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terça-feira, março 8

BARCAÇA 14

 


Para quê um Dia da Mulher?

 

Hoje é dia 8 de março, Dia da Mulher e, como todos nós já ouvimos, principalmente dito pelas mulheres: para quê um Dia da Mulher? As mulheres não deveriam ter direito a ter todos os dias? Porque é que a maioria da humanidade precisa de ter um dia em que devem ser recordados os seus direitos? Para responder a esta pergunta precisamos de um pouco de história sobre as histórias que levaram até à comemoração deste dia e, precisamos também de atender a alguns factos atuais...

Comecemos com um pouco de história… 


Em 1909, a 28 de fevereiro em Nova Iorque, em memória das greves no setor do vestuário ocorridas no ano anterior, cerca de 15 mil mulheres marcharam reivindicando melhores salários e condições de trabalho — na época, a jornada diária de trabalho podia chegar às 16 horas, seis dias por semana. Foi a primeira comemoração do Dia das Mulheres.

Em 1910 – Na II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, na Dinamarca, a alemã Clara Zetkin propôs a criação do Dia das Mulheres, com caráter internacional, com o objetivo de homenagear as lutas pelos seus direitos e de construir o movimento pelo sufrágio universal. Não concretizou nenhuma data, mas, no ano seguinte, a 19 de março, o Dia das Mulheres foi assinalado em vários países europeus. Foi a primeira comemoração internacional do Dia das Mulheres.


Em 1911 – 25 de março, deflagrou um incêndio na fábrica têxtil Triangle Shirtwaist, em Nova Iorque, que vitimou 14 homens e 129 mulheres – quando tentavam fugir, encontraram as portas da fábrica trancadas. O incêndio expôs as péssimas condições de trabalho dos costureiros, na sua maioria mulheres e crianças imigrantes. Dias depois, milhares de pessoas acompanharam o funeral das vítimas.


Em 1917 – 23 de fevereiro, Revolução de Fevereiro. a greve das operárias da indústria têxtil contra a fome, o czar e a participação da Rússia na I Guerra Mundial pôs em marcha a Revolução Russa. O czar abdicou quatro dias depois e o Governo Provisório reconheceu o direito de voto às mulheres. Em 1921, o Dia das Mulheres foi oficializado na Rússia.


As datas: 19 de março, último domingo de fevereiro, 15 de abril e 23 de fevereiro estão entre as datas em que o Dia das Mulheres foi celebrado.

De onde surgiu o dia 8 de março?

Antes da Revolução de 1917, a Rússia ainda não tinha adotado o calendário gregoriano. Nessa época, na Rússia, 23 de fevereiro correspondia, no calendário juliano, ao dia 8 de março.

Depois de um pouco de história deste dia, resta saber se ainda faz sentido comemorar o Dia da Mulher no seculo XXI, para fazermos essa avaliação, aí ficam alguns factos e números:

“Em 2018, foram detetadas cerca de 50.000 vítimas de tráfico humano. Dada a natureza do crime, acredita-se que o número real seja muito superior. Cerca de 65% das pessoas traficadas são mulheres e meninas, a maioria das quais (+70%) para fins de exploração sexual.”

Fonte: UNODC

“Estima-se que, atualmente, existem no mundo mais de 200 milhões de meninas e mulheres que sofreram mutilação genital feminina.”

Fonte: ONU

“Dois terços dos jovens e adultos que não sabem ler ou escrever são do sexo feminino. Em alguns países, a proporção chega a 80%.”

Fonte: ONU

Em Portugal, 2020:

“- 58% de jovens que namoram ou já namoraram reportam já ter sofrido pelo menos uma forma de violência por parte de atual ou ex-namorado/a;

- 67% de jovens consideram, como natural, alguns dos comportamentos de violência; como violar o correio eletrónico, controlar os amigos (as) das parceiras

Há elevada prevalência e legitimação de formas específicas de violência, como a psicológica, a exercida através das redes sociais ou as atitudes de controlo (sobre vestuário e hábitos de convívio, entre outros)”.

Fonte: UMAR.

“As mulheres ganharam, em média, menos 14,4% do que os homens, para trabalho igual ou equivalente, correspondendo essa diferença a 51 dias em que, simbolicamente, trabalham gratuitamente.”

Fonte: CITE

Tendo em conta estes dados e factos, a resposta é que infelizmente é necessário não só recordar as mulheres corajosas que deram a sua vida pelas novas gerações de mulheres, como também é necessário recordar que séculos de luta ainda não foram suficientes para que todos tenha efetivamente os mesmos direitos.

Feliz Dia da Mulher para todas e todos e boas leituras!


