O tempo foge-nos a sete pés, as
memórias que ainda resistem devemos escrever porque essa é a forma do preservar
e quem atrás venha, fique com um quadro umas vezes duro outras simplesmente
delicioso.
Viajar na BARCAÇA ao sabor da
corrente, com a força dos braços e ajuda algumas vezes da corda que ligava as
duas margens, não era pera doce. Ainda o sol não tinha nascido e na volta já o
sol se tinha posto, era assim o dia a dia da faina agrícola.
Lá longe na torre da igreja o
sino dava as badaladas que orientavam os capatazes e ao domingo o toque da
sirene avisa do meio-dia.
Foram criadas páginas com
sabores, seja no desporto, associativismo, poesia, monumentalidade, histórias
de outros tempos, agricultura/ formação e política regional/nacional.
Com estes ingredientes desejamos
quinzenalmente fazer chegar aos nossos seguidores do Concelho, um sabor da
terra das gentes da cultura do desporto, ou seja, as nossas vivências.
"aos filhos dos homens que nunca foram meninos". Soeiro Pereira Gomes. - Esteiros
Falar Desporto Regional será uma página forte da nossa BARCAÇA. Falaremos e entrevistamos um leque de participantes tanto a nível
desportivo como no associativismo. Ambos se completam e deveras importante
para nossa sociedade. Se a sua participação é importante e desejamos mais
envolvimento devemos estar presentes e sentir o pulsar dos seus corações. Hoje em dia devido ao grande desgaste que os dirigentes são sujeitos e
como todos sabemos os críticos de bancada são mais que muitos, vamos dar voz
e acarinhar estes homens e mulheres que desenvolvem uma acção muito
importante nas suas colectividades. Ouvir as suas dificuldades, as suas lutas e os seus sonhos quem sabem
se com isso lhe damos o alento necessário para continuarem a sua Obra. Vamos palmilhar os dois Concelhos tanto de Montemor-o-Velho como da
Figueira da Foz entrar nas suas sedes e saber como vão. |
Onde se tocam, que diferenças nos trazem e mais importante quanto
gratificante é o seu trabalho. Sabemos porque já tivemos essa experiência das grandes dificuldades e
hoje mais do que antes com as novas tecnologias que estão presentes em
nossas casas a dificuldade do recrutamento e para ajudar estamos em anos
atípicos de pandemia.
Fazem um trabalho meritório substituindo o estado. |
||
A cada um de nós o pulsar das
nossas vivências coletivas nesta BARCAÇA, a transbordar de excelentes
colaboradores, levando a bom porto este projeto de comunicação necessário e
urgente num Montemor sem vozes críticas e independentes. libertadas de qualquer
poder político ou religioso. num chão amado e de serviço público. Porém, no que
me pede o nosso diretor Luiz Pessoa, sobre as nobres causas associativas,
resta-me deixar para os historiadores o seu saber académico:
De todo e sem mesquinhas falsidades,
o que me resta, repito, foi ter sido compensado por uma longa aprendizagem com
centenas e centenas de entrevistados nas rádios locais, também pelos extintos
jornais em Montemor, refugiando-me nos jornais da Região Centro, por aí me
orgulho de ter partilhado com associativistas exemplares, a minha escola feita
de carolice e apoio sistemático aos que construíram e continuam a escrever a
longevidade do tecido associativo na Vila Histórica.
“Julgam por fim, os hipotéticos leitores deste curto bitaite
na BARCAÇA, da minha inopinada presunção sobre matéria tão relevante como
são os valores associativos por Terras de Montemor” |
De qualquer modo e reduzido no meu
conhecimento histórico, quem sabe se na próxima edição da Barcaça, não trago as
memórias dos Panchitas, os Castelhanos, a juventude Radiosa do Padre João
Direito, quem sabe?
A capela do Mártir Santo São
Sebastião
De planta centralizada, apresenta
corpo de volumetria quadrangular, coberto de cúpula hemisférica simples,
antecedido de alpendre com telhado de três águas. A fachada principal,
orientada a poente, é rasgada por porta de verga direita, ladeada por duas
janelas retangulares baixas, e protegida por alpendre de oito colunas dóricas
que formam três vãos na frente e dois a cada lado. Nos ângulos do templo
levantam-se quatro pináculos, formando os da frontaria, pelo agrupamento de
outros dois, duas pequenas sineiras.
Na singeleza do seu interior,
emerge um espaço unificado e iluminado pelas duas janelas já aludidas. Por cima
do altar, emerge um lindíssimo retábulo de pedra policromada, datado também, do
século XVI, com três nichos. No nicho central, guarda-se uma imagem do mártir
São Sebastião e nos dois laterais as imagens de São Roque e São Lázaro.
As pessoas cultivavam a superstição,
toda a gente tinha algo para contar de sobrenatural que, de algum modo, alguém
tinha visto ou presenciado. Falavam, ao serão, em reuniões familiares. Na luz
da lareira quem duvidaria da veracidade de tais narrativas? As crianças ouviam
as histórias contadas como verdadeiras e, desta forma, passavam a fazer parte
das suas memórias, recordações da infância fortemente reforçadas pela
imaginação dos petizes. As crianças passavam facilmente de recetores a
emissores destas histórias e, como quem conta um conto acrescenta um ponto,
como um novelo, as histórias dos mais velhos acrescentavam-se às vivências dos
mais novos, numa teia entretecida que constitui a tradição oral.
