Mais
uma vez e ao longo de sessenta e um meses sempre em final de mês a Barcaça
larga as suas amarras e como quem consome lentamente o seu rio, vai até à foz. E
por aí fica até regressar saboreando da bolina até ao seu porto de abrigo as margens
do Mondego por terras de Montemor.
Na
impossibilidade de dar os pontos de vistas dos eleitos e não eleitos nas últimas
eleições deixo aqui os resultados sem surpresas. Nos Pontos Sem Fim.
Mário
Silva como já é seu hábito fala-nos do nosso património rico e muito ainda por
fazer para que tenhamos no Concelho uma Rota que chame visitantes e não
ficarmos confinados ao nosso Castelo. Mas desta vez foi até ao trágico acontecimento de "
Carla
atingiu mais uma etapa da sua vida com “Entre o silêncio e o grito entre o
certo e o errado” “mais uma volta do sol” que vale a pena reler.
Por
terra da Figueira, Fernando Curado, fala-nos do grande terramoto de 1755 e como
enfrentou a Figueira esse desastre.
António
Girão uma abordagem muito própria “A Universidade da Vida e os Seus Ilustres
Graduados”
Maria
Forte numa bela descrição de cores e sabores descreve o Outono Interno “As
estações do ano também vivem em nós”
Garça
Real um poema dos seus preferidos autores Manuel da Fonseca “Antes que Seja
Tarde”
Isabel
Capinha deixa aqui o seu legado a um dos Magníficos que nos deixou.
Isabel
Rama mais um poema “Entre o sono e o sonho” que nos deixa uma mensagem de
esperança.
Isabel
Tavares como Mulher de Esquerda dá o alerta para “Liberdade Sempre” quando
tantos inconformados se deixam levar pela ladainha dos que espreitam pela
calada.
Na
literatura trago-vos um livro atual que deve ser lido para compreender um pouco
destas organizações.
Na
rúbrica dedicada à música “MARÈ”
Boas
Leituras
PARTE
I
O
terramoto de 1 de novembro de 1755 deu origem a grande número de escritos que
imediatamente vieram a público e em que os seus autores procuraram interpretar
as causas do acontecimento.
Entre
os muitos sermões pregados, um outro a sair do prelo, nos tempos imediatos à
catástrofe, aparece na província. Trata-se de o Juízo sobre o Terramoto [Lisboa, 1756], de Francisco de Pina e
Melo, Moço Fidalgo da Casa de Sua Majestade Fidelíssima, nascido na vila de
Montemor-o-Velho a 7 de agosto de 1695, que o censor dominicano do Santo Ofício
tem por “hum homem Encyclopedico”.
Este
sermão foi recitado “na Capella do Hospital Real de Montemor o Velho no último
dia do Oitavario, com que a Confraria da Senhora da Conceição [Confraria de
Nossa Senhora de Campos], instituída no mesmo Hospital, implorou o patrocínio
da Soberana Virgem, estando sempre o Sacramento exposto de dia, e de noite”. A
data encontra-se, pois, registada: 7 de dezembro de 1755, ia decorrido pouco
mais de um mês após a terrível catástrofe que, como “enraivada Víbora”,
continuava a mover-se insistente, todavia com menos fortes tremores. O tema é
do evangelho de São Mateus, 11, 25: Abscondisti
haec sapientibus, et pruden tibus, et revelasti ea parvulis (escondeste
estas coisas dos sábios e as revelaste aos pequeninos).
Entende o orador, conhecido nas lides literárias como “Corvo do Mondego”, que poucos no numeroso auditório “não desejem saber a Origem destes horríveis abalos da Terra, que nos tem posto em continuo susto, desde o primeiro de Novembro”. Com este dado arranca o tema, mas de imediato avisa que se desiludam quantos pensarem dever-se o terramoto a causas naturais, pois só a poderosa mão do Altíssimo “he que faz este tremendo abalo” que não tem dia marcado pela natureza, porque esse é o “da ira, do furor divino”. A verdade sobre a origem dos terramotos, acentua, não será a dada por matemáticos e filósofos, mas pelo Profeta Isaías. A história sagrada e profana mostra não haver terramoto “que não seja fulminado contra a perversidade humana”. Lisboa, de facto, estava “cheia de lascívia, de latrocínios, de iniquidades, de delícias, de jogos, e de bailes”, quando se deu o terramoto e, por isso, como Babilónia, foi castigada. A Providência divina não podia agir de outra forma: “era preciso que esta vingança correspondesse á culpa, que assim procede sempre a justiça de Deos; e como Lisboa se jactava das suas mesmas dissoluções, e se glorificava nos seus delitos, que podia esperar-se da equidade suprema, senão que correspondesse a esta gloria, e a esta jactancia o luto, e o tormento?”. O mal, por toda a parte, campeava infrene. Dominavam, na verdade, os crimes, as obscenidades, “mas de roubos, de violências, de soberba, de ambição” todos sofreram e os que podiam fugiram, tendo o que sucedeu acontecido por sentença divina.
