Cinquenta
como seria possível que um dia poderia dizer que mês a mês com toda a
colaboração dos amigos que dedicam algum tempo a esta pequena revista que
nasceu para informar, para divulgar, não só a nossa monumentalidade, os nossos sonhos,
a nossa terra.
Neste
momento que se aproxima o Dia da Família das nossas crenças nada melhor que
iniciar com a Monumentalidade vinda por parte do nosso colaborador Mário Silva
que mais uma vez nos oferece uma visita guiada à Capela de São Jorge em Tentúgal
datada do século XVII. Depois nada melhor que entrar no silêncio através de uma
viagem maravilhosa narrada pela Carla que entre os mármores e tantas histórias
que se encontram dentro destas Igrejas nos diz “Cada dor que carrego, acolho
nesse momento de calma, sem pressa de a abandonar”.
E
como as nossas histórias cheias de amor, carinho e o interesse de informar o
nosso património viajamos até à descrição sempre cheia de história sobre os
monumentos da Figueira da Foz e Fernando Curado que já nos habituou desta vez descreve
uma história fabulosa sobre o Monumento de Homenagem aos Mortos da 1ª Grande
Guerra. Já Olímpio Fernandes num texto de ondulações e de fortes batidas do seu
Mar Revolto.
José
Craveiro “Contador de Histórias” traz-nos um vídeo do seu já longo trajeto
nestas “Palavras Andarilhas” e dando continuidade chega-nos também a arte de
bem ajudar o próximo numa manifestação de amor pelos mais desprotegidos de
António Girão e nas suas pedaladas por essa Europa fora.
A
poesia é uma das nossas rúbricas mais antigas pois desde o nº1 que entrou na
Barcaça e por cá continua, são palavras com sentimentos, com visões e com
sonhos que Garça Real, Isabel Capinha, Isabel Tavares, Isabel Rama e Mara Kopke
mês a mês nos deliciam com os seus poemas.
Já
se acostumaram também à nossa rúbrica “LIVROS” e “MÚSICA”
Desejo
a todos os nossos colaboradores e seguidores um Santo Natal porque o nº51 irá
sair como sempre em final de mês.
Hoje
ao chegarmos onde estamos nada melhor que me orgulhar do prazer que me tem dado
tentar chegar dia após dia aos homens e mulheres dos concelhos de
Montemor-o-velho e Figueira da Foz.
Mas
nada disto não seria possível sem os nossos colaboradores os que se mantêm e os
que noutros tempos fizeram parte desta família.
Mas
também não somos alheios a todos os tropeços que alguns que se sentem acima disto
tudo tem feito para coagir seus trabalhadores a não participar na Barcaça, mas
seja em águas calmas ou revoltas seguimos o nosso caminho e por isso felicito
todos os que permanecem.
A
nossa terra entra mais uma vez em festa e de festa iremos estar até às Autárquicas.
Veremos todos a prometer o que depois não cumprem, a saúde está de rastos, os
caminhos mais esburacados, as bolsas mais lisas, mas independentemente vamos de
festa.
Pergunta-se
porque tanta festa onde se gastam rios de dinheiro quando o Concelho necessita
de tantos apoios que tardam em chegar e os que aparecem, são cirurgicamente colocados
na rua com datas bem estudadas. Hoje vemos no parlamento os antigos dirigentes
a pedir o que não fizeram em oito anos e os concelhos vão no mesmo caminho e
nada melhor que adjudicar obras de campanha e nisso estou de acordo as autárquicas
deveriam ser anuais para que as obras não levassem três anos para se iniciarem.
Festa
é festa....
Capela de São Jorge
[Tentúgal]
A Capela de São Jorge,
de Tentúgal, foi mandada construir em 1687 pelo Dr. Manuel Lopes Gavicho, com
licença do Bispo-Conde, D. João de Mello. A primeira missa realizou-se a 25 de
junho de 1687. Desconhece-se em que altura foi desmantelada, bem como o paradeiro
das imagens e retábulo que aí existiam.
Em dia do Corpo de
Deus, fazia-se, às custas do morgado, uma procissão com S. Jorge a cavalo. Um
único membro da família foi batizado nesta capela, segundo os livros paroquiais
da vila. Efetuou-se o batismo a 20 de fevereiro de 1786 e celebrou o ato o reverendo
padre Frei António de S. Tiago Botelho, monge de S. Jerónimo. A criança recebeu
o nome de Jorge, santo padroeiro da casa, e era filho primogénito de João
António Lopes Gavicho de Amorim Pessoa, senhor do morgado, e de sua mulher D.