“A Mulher e o Associativismo”

HISTÓRIA

Apenas uma das organizações se desenvolve na esteira política do Estado Novo: Movimento Nacional Feminino (1961-1974). E duas das associações mantêm atividade até aos nossos dias: Movimento Democrático de Mulheres (desde 1968) e Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas (desde 1919).

Se alguém fica surpreendido ao ver assumir lugares de destaque dentro das coletividades pelas mulheres, desengane-se porque por estas bandas e falo dos concelhos da Figueira da Foz e de Montemor-o-Velho não faltam exemplos de cidadania e apostas muito válidas de mulheres nos órgãos associativos.

Atualmente, esse número com tendência a aumentar em virtude de os hábitos estarem a mudar para jovens que se relaxam no sofá em jogos digitais deixando de aparecer nas coletividades e por sua vez a Mulher vem ocupando esse espaço por mérito nos destinos dela.

Quem não olha para SIT (Sociedade Instrução Tavaredense), Sporting Clube Figueirense, Filarmónica do Paião, AFA (Associação da Freguesia de Arazede) em Arazede, Citec (Centro de Iniciação de Teatro Ester de Carvalho) em Montemor-o-Velho, em tempos pelo ACM (Atlético Clube Montemorense), Filarmónica 25 de Setembro e tantas outras que ao longo dos tempos tem assumido o dirigismo como a sua luta.

A Camara Municipal da Figueira juntou-se às comemorações com entrega de distinções honoríficas a diversas mulheres figueirenses que se destacaram nas mais variadas áreas da sociedade figueirense.

Medalha da Cidade - Virgínia Pinto, Silvina Queiroz e Marta Carvalho
Medalha de Mérito Industrial – Luísa Freitas Silva
Medalha de Mérito Cultural – Alexandra Curado e Renata Oliveira
Medalha de Mérito Comercial – Teresa Caldeira e Iryna Pavlyshyn
Medalha de Mérito Social – Elvira do Carmo Dias Choupina


Hoje vai decorrer na Figueira da Foz a 4ª Edição "Liderança no Feminino" que conta com um painel interessante sobre esta temática. Fica aqui o Cartaz:

A ACIFF - Associação Comercial e Industrial da Figueira da Foz está a organizar a quarta edição da celebração do Dia da Mulher. Estes eventos têm sido momentos de partilha e inspiração em torno de temas ainda necessários discutir em prol da igualdade de oportunidades para todos.

Viajar hoje pelas coletividades sejam elas desportivas ou recreativas damo-nos conta da importância da Mulher nos seus destinos e hoje no Dia Mundial da Mulher não podemos olvidar deste grande passo da nossa sociedade.

Já no Desporto em si milhares de atletas que desenvolvem diariamente a sua atividade seja no Hóquei em Patins, Voleibol, Basquetebol, Ping-Pong, Ginástica, Teatro, etc… e surgem agora em menor número, mas a dar grandes passos no Futebol.

Quem olhe para Juntas de Freguesia, Câmara Municipal dão-se conta que Mulheres desenvolvem um papel importante no desenvolvimento da Cultura e Desporto das suas regiões seja nas sedes de Concelho como nas Juntas de Freguesia.

O futuro nos dirá para onde vamos, mas decerto que estamos no rumo certo.



ESTHER DE CARVALHO


No dia em que celebramos o Dia Internacional da Mulher, nada melhor do que homenagear uma das figuras femininas mais marcantes da história da vila de Montemor-o-Velho. Falamos, obviamente, da fabulosa e inolvidável Esther de Carvalho.


A 20 de agosto de 1858, nasce, em Montemor-o-Velho, Esther Amélia da Costa Coutinho da Silva Carvalho, figura maior do teatro oitocentista português e brasileiro, filha do bacharel António Augusto Coutinho da Silva Carvalho, natural desta vila e também ele um homem do teatro cuja “fama e merecimentos chegaram mesmo a Lisboa, onde era muito conhecido e apreciado por alguns dos melhores artistas d’esse tempo”, e de Maria Amélia da Costa Côrte-Real, residentes em Montemor-o-Velho, na Rua ou Largo do Outeiro. Com a morte da sua mãe foi educada pelas suas tias, na cidade da Figueira da Foz, que nunca a contrariaram e eram as primeiras pessoas a enaltecerem-lhe os dotes físicos, tornando-a vaidosa e coquette. Quando tocava e cantava dentro de casa, com as janelas abertas, todas as pessoas que passavam na rua paravam a escutá-la com prazer. Ainda tentou ser professora, mas “o seu espírito demasiado folgazão, o seu temperamento voluptuoso e a conduta libérrima que trilhara, prejudicaram-na nessa carreira. O orgulho que sentia ao ver-se adulada e requestada incessantemente, por ser elegante e formosa, despertou-lhe outro sentimento, o desejo impetuoso de vir a ser aclamada pelo seu valor, de ser aplaudida pelo seu talento, de, enfim, alcançar a glória.”