Fonte:
João Francisco Marques, “A ação da Igreja no Terramoto de Lisboa de 1755:
ministério espiritual e pregação”, in Lusitânia Sacra, 2.ª série, 18 (2006)
219-329.
[13.10 * 00:00 - mais
uma volta ao sol]
Sou Balança.
Não tenho meio-termo.
Oscilo entre extremos,
entre o tudo e o nada,
entre o silêncio e o
grito,
entre o certo e o
errado.
Sou desejo e sou medo.
Sou coragem e sou
dúvida.
Sou quem sonha alto e
quem renuncia baixinho.
Sou Balança.
Uma balança que oscila
entre o certo e o errado,
entre o que deseja e o
que teme,
entre o que sonha e o
que renuncia.
Sou equilíbrio — um
equilíbrio desequilibrado.
Equilíbrio em
construção,
sempre à procura do meu
centro,
mesmo quando tudo em
mim balança.
Carrego dentro de mim
esta eterna dança:
o peso e a leveza,
a força e a
fragilidade,
a busca constante por
um centro
que nunca está quieto.
E, mesmo assim,
sou eu — inteira,
imperfeita, em movimento.
Sou Balança.
E é nesse balançar que
me encontro. ![]()
FIGUEIRA DA FOZ - O
GRANDE TERRAMOTO DE 1755 (3ª PARTE)
Quando ocorreu o grande sismo de 1 de novembro de 1755 a pequena povoação da Figueira tinha apenas 900 habitantes, valor calculado pelo pároco Manoel Tomaz no ano de 1756, porque o 1º censo populacional só ocorreria no ano de 1864.
Ainda não existia
Câmara na Figueira, o que só veio acontecer em 1771, estando esta pequena
povoação sujeita à jurisdição da Câmara de Tavarede, cujo limite do couto e
jurisdição era, a nascente, o esteiro da Salmanha e o ribeiro de Caceira.
Poucos dias após o terramoto de 1 de novembro de 1755 decidiu o ministro de D. José, Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, enviar a todos os párocos do reino um questionário sobre o sismo.
Pretendia-se saber o que se tinha passado no país, naquele dia fatídico, em cada paróquia, a que horas se tinha dado o abalo, que tempo durara, em que direção se manifestara, quantas casas se tinham arruinado, quantas pessoas tinham morrido, o que se notara no mar, nas fontes e nos rios, se a terra tinha fendido, que providências tinham sido tomadas, que repetições de abalos se teriam verificado.
O inquérito tinha as 13
perguntas seguintes:
1ª – A que horas
principiou o terremoto do primeiro de Novembro, e que tempo durou?
2ª – Se se percebeu,
que fosse maior o impulso de uma parte; que de outra, v.g. do Norte para o Sul,
ou pelo contrário, e se parece, que caíram mais ruínas, para uma, que para
outra parte?
3ª – Que número de
casas arruinaria em cada freguesia, se haveria nela edifícios notáveis, e o
estado em que ficaram?
4ª – Que pessoas
morreram, se algumas eram distintas?
5ª – Que novidade se
viu no mar, nas fontes, e nos rios?
6ª – Se a maré vazou
primeiro, ou encheu? Quantos palmos cresceu mais do ordinário? Quantas vezes se
percebeu o fluxo, e o refluxo extraordinário? Se se reparou, que tempo gastava
em baixar a água, e quanto em tornar a encher?
7ª – Se abriu a terra
algumas bocas, o que nelas se notou, e se rebentou alguma fonte de novo?
8ª – Que providências
se deram imediatamente em cada lugar pelo Eclesiástico, pelos Militares, e
pelos Ministros?