Maria Isabel de Moura Ravasco Manuel, senhora de outro morgado.
Contígua ao Solar dos
Gavichos, tem corpo quadrado de pequenas dimensões, com sacristia. Tinha
campanário com sino, desparecidos. Tinha entrada pelo interior e pelo exterior,
apenas esta última se mantém porque foi colocada uma parede pelo lado interior.
Encontra-se totalmente vazia, sem qualquer elemento artístico.
Tinha um retábulo de
talha dourada muito rica com quatro painéis pintados e uma imagem de S. Jorge
matando o dragão. Para além disso, possuía ainda várias imagens de pedra do
século XVII. Para a capela davam duas janelas interiores, uma na parede poente,
com cercadura de pedra sem balcão, e outra na parede norte, com varanda de
madeira, que serviam para os senhores da casa ouvirem missa. Estas janelas
encontram-se atualmente tapadas por uma parede que impede o acesso interior à
capela. Na sacristia existia um lavabo de pedra, também do século XVII, que foi
colocado na parede de uma das salas da casa.
Fonte: https://www.cm-montemorvelho.pt/index.php/component/k2/item/189-capela-de-s-jorge
Há dias em que o silêncio é tudo o que preciso. Sentir esse vazio que se alonga, sem pressa, sem exigências, e que, ainda assim, me enche de uma estranha sensação de paz. Fico ali, quieta, como se qualquer movimento pudesse afastar o que procuro: esse espaço vazio que me acolhe.
Sento-me
e deixo que o tempo passe, apenas a conversar contigo, sem que uma única
palavra, na verdade, seja proferida. Não é exatamente uma conversa, é um tipo
de entendimento, quase como um segredo partilhado entre o que sou e o que
poderia ser, entre os meus medos e as minhas esperanças. No silêncio, é como se
um outro lado de mim, mais sábio e mais calmo, aparecesse. Alguém que escuta os
meus segredos sem nunca cobrar. Alguém que sabe a minha história toda, mas
ainda assim fica.
Sentada
ali, espero que os meus fantasmas encontrem o caminho para longe. Alguns deles
são antigos e teimosos, presos a uma memória ou a uma dor que persiste, e há
dias em que se tornam especialmente ruidosos. São esses fantasmas que, no meio
da vida acelerada, acabam por encontrar um canto para se esconder. Mas no silêncio,
expostos e desarmados, eles finalmente começam a se dissipar. Pouco a pouco,
vão-se desvanecendo como neblina ao sol, e é então que percebo o poder de uma
quietude que os dissolve, que os leva para longe, sem esforço.
Cada
dor que carrego, acolho nesse momento de calma, sem pressa de a abandonar.
Sento-me com ela e olho-a de frente, como se fosse um pedaço de mim que precisa
de atenção. Talvez nunca desapareça por completo, mas, no mínimo, posso
torná-la leve, permitir que exista sem me oprimir, até que esteja pronta para
partir.
Porque,
por vezes, é na aceitação que a dor se dissolve, é no respeito pelo seu peso
que se permite finalmente descansar.
Talvez
seja isto que encontro no silêncio: a compreensão de que nem tudo precisa de
ser resolvido, nem todos os fantasmas precisam de ser vencidos. Algumas dores,
algumas partes, só precisam de um lugar para existir e de um pouco de
compaixão.
É
isso que o silêncio me oferece — um abrigo onde a alma respira e onde, aos
poucos, eu me torno mais leve, até sentir que posso, enfim, seguir em frente!
FIGUEIRA
DA FOZ - O MONUMENTO DE HOMENAGEM AOS MORTOS DA 1ª GRANDE GUERRA
O Dia do Armistício, 11 de novembro de 1918, comemora o fim da 1ª Guerra Mundial, a assinatura de um Tratado de Paz entre os Aliados e o Império Alemão, em Compiègne, em França.
Mais de 9 milhões de combatentes foram mortos e mais de 20 milhões ficaram mutilados. Foi o 6º conflito mais mortal na história da humanidade.