A sua estreia no Teatro da Trindade, na cidade de Lisboa, “ao lado do Ribeiro e do Augusto”, a 31 de março de 1880, na opereta “O Cão do Malaquias”, constituiu um autêntico sucesso. Os jornais dessa época fizeram-lhe os mais calorosos encómios, salientando, uns, que ela passara imediatamente à categoria de “primeira actriz do Trindade”. De papel para papel ia conquistando “mais agrado e firmando os seus créditos de actriz e cantora”. Assim, foi no “Orfeu no Inferno”, “Doutor Rosa”, “Rouxinol das Salas”, “Filha do Inferno”, “Dragões d’El-Rei”, “Estrela do Rei”, “Uff” (“caindo a peça, mas sendo ela aplaudida”), “Último Figurino”, “Filha da Senhora Angot”, “Três Dragões”, “Perichole”, “Chalet”, “Mascote” e “Dragões de Vilares”, a última ópera que cantou em Lisboa, “foram noites de gloria para a notável e gentil artista”.

No entanto, fosse pela complexidade do seu feitio, pouco dado ao “viver pacato e metódico do Teatro da Trindade”, fosse pela sedução que o Brasil exercia sobre si, decide partir para o Rio de Janeiro. Sousa Bastos conta que Esther, logo que chegou ao Rio de Janeiro, lhe enviou um bilhete ao Teatro Príncipe Imperial, de que era empresário, dizendo: “Meu caro Sousa Bastos – Quer-me no seu teatro? – Esther”. O que Esther de Carvalho “fez daí por diante é indescritível. Passava os dias na rua, de porta em porta, de estabelecimento em estabelecimento, fazendo propaganda em seu favor, lamentando-se, até formar um partido” que de imediato rivalizou com a “endiabrada” Pepa Ruiz, assim considerada pelas primeiras plateias de Lisboa, Porto e Rio de Janeiro, grande atriz de origem espanhola, geralmente conhecida pelos brilhantes papéis de opereta, revista e comédia que protagonizava. A luta entre “Estheristas” e “Pepistas” chegou a preocupar seriamente a polícia, quase provocando uma revolução no Rio de Janeiro. Entretanto torna-se empresária, com o ator Ribeiro e o maestro Alvarenga, no Teatro Recreio Dramático, mas, pela morte trágica dos seus sócios ficou sozinha a dirigir o teatro, num trabalho esgotante e infeliz, porque se tuberculizou. Sousa Bastos diz também que Esther morreu desgraçada “a ponto de lhe venderem o último móvel e o senhorio querer pô-la fora da porta, moribunda, quando até já cortara a última trança do cabelo para vender. E que bonitos cabelos ela possuía”.

Acaba por falecer a 15 de janeiro de 1884, ficando sepultada ao lado do seu “companheiro” Ribeiro “num lindíssimo jazigo que tinham mandado fazer e não chegaram a pagar”, no Cemitério de São João Baptista, na Cidade do Rio de Janeiro. O seu funeral constituiu uma extraordinária manifestação de pesar. Os seus admiradores cariocas, dedicados ao extremo, eram em tão elevado número que fundaram associações de recreio (Ateneu Dramático Esther de Carvalho e Sociedade Esther de Carvalho) e de socorros mútuos (Associação de Socorros Mútuos Memória a Esther de Carvalho) com o seu nome, em homenagem à sua memória, atitude que viria a ser seguida pelos seus conterrâneos quando decidiram atribuir o seu nome ao Teatro de Montemor (Teatro Infante D. Manuel) e a dois dos grupos de teatro amador fundados nesta vila – o Grupo Dramático-Beneficente Esther de Carvalho (1913) e o Centro de Iniciação Teatral Esther de Carvalho (1970).


O ti' António era um homem como os demais. Tinha as suas manias, tinha uma maneira de ser igual a si próprio.

 Era trabalhador à jorna, isto é, ao dia para quem lhe, "falava", e era coveiro.

 Ao Domingo bebia um copito a mais e a ceia a sua Teresa tinha de cantar o Estalado enquanto ele comia ou então "comia ela," mas era “sopa d'urso".

 Um Domingo estava ele a gritar: - canta-me o Estalado, Tarefa.

 E ela respondeu com voz sumida: -não canto e pronto.