Estamos em Montemor em anos bastante
recuados. Na Vila havia locais especiais onde "apareciam" os medos, e
ai de quem duvidasse de tais achamentos e, principalmente, da palavra de quem
os tinha observado. Na Rua Dr. José Galvão pelas dez horas da noite (hora dos
medos) um caixão a rastejar atravessava a rua e, sumia-se num bueiro grande que
existia encostado à casa do fidalgo José Fortunato; hoje tudo desaparecido,
casa, bueiro e fidalgo. Outro local apontado era um poço (de água) empedrado
situado numa terra do mesmo fidalgo, na estrada que liga a Vila de Montemor à
Barca, já perto da antiga ponte.
Mas não menos assustador era a baixeira
do Cano, frente à Quinta do mesmo nome, a caminho do Areal e do Moinho da Mata,
é aqui o local desta história:
- Mariana era costureira e ia laborar aos
dias na casa das freguesas. Ia a pé e carregava a máquina de costura à cabeça,
chamada máquina de mão, porque isenta de pedal, tinha uma manivela que era
acoplada à roda e era acionada pela mão da costureira. A jorna começava na
alvorada e terminava ao entardecer. Comia qualquer coisa, na casa da patroa, e
só depois regressava a sua casa. Uma tarde, no regresso da casa de uma família
do Areal, encontrou a comadre Júlia também de Montemor e, lado a lado, animadas
pela companhia recíproca, continuaram o seu caminho. Apressadas, pois, ao longe
já eram visíveis as primeiras estrelas pontilhando o céu, e também porque a
baixeira do Cano lhes causava receios. E, porque os sentidos iam alerta, a
conversa recaiu nas aparições estranhas. "- Eu nunca vi nada, dizia a
Mariana, mas acredito que alguma coisa há-de haver, ao tempo que se fala nisto,
isto já vem de trás.. tenho
medo!"
“- Pois, pois, dizia a comadre, eu também
nunca vi nada, mas já a minha Avó contava aquela da Galinha preta, grande
grande, maior do que uma pessoa, batia as asas e fazia tanto barulho e vento
que levantava o pó do chão. Eu tenho muito medo não gosto de aqui passar
assim mais tarde, mas, às vezes, lá tem que ser.."
- Como a noite se aproximava, o filho da
costureira ignorando que a mãe teria companhia, resolveu ir ao seu encontro. Ao
vê-la ao longe, acompanhada, pensou numa brincadeira. Escondeu-se atrás duma
árvore e esperou, deixou-as passar e em passo ligeiro, mas leve foi atrás
delas, aproximou-se bastante e quase encostado fez um valente assopro que,
naquele silêncio, soou bem audível. Ambas deram um grito, a Mariana deitou a
mão á máquina e, em simultâneo, agarraram-se uma á outra, para logo se soltarem
e desatarem a correr estrada fora sem olharem para trás. O rapaz que
esperava uma risada e tal não aconteceu, já estava arrependido, e corria
enquanto gritava "- esperem, esperem, sou eu, esperem.." Não
esperaram nada, e só quando pisaram o chão da Vila e as forças começavam a
traí-las, é que pararam a tremer de medo e cansaço e olharam para trás.
Ali estava a razão de tanto medo, uma
diabrura do filho da Mariana e afilhado da Júlia. Agora incrédulas quanto à
situação que não esperavam, olhavam o jovem e não sabiam se haviam de ralhar,
de rir, ou de chorar, pois o rapaz, arrependido, tinha perdido o riso, e um
jovem triste faz pena. Decidiram-se pelo riso. Não há como uma gargalhada
alegre para afastar o medo e ganhar coragem para enfrentar os receios
enraizados por séculos de superstição. É assim o nosso povo e as nossas gentes.
Soneto - Cenário
Perpassas
pelas brumas da memória,
E eu tão-pouco ouso imaginar
Como seria se te fosse encontrar
Segurando os fios da nossa história.
Frases avulsas, um porto vazio,
E esta ânsia que foste sem nome.
Este banquete de sabor a fome.
Este choro que não formou um rio…
Das minhas mãos o tempo que não corre
É fonte de mel de lugar nenhum
Sem saudade, alegria ou cor…
De trás da cortina a cena não sobe,
Os dias que trazem um sabor comum,
Não escutarão sussurros nem clamor!
Sente um arrepio de emoção,
sente o verde dos campos,
sente a mensagem de boas vindas.
Percebe que aqui moram os
afetos,
que aqui somos mais nós, mais
autênticos
neste reencontro de sempre
que acontece ao desfazer a
curva,
dessa primeira curva
que ocultava tanto encanto.
Sorrimos deslumbrados.
O nosso rosto ganha vida,
o coração bate mais forte e
enche-se de recordações,
de memórias, de saudades.