9ª – Que terremotos tem
repetido depois do primeiro de Novembro, em que tempo, e que dano tem feito?
10ª – Se há memória de
que em algum tempo houve terramoto, e que dano fez em cada lugar?
11ª – Que número de
pessoas tem cada freguesia declarando se poder ser, quantas há de diferente
sexo?
12ª – Se se
experimentou alguma falta de mantimentos?
13ª – Se houve
incêndio, que tempo durou, e que dano fez?
Manoel Tomaz, então o
cura da Figueira da Foz do Mondego, recebeu este inquérito, datado de 11 de
fevereiro de 1756, proveniente do Bispo de Coimbra, D. Miguel da Anunciação,
Cónego Regular de Santo Agostinho da Congregação Reformada de Santa Cruz, Conde
de Arganil, Senhor de Coja, e do Conselho de Sua Majestade.
Explicitava o Bispo de
Coimbra que o inquérito deveria ser respondido no prazo de um mês,
“aproveitando-se desse tempo para conferir os pontos duvidosos com pessoas
inteligentes, e peritas, que comuniquem à Vossa Mercê a luz necessária para o
acerto.”
Em 11 de maio de 1756,
Manoel Tomaz respondeu ao inquérito da seguinte forma:
1ª - “Nesta freguesia
principiou o primeiro terremoto pelas nove horas e meia da manhã do dia
primeiro de Novembro e duraria sete ou oito minutos com pouca diferença e
passado um quarto de hora, se sentiu haver segundo menos violento e que duraria
quatro ou cinco minutos, depois do qual se sentiu terceiro que duraria um
minuto”.
2ª - “O seu impulso foi
por igual principiando do Nascente para o Poente sem se perceber maioria de uma
para outra parte”.
3ª - “Não causaram pela
Misericórdia de Deus nesta Freguesia ruína alguma notável nem nas casas nem nos
edifícios”.
4ª - “Não morreu por
ocasião destes terremotos pessoa alguma”.
5ª - “Logo depois do
terceiro terremoto se levantou no mar para a parte do Sul uma onda desmarcada e
nunca vista grandeza, a qual correndo de longo da costa para o Norte impeliu as
águas que diante dele trazia, e as fez entrar pela Barra dentro com tanta
violência que sendo um quarto de água cheia começou o Rio a encher tão
rapidamente e com tal forma que com o fluxo das mesmas águas subiram estas
vinte braças (40 metros) pouco mais ou menos pelas praias acima contra o seu
curso natural e retrocedendo logo fizeram também com tanta brevidade.… que
deixaram totalmente descobertas as áreas da Barra, e depois deste refluxo se
seguiu segundo e terceiro da mesma grandeza e com os mesmos efeitos, e depois
destes ficaram no rio uns pequenos fluxos, e refluxos de água que duraram até o
Sol posto do mesmo dia primeiro de Novembro a referida onda se desfez na mesma
parte do Sul com distância de meia légua (3 Km) da barra voltando daquele sítio
para o mar, e impelindo extraordinariamente para ele repetidas ondas e umas sobre
outras, até que de todo se desvaneceu.”
6ª – “A maré enchia
primeiro e depois vazava e não se pôde averiguar ….mas que crescia mais do
ordinário e três vezes se percebeu o fluxo e refluxo extraordinário das águas e
de enchente a vazante poderia mediar de uma hora pouco mais ou menos.”
7ª – “Nesta Freguesia
não abriu a terra boca alguma nem rebentou de novo fonte alguma, nem nascente
há, houve novidade.”
8ª – “Imediatamente que
se sentiu o primeiro terremoto saíram os religiosos do Convento de Santo
António, e com eles muita quantidade de gente em procissão pelas ruas, a que se
juntou o clero desta freguesia cantando a ladainha dos santos a pedir a Deus Misericórdia,
as quais preces continuaram nesta Igreja da Freguesia pelo espaço de dezoito
dias que foram duas novenas. E por entre elas houveram uns sermões doutro ...
pregados pelo Rev. Padre Domingos de S. Bernardino de Sena.”