 - Aí é? Atão toma lá que já cospes... . E agarrando a cabeça dela debaixo do braço dele começou a bater sem dó nem piedade.

 Acudam, acudam, q'este filho da p.... mata- me.

 A ti ‘Conceição Cavaleira que ia a caminho de casa que era um pouco mais abaixo, ouvindo aquele gritar aflito empurrou a porta e disse com voz forte: 

 - Malvado, largue a mulher, sua alma danada.

 Ela, espiando a cabeça do braço dele responde com voz suave:

 -Atão, está a bater no q'é dele, você tem alguma coisa com isso?

- À sua alma dum raio. Bem diz o povo que entre homem e mulher ninguém meta a colher. Vá p'ró raio que a parta. Coma mais que é bem-feito. 

Ao que se conta isto aconteceu mais algumas vezes. 

 Quanto mais me bates, mais gosto de ti.

 Um abraço 


DESPERTAR PARA O DESPORTO

A opinião desportiva que mexe consigo!

As mulheres continuam fora de jogo. Motivações de ordem sociocultural continuam a afastar as mulheres do epicentro desportivo. A tão propalada desigualdade de género que se verifica na sociedade portuguesa, típica de contextos retrógrados e conservadores, encontra paralelo na atividade desportiva e na prática de atividade física regular. Se, por um lado, a menor participação feminina em contextos competitivos acaba por traduzir uma injusta escassez de oportunidades para as mulheres, por outro, talvez mais preocupante, subtrai-lhes prática de atividade física informal e todos os benefícios relacionados com o bem-estar e com a saúde multidimensional.

É certo que qualquer mulher portuguesa pode praticar uma modalidade desportiva ou, pelo menos, realizar atividade física, assim o priorize. No entanto, todos somos conscientes da desigualdade de género que se verifica. Estudos recentes apontam para diferenças acentuadas quando se comparam quantidades de homens e mulheres praticantes federados, treinadores, dirigentes e quando se analisa a importância que os media conferem a modalidades praticadas por eles, ou por elas.

Há, portanto, um longo caminho a percorrer e o desporto tem uma grande oportunidade para criar o contexto favorável a uma mudança do paradigma em Portugal, provocando a queda de barreiras instaladas no núcleo dos contextos tradicionais e fixando novas estratégias de integração, sólidas, justas e desiguais. Desiguais, sim. Porque o combate à desigualdade de género carece de medidas desiguais, que confiram as mesmas oportunidades, atenuando as vantagens socioculturais e tradicionais que impulsionam, naturalmente, os homens.   


REPÓRTER MÁBOR

Venho do tempo em que António de Oliveira Salazar, dizia do povo saber ler e escrever era o suficiente, o que hoje me faz uma confusão danada, pois o homem com mãos de ferro e coração de sacristia, devia nortear-se pelas constantes mudanças num tempo para outro desenhado no pulsar das transformações, quer sejam no fantástico rodopiar tecnológico, como nas azas do pensamento livre de todos os homens e mulheres, para chegarmos à conclusão, pese embora a sua inteligência do homem que  parou por ali e ficava feliz ao ouvir na Emissora Nacional, as furtivas lições de ginástica.

Venho desse tempo, mas distante da sua engenharia intelectual pela cidade de Coimbra. Também eu, o Zé de pouca roupa e muitos sonhos, por carreiros e caminhos das cabras, percebia já nessa altura no Montemorense, que mais tarde o desporto destinado só aos homens na sua organização popular, as mulheres surgiriam livres e capazes de vencer preconceitos aterradores, como se mostra pelo país, mas é na BARCAÇA, o meu instinto que ainda se vincula ao progresso desportivo das mulheres por Terras de Montemor.

É verdade que as mulheres no espaço geográfico de Montemor-o-Velho, suportaram sempre as estruturas projetadas e organizadas por e para homens, mas os velhos do restelo, sempre ficaram a falar sozinhos a contar os dedos das mãos e dos pés doridos e queixosos de não terem aproveitado o seu tempo nos ventos que sempre nos trazem e levam para longe a incomodativa poeira que tapa os olhos ao progresso sempre acutilante e transformador.

Hoje Dia da Mulher, eu vou mais adiante no meu fulgor ao dizer-vos o dia de todas as mulheres desportivas ou não, porque mais tarde ou mais cedo acabam por nossas Mães.

Claro que o tema apanhado pela rama tem outros estudos e fundamentos no Dia da Mulher, mas sinto-me honrado em reconhecer que a mulheres por Terras de Montemor, são agora fartos motivos para exemplares entrevistas desportivas na MIRAGEM, lá longe com o Luiz Pessoa, a controlar o belo das nossas conversas com as mulheres desafiando os homens, competindo com eles de ombro a ombro em várias modalidades desportivas.  