Cada pedra desse castelo
conta uma história,
canta uma vida vivida
à sombra de heras viçosas.
Cada recanto é um hino,
cada olhar cúmplice trocado
sabe a alegria, sabe à
ternura doce
dos encontros marcados,
tem a marca da saudade, mas
tem a cor viva da alegria.
Com as eleições autárquicas à porta, e como é publico a minha
envolvência no projeto apoiado pela CDU, muitos têm sido os contactos que tenho(temos)feito.
E já ouvi:
“Voto em vocês, contem com isso. Mas não pode ser público porque
se sabem que estou convosco, terei represálias”.
“Não posso fazer parte das vossas listas porque tenho um
negócio e tenho medo de
perder clientes”
“Não posso apoiar-vos porque temo ser despedido”
Entendo os receios partilhados, porque sei que são reais e têm
o seu fundo de verdade. Porque sei que as pessoas ainda são julgadas pelo seu trabalho,
pela sua posição social, pela sua cor, pela sua orientação sexual, também, pela
sua posição política.
Este sentimento de “ser refém” de alguém, uma instituição, uma
administração, um
patrão, da própria sociedade em si, diminuía participação democrática
e enfraquece
a própria democracia. Fragilizar a democracia aperta-me o coração.
Felizmente eu consigo afirmar-me como Mulher, como Mãe, como
Médica, como heterossexual, como defensora de uma sociedade que projeto e idealizo
adequada às minhas filhas (como crianças), à minha Mãe (como idosa), a mim
(como população ativa).
Há dias que custam mais.
Há dias que são mais difíceis, porque vejo atropelados os direitos
das crianças.
Há dias que me sinto inferiorizada por ser mulher.
Há dias que me olham de lado por ser muito “opinadora”.
Há dia sem que o meu coração fica devastado por ver os idosos
a serem maltratados (pela família, pelos cuidadores), sem resposta do sistema que
nos deveria amparar quando tudo falha).
O resto dos dias sinto-me livre, capaz de assumir as minhas escolhas,
o meu caminho, as minhas lutas. E com força para contrariar posturas e comportamentos
e sentimentos do século passado, inquisição-like.
Caça às bruxas, não obrigada!!
A
vacina do Baixo Mondego. Uma realidade ou uma miragem?
Ao
longo deste último ano e meio não ouvimos falar de outra coisa que não seja da
tão desejada vacina para que possamos deixar este calvário que todos temos
atravessado, onde vamos perdendo muitos dos nossos hábitos, dos nossos
costumes, das nossas relações interpessoais e até mesmo de amigos e familiares.
No
entanto o concelho de Montemor-o-Velho há muito que necessita de uma “vacina”
que o faça despertar para o país e o mundo.
Nos
últimos dias, com a saída dos resultados preliminares dos Censos 2021,
apercebemo-nos da urgência de implementação de medidas para inverter a situação
em que se encontra o nosso concelho. Temos uma quebra demográfica superior à
média nacional. Temos um concelho envelhecido e nada atrativo para a fixação de
jovens. Montemor é um concelho riquíssimo e um verdadeiro diamante por lapidar.
Desde a agricultura, a cultura, o desporto e a gastronomia que temos uma
panóplia de recursos que deviam ser explorados para tornarmos o nosso concelho
atrativo e dinâmico. Montemor podia ser um verdadeiro oásis da Região Centro.
Ou como costumo dizer muitas vezes, podia ser a “Capital do Baixo Mondego”.
Ø
Como é possível temos o segundo maior castelo do país, inúmeros monumentos
Ø culturais
e menos atrativos turisticamente?
Ø
Como é possível ainda não termos acessos e infraestruturas suficientes que nos
liguem facilmente dentro do concelho e os concelhos limítrofes seja de autocarro,
comboio ou carro?
Ø
Como é possível temos um concelho com uma das maiores ofertas gastronómicas do
país e não sabemos explorar essa marca?
Ø
Como é possível temos uma escola como o CITEC e um festival como o CITEMOR e
não explorar essa marca?
Ø
Como é possível não criarmos condições mínimas para fixar jovens e empresários?
Ø Mas
ao invés de isso, temos assistido a um concelho cada vez mais estagnado e
esquecido no tempo.
Um
jovem da minha geração ou mais novo, hoje em dia, não tem qualquer atração ou incentivo
que o faça permanecer no concelho. Desde cedo que somos obrigados a sair do
concelho seja por questões de educação, de saúde ou profissionais levando-nos a
um afastamento que a médio prazo se torna permanente.
É
preciso inverter este ciclo. De criar condições para que os jovens se fixem no
concelho. Não é difícil conseguirmos isso. Basta querer!!!...
Num
ano em que se avizinham eleições autárquicas é importante que os protagonistas
apresentem soluções para estes “velhos problemas”. Os montemorenses estão
cansados de ouvir falar em projetos e soluções que nunca passam do papel. É
preciso que sejam pragmáticos e concisos.
Os
montemorenses têm de acreditar que é possível ter um concelho jovem, atrativo e
dinâmico.
Os
montemorenses têm de acreditar que é possível sermos a Capital do Baixo
Mondego.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
Artigo 1.º
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
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