Viu-o partir, em silêncio. Sentiu-o partir, algum
tempo, antes de acontecer. Não sabe se partiu porque quis ou porque tinha,
mesmo, de o fazer.
Sabia que uma vez na vida, daria de caras,
ocasionalmente, com aquela pessoa que saberia, sem explicação, ser a certa. No
momento errado. Talvez. Sim, talvez, fossem/sejam almas que se conectam,
energias que se conhecem, corações que batem mais forte. Sem motivo. Sem
explicação.
Como se o universo conspirasse para os juntar naquele
momento específico, mas também para os separar na mesma medida. O destino
parecia brincar com eles, colocando obstáculos nos seus caminhos que os impedia
de ficar juntos.
Era uma daquelas situações em que a razão dizia para
seguir em frente, mas o coração implorava para ficar. Havia questões a
resolver. Dores a curar. E assim, entre o querer e o dever, entre a vontade e a
obrigação, entre o amor e a realidade, acabaram por se afastar.
A luz da manhã tingia o dia com tons suaves de
amarelo, refletindo a tranquilidade que se instalara ali. Ela ficou ali
sentada, observando o horizonte serenamente. Não queria olhar para trás e vê-lo
partir. Ele parou. Sentou-se a olhar. A coragem parecia falhar. Cada movimento
dele era calculado, meticuloso, como se quisesse adiar o inevitável. Ela sabia
que era preciso deixá-lo ir, mesmo que seu coração gritasse para que ele
ficasse.
As memórias dos momentos juntos invadiram as suas
mentes, um turbilhão de emoções contraditórias. Risos compartilhados, lágrimas
derramadas, silêncios reconfortantes. E ali estavam eles, de costas voltadas,
separados por uma distância maior do que qualquer estrada pudesse medir.
Ele levantou-se. Chegou perto dela. Ela sentiu a mão
dele tocar levemente seu rosto, um gesto suave e familiar que arrepiou a sua
pele. Os seus olhos encontraram-se, e por um instante, o tempo pareceu
congelar. Seguiu. Enquanto ele se afastava, levando consigo um pedaço dela, ela
soube que aquela conexão era mais do que uma simples casualidade. Era um
encontro de almas, um laço que transcendia o tempo e a distância.
E assim, enquanto o vento carregava as palavras não
ditas e as promessas não cumpridas, ela permaneceu ali, com o coração mais
pesado, mas cheio de gratidão por ter conhecido aquele que, mesmo no momento
errado, se tornara tão certo. Talvez ele nem o soubesse.
Mas mesmo com a distância física, sabiam que as suas
almas estavam ligadas de alguma forma. E guardavam a esperança de que um dia,
num futuro incerto, os seus caminhos se cruzassem novamente e tivessem a
oportunidade de viver o que não puderam naquele momento.
E assim, com a lembrança do que poderia ter sido e a
esperança do que ainda poderia ser, seguiram em frente, levando consigo a
certeza de que aquela conexão era única e especial, e que nada poderia
apagá-la.
Passariam a ser as pessoas certas.
Na hora certa.
Um dia.
Ela acreditava...
CANOAGEM
MONTEMORENSE... que futuro iremos ter!
Uma
boa pergunta que merece uma resposta séria, real e com conhecimento de causa.
Desde
o meu retorno a modalidade que tenho vindo a registar várias opiniões,
atitudes, comentários e por vezes até discussões. O que é que mudou com tudo
isto?
NADA
Montemor não vai conseguir nunca ter um clube de canoagem com relevância
nacional se não mudar o conceito e a ideia do que é ser um clube de canoagem
para COMPETIÇÃO.
Neste
momento temos um Clube em Montemor e mais duas Associações que têm secções de
Canoagem. Mas pronto, vamos aceitar que temos três clubes e vamos somar o
número de atletas, também me atrevo a dizer que não devem chegar a meia
centena, se quiser ainda aprofundar mais a coisa, quase garanto que pouco mais
de metade pratica e treina canoagem o mínimo aceitável que considero ser
necessário e que são as 3 vezes por semana. Mas, por aquilo que tenho visto,
ainda consigo fazer mais uma afirmação real.… desses que treinam regularmente
deve caber nos dedos de uma mão aqueles que poderão vir a ser atletas medianos
nesta modalidade se as coisas se mantiverem assim.