Portugal participou declaradamente nesta Grande Guerra a partir de 1917, em França, ainda que a partir de 1914 tenham ocorrido combates em Angola e Moçambique, igualmente contra as tropas alemãs.
Portugal
enviou um total de 105.542 militares, mais de 18.000 para Angola, cerca de
30.000 para Moçambique e mais de 56.000 para França.
Os soldados portugueses lutaram com bravura em Angola de 1914 a 1915, em Moçambique de 1914 a 1918, e em França de 1917 a 1918.
No dia 9 de abril de 1918 ocorreu a Batalha de La Lys, a mais sangrenta das batalhas, em França, na Flandres. Em 4 horas de luta, morreram 7.760 militares portugueses, 16.000 ficaram feridos e mais de 13.000 ficaram prisioneiros e desaparecidos.
Uma
tragédia para milhares de famílias portuguesas, uma tragédia idêntica à que
aconteceu durante 13 longos anos de guerra colonial (1961-1974), na qual
morreram 8.289 militares, e só comparável à batalha de Alcácer Quibir em 1578
onde cerca de 7.000 portugueses morreram e aproximadamente 15.000 foram
capturados e vendidos como escravos.
Em
março de 1919 regressaram a Portugal os últimos expedicionários portugueses,
alguns feitos prisioneiros durante a guerra, doentes e estropiados, com
saudades da família e da sua terra natal.
Todos foram heróis, os que morreram e os que sobreviveram, e o “figueirense” António Gonçalves Curado foi só o primeiro soldado português a tombar.
Em
glória dos mortos da 1ª Grande Guerra foi erigido no ano de 1928 um monumento
no Largo Luís de Camões e, bem próximo, foi inaugurado no dia 3 de abril de
1932 um monumento de homenagem a António Gonçalves Curado.
O
monumento aos Mortos da 1ª Grande Guerra foi projetado por António Augusto
Gonçalves e foi inaugurado em 9 de setembro de 1928 com a presença do então
presidente da República Portuguesa, General Óscar Carmona, que presidiu à
cerimónia.
A Comissão Administrativa municipal, então liderada por Abel de Vasconcelos Gonçalves e tendo como vogais Argel de Melo, Mário Barraca e outros, deliberou em 2 de agosto de 1928 consignar no 1º orçamento suplementar uma verba de 10.000$00 para “ocorrer às despesas com a recepção do Presidente da República”.
Não obstante, Óscar Carmona ficou hospedado na habitação dos figueirenses Fernando da Costa Mendes (1891-1964) e esposa, valendo-lhes um voto de reconhecimento e louvor da Câmara em 12 de setembro de 1928, "pelo cativante agasalho e delicadas atenções com que acompanharam em sua casa o Exmº Senhor Presidente da República".
Fernando da Costa Mendes era filho de Henrique Gonçalves Mendes, fundador em 12 de março de 1891 da Sociedade Bancária Mendes, Irmãos & Comanditários, na Praça Nova, a qual se transformaria em 1918 na filial figueirense do Banco Nacional Ultramarino, instalada num edifício imponente já demolido.
Fernando
da Costa Mendes, que sendo figura saliente após a ditadura instaurada em 28 de
maio de 1926, presidente da União Nacional e da Associação Comercial
figueirenses, sócio honorário da Naval 1º de Maio em 26 de abril de 1928,
agente consular da França e gerente do BNU local, não deixou de perder quase
toda a sua fortuna pessoal por atos de humanismo e generosos serviços prestados
à comunidade figueirense.
Viajar
no mar revolto de vez em quando, vivemos novas emoções e outros receios nas
fortes e batidas ondulações no mar imenso das nossas vidas.
Desta
simulação à realidade de todos os cotidianos que nos remetem para novos
circuitos de agir e pensar, novos espaços, quer sejam no mar ou em terra...
Afinal,
penso eu, não somos ditadores do que nos acontece nas circunstâncias e no
imprevisto, se de repente somos outros na realidade escondida no baú das
memórias. Por mim homem de sonhos e com poucos pulmões de solidariedade, faço
das pequenas coisitas, agora pisando os passeios na cidade da Figueira da Foz,
depois de ter aportado ali na barra da Foz do Mondego, que considero a partilha
da vida no seu mais intenso pulsar.
O
sol quentíssimo, neste estranho Outono, proporciona a todas as pessoas a
leveza das roupas, caminhando apressadamente como se fossem formigas numa longa
fila à procura de comida.
