sabedoria
Mara Kopke
Uma
casa para viver
Escrevo este texto numa esplanada junto à Alameda, em Lisboa, a menos de uma hora do início da manifestação pela Habitação. Escrevo-o no telefone, por isso peço desculpa por algum erro ou falta de articulação ou mesmo de previsão do que acontecerá. Esperava escrever quando chegasse a casa, mas a organização “Porta a Porta” e “Casas para habitar” não fez por menos. Convocou A Garota Não com Luca Argel e Luis Varatojo / Luta Livre, músicos que não viraram a cara a causas, que nos entregaram a sua arte como ferramenta de justiça para encerrar esta tarde.
Hoje,
em 30 cidades, milhares de pessoas vão sair à rua defendendo “casas para
habitar”. Não conseguindo estar em Coimbra por motivos de agenda pessoal,
decidi participar em Lisboa.
Há
manifestações que se notam logo pelo ambiente que serão diferentes; “duras”,
pesadas, esse “diferente” assume-se quando se nota um desespero na vida das
pessoas.
Escrevo
isto porque também me toca. Porque não consigo pagar uma casa, porque vi amigos
despejados, porque vejo amigos em casas sobrelotadas, vejo amigos humilhados e
espezinhados pelo interesse do lucro e especulação. Escrevo porque isto nos
toca a todos, jovens, imigrantes, famílias e idosos. São demasiadas pessoas que
sentem um aperto na garganta e no peito.
Transversalmente!
Do litoral ao interior, não há cidade nem aldeia onde não sejam conhecidos
casos de aumentos insuportáveis.
Estou
a ver aqui demasiadas pessoas a seres assoladas e atiradas para a falta de
humanidade. Aqui sentado, começo a ver que chegam de todos os lados. Dos
bairros típicos, da periferia, da margem sul, dos bairros mais pobres, dos
bairros betos, há mitras, os artistas, os pop e das redes, os hippies, idosos,
netos, famílias inteiras até.
Os
cartazes amontoam-se, as faixas esticam-se, os abraços multiplicam-se e
sente-se no ar uma solidariedade e uma força diferente com vontade de virar
este país ao contrário. Foram poucas as vezes que ouvi uma manifestação a
gritar com esta intensidade.
Foi
por todas estas razões que a CDU apresentou, ontem, uma moção na Assembleia
Municipal de Montemor-o-Velho: “Exigir do governo medidas para reduzir o valor
das rendas e das prestações ao banco e assegurar o direito à habitação”.
Permitam-me repetir: “assegurar o direito à habitação”, não só nesta moção tem
sido o nosso trabalho, a CDU tem se batido como ninguém pelo direito à
habitação, mas esta moção trazia, acima de tudo, um voto, uma posição solidária
com milhares de pessoas.
Esta
moção contou com os votos contra da bancada do PSD. Convém desta forma
esclarecer com quem podemos contar na resolução de um problema que também afeta
o nosso concelho de uma maneira feroz.
Convém
saber que opções toma o PSD – Montemor-o-Velho, entre aprovar uma moção que
afronta o lucro de 11 milhões por dia de mão dada com a especulação, ou estar
do lado do mais simples que só suspiram por uma vida minimamente digna da: um
teto, quatro paredes, um ambiente onde se possa viver e crescer saudável.
Ia
até mais longe, convém saber onde se coloca o PSD quando é necessário defender
a Constituição da Républica Portuguesa no seu Artigo 65.º - 1. Todos têm
direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em
condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a
privacidade familiar.
Ninguém
vive em tendas, parques de campismo, casas sem condições, por opção!
Sobrevive-se! Devido a salários baixos e parcas pensões, enquanto outros
apresentam os maiores lucros da história. Portanto, é simples perceber com quem
podemos ou não contar, não só na luta pela habitação, mas na luta por uma vida
melhor.
Não
têm casas para viver? Comam contas certas ao jantar!
Está na "forja" segue dentro de momentos...
Resumo
Este romance
reproduz a mundivivência das terras nortenhas e aproxima o texto ficcional da
realidade narrada, numa Beira rural e analfabeta ancorada numa sociedade
patriarcal. Misturando erudição com a linguagem popular, Aquilino capta esse
ambiente arreigado na religiosidade e na crendice e revela o instinto camponês
com todas as superstições e todos os subterfúgios associados à obsessão de
propriedade.
Sabias que a Casa
Grande de Romarigães é real e que aí moraram o ex-Presidente da República
Bernardino Machado e o próprio Aquilino Ribeiro (1885-1963)?
O
escritor beirão sobre quem Fernando Namora disse ser “aquele jovem que trouxera
a província para a cidade” conta nesta obra, publicada pela primeira vez em
1957, a história de Portugal através desta casa parcialmente em ruínas.
Aquilino Ribeiro encontrou correspondências entre antigos habitantes da casa,
datadas entre 1680 e 1828, e decidiu continuar a história.
No
prefácio, o autor diz que as últimas páginas do livro são “da sua lavra”: “Às
outras, sacudi o bolor do tempo e reatei o fio de Ariadna, interrompido aqui e
além.”
A
PRIMEIRA FRASE
“Do
pinhão, que um pé-de-vento arrancou ao dormitório da pinha-mãe, e da bolota,
que a ave deixou cair no solo, repetido o acto mil vezes gerou-se a floresta.”
SOBRE O
AUTOR
“É um
inimigo político, mas é um grande escritor!”
António
Oliveira Salazar
Ao vivo
na Taberna Fernando dos Jornais Setúbal, 15 setembro 2023 (Dia de Bocage e da
Cidade)
Em que
estado, meu bem, por ti me vejo,
Em que
estado infeliz, penoso e duro!
Delido o
coração de um fogo impuro,
Meus
pesados grilhões adoro e beijo.
Quando te
logro mais, mais te desejo;
Quando te
encontro mais, mais te procuro;
Quando mo
juras mais, menos seguro.
Julgo
esse doce amor, que adorna o pejo.
Assim
passo, assim vivo, assim meus fados.
Me
desarreigam d’alma a paz e o riso,
Sendo só
meu sustento os meus cuidados;
E, de
todo apagada a luz do siso,
Esquecem-me
(aí de mim!) por teus agrados
Morte, Juízo, Inferno e Paraíso.
Sem comentários:
Enviar um comentário