9ª – “Depois do
primeiro de Novembro tem repetido várias vezes tremores de terra que por
pequenos não são de especial menção, sendo alguns deles nos seguintes dias. Na
noite do mesmo dia primeiro de Novembro, um pelas dez para as onze horas da
noite. No dia três de Novembro outro ao Sol posto, e outro pelas três horas
depois às nove e às vinte. No dia quatro do mesmo mês outro pelas quatro horas
depois da meia noite. No dia cinco outro das sete para as oito horas da noite e
aí se seguiram outros, mas todos pequenos. Na noite do dia quatorze de Janeiro
repetiu um terramoto que na sua intenção se assemelhou ao do primeiro de
Novembro, porém nem este nem os mais causaram nesta Freguesia ruina alguma pela
Misericórdia de Deus.”
10ª – “Não há memória
nem notícia nos moradores desta Freguesia que nela conhecessem algum outro
terremoto.”
11ª – “Nesta freguesia
há novecentas pessoas, e destas serão quinhentas de diferente sexo mais ou
menos.”
12ª e 13ª– “Não se
experimentou falta de mantimentos nem houve incêndio algum do que pude
averiguar com o conselho de pessoas inteligentes.”
Vejamos também o que
responderam os párocos de Redondos e Buarcos ao inquérito de 11 de fevereiro de
1756 proveniente do Bispo de Coimbra, D. Miguel da Anunciação.
Escreveu em 11 de maio
de 1756 o então pároco de Buarcos, Joseph de Ceya Curado:
“Nesta Freguezia não se
arruinou caza alguma, e menos edifício algum experimentou ruína mayor (…) Não
morreo mesta mesma freguezia pessoa alguma, nem tam pouco experimentou o menor
damno.”
E o cura de Redondos,
António Nunes Luiz, respondeu em 12 de maio de 1756:
“Nesta freguezia não
cahio caza alguma, nem nella há edifício mais notável que a Igreja Matriz, a
qual ainda foi combatida na forma supradicta, contudo isso não padeceo e mais
teve ruina, tanto assim que sendo azulejada, não se vio que se dezonisse hum só
azulejo della; há taobem nesta villa hum castello que se diz ser dos Mouros,
deste cahiraõ algumas pedras que já dantes estavaõ ameaçando ruina. Naõ morreu
pessoa alguma nesta freguezia…..”.
Dois anos depois, o
mesmo pároco de Buarcos, Joseph de Ceya Curado, nas Memórias Paroquiais de
1758, respondeu no mesmo sentido à questão do terramoto:
“26º - Os Edeficios
desta Villa não padesceram royna no Terramoto de 1755, ahinda que algumas das
paredes delles tiveram suas rachas, que se acham reparadas.”
O cura de Redondos,
Sebastião de Almeida, retorquiu de igual forma à questão colocada sobre o sismo
de 1755 nas Memórias Paroquiais de 1758:
“26º - Com o terremoto de 1 de Novembro de 1755 não padeceo a dita Villa ruina consideravel e somente se virão nos edifícios algumas rachas, que se achão reparadas.”
Como vimos, nesta
região os estragos foram de pequena monta, e não houve mortos, contrariamente
ao que se passou em Lisboa, onde uma tragédia sem precedentes trouxe para a
história uma frase atribuída ao General Pedro D’Almeida, Marquês de Alorna,
quando D. José I lhe perguntou, em pânico, o que fazer, respondeu:
“Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos”.
A
Universidade da Vida e os Seus Ilustres Graduados
Há
um certo grupo de simpatizantes de um partido muito específico que gosta de
repetir, com ar superior, que não precisaram de estudos nem de livros:
frequentaram a "universidade da vida". Dizem-no com orgulho, como se
fosse um diploma conferido apenas aos iluminados e com uma condescendência
implícita para com todos os outros que, imagine-se, decidiram estudar. Na
lógica destes "graduados", quem passou pela escola, quem leu, quem
tirou um curso, quem se formou, andou a ver navios ou a comer gelados com a testa,
como se diz na gíria popular.
É
curioso como este argumento, tantas vezes repetido, mais parece um escudo do
que uma convicção real. Usam-no como arma de desvalorização, como se quem
estudou fosse menos experiente, menos "do povo", menos legítimo. Mas
ao mesmo tempo, não hesitam em colocar os filhos na escola — felizmente —, em
recorrer ao médico quando estão doentes, em ir à farmácia pedir "o que o
doutor receitou", em atravessar pontes construídas por engenheiros e em
confiar a vida a pilotos formados em escolas que, pasme-se, exigem estudo e
conhecimento.