O
que que temos de mudar?
TUDO...
Em primeiro lugar: Criar um "novo" Clube, com uma direção própria e
composta na sua maioria por pessoas conhecedoras da modalidade, com autonomia
para decidir e capaz de desenvolver projetos para a captação de jovens atletas
de dentro e fora do concelho. Pode-se fazer um sem números de atividades que
para além de trazerem atletas poderão ser bastante rentáveis para o Clube.
Mas
para isso é necessário ter a tal autonomia própria.
Uma
secção de Canoagem não pode ser um Clube de Canoagem.
A
diferença é que uma secção depende daquilo que a Direção da instituição decide
para a canoagem, essa direção possivelmente nunca esteve numa prova de
Canoagem. Um Clube de Canoagem vive apenas para a Canoagem e tem sempre em
primeiro lugar o objetivo de fazer crescer o Clube em número, mas acima de tudo
em qualidade.
Saber
organizar-se de maneira que nada falte a modalidade: numa prova, na logística,
nos transportes de atletas e barcos, no apoio nas provas, nos processos de
treinos, equipamentos diversos e nas prioridades em compras de barcos, pagaias
e outro material essencial. Nada disto se faz facilmente numa secção, assim
como o compromisso com a modalidade é quase nulo. Daí eu defender que a
Canoagem em Montemor no futuro muito próximo tem de passar pela organização de
um clube único e com uma direção própria.
Depois
temos ainda a mentalidade das pessoas da terra, temos o que de melhor há no
mundo para a prática desta modalidade, mas apenas meia dúzia das pessoas da
terra estarão presentes para ver por exemplo uma taça de Portugal.
Para
ser canoísta a um nível médio ou um pouco mais é necessário abdicar de muitas
coisas tanto por parte dos pais como dos jovens que praticam a modalidade. Não
se pode estar num treino e estar a pensar que o treino nunca mais acaba. Quem
tem pressa em terminar um treino, é sinal que nunca será um atleta de nível
médio, será sempre e apenas... mais um praticante de canoagem.
Há
sem dúvida imensas lacunas para corrigir e melhorar para que Montemor possa
estar perto dos melhores clubes de Portugal. Quando se "cria" um
clube de canoagem para a vertente competitiva tem de se pensar na evolução
natural dos resultados desportivos quer sejam individuais quer sejam coletivos
e isso implica ter vários elementos que neste momento nenhum clube de Montemor
tem. Falo de um staff organizado, técnicos com disponibilidade e devidamente
compensados, todas as classes de embarcações e respetivo equipamento
complementar etc, etc.
E
é aí que eu me revejo, ser pessoa ativa num clube ambicioso e ter poder de
decisão no que á canoagem diz respeito. Mentiria se dissesse que ainda não fui
abordado por pessoas interessadas em criar um clube único, sim estarei
disponível para contribuir para o salto qualitativo da Canoagem em Montemor,
mas com os pés bem assentes no chão e sem querer dar um passo maior do que as
pernas. No entanto tenho a certeza que naturalmente irá surgir um clube de
canoagem em Montemor, até porque quem tem as condições únicas que Montemor
possuí, obrigatoriamente terá de haver um CLUBE á mesma altura. Vamos esperar
para ver.
João
Amaral (Treinador Canoagem de nível II)
(1º campeonato de infantis da
AFC)
A história por detrás destes "guerreiros",
somente com o intuito de informar, uma pequena resenha desta equipa do ACM, resolvi
descrever o historial da mesma.
A equipa em causa nasceu a partir dos torneios de
divulgação e desenvolvimento do futebol infantil, realizados em vários campos
da região centro, organizados pela DGD-Coimbra, sob a batuta do saudoso
Couceiro Figueira (então técnico da DGD-Coimbra).