Mar, Maria, Mulher eu sou…

 

Perguntas ao mar ritmado,

Em si desdobrado

Porque vai ou porque vem?

Não sabes que a onda que parte

Em som de arrebate

Voltará p'ra ti, Meu Bem.

 Se por triste destino

E em desatino

Do mar, se fosse o movimento

Amá-lo-ias parado, da sua vida arrancado

Sem sonho, sem sal e sem vento?

 Em mar respira a mulher

Um beijo que quer,

 meu nome entoou

Vivo dele o perfume

Na tua praia molhada, sonhada...

Mar, Maria eu sou


A ameaça dos tiranos

é fria como a tirania,

quer   anular os sonhos e

rasgar a cor da liberdade,

esconder as certezas,

ficando a pairar

em todo o lado,

onde quer que estejamos,

mesmo que discretos e serenos …

Mas não vence a vontade

de um mundo melhor,

não vence as certezas,

nem rouba as vitórias,

não cala a voz que sempre

se erguerá na noite ou na treva maior.

 

Por isso,

olhar em frente e seguir

sem o medo da viagem,

sem que nos tolha a fraqueza

ou o desânimo.

Olhos fitos no futuro,

traçámos a nossa rota…

Viajámos sem partir,

arriscámos …

Não podemos vacilar,

hesitar é proibido.

A aventura à espera

não perdoa o desalento,

não entende o desânimo.


MAIS QUE UM POEMA…

UMA MENSAGEM…

 

Já há algum tempo que com a minha singularidade venho observando a maneira com que muitas mulheres sentem, vivem e demonstram o seu amor…

 

A causa disso, seria irrelevante detalhar aqui, o meu intuito não é relatar a história da mulher, é sim falar da alma feminina e não a utilização de máscaras e papéis que elas vêm usando para “garantir” seu espaço…


Muitas mulheres saíram do extremo da submissão em busca de seu real valor, mas lamentavelmente muitas se perderam ao longo dos tempos, morrendo de medo de serem engolidas pelas rédeas do passado insistindo em renegar sua alma acolhedora, sua beleza encantadora, seu coração recetivo...


Com estas minhas palavras quero enaltecer esse doce coração, provocar - no bom sentido - o desabrochar dessa alma legitimamente romântica, sensível e terna.


- Que possamos, hoje, baixar as armas, as defesas e as desconfianças... e simplesmente amar, propondo um amor autêntico, com direito à sua notável delicadeza, à doçura que há muito foi substituída pelo espírito de competição e comparação!


- Que deixemos de lutar por uma igualdade que mais nos desvaloriza do que enobrece; não precisamos de igualdade, apenas de nossa singularidade e que cada um(a) saiba ocupar o seu devido lugar.

 

- Que passemos a assumir nossas diferenças e atuemos decididamente a partir de nossa feminilidade essencial, preciosa, sublime e que façamos isso, sobretudo, no exercício de amar: amar a si mesma e ao próximo.


- Que, nós, mulheres, recuperemos nossa capacidade de sedução e envolvimento sem, contudo, termos de agir como os homens, não precisamos de adversários, mas de companheiros, aliados, protetores e amigos!...Não somos melhores nem piores que eles!

Somos mulheres!!! Suas complementares e vice-versa…


- Que sejamos firmes, justas e produtivas, mas sem nunca renegarmos nossa natureza criadora e com boas atitudes, possamos, de facto, conquistar o mundo.


- Que sintamos o amor, no sentido lato da palavra, sugerindo um sorriso meigo, uma palavra que demonstre a nossa capacidade de compreender, um gesto que perdoe, um abraço que saiba envolver a alma do outro…o saber silenciar no momento preciso, servir com carinho e respeito, afagar o ser amado com ternura não são, absolutamente, atitudes que nos diminuem ou desvalorizam, muito pelo contrário: são provas de que nosso valor e nossa grandeza vêm do coração!


Que todas(os) nós possamos dar passagem à alma da mulher... e façamos a diferença!

 

E que sejamos simplesmente MULHERES! 


Há mais de 100 anos que se sente a necessidade de haver um Dia da Mulher.

Começou por uma reivindicação de operárias, que se manifestaram contra o excesso de horas de trabalho e as más condições da fábrica. Morreram 130 pessoas nessa greve. E depois desse momento, vários outros, por todo o mundo, deram voz à mulher.

Só em 1975 é declarado oficialmente, pela ONU, o Dia Internacional da Mulher.

Faz sentido, um século depois, haver este dia?