Então,
como se explica esta glorificação da "universidade da vida"? Será uma
forma de esconder o facto de não terem tido, ou aproveitado, as mesmas
oportunidades num país onde o ensino é obrigatório? Ou será apenas uma desculpa
conveniente para opinar sobre tudo com a certeza de quem nunca teve dúvidas nem
precisou de estudar?
Porque
a verdade é esta: todos andamos na universidade da vida. Todos enfrentamos
desafios, perdas, dificuldades, injustiças e vitórias. Mas não é por isso que
deixamos de aprender com os livros, com os professores, com o pensamento
crítico. Viver não é o mesmo que compreender. E ter vivido não equivale,
automaticamente, a ter aprendido.
Muitos
destes "doutorados" da vida juntam-se em círculos de autoafirmação,
onde reforçam as suas certezas uns nos outros, sem espaço para confronto de
ideias, sem abertura para aprender mais. Transformam-se em seitas ideológicas
onde reina a desconfiança face ao saber, à ciência, à cultura. E assim
alimentam-se de um orgulho estéril, acreditando que só eles é que viram o mundo
como ele é, enquanto os outros andaram de olhos fechados.
A
"universidade da vida" não é exclusiva de ninguém. E o que distingue
as pessoas não é o facto de terem vivido, mas o que fizeram com essa
experiência. Alguns aprenderam, outros apenas sobreviveram. E outros ainda,
infelizmente, tornaram-se apenas mais arrogantes.
Outono Interno
“As estações do ano
também vivem em nós”
Cresci em Montemor‑o‑Velho,
de pés na terra e alma nos ciclos.
Fui criada também pelos
meus avós paternos, agricultores.
E foi na terra que
aprendi que as quatro estações não são só do ano, são partes de nós. Primavera
é quando acreditamos.
Verão é quando nos
expomos.
Outono é quando
começamos a largar.
Inverno é quando somos
chamados a parar.
E há outonos que não
têm data.
Aparecem em forma de
cansaço, de desmotivação, de perguntas sem resposta.
O corpo abranda.
A alma pede silêncio.
Mas tu continuas a
forçar verão.
Continuas a dar quando
já não tens.
A sorrir porque “é o
que se espera”.
A manter tudo bonito
por fora, mesmo quando cá dentro já começou a cair.
O outono não é fim.
É aviso.
É convite à verdade.
Quantas versões de ti
deixaste cair só para caberes no que era suposto?
Quantos sonhos
engoliste para manteres a pose de quem tem tudo sob controlo? Quantas folhas
tuas caíram… e fingiste não ver?
Está na hora de parar.
Não para desistir.
Mas para te ouvires.
Para largares o que já
não te veste.
E plantares o que
queres colher.
A mim, a terra
ensinou-me que crescer não é só subir.
É saber parar.
É ter coragem de deixar
cair o que já não alimenta.
É respeitar os próprios
ciclos, mesmo quando o mundo lá fora continua em modo “verão”.
Se estás nesse momento
de viragem, então talvez este texto seja o sinal que precisavas.
Porque o que te deixo
aqui,
É verdade.
A minha.
É presença.
Este outono pode ser o
teu recomeço.
E começa assim: com a
coragem de parar.
Com alma,
Foi em 1911, a 15 de outubro, que nasceu
em Santiago do Cacém, o escritor Manuel da Fonseca a quem sempre recordo com
saudade e ternura ...
Evoco aqui um poema seu, cuja mensagem
continua sempre atual ...
Antes que Seja Tarde
Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
Manuel da Fonseca, in "Poemas
Dispersos"
Homenagem a um “Magnífico” que partiu
Hoje, as palavras faltam, mas o coração está cheio.
Cheio de saudade, de lembranças e de gratidão por
terem tido ao vosso lado alguém tão especial como era o Fernando Campos.
Fazeis parte de um grupo que chamam com orgulho de -
Os Sete Magníficos.
E ele sempre foi isso: magnífico em presença, em
alma, em amizade e na luta pelos seus ideais.
Um irmão de caminhada.
Um companheiro nas risadas, nos silêncios, nas
vitórias e nas batalhas da vida.
Fernando Campos não era só um entre sete — era parte
do coração do grupo desde 1982!
