Mais uma edição
da Barcaça que segue o seu rumo umas vezes atribulado outras ao sabor da maré.
Fazemos uma
pequena introdução dos resultados das eleições legislativas, e na
monumentalidade das nossas gentes (Parte V) Manlianenses Ilustres. Carla numa
escrita de sentimentos (Intimidade). Já Fernando Curado fala-nos de António de
Faria o Pirata da Quinta do Canal- António Girão as suas reflexões “O Povo
descalço que vota em quem lhe rouba os sapatos” Isabel Rama “Carta para um sem
abrigo que nos momentos que correm tem aumentado. Fagundo Azedo destaca os 60
deputados do Chega. António Leal a influência do rio Mondego nas suas gentes.
Poesia traça-nos
momentos com o coração e com a liberdade da própria escrita seja na rima de Isabel
Tavares como nos estados de espírito de Isabel Capinha. No sentir de Garça Real
Como estamos em
tempos de mudança escolhi um livro que marcou Portugal “Verão quente de 1975”
já na música um tema antigo, mas que nos desperta para Liberdade. Georges
Moustaki - Ma liberté
A Viragem à
Direita nas Eleições Legislativas em Portugal
Introdução
As
eleições legislativas de 18 de maio em Portugal marcaram uma significativa
viragem à direita no panorama político nacional. Este evento histórico
evidenciou uma mudança nas preferências dos eleitores e trouxe novas dinâmicas
à Assembleia da República. Neste documento, exploraremos os fatores que
contribuíram para esta mudança e analisaremos as suas implicações futuras.
Contexto
Político
Nos
últimos anos, Portugal assistiu a uma série de desenvolvimentos políticos e
sociais que prepararam o terreno para esta viragem à direita. Entre eles,
destacam-se as crises econômicas, a crescente insatisfação com os partidos
tradicionais e a emergência de novos movimentos e lideranças.
Crise
Econômica e Descontentamento
A
crise econômica que assolou Portugal na última década teve um impacto profundo
na população. O desemprego, a austeridade e a estagnação econômica alimentaram
o descontentamento com os partidos no poder. Muitos eleitores sentiram-se
traídos pelas promessas não cumpridas e procuraram alternativas que pudessem
trazer mudanças tangíveis.
Ascensão
de Novos Partidos
A
insatisfação com os partidos tradicionais abriu espaço para o surgimento de
novos partidos políticos. Entre eles, destacam-se os partidos de direita, que
conseguiram captar o voto dos descontentes. A sua mensagem de mudança,
responsabilidade fiscal e segurança encontrou eco em muitos eleitores.
Resultados
das Eleições
Os
resultados das eleições de 18 de maio refletiram claramente esta mudança. O
partido de direita, anteriormente uma minoria, conseguiu uma vitória
expressiva, obtendo uma maioria significativa na Assembleia da República. Este
resultado foi um golpe para os partidos de centro-esquerda, que perderam uma
parte considerável do seu eleitorado.
Distribuição
dos Votos
A análise dos resultados mostra uma clara divisão entre os eleitores urbanos e rurais.
Impacto
na Assembleia da República
Com
a nova composição da Assembleia da República, espera-se uma mudança na agenda
legislativa. Os novos legisladores de direita têm prometido reformas em
áreas-chave como a economia, segurança e imigração. Estas mudanças poderão
trazer desafios e oportunidades para o país.
Implicações
Futuras
A
viragem à direita nas eleições de 18 de maio não é apenas um evento isolado,
mas sim parte de uma tendência mais ampla que tem sido observada em vários
países europeus. O sucesso dos partidos de direita em Portugal poderá
influenciar outros movimentos políticos noutros contextos.
Políticas
Econômicas
Espera-se
que a nova maioria de direita implemente políticas econômicas focadas na
redução do déficit, cortes na despesa pública e incentivos ao setor privado.
Estas medidas poderão fomentar o crescimento econômico, mas também poderão
encontrar resistência de vários setores da sociedade.
Políticas
de Segurança e Imigração
A
segurança e a imigração são também áreas prioritárias para os novos
legisladores. A implementação de políticas mais restritivas e o reforço das
forças de segurança poderão ter um impacto significativo no tecido social do
país.
Conclusão
As
eleições legislativas de 18 de maio marcaram uma viragem à direita no cenário
político português, refletindo o descontentamento dos eleitores e o desejo de
mudança. As implicações desta mudança serão sentidas nos próximos anos, à
medida que o novo governo implementa as suas políticas e enfrenta os desafios
do presente e do futuro.