A partir daí formaram-se várias equipas em outros
tantos clubes que permitiram a realização do 1º Campeonato de Infantis da AFC.
Em cima (da esquerda para a direita):
Víctor Pardal; Paulo Mateus; Mário José Silva;
Carlos Couto; Víctor Góis; Pedro
Doroteia; Joaquim Silva; Vítor Filipe.
Em baixo (da esquerda para a direita):
José Henrique (Santarém); João Silva (Silvita);
Vasco António (Vató); Henrique Mateus
(Quica); Víctor Silva; Luís Alves; Mário Jorge
Silva; Joaquim da Silva (Quinzito)
A partir dessas equipas criou-se a equipa/seleção de
Coimbra (onde tiveram lugar alguns miúdos do ACM - Paulo Mateus, João Silva,
Joaquim Silva, Francisco Guerra, Luís Alves, Joaquim Silva, Vasco António, etc.…)
que veio a participar em torneios de futebol com outras equipas, sendo de
destacar o torneio quadrangular em Santarém com o Benfica, Real de Madrid e
Barcelona.
O sorteio determinou quem jogava contra quem, a
eliminar
Quem ganhasse ia à final e fazia dois jogos.
Quem perdesse, ficava pelo caminho e só fazia um jogo
Calhou-nos o Benfica. Perdemos por 2 - 1. Viemos para
casa...
Mais tarde fomos participar num torneio no estádio da
Luz e foi um "tormento" para mim ter de estar sempre a chamar a
atenção do Francisco Guerra (guarda-redes) para ter atenção ao jogo, pois os
seus olhos não saiam das bancadas... (os jogos de infantis realizavam-se antes
dos jogos do Benfica (séniores) e no estádio já se encontravam muitas pessoas.
Quanto ao que se passava na "nossa casa",
permita-me que o esclareça no sentido da verdade dos factos.
1º - No ACM da altura, à exceção do saudoso
Gilberto, nunca ninguém quis saber da existência da equipa em causa. Só tivemos
algum apoio a partir dos iniciados.
2º - Quem era o treinador/animador desportivo
dessa equipa era eu, algumas vezes coadjuvado pelo Victor Pardal (acompanhei
essas crianças durante 10 anos – desde os infantis até aos juvenis).
3º - Muitas vezes não tínhamos sequer acesso aos
balneários; a chave era-nos negada, nomeadamente pelo Sr. Antonino.
4º - Para jogar, tinha de todas as 6ªs-feiras ir
a casa de um dos diretores para assinarem a ficha de jogo (por especial favor);
nunca tivemos delegado ao jogo em presença; a desculpa junto dos árbitros era
sempre a mesma – “O Sr. Delegado vem em carro diferente e chega mais tarde!”
Também nos dias de jogos em casa, muitas vezes com a
ajuda do Sr. Gilberto, tínhamos de marcar o campo, colocar as redes nas balizas
e ligar o motor para se ter água do poço e se poder tomar banho no final do
jogo (de água fria, por vezes gelada). Normalmente chegávamos ao campo pelas
07:00 (no inverno ainda de noite…), para jogar às 10:00. Tudo isto era
realizado com a participação dos miúdos.
5º - O apoio que tivemos para a aquisição do
equipamento foi o que consegui junto da DGD e da CMM-o-Velho.
6º - Para a necessária “bucha” depois do jogo,
socorria-me do apoio da Cooperativa Agrícola de M-o-V que nos dava todas as
semanas uma caixa de leite com chocolate ou com morango e um queijo, a que se
juntava o que as crianças traziam de casa e era repartido por todos.
Depois dos jogos, no regresso, parávamos em algum
lugar agradável e confraternizávamos, comendo e bebendo o que havia. Isso
acabou por gerar uma grande ligação e espírito de solidariedade entre todos.
Éramos uma EQUIPA.