Agora, com sua partida, irão sentir um vazio de uma
ausência impossível de preencher... mas também sentirão a força da sua memória,
que nunca vos vai deixar.
Será sempre um de vós.
Será sempre um dos SETE MAGNÍFICOS
Nas vossas conversas, haverá sempre um espaço
reservado e nos vossos corações, o seu nome para sempre gravado.
Ele é, e fará sempre parte da vossa história!
Aos Sete Magníficos a minha gratidão por me
mostrarem o quanto a AMIZADE prevalece entre todas as coisas.
A ti, Fernando Campos, partiste mas nunca deixarás
de ser um dos SETE MAGNÍFICOS!
Abracinho caloroso para vocês
- José Dias
- Augusto Pereira(Tito)
- Tó Caiado
- Henrique Maranha
- João Abrantes
e o meu Capinha Lopes.
Entre o sono e o sonho
Existe o crepúsculo.
Nesta galáxia
não há guerra, nem fome
ou qualquer sofrimento.
Aqui estendo-me
terna e languidamente
como uma sereia na
praia
esperando o seu
príncipe encantado.
Entre o sono e o sonho
existe a esperança.
Crianças gritam
alegremente
como se o Mundo em seu
redor não existisse.
Entre o sono e o sonho
acordo!
Vejo um admirável Mundo
Novo,
num sonho tornado
realidade!
LIBERDADE SEMPRE!
A bandeira da Liberdade
Aquela que cala a mordaça
A que destrói a pobreza
E honra o tempo que passa
Jamais será posta em causa
Se houverem homens de raça
De lealdade e valentia
Aos valores da Liberdade
Igualdade e Democracia!
Nunca fez tanto sentido
Depois de Abril nascer
Estar atento aos ditadores
Aos da palavra...impostores
Que deixam o povo morrer
Contando os parcos tostões
E deixam nascer crianças
Nas estradas desta vida
Sem as mínimas condições!
Um
relato impressionante de traição, intrigas políticase escolhas perigosas.
OS
BASTIDORES DE UMA DAS ORGANIZAÇÕESTERRORISTAS MAIS PERIGOSAS DO MUNDO
NOMEADO
PARA O GOODREADS CHOICE AWARDS
Desde
pequeno que Mosab Hassan Yousef pôde ter uma visão privilegiada acerca do Hamas
e do conflito israelo-palestiniano. Filho mais velho do líder mais popular da
organização, ajudou o pai durante anos nas suas atividades políticas, enquanto
se preparava para assumir o seu legado, política, estatuto... e poder.
Nas
vésperas de completar 18 anos, movido pela raiva e pelo desejo de vingança,
decidiu assumir um papel mais ativo e acabou por ser preso. Depois de vários
dias sob tortura, recebeu uma proposta: a liberdade em troca de colaboração. No
início, considerou a oferta inconcebível. Afinal, como poderia trair a sua
religião e o seu povo e ajudar os seus inimigos?
Mosab
é o filho mais velho do xeque Hassan Yousef, um dos membros fundadores do Hamas
e o seu líder mais popular. Foi capturado pelo exército israelita e viria a
tornar-se um dos seus espiões mais valiosos, ajudando a combater aquela que é
uma das organizações terroristas mais perigosas do mundo.
Filho
do Hamas é o relato impressionante do caminho
inesperado que Mosab resolveu seguir ao questionar o sentido de um conflito que
só traz sofrimento aos inocentes, sejam eles palestinianos ou israelitas.
No
livro, revela como se tornou espião do Shin Bet, levando uma vida dupla durante
dez anos, e fala das escolhas arriscadas que fez para conter a violência da
organização.
A
obra relata os pormenores da sua agonizante separação da família e da terra
natal, a perigosa decisão de tornar pública a sua nova fé e a sua convicção de
que o versículo cristão de «amar os seus inimigos» é o único caminho para a paz
no Médio Oriente.
“‘Maré’ é um tema de
almas reunidas conscientes do mar, ora sereno ora revolto, da vida. Duas almas
num canto que se salvam do quotidiano e do tempo que as atravessa. Mais do que
uma canção, são versos de fraternidade e paciência com a vida e com tudo o que
nos dá. Porque sabemos que nos podemos salvar uns aos outros com amor e
empatia.” Ricardo Ribeiro