MANLIANENSES ILUSTRES
Dr. José Augusto Peixoto de Almeida
Ferreira Galvão
(1835-1905)
PARTE V
O
cuidado colocado na salvaguarda do património cultural manlianense, tanto mais
que ainda não existia em Montemor um espaço, digno, seguro e verdadeiramente
museológico, leva-o a estabelecer, por sugestão do seu amigo Dr. Santos Rocha,
um acordo com a câmara municipal da Figueira da Foz para que algum desse
património fique à guarda do museu municipal daquela cidade. Assim, a 1 de
março de 1894, a autarquia montemorense deposita no referido museu, “os
objectos seguintes: um padrão de pesos de bronze, do tempo d’El Rei D. Manoel,
composto de oito pesos, alem da caixa tambem de bronze, e quatro ferros da
antiga picota de Montemor, que lhe serão restituídos logo que os exija.”
A
título particular, chega mesmo a oferecer ao museu figueirense uma imagem
esculpida em alto-relevo, adossada a elemento arquitetónico, representando S.
Simão, apóstolo de Cristo, de livro na mão esquerda e serra na direita, que,
segundo Santos Rocha, terá sido recolhida na muralha do castelo.
Sempre
preocupado com os mais pobres e, por isso mesmo, socialmente mais vulneráveis,
integrou e liderou, durante alguns anos, os destinos das duas maiores
instituições de solidariedade social da vila e do concelho de Montemor-o-Velho:
a Santa Casa da Misericórdia e a Confraria de Nossa Senhora de Campos, com o
seu Hospital Real.
A
2 de julho de 1857 é admitido, em reunião da Mesa, como irmão da Santa Casa da
Misericórdia de Montemor-o-Velho, instituição de que viria a ser provedor
durante os anos económicos de 1862/63 (eleição a 2 de julho de 1862, com
juramento e tomada de posse a 27 de julho) e 1863/64 (eleita a 2 de julho de
1863, a Mesa manteve-se em funções até 8 de julho de 1866, dia em que tomou
posse a nova Mesa, liderada pelo reverendo padre e reitor Augusto Pereira
Cardote).
A
13 de fevereiro de 1859, é eleito, “na caza do cabido” do Hospital Real de
Montemor-o-Velho, com 63 votos, irmão de “primeira condição” ou “nobre” da
Confraria de Nossa Senhora de Campos (108 irmãos e 42 irmãs, num total de 150
irmãos), ocupando a vaga aberta pelo óbito, no dito hospital, a 17 de setembro
de 1858, do irmão Dionísio António das Dores. Uma semana depois, a 20 de
fevereiro, é-lhe “differido o juramento dos Santos Evangelhos” pelo escrivão da
confraria, o padre Francisco Caetano Couceiro, tendo prometido “cumprir com
todos os deveres e obrigações que o Compromisso da Irmandade lhe impoem”,
nomeadamente o pagamento da tradicional “propina de quinhentos reis”, uma
espécie de joia dos tempos modernos, que de imediato entregou ao mordomo
Cândido Pimentel Pessegueiro.
Poucos
meses depois, a 3 de julho de 1859 (1859/1860), é eleito pela primeira vez
presidente da confraria, situação que se viria a repetir a 28 de julho de 1865
(1865/1866), 12 de agosto de 1866 (1866/1867), 8 de julho de 1867 (1867/1868),
7 de julho de 1878 (1878/1881) e 3 de julho de 1887 (1887/1890).
Quase
quatro décadas depois, em 15 de julho de 1896, aquando do registo dos “irmãos
associados” da “Confraria do Hospital de Nossa Senhora de Campos”, o Dr. José
Augusto de Almeida Ferreira Galvão surge com o n.º 2 (número de ordem), logo
atrás do reverendo Augusto Pereira Cardote (“irmão associado” com o n.º 1 e
falecido a 5 de abril de 1901). A esta época os novos estatutos da confraria
apenas permitiam ter 100 irmãos inscritos.
Após
o “despacho ministerial” de 17 de janeiro de 1898, despacho em que foi
decretada a fusão da Confraria de Nossa Senhora de Campos com a Misericórdia, e
a aprovação, em assembleia geral conjunta, datada de 22 de maio de 1898, dos
estatutos das “duas corporações reunidas”, passou a ser irmão da novel
confraria do Hospital de Nossa Senhora de Campos e Misericórdia (150 irmãos),
mantendo o número que já trazia da Confraria de Nossa Senhora de Campos.
[intimidade…]
•
Intimidade é atravessar o que somos e chegar onde
ninguém nunca chegou. É mais do que toque — é encontro. É quando alguém se
atreve a mergulhar em nós muito para lá da superfície, despir-nos a armadura,
escutar o que nem nós conseguimos dizer. É navegar por dentro, atravessar
tempestades, terramotos, mares bravos… e, por fim, repousar em águas calmas. É
saber que há um porto seguro mesmo quando tudo em nós parece um naufrágio.