Enquanto houver discriminação salarial;

Enquanto houver violência doméstica contra a mulher;

Enquanto a mulher for considerada (mesmo que inconscientemente) como "sexo mais fraco";

Enquanto houver escravidão sexual;

Enquanto houver escravidão;

Enquanto se venderem meninas para casar;

Enquanto houver mutilação genital para que a mulher não tenha prazer sexual;

...

Sim, faz sentido que haja um dia para que todo o Mundo recorde que a Mulher não é Homem (nem o pretende ser), mas que merece o mesmo e igual respeito.

Geneticamente, o sexo masculino e feminino são diferentes. Tendencialmente, o homem é mais alto e mais forte. E está tudo bem, a igualdade não se traduz pelo fenótipo!!!

A igualdade está nas mesmas oportunidades, na mesma diversidade de escolhas, nas mesmas opções de vida.

Como Mãe, Mulher, aproveito este dia para relembrar que a sociedade "pretende que as Mães trabalhem como se não tivessem filhos e que criem os filhos como se não trabalhassem".  E este é só mais um dos desequilíbrios que existe, em desvantagem para a Mulher, nos Países desenvolvidos.

Um dia, as mulheres de todo o mundo celebrarão o Dia Internacional da Mulher a "rir" e a comentar "e quando nós ainda tínhamos que lutar para termos salários iguais aos dos homens?!"... Tal como hoje "rimos" ao dizer "e quando a mulher finalmente pode votar numas eleições?!". 

Em relação aos acontecimentos internacionais do momento, deixo só 3 notas. Não era o propósito desta edição da Barcaça, mas também não dá para não dizer nada.

- Ao contrário do que muitos nos querem fazer crer, a Guerra entre a Rússia e a Ucrânia não é só entre estes dois países e não começou a 24.02.2022. "Só vê quem quer".

 

- O herói do momento, Zelenski, ativou a Lei Marcial: todos os homens dos 18 aos 60 anos, civis, com ou sem experiência militar, provavelmente sem alguma vez terem tido na mão uma arma, são obrigados a permanecer na Ucrânia. "Carne para canhão?".

 

- Portugal e tantos outros países da Europa desdobram-se em angariações de comida, material médico, roupas, abrem as portas das suas casas para minorar o impacto desta guerra nos civis por ela afetados, como apoio aos ucranianos que saem da Ucrânia. E bem, aplaudo e apoio. Só relembro que às portas desta mesma União Europeia vivem milhões de refugiados, em Campos de Refugiados eletrificados, com condições inumanas, onde há negócio com tráfico humano, as mulheres são violadas, as crianças crescem sem direito à educação, onde os cuidados sanitários são precários e se assistem a suicídios e/ou tentativas de suicídios diários. Isto acontece à mesma distância da Ucrânia. A maioria não tem tom de pele claro, ao contrário dos ucranianos. "Qualquer semelhança é mera coincidência".


Guerra na Europa – Parte 1 

Desde o dia 24 do mês passado que o mundo assiste a uma verdadeira tragédia na Ucrânia.

Uma catástrofe que, infelizmente, era previsível que fosse acontecer e que todos os líderes mundiais assistiram e acompanharam sem que nada fizessem para inverter o caminho.

Para além disso verificámos que a mais uma vez a Europa e os seus líderes não aprenderam nada com a Segunda Guerra Mundial e não salvaguardaram o futuro como lhes era exigido

Todos, sem exceção, são culpados por tudo o que está a acontecer.

Mas recuemos um pouco na história.

Já em 2014 assistimos a dois acontecimentos absolutamente surreais para os quais todos os líderes europeus e mundiais assobiaram para o lado e fingiram que nada tinha acontecido. Um desses acontecimentos foi a invasão da Crimeia pela Rússia e o outro foi o derrube de um avião comercial da Malaysia Airlines por um míssil russo que provocou a morte de cerca de 300 passageiros.

Apesar de todo o sucedido o mundo continuou igual como se nada tivesse acontecido.

No entanto temos assistido desde essa altura a uma maior aproximação da Ucrânia à União Europeia e à NATO. Sempre com grandes exigências e requisitos estas duas instituições têm atrasado a adesão deste país.

Por outro lado, temos os russos a reclamarem que tinham um acordo com os Estado Unidos de que a NATO não se iria expandir para leste da Europa ameaçando as suas fronteiras.

No meio deste conflito, temos uma Europa que mais uma vez parece uma “barata tonta” que não se afirmar nem se impõe como uma potência e líder mundial.