Sentia-me
bem em mangas de camisa, boa tarde ali e por aqui.
As
ruas da cidade, nos seus passeios, acreditem ou não tem vida e proximidade, as
tais emoções repentinas que nos animam a viver, pese embora algumas pessoas que
olham apenas para o chão, tal a pressa de chegar a casa, ao comboio, se não
tiver o seu carro no estacionamento.
De
repente sou abraçado pela antiga colaboradora de nome Helena, tão velha como eu
como estou de velho, fiquei atordoado, sem saber o que dizer, não me lembrava
de nenhuma Helena, na minha longa carreira de cabeleireiro.
Conforme
podia fui argumentando no sentido de não desiludir aquela simpatia tendo ficado
com a certeza de que a Helena, não mentiu, abraçando-me outra vez, que bom
saber de si, que bom, enquanto eu sem recordações da Helena, contínuo a sentir
nas ruas desta cidade o pulsar de agradáveis memórias tão saborosas como foram
os dois abraços que me aconchegaram a alma no reviver de outros tempos.
Uma
VIDA...!
Quase
aos sessenta anos, e um quarto de século depois, ao fazer esta descida (Castelo
do Germanelo, Rabaçal, Penela), continuo a sonhar como um puto! Sonho que vou a
pilotar e que consigo pilotar...uma bicicleta! Sonho que sei pilotar!
Sonhos...!
Uma
das fotografias que mais me impressionaram, de todas as que por aqui passaram.
É algo muito intrínseco, muito próprio!
Muito
mesmo!
1.
Há 25 anos que a Serra de Sicó faz parte da minha vida! Passei aqui grandes
momentos, com os Meus Grandes Amigos de há quase 50 anos. Amizades iniciadas,
simultaneamente, no Liceu D. Duarte (Coimbra) e no Estádio Universitário.
Morrerei com eles como Amigos.
2.
Fiz esta perigosa e alucinante descida...centenas de vezes! Incentivei muita
gente a descê-la sem medo.
3.
E, não consigo escrever sem ficar de olhos (muito) humedecidos. Esta minha
companheira (bicicleta) tem...22 anos de Sicó. É a máquina com mais quilómetros
nesta, para mim, mítica serra. Quase um quarto de século depois, com a sempre
excelente actualização da Valdemiro
Cardoso CicloValdemiro, é única no mundo, tais as transformações que tem.
É
a minha imagem de marca!
Alguém
me dizia, na partida:
-"Ó
Velho, trazes a Menina dos Teus Olhos!"
Claro,
em Sicó, sempre a Corratec!
Amo-te!
Do céu cinzento
caem cordas de água
que amarram ao cais
vontades de distância…
Nos céus, súbito um
clarão,
revolta surda,
grito mudo há tanto
sufocado…
desejo de partir para
longe…
Agora é o sol poente
num céu imensamente
azul,
apelo de uma partida
adiada.
Amanhã, será o sol,
a luz intensa,
a viagem com hora
marcada
rumo à lonjura.
Amanhã, o sol
e o azul das promessas…
Tempo de infinito sem
limites.
O Mundo
O mundo é uma roda
gigante cheia de pessoas,
todas elas diferentes…
de diferentes lugares
de diferentes línguas
e muitas vezes a mesma
língua,
mas com diferentes
sotaques,
de diferentes razões de
pensar, falar e agir,
de diferentes raças
e até de diferentes
tamanhos.
Perante todas estas
diferenças pensamos que tudo vai ser diferente,
que no meio de toda
esta diversidade,
esta incrível variedade
de gente,
alguém se destaque pela
diferença!
E sim, é verdade,
encontramos a diferença
que tanto queremos
na maneira de pensar ou
de agir,
seja certa ou errada,
esta será peculiar a
cada um de nós
o que faz com que todos
sejamos diferentes
mas que todos estejamos
em sintonia
desejando o melhor para
o MUNDO.
NÓS
Nesta vida todos temos
a nossa matriz
a nossa identidade
o espírito e a alma que
nos veste
a nossa verdade!…
Não há ninguém igual a
nós
DEUS fez-nos assim,
singulares
com as nossas
idiossincrasias
os nossos humores,
sonhos,
desamores, manias…
É a nossa singularidade
a nossa personalidade
nem sempre compreendida
nem sempre assimilada
mas profundamente
cravada
em nós, que nos define!