É quando alguém nos descobre como se fôssemos uma
casa antiga, cheia de silêncios e memórias, de janelas trancadas e histórias
por contar — e, ainda assim, decide ficar. Ficar para ouvir o ranger do soalho,
abrir gavetas fechadas há anos, acender a luz em quartos onde só havia sombra.
Intimidade é essa coragem de habitar o outro com tempo, com delicadeza, com
serenidade. Sem pressa. Sem garantias. Mas com presença.
Porque íntimo não é quem nos toca no corpo — é quem
nos reconhece no caos. É quem vê as falhas e escolhe não fugir. É quem fica,
mesmo depois de já ter visto tudo. Especialmente depois de já ter visto tudo.
Intimidade não é só estar junto. É estar. De
verdade. Em verdade. É mais do que partilhar o espaço — é partilhar o ser. É
aquele silêncio confortável que se instala entre duas pessoas e não precisa de
ser explicado nem quebrado, porque está cheio de sentido. Porque é presença,
escuta e alma.
É a coragem de ser imperfeito. De mostrar os medos
que escondemos, as fraquezas que mal disfarçamos, as cicatrizes que ainda ardem
nas noites em que o passado regressa sem bater à porta. Intimidade é aquele
abraço que acolhe — mesmo sem braços. É um toque que não precisa de tocar para
ser sentido na pele. E arrepiar. É uma voz que chega sem palavras, que embala
onde o ruído do mundo não alcança.
É uma presença que se sente mesmo na distância, como
se houvesse um fio invisível a unir dois corpos que não precisam de se ver para
saber que pertencem um ao outro. Intimidade é um olhar que não desvia. Que
atravessa defesas e encontra, sem esforço, aquilo que guardámos durante anos.
Aquilo que achávamos que ninguém veria — e que, mesmo assim, alguém vê. E ao
ver, fica. E ao ficar, ama.
Intimidade é despir-se da armadura e, ainda assim,
sentir-se protegido. É ter a coragem de dizer: “É isto que sou. Com falhas, com
medos, com cicatrizes.” É permitir que nos vejam por inteiro. E mesmo assim,
sermos tocados — não com pena, mas com ternura. Com aceitação. Com amor.
É entrega sem reservas. É confiança que não se exige
— constrói-se. Como quem planta uma flor numa rocha e acredita que, mesmo ali,
ela vai florir. Porque o amor verdadeiro também cresce onde parecia impossível.
Intimidade não são só mãos entrelaçadas ou corpos
que se tocam. É pele que reconhece pele, mesmo no escuro. É uma alma que se
entrega e sussurra: “Leva-me contigo, mas com cuidado.”
É a liberdade rara de sermos quem somos, sem
filtros, sem versões editadas. É não precisar de impressionar. É não temer o
abandono depois da revelação. Porque quando a intimidade é real, ela acolhe.
Não julga. Não tenta mudar. Apenas fica.
E permanece.
Intimidade é isso: o lugar onde pousamos. Onde
deixamos de lutar para sermos amados — e simplesmente somos. É pertencer, mesmo
na ausência. É saber que, mesmo longe, há alguém que nos vê. Que nos sente. Que
nos segura.
É partilhar o silêncio, o riso e as lágrimas. É
saber que podemos ser, apenas ser. E ser tudo.
Porque quando há intimidade, o amor deixa de ser
expectativa e passa a ser chão.
E quando há chão… podemos, finalmente, descansar.
António de Faria terá nascido cerca de 1505, “nuns pauis em Alqueidão, na Figueira da Foz, junto de Montemor-o-Velho, onde se chama o Canal”.
António
de Faria é filho de Simão de Faria, nascido em 1479, fidalgo da Casa Real, e de
sua primeira mulher D. Filipa de Sousa, que foram residentes em Lisboa, e irmão
de Lourenço de Faria, que foi morador em Samuel, Soure, termo de
Montemor-o-Velho, o qual mencionará no seu testamento em 1548.
António
de Faria é uma das personagens marcantes da “Peregrinação” de Fernão Mendes
Pinto, surgindo na narrativa como fidalgo, aventureiro, capitão, mercador,
embaixador, navegador, guerreiro, pirata e corsário em terras do extremo
oriente no final da primeira metade do século XVI.
Foi contemporâneo e cercano de Fernão Mendes Pinto, nascido em Montemor-o-Velho, cerca de 1510, e falecido no Pragal em 1583, igualmente mercador, pirata, corsário, jesuíta, missionário, aventureiro e explorador.