Prova disso é o facto de mais uma vez termos uma Europa que nunca quis apostar na sua defesa, segurança e alternativas energéticas levando-a a depender de outros. Por um lado, que serve de peão dos Estado Unidos para “atiçar” os russos e por outro lado temos uma Europa dependente da energeticamente da Rússia.

No final da história acabamos por assistir a uma Ucrânia deixada ao abandono e entregue a si própria.

É angustiante ver o sofrimento e o desespero daquele povo e o mundo parado a assistir.

E não me digam que é com sanções económicas que resolvem os problemas porque não é. Estes líderes autoritários e ditadores já estão mais do que preparados para suportar este tipo de sanções e continuar com os seus planos de invasões. Para além disso, basta irmos à história e verificar que nunca as sanções económicas resolveram o que quer que seja porque rapidamente há estados que furam estes acordos por questões de interesse próprio.

A Europa e a União Europeia têm, de uma vez por todas, de perceber se quer ser uma potência mundial e marcar pela diferença ou se querem ter um papel secundário e ser irrelevantes na história. Tem de uma vez por todas deixar de estar dependente dos outros e de países como a Rússia e criar alternativas viáveis e credíveis.

Mas veremos se quando isto tudo acalmar se a União Europeia terá coragem para começar a redefinir as suas estratégias e os caminhos a seguir ou se irá continuar tudo igual como aconteceu até aqui. 


A derrota eleitoral do Bloco de Esquerda e as tarefas de oposição democrática

“Um paradoxo tem valor só quando o não é.” Fernando Pessoa

 

O Bloco realizou uma campanha de excecional mobilização dos militantes e apoiantes no município de Montemor-o-Velho. A conclusão mais distópica é a de que uma governação mais à esquerda do centrão PS fracassou. Assim fosse e a esquerda plural e democrática, que vive da democracia popular seria sempre apenas uma muleta da governação, ou em outro condão, seria somente uma esquerda acantonada numa retórica infértil. Não poderia ser isso o Bloco de Esquerda. Não foi. E não é.

O Bloco não esqueceu a força popular de 2015 e 2019. Os significados desses votos foram sem dúvida tidos em conta. Não foi fácil oferecer resistência a quem queria e teve a maioria absoluta. Não foi uma campanha eleitoral legislativa fácil. O Bloco acabou no olho do furacão, entre sondagens e opinadores televisivos que tudo fizeram para a concentração de votos no Partido Socialista. A estratégia de António Costa venceu, a pluralidade democrática de governo perdeu. É preciso ser honesto e olhar - para ver - no novo parlamento tanto populismo a esconder os ases do liberalismo mais duro. Ver o neoliberalismo vendido tipo pãozinho quente - emergindo à tona ideias do passado nacionalista e fascista. Naturalmente fico triste e desapontado. Toda a falsa polarização que se criou para reerguer o centrão, acabou por beneficiar apenas a direita do Chega e da Iniciativa Liberal. O segundo (IL) um partido urbano sustentado por jovens que não veem soluções para um futuro digno, para um salário justo - acima dos 1500 EUR - emergiu nessa desconfiança provocada pelo PS de que não haveria oportunidade para medidas fortes de subida do salário médio nacional.

O primeiro (CH), mais disperso e ruralizado, cresceu bastante aglutinando votos do neoliberalismo económico de PMEs, de descontentamento, da extrema-direita e de ultranacionalistas. Cabe aqui a nota de que apenas desde as autárquicas o Chega perdeu 3 autarcas, 1 dos 2 secretários-gerais e afastou a vice-presidente da distrital de Braga. Para bom entendedor: meia palavra basta! E cada coisa vale o que vale.

Análises à parte, o Bloco de Esquerda sofreu uma violenta derrota nas legislativas, que em breve reconfigurarão o nosso parlamento. E é com absoluta humildade que os militantes do BE aceitam estes resultados. Será sempre na história da estratégia e marketing político um momento a analisar. Questiúnculas à parte, o Bloco de Esquerda recupera assim a luta por causas. Se em 2015 a política se afunilou em: salários, pensões, direitos laborais e saúde. Era esse o ponto de “encontro” com o Partido Socialista. Pode agora o BE, sem o desgaste pela brutal máquina de campanha do PS, voltar a alargar o leque discursivo, racional e político. Foi assim que no Parlamento Europeu se votou - pese embora o mau e errôneo jornalismo - que se fez demorado em entender a política pacifista, de concórdia, de respeito por fronteiras - embora as querendo abertas - sancionando veementemente a invasão da Ucrânia pela Federação Russa.

É a esquerda de disputa, confiável, forte e de causas que estou aqui a defender. E assim se viu hoje no Dia Internacional da Mulher:

 


Continuem a contar com o BLOCO DE ESQUERDA. Um viva a todas!!