Nós somos as páginas de
um livro inacabado
foi assim que
escolhemos o caminho.
A mim preocupa-me não
pisar ninguém
andar, cada vez mais,
devagarinho
cumprir o meu destino
não machucar e não ser
ferida…
A vida é tão difícil
que não vale a pena
perder tempo,
energias, subtilezas,
simpatia
por quem não nos aceita
nos bons e nos maus
momentos.
Quem não caminha na
nossa estrada
não nos ouve, não nos
afaga…
A alma!
Às vezes nós somos tudo
outras vezes não somos
nada!
Mas que importa?
Se somos única e
simplesmente
tudo o que carregamos
no nosso espírito, na
nossa alma,
se somos unicamente…
Nós!
ENTRE O SONO E O SONHO
Entre o sono e o sonho
sonho acordada.
Tenho um sonho
alucinado
de raios e luz.
Fervilham imagens
de tudo e de nada.
Entro o sonho e o sonho
sonho acordada.
Paz.
Guerra.
Crianças.
Mulheres e Homens.
Gritos de alegria e
tristeza.
Amor e ódio.
Entre o sonho e sono
acordo.
Acordo numa paisagem
celestial,
num sonho de Amor
Tornado realidade.
Comboios de Lisboa
Esta viagem
Que me leva o dia a dia
Numa Lisboa
Que levanta na asa da gaivota
Os comboios que choram
toda a solidão
E a noite vazia
Por detrás desta porta...
Onde estão os sorrisos?
os choros e as vozes?
Onde está a lareira
Que acende a nossa vida...
Tudo se apagou, tudo se finda!
Não há esperança, nem sonho
Apenas os gestos
da inútil despedida.
E uma raiva cega
que seca as lágrimas e a vida.
LIVROS
A
Revolução antes da Revolução
Luís
de Freitas Branco
Histórias
inéditas. Documentação rigorosa. Um livro surpreendente.
As
senhas da Revolução, é sabido, foram duas canções que fazem hoje parte
do cancioneiro da Música Popular Portuguesa. O papel da música no
derrube da ditadura não começou apenas, no entanto, na madrugada de 25 de
Abril de 1974.
Antes
da revolução política, uma revolução cultural antecipou o fim da
ditadura. O regime estava por um fio e o sopro inspirado da música popular
portuguesa foi a banda sonora para transformações decisivas. 1971 foi o
ano do golpe musical, com protagonismo de publicação de discos
emblemáticos de José Mário Branco, Sérgio Godinho, Adriano Correia de
Oliveira e Carlos Paredes, mas também de Duo Ouro Negro, Tonicha, Amália
Rodrigues ou Marco Paulo; o ano do primeiro Cascais Jazz e do mítico
Festival de Vilar de Mouros; o ano que deu à música portuguesa e ao
movimento dos capitães a canção-senha “Grândola, Vila Morena”.
Neste
trabalho de investigação é feito um levantamento rigoroso, exaustivo e em
grande parte surpreendente que documenta o modo como a música
popular portuguesa abriu as portas para o clima cultural, social e
político que desencadeou o dia “inicial inteiro e limpo” e que mudou
Portugal há 50 anos.
Para este livro foram entrevistadas 45 personalidades da música portuguesa,
dos mais diversos géneros e quadrantes; protagonistas como Sérgio
Godinho, Manuel Alegre, Marco Paulo, José Cid, Manuel Freire, Fernando Tordo,
José Jorge Letria, Bonga, Quim Barreiros, Maria da Fé, Francisco Fanhais,
Rão Kyao, entre outros, incluindo os familiares de José Mário Branco, Duo
Ouro Negro, Charlie Haden, ou Carlos Paredes, tendo algumas das histórias
recolhidas sido publicadas parcialmente no Observador. Foi
também analisada uma extensa bibliografia, foram consultados mais de 700
jornais e cerca de duas centenas e meia de revistas.
As histórias recolhidas e a análise desta vasta documentação –
tratadas simultaneamente com o rigor de um estudo aprofundado e com a
desenvoltura da linguagem jornalística – lançam pistas novas e um olhar
inédito sobre o momento em que a música popular portuguesa iniciou uma
revolução antes revolução.
MÚSICA
“Queixa das Almas
Jovens Censuradas”, José Mário Branco
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