Montemor-o-Velho foi também a terra natal de Diogo de Azambuja, onde nasceu em 1432 e faleceu em 1518, cavaleiro da Ordem de Avis ao serviço do Infante D. Pedro, conde de Barcelona, filho do Regente com o mesmo nome, duque de Coimbra e senhor de Buarcos.
Diogo de Azambujo esteve em 1458 ao lado de Afonso V na conquista de Alcácer-Ceguer em Marrocos, depois foi seu Conselheiro, e em 1481 foi nomeado por João II como capitão-mor da armada encarregada da construção da fortaleza de São Jorge da Mina, da qual foi capitão-mor de 1482 até 1484.
António
de Faria foi verdadeiramente um pirata, ele e o seu bando afundam barcos
indefesos, incendeiam povoações, roubam mulheres e crianças, saqueiam templos e
desenterram esqueletos para se apoderarem de tesouros, mas, por último, morreu
de doença, em Goa, absolvido e sacramentado pelo Mestre Francisco (1506-1552),
padre espanhol da Companhia de Jesus, canonizado como S. Francisco Xavier em
1622.
Em
24 de março de 1513, numa carta de aforamento outorgada por D. Jorge (filho
bastardo de D. João II) a Simão de Faria (pai de António de Faria), menciona-se
um reguengo da Figueira, que compreendia o Bicanho.
“Esta Figueira era a de Azoia, que então formava cabeça de reguengo, chamado da Figueira de Azoia ou de Azoias e que depois se chamou «Reguengo de Samuel» quando a casa da Câmara foi mudada para o cimo do monte de Samuel (…)”, como nos elucida o Dr. António dos Santos Rocha no seu livro “Materiais para a história da Figueira nos séculos XVII e XVIII” (pág. 17 da 2ª edição de 1954).
O
pai de António de Faria, Simão de Faria, casou depois com uma segunda mulher,
Filipa de Figueiredo, irmã de Rui de Figueiredo, fidalgo da Casa Real, que
instituiu o Morgado da Lobagueira e comprou a Quintã da Torre da Ota, que
instituiu em Morgado, sem geração.
O seu irmão, Lourenço de Faria, terá sido fidalgo da Casa Real, casado e pai de André de Faria, fidalgo da Casa Real casado com Isabel Fernandes e com descendência, Paulo de Faria, que faleceu solteiro e sem geração, e Antónia de Sousa, que terá casado com António Ferreira.
Um dos feitos mais notáveis de António de Faria foi a viagem ao longo da costa do Vietname, quando em 1535, partindo de Da Nang, onde os Portugueses tinham aportado em 1516, na então chamada Cochinchina (atual Vietname), estabeleceu, ou tentou estabelecer, um local de negócios, um posto comercial na cidade costeira de Faifo (Hội An), a cerca de 20 quilómetros de Da Nang.
Esperava-se
que António de Faria conseguisse criar nessa área um enclave Português
permanente, como Macau e Goa, o que não chegou a acontecer.
Foi
em 1537, em Patane (Macau), que António de Faria, então com 32 anos, conheceu
Fernão Mendes Pinto, passando a acompanhá-lo nas suas viagens e explorações.
Mas um dos eventos mais marcantes da carreira de António de Faria aconteceu em 1540, quando no Sudoeste Asiático foi atacado pelo lendário corsário mouro Coja Acem (Hoja Asan), auto intitulado de "derramador e bebedor do sangue português", a quem António de Faria jurara vingança, por lhe ter roubado as fazendas e morto a tripulação, terminando na batalha mais violenta de toda a “Peregrinação”.
António
de Faria conseguiu resistir ao ataque, derrotou os piratas e ficou na posse de
um grande tesouro. Este evento não só destacou a coragem e a habilidade de
António de Faria como comandante, mas também reforçou a presença portuguesa na
região.
"E
arremetendo com este fervor e zelo da fé ao Coja Acém como quem lhe tinha boa
vontade, lhe deu, com uma espada que trazia, de ambas as mãos, uma tão grande
cutilada pela cabeça que, cortando-lhe um barrete de malha que trazia, o
derrubou logo no chão. E tornando-lhe com outro revés, lhe decepou ambas as
pernas de que se não pôde mais levantar".
O percurso aventureiro de António de Faria foi marcado pela perseguição ao corsário Coja Acém, que termina na batalha mais feroz de toda a “Peregrinação”, mas também pela busca da ilha de Calemplui, onde se encontrariam os tesouros reais da China.