CRÓNICA 2

Por respeito ao Luiz, não vou fugir ao desafio que assumi e em vez de escrever sobre os concelhos a que a Barcaça se dedica, concentrar-me no ataque hediondo da Rússia à Ucrânia, assunto prioritário que muito me está a impressionar e cuja denúncia não me tenho cansado de tratar nas redes sociais, até porque no panorama partidário português, nomeadamente, no Partido Comunista, há quem afirme e legitime seu apoio ao sanguinário Putin, tecendo loas aos fundamentos que este veio mencionar para justificar o injustificável, ou seja, o esmagamento de um país consideravelmente menos poderoso que o seu, como se tal feito possa alguma vez ficar para história da Rússia, a não ser como ato cobarde e miserável que envergonhará aquele país para todo o sempre, aliás, a exemplo do que sucedeu quando mandou assassinar centenas de milhar de chechenos, entre outras barbaridades conhecidas!

No que toca a Montemor, de quem falarei exclusivamente desta vez, o PS tem governado o concelho intermitentemente com o PSD desde que foi instaurado o poder local democrático em Portugal, primeiro sob a presidência do Eng. Leitão, depois o Eng. Major Pinto Correia, mais tarde o Dr. José Manuel Antunes e ainda em curso o Dr. Emílio Torrão, tendo-se interposto pelo meio e pelo PSD, o Dr. Manuel Carraco e mais tarde o Dr. Luís Leal, cujos títulos académicos incluo apenas por motivo de curiosidade, já que nenhum deles possuía qualquer formação ou competência de gestão autárquica e nem isso era ou é hoje exigido, aliás, como também o não eram nem são os títulos.  


Recordar que Leitão cumpriu dois mandatos, Carraco apenas um, Antunes dois, Leal três e Torrão vai no terceiro, e recordar também que praticamente todas as grandes obras, à exceção da pista de atletismo localizada na rotunda da feira, a maior que conheço e que, para além da pista de atletismo ainda acolhe o restaurante Mosteiro, a feira quinzenal e uma horta, foram pelo menos projetadas e/ou iniciadas e algumas executadas pelos executivos socialistas, destacando-se de entre elas, Biblioteca Municipal, Piscina Municipal, Pavilhão Municipal, Mercado Municipal, Centro Náutico e de Alto Rendimento, Parque de Negócios de Montemor-o-Velho, Escolas Profissionais, Zona Industrial de Arazede, reclassificação do Convento dos Anjos e envolvente, bem como do Leito Abandonado, Feira da Madeira e antigo imóvel da GNR, o que diz bem da diferente capacidade de materialização dos executivos socialistas.

Espero que as atenções se virem agora para a reabilitação do casco antigo da Vila e a urgência em intervir, requalificando-a, embelezando-a, atraindo novos habitantes e empreendedores e aproximando o património e a magnifica história local do desenvolvimento desejado.




Artigo 14.º

1.  Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países.

2.  Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.



"A Guerra" - Raul Solnado - 1967



Hoje em solidariedade com Ucranianos




RESUMO

"Após anos a serem explorados, os animais da Quinta Manor revoltam-se. O agricultor que os subjugava é expulso com violência, triunfa a rebelião liderada pelos porcos e instala-se uma nova ordem: “Todos os animais são iguais...” Com os humanos fora da equação, os animais organizam-se. Porcos, cães, cavalos e galinhas vivem durante um breve período uma utopia de igualdade. Mas cedo começam as intrigas, a organização social fratura-se, nasce uma outra hierarquia, e com ela uma adenda ao princípio fundador: “…mas alguns animais são mais iguais do que outros.” A frase completa-se, fecha-se o círculo, nasce um dos melhores romances do século XX.

O Triunfo dos Porcos, publicado ainda durante a Segunda Guerra Mundial, revelou ser a alegoria perfeita (e profética) sobre a ascensão ao poder de Estaline e a consequente subversão dos ideais revolucionários. Lida hoje, porém, é muito mais do que isso. É uma fábula sobre a queda moral dos regimes e a falência dos modelos teóricos de governação quando confrontados com a cupidez humana. O mais popular livro de George Orwell, que foi recusado na altura por vários editores ingleses (inclusive pelo poeta T. S. Eliot) viria a tornar-se um raro fenómeno de popularidade. Considerado um dos melhores romances de sempre pela revista Time e pela Modern Library, foi (e ainda é) uma das obras mais censuradas da história recente. É, nesta versão, apresentada com o prefácio original de Orwell (nunca publicado) e ainda com o prefácio que o autor fez para uma célebre edição em ucraniano. "



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