7º - No dia da final tivemos 9 pessoas de
Montemor a assistir (Gilberto Moio (que levou a bandeira do ACM), o Sr. Neves,
Mário Pardal, Victor Camarneiro, o meu pai, o Sr. Mário Azedo… não me ocorre os
três que faltam!)
8º - Tudo estava preparado para a Académica sair
vitoriosa. A começar pela marcação da final no Estádio Municipal de Coimbra,
considerado campo neutro. (A académica joga lá, muitas vezes!).
9º - Quando chegámos ao estádio, estava a começar
a final para o 3º e 4º lugar. Os miúdos da Académica trataram logo de nos
intimidar chamando-nos de equipa do “Botas de borracha”. Éramos assim tratados
pois alguns dos miúdos (normalmente) calçavam botas de borracha (era o seu
melhor calçado!).
Tive de segurar os miúdos para não responderem às
provocações dizendo-lhes que iríamos provar dentro de campo, pois a vontade de
alguns era partir para a “violência”.
10º - Após o intervalo, quando estávamos à saída
do túnel a aguardar autorização para ir para o campo, um dos árbitros
dirigiu-se aos miúdos dizendo… “onde vão com tanta pressa – quem vai ganhar
isto é a Académica” … estava ao lado do Mário Zé que era o 1º da fila – nem
sequer respondi…). Na altura estava 0-0.
11º - Quem era o treinador da Académica era o
Víctor Manuel e o Director Técnico o famoso (da altura) Sr. Bentes.
12º - No final do jogo, dadas as provocações a
que a equipa tinha sido sujeita, ninguém quis ir ao balneário tomar banho e
mudar de roupa no estádio. Vieram equipados na carrinha até M-o-V, a cantar
todo o caminho onde quiseram fazer uma arruada, equipados, com a Taça nas mãos
e as medalhas ao peito, a cantar “passou, passou um avião e Montemor foi
campeão”.
13º - Vindos dos Anjos, ao chegarmos à Praça,
encontrei o Sr. Costa (na altura presidente do ACM, que me perguntou o que se
passava; só lhe respondi que tínhamos sido campeões). Por aqui se vê o
envolvimento da Direção do ACM com a equipa de Infantis.
14º - Depois da arruada em M-o-V, fomos para a
Ereira, onde também se fez uma arruada (5 dos jogadores da equipa eram da
Ereira).
14º No dia seguinte à final fui a casa do Gilberto
Moio e entreguei-lhe a Taça ganha. Era ele que a merecia. Quase sempre ia
connosco, mas quando não podia ir emprestava-me a carrinha para ir para os
jogos.
15º - Na altura a Taça ganha era o maior troféu
(em tamanho) que se encontrava no ACM.
16º - Na época em que fomos campeões de infantis,
o nível de jogo era tal que clubes com equipas de iniciados nos convidavam para
treinar com eles. Nessa época fizemos 36 jogos seguidos, sem perder (seria
motivo do Guinness... não?!...).
17º - Pena que não tivesse havido a atenção e
cuidado a todo o trabalho gerado com as crianças da altura, para futuro do
clube. Só os séniores interessavam, e pessimamente mal geridos, sem grande
organização e perspetivas futuras.
18º - Excetuando as poucas pessoas referidas,
nunca ninguém do clube deu importância às crianças, que eram o futuro do clube,
e provavelmente o ACM teria sido o que não foi.
19º - Aproveito a oportunidade para lhe enviar as
fotografias da final no Estádio Municipal de Coimbra.
Bom, apesar de tudo, não tenho qualquer ressentimento
de nada nem de ninguém. O que me interessava na altura era permitir às crianças
terem uma oportunidade que lhe era negada por todos, pelo que não tenho agora
qualquer outro interesse com todo este enunciado, a não ser retratar a real
realidade de esse momento da história do ACM, de que ambos, cada um ao seu
jeito, gostávamos muito, para que quando se fale deste assunto, ou por qualquer
motivo venha à baila, que se fale dele com conhecimento dos factos.
Com os meus melhores cumprimentos e que a vida lhe
continue a sorrir como deseja.