Em
Liampó, onde viviam mais de mil Portugueses, António de Faria e os seus homens
foram recebidos com toda a pompa e circunstância, ouviram Missa cantada,
"na qual pregou um Estêvão Nogueira que aí era vigário", e foi-lhes
oferecido um banquete e fez-se uma encenação do episódio em que se notabilizara
o seu quinto avô, o célebre Alcaide-Mor do castelo de Faria, Nuno Gonçalves de
Faria.
Ficaram
por Liampó uns 5 meses, no período das monções, e aí souberam que na ilha
fluvial costeira de nome Calemplui havia 17 jazigos, onde estavam os túmulos de
17 reis Chineses, e se encontrariam os tesouros reais da China, com imensas
riquezas.
Em
1542 ruma para Calemplui, "iam 56 portugueses e um padre e 48
marinheiros", sendo o piloto o corsário Similau, que, sendo daquela
região, saberia qual a rota a tomar. Diz a tradição que, graças ao piloto,
encontrara esses túmulos e os roubara, sobre o que há grandes dúvidas, pois
parece que eles só existiram na imaginação de alguns Chineses.
Como
vingança de certas ofensas, nomeadamente a violação das sepulturas reais de
Calemplui, nesse mesmo ano de 1542, a China organizou um ataque contra os
Portugueses, destruindo completamente a Feitoria de Liampó.
António
de Faria, solteiro, com os pais já falecidos, sem filhos e sem geração, fez
testamento em 2 junho de 1548, em Goa, tinha então 43 anos e ter-se-á finado
pouco tempo depois.
Foi
absolvido e sacramentado pelo missionário católico Francisco de Jasso
Azpilicueta Atondo y Aznáres (1506-1552), pioneiro e cofundador da Companhia de
Jesus, que viria a ser beatificado com o nome de Francisco de Xavier pelo Papa
Paulo V, a 25 de outubro de 1619, e canonizado pelo Papa Gregório XV, a 12 de
março de 1622.
No
testamento, António de Faria inclui o seu irmão Lourenço de Faria, fidalgo da
Casa Real, com residência em Samuel, liberta alguns dos seus escravos
orientais, paga as suas dívidas, pede ao Rei D. João III (1502-1557) que o
remunere por serviços prestados (que lhe haviam ficado em dívida) e por duas
barcas que lhe havia arrestado em Lisboa.
O
bem remanescente doou à Santa Casa da Misericórdia de Goa, provavelmente por
influência do seu confessor, incluindo os pauis de que era herdado, e vários
objetos, em particular duas espadas Japonesas, o produto da venda de alguns
bens, que incluíam escravos orientais, e o que tivesse a haver resultante dos
seus negócios.
A
“Peregrinação” é um extraordinário relato do périplo de Fernão Mendes Pinto
pela Ásia do século XVI, ao longo de 21 anos, em que foi “13 vezes cativo e 17
vendido”.
Aos
que duvidaram dos relatos fantásticos da “Peregrinação”, Fernão Mendes Pinto
respondeu que “a gente que viu pouco mundo, como viu pouco também, costuma dar
pouco crédito ao muito que os outros viram”.
“Pode até ter acontecido que não fora ele o real protagonista de tudo, mas percebemos que tudo ocorreu de facto”.
"O
POVO DESCALÇO QUE VOTA EM QUEM LHE ROUBOU OS SAPATOS" - frase de uma
pessoa minha conhecida.
Síndrome
de Estocolmo - amar o agressor
As
eleições legislativas de 2025 trouxeram uma clarividência sombria: uma parte
significativa da população portuguesa vota contra os seus próprios interesses,
com uma convicção que está paredes meias com a cegueira . É o velho ditado a
ganhar nova vida — o povo descalço continua a votar em quem lhe roubou os
sapatos. E, desta vez, ainda bate palmas.
Entre
os eleitores mais fiéis a partidos da direita radical, há uma presença
expressiva de beneficiários do Rendimento Social de Inserção. Votam em forças
políticas que prometem cortar os apoios sociais — os mesmos de que dependem
para pagar contas ou garantir comida em casa. A contradição é evidente, mas
revela algo mais profundo: uma alienação política crescente, alimentada por
discursos moralistas e por anos de estigmatização mediática que envergonharam a
pobreza e glorificaram a “meritocracia”.
Na
economia paralela, o fenómeno repete-se. Gente que trabalha sem fatura, que
vive de biscates e foge ao fisco, vota em partidos que prometem mais controlo,
mais autoridade e “menos Estado para os vigáros”. É o equivalente a abrir a
porta ao fiscal das Finanças e oferecer-lhe café. Uma espécie de suicídio
político voluntário, mas com bandeira na janela e gritos de “limpar Portugal”.
E
que dizer dos eternos indignados com a imigração? Aqueles que não suportam ver
estrangeiros “a tirar empregos”, mas também não querem sujar as mãos com o
trabalho que esses imigrantes fazem. Não vão para os campos apanhar fruta, não
limpam escadas nem servem à mesa, mas querem que o país funcione — sem
estrangeiros, claro. Talvez por telepatia, ou por decreto divino.
Alguns
jovens não escapam a esta lógica perversa. Muitos beneficiaram de escolas
públicas, transportes subsidiados, computadores gratuitos. Abandonaram o ensino
cedo, desmotivados, descrentes. Hoje, frustrados com a precariedade, rejeitam o
conhecimento e abraçam o populismo — como se a culpa de tudo fosse “dos
políticos” e não das suas próprias escolhas. Escolhem a dureza como promessa,
sem saberem que ela recairá sobre os seus próprios ombros.
Este
padrão de comportamento tem nome na psicologia: Síndroma de Estocolmo. É quando
a vítima desenvolve empatia pelo agressor. Em versão política, significa votar
em partidos que desprezam o eleitorado que os elege. É o triunfo do
ressentimento sobre a razão, da emoção sobre a realidade. Uma espécie de fé
cega em salvadores que, historicamente, cortaram apoios, precarizaram vidas e
governaram com desprezo pelos mais frágeis.
Portugal
é, cada vez mais, um país onde a incoerência se tornou bandeira. Onde se
combate a corrupção com políticos que colecionam processos. Onde se exige
justiça social votando em quem promete o oposto. Onde o voto, esse acto nobre e
poderoso, se transforma num gesto de autoflagelação.
É
urgente recuperar o sentido do voto — não como castigo ou vingança, mas como
escolha consciente. Porque enquanto o povo continuar a votar em quem lhe rouba
os sapatos, continuará a andar descalço. E pior: sem perceber porquê.
Carta para um sem abrigo
Para ti que dormes no chão
aconchegado em lágrimas de fome e sofrimento, escrevo-te esta carta.
Uma carta de solidariedade,
compaixão e empatia.
Compreendo a tua angústia de não
teres um teto para te abrigares, um cobertor para te aqueceres, um pão para
comeres Não porque já tenha passado por isso, mas porque vejo as marcas do teu
sofrimento.
Interrogo-me com a indiferença do
Mundo perante tantos como tu.
Aproximo-me, quero falar contigo,
quero levar-te a comer, mas dormes num sono profundo e sinto medo de te
acordar.
Continuo a olhar e a pensar o que
fazer, enquanto a maioria te olha indiferente.
Estás num sono profundo, até me
assusto: Será que estás vivo? Ou dormes o sono do vinho que te aqueceu e te faz
esquecer a miséria?
Nesta confusão de pensamentos
tomo a minha decisão: Vou deixar-te um cobertor quente, um saco de comida que
possas comer sem cozinhar, ´mesmo sabendo que não é o suficiente – mas quem
sabe outros sigam o meu exemplo e haja algum coração que te acolha.
Junto de ti deixo esta carta, não
espero que me respondas; ou melhor espero que um dia no Universo a gente se
encontre e me reconheças e me digas que a tua vida melhorou com o meu simples
gesto. Afinal precisamos de tão pouco para ser Felizes….
Até à eternidade!.......
Coletânea três quartos de um amor
- 2024
Sabem a sal e a sol
os campos da minha
terra
tudo sabe a rosas, a
flores, a liberdade…
E há no ar e no céu um
aroma
a rosmaninho e a
alecrim
e a rosas…
Sabe a mar o meu país
de abril…
Ah, como eu te quisera
assim sempre florido e
viçoso,
com promessas quentes
de sol
em cada esquina
e sorridentes os rostos
em cada lugar…
Há sorrisos húmidos
rasgados de ternura em
torno de um abraço …
E os olhos rasos de sol
e de alegria
com cravos e rosas
florindo deslumbrados
ao sol
de inverno
descobrem a chegada da
primavera …
Surgem então aves
delirantes
rasando a vida,
rasgando o sol…
E olhos ávidos e
sedentos
na espera atenta de
promessas por cumprir …
Vê-se daqui o mar,
sempre o mar, o mar e a
bruma…
Mar de outrora de hoje
…
Hoje, sem bruma, só
a branca espuma das
ondas …
Mar de sol, mar de
vida, mar de encontro,
mar nosso…
Ecos de vida
tão próximos distantes
florindo expectantes ao
sol
em mim.
SER
MÃE
Ser
mãe é gerar,
Ser
mãe é fazer nascer,
Ser
mãe é embalar,
Ser
mãe é afagar,
Ser
mãe é ver crescer,
Ser
mãe é acompanhar,
Ser
mãe é saber perdoar,
Ser
mãe é estar aqui,
Ser
mãe é partilhar,
Ser
mãe é amar...
Ser
mãe é ser mais alto
do
que qualquer outra coisa,
Ser
mãe é saber tocar
no
teu coração pequenino,
Ser
mãe é conseguir que o sonho
se
transforme em realidade,
Ser
mãe não é mais nem menos...
Ser
mãe é ser CRIANÇA!!!
Por
isso,
Como
mãe grito ao mundo,
CRIANÇA:
Por
ti todos os céus terão estrelas,
Por
teu amor hei-de merecê-las ...
CRIANÇA
No
colo de sua mãe,
Seu
alimento tomou,
E
com a seiva que a criou,
Cresceu
e desabrochou!
Mãozinhas
tão delicadas,
Seus
dedinhos de cristal,
Quem
à criança faz mal,
É
monstro... feroz animal!
Teu
riso alegra o mundo,
Teus
olhinhos... limpidez,
Há
um amor tão profundo,
No
ventre de sua mãe,
Já
na própria gravidez!...
Toda
a criança é uma luz!
Que
ilumina a terra inteira,
Cintila
de tal maneira,
Que
apaga a escuridão,
Dentro
de algum coração!...
És
luz, és vida... és futuro!
És
sol, és estrela, és flor...
Brinca,
brinca doce amor,
Que
a vida passa a correr…
Resultados das
Eleições: O Chega Conquista 60 Deputados
Impactos e Perspetivas Futuras
Introdução
Nas
últimas eleições, o partido Chega alcançou um marco significativo ao conquistar
58 deputados. Este resultado representa um crescimento notável e coloca o
partido numa posição de destaque no cenário político nacional. A seguir,
exploramos os impactos dessa vitória, as reações dos diferentes setores da
sociedade e as perspetivas futuras para o Chega.
A Ascensão do
Chega
O
Chega, fundado em 2019, é um partido político relativamente novo que tem
atraído atenção devido às suas posições firmes em temas como imigração,
segurança e economia. Sob a liderança de André Ventura, o partido tem ganho
popularidade entre os eleitores que se sentem desiludidos com os partidos
tradicionais.
Campanha e
Estratégia
A
campanha do Chega foi marcada por uma mensagem clara e contundente, prometendo
mudanças drásticas e uma abordagem mais rigorosa em várias áreas da política. O
uso eficaz das redes sociais e a capacidade de mobilizar um grande número de
apoiantes foram cruciais para o sucesso do partido nas urnas.
Reações ao
Resultado
Reações
Políticas
Os
resultados das eleições geraram reações diversas entre os partidos políticos.
Enquanto alguns reconheceram o crescimento do Chega como um sinal de mudança no
panorama político, outros expressaram preocupação com as suas políticas e
retórica polarizadoras.
Opinião Pública
A
opinião pública também está dividida. Muitos cidadãos veem o sucesso do Chega
como uma oportunidade para abordar questões negligenciadas, enquanto outros
temem que a ascensão do partido possa levar a um aumento da polarização e do
conflito social.
Nomeações e
Futuro Político
Com
60 deputados, o Chega terá uma presença significativa no parlamento e
influenciará de maneira decisiva a agenda legislativa. A liderança do partido
já começou a planear nomeações estratégicas para cargos-chave, com o objetivo
de implementar as suas políticas e fortalecer a influência do partido.
Desafios e
Oportunidades
Apesar
do sucesso, o Chega enfrentará desafios significativos. A capacidade de
trabalhar com outros partidos, a gestão das expectativas dos eleitores e a
manutenção da coesão interna serão cruciais para o futuro do partido. No
entanto, as oportunidades para impulsionar mudanças e consolidar a sua base de
apoio são igualmente grandes.
Conclusão
A
conquista de 60 deputados pelo Chega nas últimas eleições marca um novo
capítulo na política nacional. O futuro do partido depende da sua capacidade de
navegar pelos complexos desafios políticos e de capitalizar as oportunidades
que surgem. À medida que o Chega se prepara para exercer as suas nomeações e
implementar a sua agenda, o impacto de sua ascensão será observado de perto por
todos os setores da sociedade.
A influência do
rio Mondego nas populações de Montemor-o-Velho
Um impacto histórico e cultural
O
rio Mondego, o mais extenso de Portugal, desempenhou um papel central na vida
das populações do concelho de Montemor-o-Velho ao longo dos séculos. Este curso
de água, que serpenteia pela fértil planície do Baixo Mondego, foi não apenas
uma fonte de sustento, mas também um elemento transformador na organização
económica, social e cultural da região.
A agricultura e
a fertilidade da terra
A
presença do Mondego foi crucial para o desenvolvimento da agricultura em
Montemor-o-Velho. As águas do rio permitiram a irrigação das terras,
tornando-as ideais para a produção de culturas como arroz, milho e outros
cereais. A zona do Baixo Mondego tornou-se famosa pelas suas várzeas,
territórios ricos em nutrientes, amplamente cultivados. Este sistema agrícola
sustentou durante gerações as populações locais e contribuiu para a sua
estabilidade económica.
Transportes e
comércio
O
Mondego também desempenhou um papel importante como via de transporte e
comércio. Em tempos, o rio foi utilizado para o transporte de mercadorias,
facilitando a ligação entre Montemor-o-Velho e outras localidades da região.
Este facilitador natural do comércio permitiu que produtos agrícolas e outros
bens fossem trocados, fomentando o crescimento económico da área.
Proteção e
desafios
O
rio Mondego, além de oferecer oportunidades, também trouxe desafios às
populações de Montemor-o-Velho. As suas cheias, especialmente antes da
construção de sistemas modernos de defesa, frequentemente causavam danos
significativos às culturas e infraestruturas. No entanto, essas adversidades
levaram ao desenvolvimento de conhecimentos e técnicas para lidar com as forças
da natureza, reforçando o engenho e a resiliência das comunidades locais.
Cultura e
identidade
Ao
longo dos séculos, o Mondego moldou também a identidade cultural de
Montemor-o-Velho. Poetas e escritores portugueses, como Afonso Duarte,
encontraram inspiração nas paisagens proporcionadas pelo rio e na vida
ribeirinha. As práticas comunitárias, as festas e tradições locais
frequentemente refletiam o vínculo estreito entre as populações e este recurso
natural.
Preservação e
impacto atual
Hoje,
embora o rio Mondego continue a ser uma presença significativa, a modernização
e as mudanças climáticas trouxeram novos desafios. A gestão das suas águas e a
preservação do ecossistema são agora prioridades, não apenas para garantir o
sustento económico, mas também para proteger a biodiversidade e a riqueza
cultural associada ao rio.
No Verão Quente de 1975 Tudo Era
Permitido
Pedro
Prostes da Fonseca
O PREC teve excessos que hoje, é
fácil dizer, poderiam ter sido evitados. Mas foi longa a noite escura que o
País viveu durante mais de quatro décadas. E o despertar assim se fez.
Houve delírios: um militar de
Abril ia de chaimite tomar café; o herói da revolução, Otelo Saraiva de
Carvalho, quase seria linchado por uma população confusa e em histeria; alunos
a sanearem professores; soldados guedelhudos a espiolhar carros à procura de
armas; livre acesso ao voyeurismo sexual em cinemas que passariam
exclusivamente filmes pornográficos..
Mas também foi o tempo de
realizações há muito adiadas. E de bondade e de ingenuidade. Jovens juntavam
esforços e viajavam para o interior do país a fim de ajudar conterrâneos seus a
aprender a ler. A Revolução dos Cravos trazia esperança e uma boa dose de
romantismo.
Abril, dia 25, ano de 1974.
Portugal saía de uma longa ditadura. Um País em entusiasmo, mas muito pouco
preparado para os desafios que o esperavam.
Verão Quente de 1975: Tudo Era
Permitido, de Pedro Prostes da Fonseca, faz luz sobre a forma exaltada como se
viveram 1974 e 1975, os dois primeiros anos após a Revolução dos Cravos.
Foi um tempo pejado de episódios
alucinantes: da «caça aos fascistas», fossem-no ou não, passando pelos mandados
em branco que podiam ditar a prisão sem culpa formada, até ao famoso cerco à
Assembleia da República.
Houve delírios: um militar de
Abril ia de chaimite tomar café; o herói da revolução, Otelo Saraiva de
Carvalho, quase seria linchado por uma população confusa e em histeria; alunos
a sanearem professores; soldados guedelhudos a espiolhar carros à procura de
armas; livre acesso ao voyeurismo sexual em cinemas que passariam
exclusivamente filmes pornográficos..
Mas também foi o tempo de
realizações há muito adiadas. E de bondade e de ingenuidade. Jovens juntavam
esforços e viajavam para o interior do país a fim de ajudar conterrâneos seus a
aprender a ler. A Revolução dos Cravos trazia esperança e uma boa dose de
romantismo.
O PREC teve excessos que hoje, é
fácil dizer, poderiam ter sido evitados. Mas foi longa a noite escura que o
País viveu durante mais de quatro décadas. E o despertar assim se fez.
MÚSICA